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FORMAÇÃO DE

PERITOS JUDICIAIS

- SEM PERÍCIA, NÃO HÁ JUSTIÇA -


// Índice

1 // Orgãos Do Judiciário ............................................... 3

2 // Organização e Divisão Do Poder Judiciário ....................... 8

3 // Dos Serventuarios da Justiça .................................... 9

4 // Serventias da Justiça – (Varas / Secretarias) ....................... 10

5 // Setor Forenses . ....................................................... 11

6 // Do Perito Judicial .................................................... 16

7 // Da Perícia Judicial ................................................... 26

8 // Do Laudo Perícial .................................................... 31

9 // Quesitos .................................................................. 36

10 // Proposta Honorários Periciais ................................. 44

11 // Gratuidade de Justiça .............................................. 54

12 // Defesa do Perito - Impugnações de Laudos ...................... 58

13 // Gratuidade de Justiça ............................................. 60

14 // Nomeação .............................................................. 65

15 // Processo Eletrônico ............................................... 68

16 // Certificado Digital para Peritos Judiciais ......................... 71


// Breve Apresentação

Tantas são as carreiras que admitem atuação na área de Perícia Judicial e algumas
delas, citamos a seguir: engenheiros, arquitetos, agrônomos, contadores, adminis-
tradores, economistas, químicos, odontólogos, fisioterapeutas, médicos, profis-
sionais de informática, corretores de imóveis, advogados, área de Tecnologia da
Informação, etc.

A competência no trabalho do perito tem rotina pequena e de fácil assimilação para


aqueles que não dispõem de experiência em perícias, mas mesmo assim, o merca-
do é escasso e o judiciário carece cada vez mais desses profissionais.

O conteúdo trazido e tudo que cerca a perícia terá uma didática clara uma lingua-
gem, sem os requintes de manifestações formais, própria do direito, que poderiam
embaraçar a compreensão de profissionais de áreas distintas.

O Perito para ser bem-sucedido, deve preencher dois espaços:

1º) Conhecer tudo que faz parte do campo de ação da Perícia, devendo ter total

conhecimento quanto à burocracia, à prática forense, ao trato com os assistentes


das partes, aos procedimentos nos exames e nas vistorias, à apresentação do Lau-
do e formas jurídicas para Peticionar;

2º) Conhecimento técnico, especifico na sua área de atuação, com domínio sufi-
ciente para dirimir as dúvidas suscitadas no processo judicial já que atuará como
colaborador da justiça, do juízo da causa e das partes.

O objetivo do curso é esgotar o que envolve a perícia judicial e levar na pratica e


teoria, conteúdos extensos àqueles que possuem escassos conhecimentos nesse
âmbito, como os recém-formados ou outros que se sentem inquietos quanto, ain-
da, à inexistência da prática profissional.

Bom lembrar que essa área é bem recomendada, também, para profissionais que já
se aposentaram e sentem o desejo de continuar utilizando todo o conhecimento e
prática adquiridos durante anos e assim complementar seus ganhos, ou para aque-
les profissionais que possuem emprego mas desejam, também complementar sua
renda mensal.

Observa-se um natural desconforto para profissionais do campo de atuação técni-


co-científica operarem no terreno do direito e da Justiça.

Um dos motivos talvez possa ser o próprio desconhecimento do ramo, que faz pa-
recer ao profissional um intruso. Porém é imprescindível essa incursão do EXPERT
na vida do processo judicial, pois ele será pessoa indicada para esclarecer aos ad-
vogados, às partes, ao Ministério Público e ao juiz questões em cuja natureza sejam

1 /
leigos. A fim de oferecer um maior suporte aos novos peritos, abordaremos os ter-
mos mais utilizados no ramo da Perícia Judicial, assim como aqueles que mais se
defrontará em seu processo.

O Código de Processo Civil é a lei que norteia o andamento de um processo civil na


Justiça.

Dentre uma numerosa quantidade de artigos estão aqueles que são diretamente
ligados a todos os tipos de perícias.

O Direito pode ser entendido como um sistema de normas jurídicas válidas em tem-
po e espaço específicos, cuja finalidade é disciplinar as relações humanas intersub-
jetivas. Dentre todas essas normas há uma parcela destinada a regrar a composição
dos processos, ou seja, o ordenamento jurídico estatui como as pessoas devem agir
na hipótese de terem direitos lesados ou colocados em situação de risco. Da mesma
forma, num Estado Democrático de Direito, as normas jurídicas dispõem, ainda,
como o Estado-Juiz deve se conduzir para pacificar os conflitos de interesses que
lhe são submetidos e assim, podemos dizer que o perito é um auxiliar de extrema
importância, já que atua tecnicamente junto ao judiciário com o intuito de possi-
bilitar ao juiz/Estado, disponibilizar o bom direito ao jurisdicionado, que dele se
socorre.

A Constituição Federal assegura a todos o livre acesso ao Poder Judiciário para a


proteção ou reparação de direitos, sendo que ao Estado foi atribuído o dever de
desempenhar a atividade jurisdicional

A rotina forense é regulamentada pela Lei do Código de Processo Civil, portanto, a


burocracia enfrentada pelo perito é idêntica em todos os Estados da FEDERAÇÃO e
DISTRITO FEDERAL.

O CURSO BETA pretende com esse trabalho, colaborar de maneira prática, com os
profissionais de todas as categorias que pretendem militar na perícia judicial ou
que já estão ali trabalhando, o grande objetivo é mostrar como se dá o acesso à
função de perito, de forma que possibilitem ao aluno interessado em ingressar na
atividade, dependendo da vontade, disponibilidade e condições, transformando o
seu empenho inicial numa atividade rentável e gratificante.

2 /
// Conhecendo o Judiciário

dades, têm a prerrogativa de ser julgados pelo


1.0 – Orgãos Do Judiciário STF quando processados por infrações penais
comuns. Nesses casos, o STJ é a instância com-
O Poder Judiciário é regulado pela Constituição petente para julgar governadores. Já à segunda
Federal nos seus artigos 92 a 126. Ele é constitu- instância da Justiça comum – os tribunais de Jus-
ído de diversos órgãos, com o Supremo Tribunal tiça – cabe julgar prefeitos acusados de crimes co-
Federal (STF) no topo. O STF tem como função muns.
principal zelar pelo cumprimento da Constituição.
Abaixo dele está o Superior Tribunal de Justiça 1.1 - Justiça Da União
(STJ), responsável por fazer uma interpretação
uniforme da legislação federal.

No sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que 1.1.1 – Justiça Federal Comum


funcionam no âmbito da União e dos estados, in-
cluindo o Distrito Federal e Territórios. No campo A Justiça Federal da União (comum) é composta
da União, o Poder Judiciário conta com as seguin- por juízes federais que atuam na primeira instân-
tes unidades: a Justiça Federal (comum) – incluin- cia e nos tribunais regionais federais (segunda ins-
do os juizados especiais federais –, e a Justiça Es- tância), além dos juizados especiais federais. Sua
pecializada – composta pela Justiça do Trabalho, competência está fixada nos artigos 108 e 109 da
a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. Constituição.

A organização da Justiça Estadual, que inclui os Por exemplo, cabe a ela julgar crimes políticos e
juizados especiais cíveis e criminais, é de compe- infrações penais praticadas contra bens, serviços
tência de cada um dos 26 estados brasileiros e do ou interesse da União (incluindo entidades autár-
Distrito Federal, onde se localiza a capital do país. quicas e empresas públicas), processos que en-
volvam Estado estrangeiro ou organismo interna-
Tanto na Justiça da União como na Justiça dos es- cional contra município ou pessoa domiciliada ou
tados, os juizados especiais são competentes para residente no Brasil, causas baseadas em tratado
julgar causas de menor potencial ofensivo e de pe- ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
queno valor econômico. organismo internacional e ações que envolvam di-
reito de povos indígenas. A competência para pro-
Como regra, os processos se originam na primei- cessar e julgar da Justiça federal comum também
ra instância, podendo ser levados, por meio de pode ser suscitada em caso de grave violação de
recursos, para a segunda instância, para o STJ direitos humanos.
(ou demais tribunais superiores) e até para o STF,
que dá a palavra final em disputas judiciais no país
em questões constitucionais. Mas há ações que 1.1.2 – Justiça Do Trabalho - TRT
podem se originar na segunda instância e até nas A Justiça do Trabalho, um dos três ramos da Jus-
Cortes Superiores. É o caso de processos criminais tiça Federal da União especializada, é regula-
contra autoridades com prerrogativa de foro. da pelo artigo 114 da Constituição Federal. A ela
Parlamentares federais, ministros de estado, o compete julgar conflitos individuais e coletivos
presidente da República, entre outras autori- entre trabalhadores e patrões, incluindo aqueles

3 /
que envolvam entes de direito público externo e a
administração pública direta e indireta da União,
1.3 Tribunais Superiores
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Órgão máximo do Judiciário brasileiro, o SUPRE-
Ela é composta por juízes trabalhistas que atuam MO TRIBUNAL FEDERAL (STF) é composto por 11
na primeira instância e nos tribunais regionais do ministros indicados pelo presidente da Repúbli-
Trabalho (TRT), e por ministros que atuam no Tri- ca e nomeados por ele após aprovação pelo Se-
bunal Superior do Trabalho (TST). nado Federal. Entre as diversas competências do
STF pode-se citar a de julgar as chamadas ações
1.1.3 – Justiça Eleitoral - TRE diretas de inconstitucionalidade, instrumento
jurídico próprio para contestar a constitucionali-
A Justiça Eleitoral, que também integra a Justiça dade de lei ou ato normativo federal ou estadual;
Federal especializada, regulamenta os procedi- apreciar pedidos de extradição requerida por Es-
mentos eleitorais, garantindo o direito constitu- tado estrangeiro; e julgar pedido de habeas cor-
cional ao voto direto e sigiloso. A ela compete or- pus de qualquer cidadão brasileiro.
ganizar, monitorar e apurar as eleições, bem como
diplomar os candidatos eleitos. A Justiça Eleito- Entre suas principais atribuições está a de julgar:
ral tem o poder de decretar a perda de mandato
eletivo federal e estadual e julgar irregularidades • ações diretas de inconstitucionalidade de lei
praticadas nas eleições. Ela é composta por ju- ou ato normativo federal ou estadual;
ízes eleitorais que atuam na primeira instância e
• ações declaratórias de constitucionalidade de
nos tribunais regionais eleitorais (TRE), e por mi-
lei ou ato normativo federal
nistros que atuam no Tribunal Superior Eleito-
ral (TSE). Está regulada nos artigos 118 a 121 da • a arguição de descumprimento de preceito
Constituição. fundamental decorrente da própria Consti-
tuição e a extradição solicitada por Estado es-
1.1.4 – Justiça Militar trangeiro.

A Justiça Militar é outro ramo da Justiça Federal • infrações penais comuns, o presidente da Re-
da União especializada. Ela é composta por juízes pública e seu vice, os membros do Congresso
militares que atuam em primeira e segunda ins- Nacional, seus próprios ministros e o procura-
tância e por ministros que julgam no Superior dor-geral da República.
Tribunal Militar (STM). A ela cabe processar e jul-
gar os crimes militares definidos em lei (artigo 122 1.3.1 – Superior Tribunal De Justiça
a124 da Constituição). – STJ
1.2 - Justiça Estadual O STJ, que uniformiza o direito nacional infra-
constitucional, é composto por 33 ministros no-
A Justiça Estadual (comum) é composta pelos meados pelo presidente da República a partir de
juízes de Direito (que atuam na primeira ins- lista tríplice elaborada pela própria Corte. Os mi-
tância) e pelos chamados desembargadores, nistros do STJ também têm de ser aprovados pelo
que atuam nos tribunais de Justiça (segunda Senado antes da nomeação pelo presidente do
instância), além dos juizados especiais cíveis Brasil. O Conselho da Justiça Federal (CJF) funcio-
e criminais. A ela cabe processar e julgar qualquer na junto ao STJ e tem como função realizar a su-
causa que não esteja sujeita à competência de ou- pervisão administrativa e orçamentária da Justiça
tro órgão jurisdicional (Justiça Federal comum, do Federal de primeiro e segundo graus.
Trabalho, Eleitoral e Militar), o que representa
o maior volume de litígios no Brasil. Sua regula- 1.4 – Conselho Nacional De Justiça
mentação está expressa nos artigos 125 a 126
da Constituição.
(CNJ)
Trata-se de instituição pública que visa aperfei-
çoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro,

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principalmente no que diz respeito ao controle e cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ili-
à transparência administrativa e processual. É ór- bada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
gão do Poder Judiciário previsto nos artigos 92, outro pelo Senado Federal), nomeados pelo Presi-
I-A, e 103-B da CF, ambos inseridos pela Emenda dente da República, depois de aprovada a escolha
Constitucional nº 45/2004. pela maioria absoluta do Senado Federal, exceto o
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Compõe-se de 15 membros, com mandato de 2
anos. São membros do Poder Judiciário, do Mi-
nistério Público, da Advocacia e da sociedade (2

