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David Ogilvy
A DELL COMPUTER
A Dell Computer foi fundada em1984. É uma das empresas norte-americanas que
mais crescem. É um fabricante que vende sistemas sob medida para seus clientes por marketing
direto.
Segundo seu fundador, a empresa possui uma estratégia monolítica que é executada
mundialmente. Sua estratégia corporativa está relacionada com a compreensão da cadeia de valor
do setor de informática. Seu início dá-se a partir da descoberta do tipo de produto que oferece a
oportunidade de a Dell agregar valor e como a mesma pode alavancar os recursos de seus
parceiros. Essa estratégia é mais que uma compreensão dos componentes e de seu mapeamento.
Implica selecionar parceiros e padrões de crescimento. Seu ponto de partida é o conhecimento do
mercado, isto é, dos clientes, de seu comportamento e de seus padrões de compra. Combina-o
com o ciclo tecnológico que existe nas áreas de semicondutores, software, comunicação, etc. O
cliente diz que quer um computador que fique o dia inteiro funcionando. Então ela vai procurar
empresas de eletroeletrônicos que estão trabalhando com polímeros e íons e todas as novas
tecnologias que poderão dar os resultados procurados. Não é preciso construir uma fábrica para
produzir as tais baterias. A Dell reconhece, por exemplo, que a Intel está abrindo os caminhos do
setor de informática do ponto de vista dos microprocessadores. A Microsoft está fazendo o
mesmo na área de softwares. O que ela faz é abrir o caminho até os consumidores e dar
assistência pós-venda. O relacionamento duradouro com fornecedores traz, ainda, outros
benefícios para a empresa: manter os estoques baixos, enfrentar os períodos de excesso de
demanda e de oferta e desenvolver design complicados de subcomponentes. A empresa não gosta
de relacionamentos baseados em transações isoladas, nos quais tem que perguntar qual é o preço
do dia.
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A Dell reconhece que as empresas atuais de sucesso não são aquelas integradas
verticalmente. As empresas que mais cresceram nos últimos 10 anos foram as que concentraram
em áreas em que realmente podem agregar valor, buscando parceiros que se tenham a tecnologia
certa, que atuem no mundo todo e estejam dispostos a ouvi-las e atendê-las em suas necessidades.
Esses poderão ser parceiros a longo prazo. Além de verificar o padrão de qualidade de seus
fornecedores, a empresa verifica a velocidade dos giros de estoque e retorno sobre o capital
investido – tanto por fornecedor como por componente. Também é importante que o fornecedor
esteja próximo. Além da questão do custo, é fundamental a flexibilidade.
O conhecimento do que é necessário para se ter sucesso no mercado é algo que permeia
quase toda empresa. O grande foco está na liquidez, nos lucros, no conhecimento de sua política
de estoques e na orientação geral para o crescimento.
A Dell tem um ciclo de planejamento de três anos. Todo ano é atualizado, de acordo com
as previsões para o setor. Entre suas funções estão a de ajudar a pensar sobre a situação de seus
funcionários e as necessidades da empresa. O modelo empresarial da Dell Computer pode ser
resumido da seguinte forma:
Vantagens competitivas:
• eliminar o sobrepreço dos revendedores, viabilizando preços mais competitivos para os
clientes;
• fazer sistemas sob medida para os clientes;
• atender às necessidades de suporte e assistência técnica dos clientes de segmentos-alvos
• fazer com que os produtos cheguem rapidamente ao mercado e com a tecnologia certa;
• manter estoques baixos, com investimentos de capital baixo.
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Fonte: Dell O novo empreendedor. HSM Management, ano 2, no 9, p .114-122, jul./ ago. 1988.
5.1 INTRODUÇÃO
Principais Públicos
Tipos de públicos
Natureza do relacionamento
Qualidade dos relacionamentos
Os acionistas são responsáveis pelo aporte da maior parte do capital de risco e ainda pela
eleição do conselho de administração ou dos diretores das sociedades anônimas. Participam
também dos lucros, dividendos e bonificações correspondentes às ações que possuem da
empresa. Em grande parte das organizações públicas, o governo exerce um papel semelhante ao
dos acionistas. Aprova as dotações orçamentárias, disponibiliza recursos e nomeia diretores de
órgãos vinculados a sua administração, além de estabelecer diretrizes e aprovar estatutos para seu
funcionamento.