Justiça Comum Justiça Especializada

Justiça Justiça Justiça do Justiça Justiça


Estadual Federal Trabalho Eleitoral Militar

1ᵃ Instância 1ᵃ Instância 1ᵃ Instância 1ᵃ Instância 1ᵃ Instância


Juízes de Direito Juízes Federais Juízes do Juízes Eleitorais Juízes de
atuam nas Varas atuam nas Varas Trabalho atuam e cidadões Direito realizam
Especializadas das Subseções nas Varas do atuam nas as Auditorias
das Comarcas Judiciárias Trabalho Juntas Eleitorais Militares

2ᵃ Instância 2ᵃ Instância 2ᵃ Instância 2ᵃ Instância 2ᵃ Instância


Desembarga- Juízes do Colegiados de Juí-
Juízes Federais Juízes Eleitorais
dores atuam Trabalho atuam zes Civis e Militares
atuam nos Tribu- atuam nos Tribu-
nos Tribunais nos Tribunais atuam nos Tribu-
nais Regionais nais Regionais
de Justiça dos Regionais do nais de Justiças
Federais - TRFs Eleitorais - TREs
Estados - TJs Trabalho Militares - TJMs

Superior Tribunal de Justiça Tribunal Tribunal


Superior
- STJ Superior do Superior
Tribunal
Trabalho - Eleitoral -
Composto por 33 Ministros que Militar - STM
atuam em questões que se referem
TST TSE
à aplicação ou interpretação de lei Composto por 15
Composto por Composto por 7 Ministros
federal 27 Ministros Ministros

Supremo Tribunal Federal - STF


Composto por 11 Ministos que atuam em casos que
envolvem lesão ou ameaça de lesão à constituição Federal

5 /
// Links dos Tribunais Estaduais e
Tribunais do Distrito Federal e
Territórios:
Tribunal de Justiça do Acre

Tribunal de Justiça de Alagoas

Tribunal de Justiça do Amapá

Tribunal de Justiça do Amazonas

Tribunal de Justiça da Bahia

Tribunal de Justiça do Ceará

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e


Supremo Tribunal Federal
Territórios
Tribunal Superior do Trabalho
Tribunal de Justiça do Espírito Santo
Conselho Superior da Justiça do Trabalho
Tribunal de Justiça de Goiás
Superior Tribunal de Justiça
Tribunal de Justiça do Maranhão
Conselho da Justiça Federal
Tribunal de Justiça do Mato Grosso
Tribunal Superior Eleitoral
Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul
Superior Tribunal Militar
Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Tribunal de Justiça do Pará

Tribunal de Justiça da Paraíba


Tribunais Federais:
Tribunal de Justiça do Paraná
Tribunal Regional Federal da 1a Re-
gião (Abrange os estados: AC, AM, AP, BA, DF, Tribunal de Justiça de Pernambuco
GO, MA, MG, MT, PA, PI, RO, RR)
Tribunal de Justiça do Piauí
Tribunal Regional Federal da 2a Região 
(Abrange os estados: ES, RJ) Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

Tribunal Regional Federal da 3a Região  Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte


(Abrange os estados: MS, SP)
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Tribunal Regional Federal da 4a Região 
Tribunal de Justiça de Rondônia
(Abrange os estados: PR, RS, SC)
Tribunal de Justiça de Roraima
Tribunal Regional Federal da 5a Região 
(Abrange os estados: AL, CE, PB, PE, RN, SE) Tribunal de Justiça de Santa Catarina

Tribunal de Justiça de São Paulo

Tribunal de Justiça de Sergipe

Tribunal de Justiça de Tocantins

6 /
Tribunais Regionais Eleitorais Tribunais Regionais do
Tribunal Regional Eleitoral do Acre Trabalho:
Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
(Rio de Janeiro)
Tribunal Regional Eleitoraldo Amapá
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (São Paulo/ capital)

Tribunal Regional Eleitoral da Bahia Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região 


(Minas Gerais)
Tribunal Regional Eleitoral do Ceará
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (Rio Grande do Sul)
e Territórios
Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (Bahia)

Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região 


(Pernambuco)
Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do (Ceará)
Sul
Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (Pará e Amapá)

Tribunal Regional Eleitoral do Pará Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região 


(Paraná)
Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (Distrito Federal e Tocantins)
Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região 
(Roraima e Amazonas)
Tribunal Regional Eleitoral do Piauí
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro
(Santa Catarina)
Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do
Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região 
Norte
(Paraíba)
Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região 
Sul
(Acre e Rondônia)
Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (São Paulo/ Interior)

Tribunal Regional Eleitoral de Roraima Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região 


(Maranhão)
Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina
Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região 
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (Espírito Santo)

Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região 


(Goiás)
Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins

7 /
Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região 
(Alagoas)

Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região 


(Sergipe) Tribunais Militares
Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região  Tribunal de Justiça Militar do Estado de
( Rio Grande do Norte) Minas Gerais

Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região  Tribunal de Justiça Militar do Estado do Rio
(Piauí) Grande do sul 

Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região Tribunal de Justiça Militar do Estado de São
 (Mato Grosso) Paulo

Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região 


(Mato Grosso do Sul)

2.0 – Organização e Divisão Do Poder Judiciário

2.1 - O território do Estado, para efeito da administração da justiça, divide-se em


regiões judiciárias, comarcas, distritos, subdistritos, circunscrições e zonas judi-
ciárias.

2.1.1 - Cada comarca compreenderá um município, ou mais de um, desde que con-
tíguos, e terá a denominação da respectiva sede, podendo compreender uma ou
mais varas.

2.1.2 - As regiões judiciárias serão integradas por grupos de comarcas ou varas,


suas sedes serão as comarcas indicadas em primeiro lugar.

2.1.3 - Da criação e classificação das Comarcas

• Para a criação e a classificação das comarcas, serão considerados os números de


habitantes e de eleitores, a receita tributária, o movimento forense e a extensão
territorial dos Município do estado.

• No que concerne à extensão territorial, será levada em conta a distância entre


a sede do município e a da comarca.

2.1.4 - São requisitos essenciais para a criação de comarca:


• População mínima de quinze mil habitantes ou mínimo de oito mil eleitores;

• Movimento forense anual de, pelo menos, duzentos feitos judiciais;

• Receita tributária municipal superior a três mil vezes o salário-mínimo vigente


na capital do estado.

8 /
3.0 – Dos Serventuarios da Justiça

Todo aquele que de qualquer modo serve a Justiça como funcionário, ou auxilia do
juízo.

• ESCRIVÃES – processar os feitos que lhes forem distribuídos ou lhes couberem


em razão do ofício; ii - zelar pela regularidade da distribuição dos feitos em que
tenham de funcionar;

• ESCREVENTES em geral, incumbe praticar os atos e executar os trabalhos, re-


lativos à sua função, de que forem encarregados pelos serventuários a que es-
tiverem subordinados.

• ESCREVENTES AUX ILIARES incumbe executar os serviços de expediente e,


além de outras que lhes forem cometidas, exercer as funções de protocolista,
arquivista, almoxarife e datilógrafo.

• OFICIAIS DE JUSTIÇA – aos oficiais de justiça


incumbe:
i - fazer, pessoalmente as citações e diligências ordenadas pelos juízes perante os
quais servirem;
ii - lavrar certidões e autos das diligências que efetuarem;
iii - cumprir as determinações dos juízes;

9 /
4.1 - PROGER
4.0 – Serventias da Justiça –
(Varas / Secretarias) O Protocolo Geral das Varas - PROGER - destina-se
a receber petições e expedientes diários endere-
çados às serventias judiciais de primeira instância
Juízes de Direito do Cível e, ainda, as petições judiciais diárias direcionadas
à Vara de Execuções Penais, além de outros en-
Juízes de Direito de Família
cargos que lhe forem atribuídos pelo Corregedor-
Juízes de Direito de Fazenda Pública -Geral da Justiça, limitando-se à verificação do
endereçamento, à conferência da existência de
Juízes de Direito da Dívida Ativa anexos, se houver, e ao lançamento de firma de
advogado e/ou estagiário
Juízes de Direito de Órfãos e Sucessões

Juízes de Direito em Matéria Acidentária


4.2 - Distribuidor
É o setor responsável para receber todas petições
Juízes de Direito de Registros Públicos
iniciais (aquelas que inauguram o processo judi-
Juízes de Direito de Registro Civil cial na forma física)

Juízes de Direito em Matéria Empresarial 4.3 - Central De Mandados


Juízes de Direito da Infância e da Juventude É o setor centralizador dos Técnicos Judiciários
com função de Oficial de Justiça, com o cumpri-
Juízes de Direito do Idoso mento de todos os mandados de competência
da central, assim como dos mandados de intima-
Juízes de Direito em Matéria Criminal
ções e citações de servidores e agentes delegados
Juízes de Direito em Matéria de Execução Penal do foro extrajudicial nas sindicâncias, expedien-
tes e processos.
Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher 4.4 – Setor de Perícia Judicial
Juizado do Torcedor e Grandes Eventos Presta apoio aos peritos, disponibilizando, inclu-
sive, espaço para atendimento a periciando, re-
Juizados Especiais e suas Turmas Recursais cebimento de processos de Comarcas de interior
para estudo de Peritos, etc. ( SEJUD, SETECs, etc)
Juízes de Paz

10 /
5.0 – Setor Forenses

Passo 1
Petição inicial: o
começo de tudo

Passo 2
Citação: o direito de defesa
do réu

Passo 3
Réplica: o direito de resposta
do autor

Passo 4
Fase Probatória: quem alega
tem que provar

Passo 5
Sentença: a decisão
final do juiz

Passo 6
Recursos: a arma
do vencido

Passo 7
Cumprimento de Sentença: a
decisão em prática

11 /
Não havendo motivos para extinguir o processo
5.1. Petição inicial: o começo de tudo ou para julgar antecipadamente o processo, pro-
O primeiro passo de todo processo é a petição ini- ferirá o juiz o chamado despacho saneador, em
cial. Nesse documento, o autor — ou seja, quem que decidirá sobre a realização de prova pericial,
ajuizou a ação — irá expor os fatos que o levaram nomeará perito, facultando às partes a indicação
a entrar com a ação, bem como quais dos seus de seus assistentes técnicos.
direitos foram violados. Além disso, é nesse mo-
Se a questão do processo for urgente (como no
mento que o autor formula os seus pedidos prin-
caso de uma pessoa precisar de tratamento mé-
cipais ao juiz: se quer uma indenização, se quer
dico imediatamente, por exemplo), é possível for-
que o réu faça ou se abstenha de fazer algo, etc.
mular um pedido especial para o juiz na petição
Vejamos um exemplo: um médico cirurgião plásti- inicial – a chamada tutela provisória. Nesse caso,
co causa sérios danos à face de sua cliente. Com a o juiz irá analisar esse pedido assim que receber o
ajuda de seu advogado, ela irá formular a petição documento e tomar a sua decisão – que não é de-
inicial dando os detalhes da cirurgia: de quem foi finitiva, podendo ser modificada posteriormente,
a culpa, quais as causas dos danos, houve imperí- a depender das provas produzidas no processo.
cia? Ao final da petição, ela formula o seu pedido,
que poderá ser a indenização pelos danos causa- 5.2. Citação: o direito de defesa do
dos, entre outros. réu
Conforme acima, na petição inicial, o autor, re- Assim que o juiz recebe a petição inicial, ele veri-
presentado por seu advogado, expõe os fatos e os fica se os seus requisitos formais estão de acordo
fundamentos jurídicos do pedido, com suas espe- com a lei. Caso estejam, passa-se à próxima fase
cificações e as provas que pretende demonstrar a do processo judicial: a citação do réu para que ele
verdade dos fatos alegados. tome conhecimento da ação. Nesse momento,
O Juiz verifica se a petição atende aos requisitos por exemplo, um oficial de justiça vai à residên-
exigidos (artigo 319 e seguintes do código de pro- cia do réu (ou à sede da pessoa jurídica) e entrega
cesso civil). Estamos em termos, o juiz a despa- um mandado de citação, ou seja, uma ordem do
chará, ordenando a citação do réu para responder juiz para que ele compareça a uma audiência de
(artigo 335 e seguintes do CPC). Feita a citação, conciliação. Tal citação poderá ser realizado pelo
geralmente por oficial de justiça, o réu poderá Correios, dependendo do caso.
oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição Nessa audiência, as partes serão estimuladas a
escrita, dirigida ao juiz da causa, sendo essa peça chegar a um acordo, com a ajuda de um concilia-
processual chamada contestação. dor profissional. Caso não cheguem ao consenso,
Findo o prazo para defesa do réu, o escrivão re- depois da audiência começa o prazo para que o
meterá os autos (pasta onde são anexados todos réu apresente a sua versão dos fatos por meio de
os atos do processo, desde o seu início, em pro- um documento chamado contestação. Nele, o
cessos eletrônicos, tais peças serão disponibiliza- réu pode alegar várias matérias para se defender,
das digitalmente. até mesmo solicitar prova pericial, para ajudá-lo a
provar suas alegações.