Em organizações sem finalidade lucrativa, os provedores de recursos também chamados
mantenedores, são geralmente, pessoas, empresas e organizações com disponibilidade de recursos
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e afinidades com sua causa. Em micro, pequenas e médias empresas geralmente são seus próprios
gestores, uma vez que esses são seus proprietários e sócios cotistas. Os investidores e os bancos
de investimentos que serão abordados no tópico comunidade financeira também podem se
enquadrar nessa categoria, desde que aportem capital de risco.
ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS
Podem estar representados nas três esferas de governo federal, estadual e municipal. As
relações com o governo, em grande parte, vão ocorrer em função do que o mesmo estabelece em
relação às suas prioridades. Podem corresponder, por exemplo, a incentivo para a exportação e
instalação de unidades, isenções para importações, às políticas estabelecidas para as pequenas e
médias empresas, para as indústrias, para as relações de trabalho, a posturas para a preservação
da saúde e conservação do meio ambiente. A partir do estabelecimento de políticas, o governo
cria mecanismos para viabilizar sua execução e fiscalizar seu cumprimento. Esses mecanismos
abrangem desde a aprovação de leis e edição de decretos, as agências de desenvolvimento e
órgãos normativos e fiscalizadores, tais como companhias de desenvolvimento, companhias de
distritos industriais, secretarias, delegacias de trabalho e ministérios.
COMUNIDADE LOCAL
PÚBLICO EM GERAL
INSERÇÃO SOCIAL
A empresa pode ser melhor notada e diferenciar-se patrocinando causas que conquistem
um alto consenso social. O desenvolvimento de um caráter cívico, não apenas um caráter de
negócios, pode conquistar interesse e mesmo a lealdade do consumidor.
Nessa época de megaempresas, esse tipo de enfoque representa o atendimento de parcelas
de demandas da sociedade, hoje em parte atendidas pelas organizações não governamentais. Esse
tipo de estratégia deve ser contínua. As atividades temporárias dedicadas a algumas causas social
ou filantrópica não constroem ou sustentam a reputação de uma organização.
SINDICATOS E ASSOCIAÇÕES
MÍDIA
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FORNECEDORES E INTERMEDIÁRIOS
COMUNIDADE FINANCEIRA
CONCORRENTES
NORMATIVOS E FISCALIZADORES
DIFUSOS
FUNCIONAIS
Envolve os fornecedores dos mais variados tipos de recursos, desde que não vitais
para a organização. Envolve também seus distribuidores. A mídia, por exemplo, pode ser uma
fornecedora de espaço para a publicidade organizacional. Circunstancialmente o governo e os
públicos também, desde que compradores ou fornecedores da organização.
COMPETITIVOS
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São mantidos com organizações que têm objetivos concorrentes ou similares e que
competem pelos mesmos benefícios, recursos ou clientes. A competição tem sua origem em
pessoas, grupos de pessoas, organizações e instituições que concorrem entre si pelos mesmos
segmentos, pelos mesmos recursos, direitos ou benefícios. Abrange a competição pela busca e
manutenção de clientes, a concorrência entre produtos e bens substitutos que suprem a mesma
categoria de necessidades ou cumprem a mesma função e ainda o acesso a benefícios, a fontes de
insumos ou de recursos que são disputados competitivamente pelas organizações, em função de
suas características de exclusividades, de distinção ou valor que possuem.