12 /
6.0 – Direito Processual os 5
princípios do Processo

1. Princípio da imparcialidade do
juiz
A imparcialidade do juiz é garantia de justiça
para as partes. É pressuposto para que a relação
processual se desenvolva naturalmente.

2. Princípios do contraditório e
ampla defesa
Este princípio estabelece que todas as provas
arroladas no processo devem ter em aberto uma
contestação pela parte contrária, bem como os
atos do juiz devem ser de amplo conhecimento
das partes.

3. Princípio do livre convencimen-


to
O juiz deve formar livremente sua convicção
sobre quem tem a primazia no processo, dispon-
do das diversas provas colhidas e apresentadas
pelas partes.

4. Princípio da publicidade
Este princípio estipula que todas as decisões e
processos devem ter seu acesso garantido, evi-
tando-se o sigilo.

5. Princípio da inércia
É estabelecido que aquele que busca o direito
deve provocar o sistema judiciário, e assim, a
partir deste estímulo inicial, o poder público po-
derá agir na busca da realização da justiça.

13 /
7.1 – Desenvolvimento do
Processo
ferirá o juiz o chamado despacho saneador, em
7.1. Petição inicial: o começo de que decidirá sobre a realização de prova pericial,
tudo. nomeará perito, facultando às partes a indicação
de seus assistentes técnicos.

O primeiro passo de todo processo é a petição Se a questão do processo for urgente (como
inicial. Nesse documento, o autor — ou seja, no caso de uma pessoa precisar de tratamento
quem ajuizou a ação — irá expor os fatos que o médico imediatamente, por exemplo), é possí-
levaram a entrar com a ação, bem como quais vel formular um pedido especial para o juiz na
dos seus direitos foram violados. Além disso, petição inicial – a chamada tutela provisória.
é nesse momento que o autor formula os seus Nesse caso, o juiz irá analisar esse pedido assim
pedidos principais ao juiz: se quer uma indeni- que receber o documento e tomar a sua decisão
zação, se quer que o réu faça ou se abstenha de – que não é definitiva, podendo ser modificada
fazer algo, etc. posteriormente, a depender das provas produzi-
das no processo.
Vejamos um exemplo: um médico cirurgião
plástico causa sérios danos à face de sua cliente. 7.2. Citação: o direito de defesa do
Com a ajuda de seu advogado, ela irá formular
a petição inicial dando os detalhes da cirurgia:
réu
de quem foi a culpa, quais as causas dos danos, Assim que o juiz recebe a petição inicial, ele veri-
houve imperícia? Ao final da petição, ela formula fica se os seus requisitos formais estão de acordo
o seu pedido, que poderá ser a indenização pelos com a lei. Caso estejam, passa-se à próxima fase
danos causados, entre outros. do processo judicial: a citação do réu para que ele
tome conhecimento da ação. Nesse momento,
Conforme acima, na petição inicial, o autor,
por exemplo, um oficial de justiça vai à residên-
representado por seu advogado, expõe os fatos
cia do réu (ou à sede da pessoa jurídica) e entrega
e os fundamentos jurídicos do pedido, com suas
um mandado de citação, ou seja, uma ordem do
especificações e as provas que pretende de-
juiz para que ele compareça a uma audiência de
monstrar a verdade dos fatos alegados.
conciliação. Tal citação poderá ser realizado pelo
O Juiz verifica se a petição atende aos requisi- Correios, dependendo do caso.
tos exigidos (artigo 319 e seguintes do código
Nessa audiência, as partes serão estimuladas a
de processo civil). Estamos em termos, o juiz a
chegar a um acordo, com a ajuda de um concilia-
despachará, ordenando a citação do réu para
dor profissional. Caso não cheguem ao consenso,
responder (artigo 335 e seguintes do CPC). Feita
depois da audiência começa o prazo para que o
a citação, geralmente por oficial de justiça, o réu
réu apresente a sua versão dos fatos por meio de
poderá oferecer, no prazo de 15(quinze) dias, em
um documento chamado contestação. Nele, o
petição escrita, dirigida ao juiz da causa, sendo
réu pode alegar várias matérias para se defender,
essa peça processual chamada contestação.
até mesmo solicitar prova pericial, para ajudá-lo a
Findo o prazo para defesa do réu, o escrivão provar suas alegações.
remeterá os autos (pasta onde são anexados
todos os atos do processo, desde o seu início, em
processos eletrônicos, tais peças serão disponibi-
lizadas digitalmente.

Não havendo motivos para extinguir o processo


ou para julgar antecipadamente o processo, pro-

14 /
1 2 3
Audiência de Contestação:
Citação: Conciliação:
não havendo
aceita a inicial,a partes compare- acordo, parte
parte processada é cem em juízo para processada poderá
informada da exis- tentar chegar a um apresentar sua
tência do processo. acordo, com auxílio versão dos fatos,
de conciliador com as provas
profissional. que entender
necessárias.

7.3. Réplica: o direito de resposta


do autor Meios de Prova (CPC)
Depois que o réu apresenta a sua defesa, comu-
mente o próximo passo do processo é a réplica.
Esse é o nome da manifestação por meio do qual Depoimento Pessoal
o autor contrapõe os argumentos que o réu ale-
gou em sua contestação.
Inspeção Judicial
7.4. Fase probatória: quem alega
tem que provar
Perícia
Agora que as partes apresentaram todos os seus
argumentos, passamos a uma das fases mais im-
portantes de um processo judicial: a fase probató- Confissão
ria. Nesse momento, o juiz convoca as partes para
que indiquem quais provas pretendem produzir
para corroborar a sua versão dos fatos, quando
Exebição de Documento ou Coisa
eles podem, inclusive, requerer a prova pericial.

É importante destacar que nem todas as provas


indicadas pelas partes são aceitas. O juiz analisa Documento
a pertinência e a necessidade de cada uma delas
e autoriza ou não a sua produção.

15 /
Agora que as partes apresentaram todos os seus
argumentos, passamos a uma das fases mais im-
portantes de um processo judicial: a fase probató-
ria. Nesse momento, o juiz convoca as partes para
que indiquem quais provas pretendem produzir DECISÃO MONOCRÁTICA
para corroborar a sua versão dos fatos, quando
eles podem, inclusive, requerer a prova pericial.

É importante destacar que nem todas as provas RECURSO DENTRO


indicadas pelas partes são aceitas. O juiz analisa a DO PRAZO
pertinência e a necessidade de cada uma delas e
autoriza ou não a sua produção.
NOVA ANÁLISE DO
Depois que todas as provas foram devidamente PROCESSO POR
autorizadas, produzidas e juntadas no processo, COLEGIADO
o juiz chamará as partes para, em última chance,
argumentarem sobre elas. Essa será a última vez
que elas poderão se manifestar no processo antes
da sentença.

7.5. Sentença: a decisão final do juiz 7.7. Cumprimento de sentença:


colocando a decisão em prática
Agora, chegamos à parte mais importante do pro-
cesso: a sentença. É nesse ato que, depois de ana- Depois que todos os recursos interpostos forem
lisar todos os argumentos e provas, o juiz toma a julgados, diz-se que a decisão transitou em julga-
sua decisão final. Além de decidir sobre os pedidos do. Isso significa que, a partir desse momento, ela
da petição inicial, o juiz também condena a parte é definitiva e pode ser colocada em prática.
perdedora ao pagamento das chamadas verbas
sucumbenciais. É claro que, em alguns casos, é permitido colocar
a sentença em prática antes do trânsito em julga-
Isso significa que todos os gastos efetuados ao do: nos casos em que há urgência, por exemplo,
longo do processo — tanto com honorários de não é preciso esperar o julgamento de todos os
advogado, quanto com taxas cobradas ao longo recursos. A parte pode consultar o seu advogado
do procedimento —deverão ser arcadas pela par- para verificar se esse é o seu caso.
te perdedora.
Durante a fase do cumprimento de sentença, o
7.6. Recursos: a arma do vencido credor deve exigir do devedor que cumpra o que a
sentença determinou. Assim, em um caso em que
Ainda que a sentença seja a decisão final do juiz, o juiz ordenou que o réu pagasse uma quantia ao
ainda é possível recorrer contra essa decisão. As- autor, por exemplo, é nessa fase que são apresen-
sim, a parte insatisfeita poderá apresentar um re- tados os cálculos e o devedor é intimado para de-
curso de apelação, buscando reverter a sentença. positar o que deve. O processo tem seu fim quan-
do a sentença é definitivamente cumprida.
Esse recurso não será julgado pelo mesmo juiz,
mas por, via de regra, Desembargadores de um
Tribunal. Eles terão poderes para rever o processo
e, se for o caso, modificar a decisão do juiz.

16 /
7.8 – Agravo de Instrumento
Esse é o recurso utilizado pelas partes (autor, réu ou ambos) que não concordam
com a homologação da proposta de honorários, pelo juiz de 1º. Grau. Neste caso o
perito deverá aguardar a decisão do colegiado para dar andamento ao seu trabalho,
visto tratar-se de discussão voltada pelo valor de seus honorários periciais.

Na petição inicial, o autor, representado por seu advogado, expõe os fatos e os fun-
damentos jurídicos do pedido, com suas especificações e as provas que pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados.

O Juiz verifica se a petição atende aos requisitos exigidos (artigo 319 e seguintes
do código de processo civil). Estamos em termos, o juiz a despachará, ordenando
a citação do réu para responder (artigo 335 e seguintes do CPC). Feita a citação, ge-
ralmente por oficial de justiça, o réu poderá oferecer, no prazo de 15(quinze) dias,
em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, sendo essa peça processual chamada
contestação.

Findo o prazo para defesa do réu, o escrivão remeterá os autos (pasta onde são ane-
xados todos os atos do processo, desde o seu início, em processos eletrônicos, tais
peças serão disponibilizadas digitalmente.

Não havendo motivos para extinguir o processo ou para julgar antecipadamente o


processo, proferirá o juiz o chamado despacho saneador, em que decidirá sobre a re-
alização de prova pericial, nomeará perito, facultando às partes a indicação de seus
assistentes técnicos.