Quanto se fala em termos restritos, a concorrência é direta e envolve apenas entre
produtos que cumprem a mesma finalidade. Em termos amplos, essa fronteira é dificultada pela
multiplicidade de papéis desempenhados pelas empresas. Os próprios concorrentes diretos
assumem outros papéis que não apenas o da competição pelo mercado. Em dado momento estão
unidos em associações ou sindicatos, aliados para a defesa de interesses ou direitos comuns. Em
outras situações, assumem o papel de provedores, à medida que licenciam a utilização de
tecnologia ou know-how que desenvolveram, como aconteceu, por exemplo, com a Philips, que
licencia para terceiros a fabricação de CDs, DVDs ou cassetes. Estabelecem, ainda, parcerias para
o desenvolvimento de atividades comuns, como pesquisa e desenvolvimento, ou para
fornecimento de algum componente. Formam alianças para atuar em determinados mercado e, às
vezes, se organizam em cartéis ou oligopólios, minimizando o impacto de uma concorrência com
base preço.
permitem que essa identifique a forma de relacionamento que está ocorrendo e a que se pretende
estabelecer, em termos imediatos e futuros, conforme descrito a seguir.
RELAÇÕES SATISFATÓRIAS
As relações satisfatórias ocorrem quando os interesses são recíprocos são atendidos. Isto
é, ocorre uma convergência de interesses e ambas, organização e público, se sustentam nessa
convergência de interesses para realizar transações. Nesse caso é interessante que a organização
identifique as características significativas dessas relações e se empenhe em preservá-las ou, se
for possível, até mesmo melhorá-las.
RELAÇÕES ALMEJADAS
RELAÇÕES INDESEJADAS
seguinte será ilustrar o impacto que esses relacionamentos podem ter na competitividade da
empresa, segundo a análise proposta por Porter (1989).
A par das ressalvas colocadas quanto à dificuldade atual para definição das arenas
competitivas em muitos setores, Porter (1989) desenvolveu um trabalho pioneiro ao buscar a
integração entre a economia setorial e a estratégia corporativa. Esse nível de análise é muito
importante porque exige uma intensidade e profundidade de relacionamento, de maneira geral,
superior à que ocorre com os demais públicos relevantes. Trás à reflexão, a formulação de uma
estratégia fundamentada em uma dinâmica da rivalidade competitiva. Este tópico serve-se, em
grande parte, dessa sua proposta de análise estrutural do setor. Esta pode ser muito útil, na
maioria das situações, como ponto de partida para a compreensão do ambiente competitivo e para
orientar o estabelecimento de relações com os componentes desse nível do ambiente
organizacional. A proposta parte do reconhecimento de que qualquer atividade empresarial, seja
ela doméstica ou internacional, produz um bem ou um serviço, e sua competitividade é derivada
das regras que a concorrência estabelece para seu setor. Essa análise pode englobar cinco forças
competitivas: nível de rivalidade; ameaça de entradas; ameaça de substitutos; o poder de compra
do comprador; e poder de negociação do fornecedor.
A rentabilidade da empresa é, em grande parte, determinada por essas cinco forças. Elas
influenciam os preços, os custos e o investimento necessário para estar-se em determinado setor,
além do custo e da rentabilidade do próprio setor. A rentabilidade da empresa é decorrente, em
grande parte, dessa estrutura e menos da aparência dos seus produtos ou da alta ou baixa
tecnologia que pode envolvê-lo. A habilidade para obter taxas de retorno sobre o investimento,
superiores à media, depende da maneira como a empresa consegue lidar com o vigor coletivo
destas cinco forças competitivas, por meio de suas estratégias.
A importância dessas cinco forças competitivas pode variar ao longo do tempo, de setor para
setor e de empresa para empresa. O vigor de cada uma é função da estrutura industrial, incluindo-
se aí seu grau de concentração, seu nível de maturidade e suas características técnicas e
econômicas e ainda do porte das empresas que o compõem o setor.
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Na perspectiva da demanda sob o enfoque econômico, substitutos são produtos diferentes que
desempenham funções similares ou equivalentes. A ameaça de substitutos determina até que
ponto algum outro produto pode satisfazer o mesmo grupo de necessidades do comprador.
Colocam, assim, um teto no montante que o comprador está disposto a pagar pelo produto,
levando-se em conta as vantagens relativas entre as situações consideradas: a do produto, a de seu
substituto e o contexto de seu uso.