17 /
DELITO.
8.0 – Do Perito Judicial
Sempre que o esclarecimento de um fato depen-
der de conhecimento técnico e científico, o juiz
8.1 – Definições deverá valer-se de um especialista, ou seja, de
um perito para atuar no processo, para produzir
enominações do Perito: Auxiliar da Justiça - Es- as provas técnicas, ou seja, a prova pericial.
pecialista - Ilustríssimo Expert - Longa Manus - As-
sistente do juízo. O perito, no exercício de sua missão, pode proce-
der a todas as indagações que julgar necessárias,
Para Didier Jr. Prova pericial [...] é aquela pela devendo consignar, com imparcialidade exem-
qual a elucidação do fato se dá com ao auxílio de plar, todas as circunstâncias, sejam ou não favo-
um perito, especialista em determinado campo do ráveis ao autor ou réu.
saber, devidamente nomeado pelo juiz, que deve
registrar sua opinião técnica e científica no cha- Há, na jurisprudência, inúmeras decisões que,
mado laudo pericial – que poderá ser objeto de respeitando o ordenamento jurídico, e sob pena
discussão pelas partes e seus assistentes técnicos. de cerceamento de defesa, reconheceram que o
(DIDIER JR., 2010, p. 225) cargo de perito só pode ser preenchido por pro-
fissional “especialista” na respectiva área de co-
Já para Humberto Theodoro Junior, surge “a pro- nhecimento.
va pericial como o meio de suprir a carência de
conhecimentos técnicos de que se ressente o juiz Deve agir livremente, é o senhor de sua vontade,
para apuração dos fatos litigiosos”. (THEODORO de suas convicções, não podendo ser coagido por
JÚNIOR, 2011, p.486) ninguém, nem mesmo por autoridades a respeito
de suas conclusões.
Montenegro Filho conceitua como:
O Perito judicial auxilia a justiça ou ao juízo é o
“espécie de prova que objetiva fornecer esclare- profissional habilitado e nomeado pelo juiz para
cimentos ao magistrado a respeito de questões opinar sobre questões de sua especialidade. É
técnicas, que extrapolam o conhecimento cientifi- prerrogativa de juiz valer-se de um especialista,
co do julgador, podendo ser de qualquer nature- de um expert na matéria.
za e originada de todo e qualquer ramo do saber
humano, destacando-se os esclarecimentos nas A atividade exige formalidades legais e técnicas
áreas da engenharia, da contabilidade, da me- e somente poderá ser exercida em conformidade
dicina e da topografia.” (MONTENEGRO FILHO, com as formalidades estabelecidas na Lei (em es-
2009, p.479) pecial nas leis processuais) e o profissional, inclu-
sive, estar regularmente inscrito em sua entidade
Olívio A. Batista da Silva vai mais a funda na ques- de classe, se a profissão já estiver criada seu pró-
tão, fazendo uma sucinta comparação entre os prio Conselho de Classe.
possíveis meios de prova no processo:
Melo (2003) esclarece que o perito judicial não é
“A Função de toda atividade probatória é fornecer parte, não é advogado, não é juiz, dele se espera
ao julgador os elementos por meio dos quais ele que, além de ter conhecimento técnico suficien-
há de formar o seu convencimento a respeito dos te para o desempenho da função, tenha também
fatos controvertidos no processo. Este contato do facilidade de expressar-se clara e concisamente,
juiz com os fatos da causa pode dar-se através das habilidade no trato de conflitos, conhecimentos
provas orais produzidas em audiência, quando o jurídicos e experiência em produção de prova pe-
juiz ouve as partes ou inquire as testemunhas, ou ricial.
mediante o exame dos documentos constantes
dos autos, ou, ainda, quando se traz ao processo Conforme assinala Didier (2016, p. 265) os peritos
não o documento, e sim as pessoas ou coisas de judiciais, são especialistas que oportunamente, a
que se pretenda extrair elementos de prova.” serviço da justiça, colaboram com a sua “aptidão
técnica de conhecimento e verificação de fatos ou
O Perito é aquele profissional que realiza os com opinião técnica a respeito da interpretação e
exames necessários, nos vários ramos do conhe- avaliação dos fatos, explicitando as regras técni-
cimento, cujo objetivo é atingir a chamada VER- cas para que o juiz o faça”.
DADE REAL ou a MATERIALIDADE DO FATO OU DO
18 /
A legislação Processual Civil define a atividade do determinadas áreas do saber, o magistrado será
perito em seu artigo 156: assistido por perito ou órgão, cuja nomeação ob-
servará o cadastro de inscritos mantido pelo tri-
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a bunal ao qual o juiz está vinculado (art. 156, § 1º,
prova do fato depender de conhecimento técnico
CPC), sendo que esse cadastro deve ser feito de
ou científico. § 1º Os peritos serão nomeados entre
os profissionais legalmente habilitados e os órgãos
acordo com o exigido pelo artigo 156, em seus §§
técnicos ou científicos devidamente inscritos em 2º e 3º.
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está
vinculado. A Lei nº 13.105/2015 inovou ao expandir a possi-
bilidade do juiz também ser assistido por “órgãos
Podemos observar no normativo processual aci- técnicos ou científicos”, não estando limitado
ma, a obrigatoriedade em relação aos juízes, de apenas a pessoas físicas na condição de “profis-
nomear seus peritos para assisti-los em processos sionais de nível universitário”, tal como dispunha
com cunho técnico ou científico, não podendo o código revogado. Nesta hipótese, o órgão que
ele, sob pena de nulidade do processo, abrir mão vier a ser designado para a realização de determi-
dessa exigência. nada perícia deverá comunicar ao juiz os nomes
e os dados de qualificação dos profissionais que
Importante ressaltar, também, que somente o forem destacados para o respectivo trabalho pe-
perito poderá esclarecer os fatos ou trazer aos ricial, de modo a viabilizar a verificação de even-
autos as provas necessárias para a justa solução tuais causas de impedimento( III) suspeição (IV)
dos conflitos entre as partes. Nesta condição, não (art. 156, § 4º, CPC).
é uma prerrogativa do magistrado, mas sim uma
imposição legal. Pode ocorrer, principalmente em comarcas pe-
quenas, que para a realização de uma determina-
O juiz deve limitar-se à análise do conjunto pro- da perícia sobre área específica do conhecimen-
batório constante nos autos, aqueles hábeis para to, não haja perito ou órgão inscrito no cadastro
provar a verdade dos fatos, em que funda a ação disponibilizado pelo tribunal. Nesta hipótese, o
ou a defesa. parágrafo quinto, do artigo 156, permite que o
magistrado escolha livremente um profissional
Prestigiando a segurança, e minimizando os ris- ou órgão que, comprovadamente, detenha co-
cos de prejuízos às partes e ao resultado útil do nhecimento especializado para tal mister.
processo, a Lei nº 13.105/2015 é incisiva ao dispor
que para o cargo de perito só pode ser nomeado Nomeado, o auxiliar do juiz – perito ou órgão – de-
o profissional que for especializado na área de co- verá empregar toda diligência para, no prazo que
nhecimento do objeto da perícia. lhe for assinado, cumprir seu trabalho. Poderá, se
for o caso, no prazo legal de quinze dias, escusar-
Com efeito, o artigo 465 do Código de Processo -se do encargo alegando justo motivo, sob pena
Civil é expresso quando impõe ao juiz o dever de de renúncia a tal direito (art. 157, § 1º, CPC).
nomear apenas “perito especializado no objeto
da perícia”. Ciente de sua nomeação, o expert de- Reforçando o dever de diligência exigido pelo ar-
verá, em cinco dias, apresentar seu currículo com tigo 157, o Código de Processo Civil, no seu artigo
comprovação de especialização quanto ao obje- 466, estabelece que mesmo dispensado de assi-
to da perícia (art. 465, §2º, II, CPC), devendo ser nar um termo de compromisso o perito – assim
substituído se “faltar-lhe conhecimento técnico como o órgão técnico ou científico – tem o dever
ou científico” (art. 468, I, CPC) de cumprir escrupulosamente seu encargo.
Importante reiterar que para o exercício de suas Caso, por dolo ou culpa, o perito acabe prestando
funções o juiz necessita do auxílio constante ou informações inverídicas, será responsabilizado
eventual de outras pessoas que, tal como ele, de- pelos prejuízos que causar à parte, ficando ainda
vem atuar com diligência e imparcialidade (art. inabilitado para atuar em outras perícias por um
149, CPC). prazo de dois a cinco anos, sem prejuízo de outras
sanções. Caberá ao juiz comunicar tal fato ao res-
Nas causas em que a matéria envolvida exigir co- pectivo órgão de classe, para que sejam adotadas
nhecimentos técnicos ou científicos próprios de