A existência real ou potencial de substitutos que desempenham as mesmas funções dos
produtos ou serviços restringe a rentabilidade que um setor pode obter.
força a compressão das margens do setor e pressiona as empresas a reduzir o preço ou oferecer o
nível de serviço sem a recompensa equivalente. Provavelmente, os mais importantes
determinantes desse poder, seja o tamanho e grau de concentração dos clientes, além da
importância de suas compras para a empresa.
No setor industrial, esse poder é exercido quase que corriqueiramente. No mercado de
bens de consumo é exercido pelos intermediários, principalmente quando concentrados e de
grande porte e, em menor escala, pelos consumidores finais. Nesse caso, principalmente quando
as alternativas de fornecimento são amplas e suas ofertas pouco diferenciadas, o consumidor
tenderá a escolher orientado principalmente pelo menor preço.
5.3.5 Fornecedores
O poder de negociação dos fornecedores determina até que ponto eles, não as empresas,
irão apropriar-se de parte do valor criado para compradores e parcelas do retorno sobre o
investimento.
A análise do poder de negociação do fornecedor focaliza, em primeiro lugar, seu tamanho
relativo e grau de concentração. Em segundo lugar, a diferenciação dos inputs requeridos para o
desempenho das atividades dos compradores. O teste crítico do poder de negociação dos
fornecedores é se eles estão aptos a estabelecer preços que refletem o valor de seus inputs no
setor e não apenas de seus custos de produção. A habilidade de cobrar preços discricionários
entre clientes é, geralmente, um indicador do alto poder de negociação dos fornecedores.
Entre as barreiras proporcionadas pelos fornecedores estão: capacidade única ou distinta.
Refere-se a um conjunto de habilidades e conhecimento – exercido por meio dos processos
organizacionais – que pode assegurar uma coordenação superior de atividades e de patrimônio;
propriedade de tecnologia – produtos, processos, e inovação administrativa - protegida com
patentes, copyrights e confidencialidade e economias de escala ou de escopo. Pode-se obter
vantagens de custo substanciais e protegidas por investimentos que não podem ser facilmente
duplicáveis.
A intensidade das barreiras de entrada, isto é, o volume de recursos, detenção de know
how ou outro tipo de requerimento exigido por um setor diminui a probabilidade de ingresso de
novos entrantes, evitando-se, assim, a queda dos preços.
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DETERMINANTES DO PODER
DETERMINANTES DO DO COMPRADOR
PODER DOS Alavancagem de negociação:
FORNECEDORES DETERMINANTES DA
• Concentração dos compradores x
RIVALIDADE concentração de empresas
• Diferenciação dos insumos • Crescimento do mercado • Volume do comprador
• Custos de mudanças dos fornecedores • Custos fixos/valor adicionado • Custo de mudança do comprador em
e das empresas no mercado • Excesso de capacidade crônica relação aos custos de mudança da empresa
• Presença de insumos substitutos • Diferença de produtos • Informação do comprador
• Concentração dos fornecedores • Identidade da marca • Possibilidade de integração para trás
• Importância do volume para o • Custos de mudança • Produtos substitutos
fornecedor • Concentração e equilíbrio
Sensibilidade ao preço:
• Custos relativos a compras totais na • Complexidade informacional
• Preço compras totais
• Diversidade de concorrentes
indústria • Diferença dos produtos
• Impacto dos insumos sobre custos ou • Interesses empresariais
• Identidade da marca
• Barreiras de saída
diferenciação • Impacto sobre qualidade/desempenho
• Ameaça de integração para frente • Lucros do comprador
• Incentivos dos tomadores de decisão
Em termos de previsão à longo prazo, a estrutura das cinco forças competitivas precisa ser
suplementada, exceto talvez em setores maduros, com algumas considerações, das tendências de
curto prazo, tais como crescimento do mercado, necessidades dos compradores, índice do
processo de inovação de produtos, escala requerida pela concorrência e custo dos insumos.
Assim, a análise baseada nas cinco forças competitivas freqüentemente enfoca as tendências
“exógenas,” que são tidas como dadas. Há o perigo de ignorarem-se as forças endógenas da
estrutura da indústria que influenciam a estratégia dos concorrentes.
A análise estrutural pode ter um significado mais imediato para organizações que
atuam em setores com finalidade lucrativa. Pode, contudo, igualmente ser aplicada em setores
sem essa finalidade, uma vez que as organizações que atuam em ambos os setores,
estruturalmente, assemelham-se. Circunstancialmente, deparam com rivalidades, ameaça de
entradas e substitutos, poder de negociação de seus fornecedores e poder de compra de seus
clientes. O cliente pode ser retratado, com base nas condições que estipula para relacionar-se com
a organização.
esse elege um leque de alternativas para auxiliar sua tomada de decisão, pois é aí que estará
situada a verdadeira concorrência. São essas alternativas que o consumidor considera que podem
ser posicionadas como concorrentes naquele momento. São assim chamadas porque a opção que
ele fará por uma delas implicará no abandono das outras alternativas que foram consideradas. Os
clientes são os árbitros finais da rivalidade entre concorrentes.
Para exemplificar, vejamos o caso de uma pessoa que dispõe de determinado recurso
financeiro. Primeiro ela levantará um leque de opções, que poderão ser enquadradas em classes
de demandas, em que esse dinheiro poderá ser alocado. Por exemplo, ela pode interessar-se por
uma aplicação ou por aquisição de um veículo, que são duas classes de demandas. A demanda
pode desenvolver-se, a partir daí, num contexto ainda amplo de opções, mas dentro da mesma
classe: a primeira inclui a compra de ouro, dólar, aplicações, poupança, etc.; a segunda inclui
moto, automóvel, utilitário, etc. Assim, a concorrência por classe de demanda, caminha para a
concorrência por formas de produto, pois à opção por uma forma corresponderá o abandono de
outra. Definida a forma, a concorrência caminha, em termos gerais, para seu tipo e o tamanho. No
caso da primeira opção, se a pessoa escolher ouro, deverá definir se será em barra, jóias ou pó, e
quantos gramas serão; na segunda, se a escolha for um carro, qual a marca, o modelo, versão, cor
e acessórios. Quanto à marca, no primeiro caso, serão listadas as empresas que trabalham com
ouro e, no segundo, com veículos. Finalmente, a decisão pode dar-se em termos de agências,
tanto em um como em outro caso. Veja a ilustração no Quadro 5.4.
• Médio • Ford
• Grande • Fiat
Nesses casos, o importante é que a empresa identifique como ela deve posicionar-se em
relação a cada um desses momentos, para que as pessoas possam orientar-se melhor, segundo
cada etapa desse processo decisório. Por exemplo, em épocas de especulação financeira, o
produto que proporcionar ganhos superiores e menores riscos em relação a algumas alternativas,
além de proporcionar alta liquidez, terá uma convergência de preferências.
A concorrência também pode ser analisada na perspectiva da própria organização.
De uma perspectiva dinâmica, podemos afirmar que as fronteiras dos setores mudam ao longo do
tempo, tornando-se difícil sua delimitação. Dependem das estratégias de seus participantes, das
inovações tecnológicas, das mudanças de comportamento do consumidor, da desregulamentação,
da globalização e da busca de novas competências distintivas. Estas estão trazendo mudanças
substanciais na compreensão das fronteiras do ambiente competitivo. Por exemplo, as mudanças
ocorridas nas tecnologias informacionais, telecomunicações e transportes estão permitindo que as
informações, mercadorias e serviços sejam “transportados” para qualquer parte do mundo em
uma velocidade antes inimaginável. Anteriormente, quando se falava em segurança, estava
implícita que essa, invariavelmente, estava ligada à polícia militar ou a vigilantes. Hoje, pensa-se
na segurança eletrônica proporcionada pelos equipamentos e apenas monitorada por pessoas.
Empresas que, tradicionalmente, se postavam em determinados setores, atualmente
diversificaram suas atuações. Os bancos, por exemplo, concorrem com planos de saúde, que por
sua vez concorrem com seguradoras. Os correios enfrentam hoje uma concorrência mais acirrada
das empresas de encomenda e passam a concorrer com os bancos no recebimento de contas. As
tradicionais bancas de revistas, hoje, comercializam CDs, livros e muitas outras coisas. Há
empresas que, em num nível, concorrem, em outro são fornecedores de seus concorrentes. Em
outro, são ainda clientes ou parcerias, estão em processo de fusão e aproximando-se umas das
outras.
Os fatores críticos de sucesso podem mudar à medida que o concorrente muda as regras
do engajamento competitivo. Assim, também a competitividade precisa ser compreendida em
termos de perspectivas presentes e futuras. Na perspectiva presente, essa compreensão envolve a
maneira como o concorrente estabelece seu mercado e como está atuando numa classe
relacionada de produtos. A partir dessa compreensão, é possível inferir sobre a tecnologia de que
dispõe para tal, sobre seu processo de manufatura, suas habilidades, seu relacionamento com
canais e fornecedores, seus recursos e efetividade de sua estratégia.
Essa análise permitirá que a organização estime o custo relativo incorrido para apoiar seus
negócios atuais, sua rentabilidade e o grau de transferibilidade de sua atuação para áreas
relacionadas, que correspondem a sua perspectiva futura. Hamel e Prahalad (1995), visualizam,
nessa segunda perspectiva, as seguintes formas de competição:
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Fazer a previsão dos destinos do Desenvolver previamente Criar uma rede adequada de
setor, mergulhando competências essenciais, fornecedores
profundamente nos mecanismos explorando conceitos alternativos
que o impulsionam de produtos e reconfigurando a Elaborar uma estratégia
interface com o consumidor apropriada de posicionamento no
Desenvolver um ponto de vista mercado.
criativo sobre a possível evolução Montar e gerenciar os
de: relacionamentos necessários dos Apropriar-se da participação dos
• Funcionalidade participantes do setor concorrentes em mercados críticos
• Competência
• Interface com o consumidor
Maximizar a eficiência e a
Resumir esse ponto em um projeto Forçar os concorrentes a adotarem produtividade
de gestão caminhos de migração mais
longos e caros Gerenciar a interação competitiva
Fonte: Adaptado de Hamel, Gary, Prahalad, C.K. Competindo pelo futuro, Rio de Janeiro:
Campus, 1995 p.54.
5.5.1 Parcerias
Conforme visto, alguns públicos são provedores, enquanto outros se situam como
normativos e fiscalizadores, difusos, funcionais e competitivos. É importante identificar uma ou
mais natureza dessas relações.
Corresponde a uma síntese descritiva das expectativas de relacionamento que cada parte
tem em relação a outra. As expectativas de ambas podem ser modeladas para identificar cada
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Confecções Funcional Almejado Contratos de longo prazo Agregação de valor Negociar contratos de
clientes Freqüência de compra Preço justo longo prazo em troca
de estabilidade nos
Volume de compra Prazo para pagamentos
preços cotados
Atacadistas Funcional/ Almejado Parceria institucional Compras por cotação Negociar condições
de tecidos competitivo Compras freqüentes Pontualidade nas de preço e pagamento
entregas em troca de contratos
Volume de compras
anuais de pagamento
Varejistas Funcional Almejado Parceria institucional Design atual Negociar
de tecidos Compras freqüentes Preço compatível pontualmente as
condições
Pontualidade no Prazo para pagamento
reivindicadas
pagamento Promoções conjuntas
FEAM Normativo/ Indesejado Orientação Cumprimento da Buscar uma relação de
fiscalização Isenção na fiscalização legislação confiança através da
implementação de
Tolerância quanto à
ações de melhoria da
eventuais irregularidades
gestão ambiental
Ministério Normativo/ Satisfatório Orientação Cumprimento da Fazer cumprir a
do Trabalho Fiscalização Isenção na fiscalização legislação legislação trabalhistas
em todos os seus
aspectos
Comunida- Difuso Satisfatório Apoio à sua atuação Programas de Manter os atuais e
de local Fornecimento de mão-de- responsabilidade social ampliar o número de
obra qualificada Respeito ao ambiente programas de inserção
na comunidade
Compra de seus produtos Trabalho e remuneração
dignos
Sindicato Difuso Indesejado Não contaminação política Salários compatíveis Desenvolver
dos Imparcialidade nas Ambiente de trabalho comunicação interna
Trabalhado- reivindicações satisfatório divulgando suas ações
res Manter diálogo direto
Flexibilidade nas Benefícios
negociações com seus funcionários
COMPRADORES/ CLIENTES
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Algodão Preço regulado pela Bolsa de Mercados Baixo, muitas opções de fornecedores
Futuros Segue a cotação da BMF
RESUMO
Este capítulo tratou da análise dos públicos relevantes e das forças competitivas além de
sua gestão através das parcerias, das redes e das alianças estratégicas que uma organização
necessita manter, ou evitar, e que são fundamentais para o cumprimento de sua visão e missão.
De acordo com sua natureza esses públicos podem ser classificados em provedores, normativos e
fiscalizadores, funcionais, difusos ou competitivos e de acordo com a qualidade, o nível de
relacionamento com esses públicos pode ser considerado como satisfatório, almejado e
indesejado. Em virtude de sua importância, o ambiente competitivo foi tratado separadamente,
recorrendo-se, para tal, ao modelo desenvolvido por Porter. Sua proposta consiste em uma análise
estrutural do setor abrangendo as cinco forças competitivas: nível de rivalidade, ameaça de
entradas, ameaça de substitutos, o poder de compra do comprador e o poder de negociação do
fornecedor. Entre as vantagens da proposta desse autor, está a possibilidade de avaliar-se a
rentabilidade média do setor e o posicionamento da empresa em relação a essa rentabilidade e em
cada um dos elos da cadeia competitiva. Não é, contudo, uma abordagem dinâmica em que se
possa avaliar o desenvolvimento dos relacionamentos que envolvem os participantes dessa cadeia
competitiva. O tópico seguinte tratou da gestão dos relacionamentos com esses públicos,
mostrando como essa pode organizar-se em forma de parcerias, redes e alianças.O capítulo
seguinte tratará da análise do ambiente interno à luz dos aspectos tratados nestes três últimos
capítulos.
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3a ATIVIDADE
GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM OS PRINCIPAIS PÚBLICOS DE UMA
ORGANIZAÇÃO
Instruções:
Em primeiro lugar, liste os principais públicos da organização. Essa listagem deverá,
inicialmente, ser desenvolvida utilizando-se um procedimento semelhante ao brainstorming. A
seguir, escolha aqueles de maior importância. Por exemplo, se todos os fornecedores possuírem
uma importância semelhante que não demande sua identificação individual, anote apenas
“fornecedores”. Caso tenha uma importância em particular, nomeie-o.
Descreva a seguir a natureza desse relacionamento, conforme sejam provedores,
normativos / fiscalizadores, funcionais, difuso ou competitivo ou uma combinação de uma ou
mais dessas possibilidades.
Descreva o nível da relação existente entre a organização e o público, conforme seja
satisfatória, almejada ou indesejada.
Questione as expectativas de relacionamento da instituição com o público e do público
com a instituição, utilizando-se a seguinte pergunta: “o que a organização espera do público? Em
seguida inverta-a, isto é “o que o público espera da organização?
Finalmente, descreva as ações a serem desenvolvidas de maneira a tornar o atual
relacionamento conforme pretendido pela organização.
Nome do Natureza do Avaliação da Expectativa de relacionamento Ações a serem
público relaciona- qualidade do Desenvolvidas
mento relaciona- Organização/ Público Publico/ Organização
mento
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4a ATIVIDADE
PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS COMPRADORES
Instruções
Inicialmente, descreva quem são os clientes atuais e potenciais de sua organização.
A seguir, descreva suas características, tais como poder de negociação, porte, dispersão
geográfica, pontualidade no pagamento, volume e regularidade de compras, lealdade a
fornecedores e outros aspectos que você considera importantes para caracterizá-los.
Positivas Negativas
Clientes Potenciais
5a ATIVIDADE
CONCORRENTES, AMEAÇAS DE SUBSTITUTOS
Instruções
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6a ATIVIDADE
PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
Instruções
Descreva as características dos diversos fornecedores existentes no mercado, tais como
localização, capacidade produtiva, demanda de seus produtos, estratégia de atuação e outros
aspectos que você julgar interessantes.