19 /
as medidas cabíveis (art. 158. CPC). Dito de outra A comunicação através de PETIÇÃO é a sempre
forma, para a responsabilização do perito ou ór- recomendada, pois dessa forma o perito docu-
gão não é necessária a demonstração da intenção menta nos autos, todas suas reivindicações, ocor-
de prejudicar uma das partes, bastando ficar ca- rências durante o ato pericial, solicitação de pro-
racterizada a culpa pela imprudência, negligência vidências às partes, serventuários ou ao juiz.
ou imperícia.
O perito deverá realizar todas as suas comunica-
ções formais com os juízes através de petições,
8.2 – Peritos Ofíciais que são juntadas aos autos do processo, segundo
A expressão “perito oficial” abrange todos os pro- a ordem de chegada, para seu encaminhamento
fissionais que foram contratados pelo Estado para ao juiz.
exercer a função pericial. É a definição adotada As petições mais comuns realizadas pelos peritos
no Código de Processo Penal para referir-se aos são: Propostas de honorários, a cobrança de ho-
profissionais que realizam as perícias na esfera norários periciais que é diferente do que habitual-
criminal, sendo que, por modificação da legisla- mente tem-se no mundo comercial; solicitação
ção, passou-se a admitir peritos não oficiais para de prorrogação de prazo, entre outras.
atuação na esfera criminal, em situações especifi-
cas e contidas na referida legislação.
8.3.1 – Da ética do Perito Judicial
8.3 – Deveres Dos Peritos Judiciais O Perito Judicial deve agir de forma que o torne
merecedor de respeito e que contribua para o
A precaução a ser adotada por todos peritos du- prestígio da classe e da perícia judicial;
rante sua atuação deve ser referenciada por todos
aqueles que pretendem atuar de forma eficaz, Deve manter sua independência em qualquer
justa e lícita, senão vejamos: circunstância e não se deter no exercício de seu
encargo para agradar o juízo ou qualquer autori-
O profissional deve agir com honestidade, vis- dade, nem de ocorrer em impopularidade, dentro
to que as partes, seus advogados ou defensores das devidas normas de urbanidade e estritamen-
públicos, exigem nos processos judiciais, mais do te profissional.
que nunca, seus direitos respeitados. É indispen-
sável a imparcialidade total do perito judicial, O perito tem o dever geral de urbanidade e os
portanto as qualidades ético-morais são essen- respectivos procedimentos disciplinares e ter
ciais à função, além de reputação ilibada. plena consciência de que é o auxiliar da Justiça,
pessoa civil, nomeado pelo Juiz ou pelo Tribunal,
A apresentação de um trabalho de boa quali- devidamente compromissado, desenvolvendo,
dade e com informações técnicas aprofundadas, assim, um trabalho de extrema responsabilidade
utilizando-se de linguagem clara, concisa e de e relevância perante o Poder Judiciário, especial-
maneira que um leigo entenda, sem, entretanto, mente porque irá opinar e assisti-los na realiza-
ser prolixo é uma das características ção de prova pericial;
importantes a serem adotadas pelos peritos. Bom A nomeação como perito Judicial deve ser consi-
lembrar que o Juízo não é obrigado a continuar derada sempre, pelos mesmos, como distinção e
nomeando um profissional prestador de serviço reconhecimento de seu conhecimento especial,
questionável. técnico ou científico, capacidade e honorabili-
O cumprimento de prazos estabelecidos é fun- dade, sendo que no exercício de sua nomeação,
damental. Se o perito for rigoroso na observação bem como quaisquer outras profissões, deve ter
dos prazos para entrega do laudo, por certo ga- sempre em conta que seu procedimento ético
rantirá maior prestígio em relação ao magistrado se torna extremamente importante, pelo fato da
que o nomeia, além de ter assegurada sua manu- sua atividade estar ligada ao campo do direito, no
tenção na lista de peritos da Vara. qual as normas e deveres morais são mais nítidos,
em consequência da íntima ligação entre o moral
e o direito;

20 /
Quando ciente de sua nomeação e, antes de assumir o encargo, deve inteirar-se dos
autos, para verificar se não há incompatibilidade ou algum impedimento, e se real-
mente se encontra em condições de assumir o compromisso e realização do traba-
lho; (vide quadro abaixo)

Se a hipótese for de recusa, antes de assumir o compromisso, deve o Perito Judicial


comunicar ao Juiz, através de petição e o mais breve possível, o motivo justificado
da recusa, pois não é cabível a recusa de nomeação quando esta fundamentar-se,
tão somente, no fato do processo encontrar-se sobre o amparo da Justiça Gratuita.

Imprescindível que o perito exerça sua nomeação com zelo, diligência honestida-
de, dignidade e independência profissional, devendo, também, guardar sigilo sobre
o que souber em razão do exercício de suas funções e zelar pela sua competência
exclusiva na orientação dos serviços a ser cargo, além da obrigatoriedade de comu-
nicar, desde logo, à Justiça, eventual circunstância adversa que possa influir na con-
clusão do trabalho pericial para o qual foi nomeado.

Deverá, também, recusar sua nomeação, sempre que reconheça não se achar capa-
citado (a), em face de especialização técnica ou cientifica ou ainda para bem desem-
penhar a nomeação.

Importante também evitar interpretações tendenciosas sobre a matéria que consti-


tui objeto da perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elabora-
ção do respectivo laudo e se abster de expender argumentos ou dar a conhecer sua
convicção pessoal sobre os direitos de qualquer das partes interessadas, elaborando
seu laudo especificamente no âmbito técnico legal;

Importante que o perito se inteire de todas as circunstâncias e dados antes de res-


ponder aos quesitos formulados, além da obrigatoriedade de declarar-se impedido
ou suspeito de aceitar sua nomeação, nas hipóteses previstas no Código de Processo
Civil em seu artigo 144 do Código de Processo Civil, nas situações que veremos a
seguir:

21 /
Impedimento E Suspeição Do Perito
(artigo 144 e 145 do CPC)

IMPEDIDO SUSPEITO

1. quando no processo, o perito já estiver pos- 1. amigo íntimo ou inimigo de qualquer das
tulando, como defensor público, advogado partes ou de seus advogados;
ou membro do Ministério Público, seu côn-
juge ou companheiro, ou qualquer parente, 2. que receber presentes de pessoas que ti-
consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- verem interesse na causa antes ou depois
lateral, até o terceiro grau, inclusive; de iniciado o processo, que aconselhar al-
guma das partes acerca do objeto da causa
2. quando for parte no processo ele próprio, ou que subministrar meios para atender às
seu cônjuge ou companheiro, ou parente, despesas do litígio;
consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-
lateral, até o terceiro grau, inclusive; 3. quando qualquer das partes for sua credo-
ra ou devedora, de seu cônjuge ou compa-
3. quando for sócio ou membro de direção ou nheiro ou de parentes destes, em linha reta
de administração de pessoa jurídica parte até o terceiro grau, inclusive;
no processo;
4. interessado no julgamento do processo em
4. quando for herdeiro presuntivo, donatário favor de qualquer das partes.
ou empregador de qualquer das partes;

5. em que figure como parte instituição de en-


sino com a qual tenha relação de emprego
ou decorrente de contrato de prestação de
serviços;

6. em que figure como parte cliente do escri-


tório de advocacia de seu cônjuge, compa-
nheiro ou parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado
por advogado de outro escritório;

7. quando promover ação contra a parte ou


seu advogado.

O impedimento e suspeição dos Juízes se apli-


* O perito poderá declarar-se suspeito por
cam aos peritos, conforme determinação pro-
motivo de foro íntimo,
cessual civil.

22 /
8.3.2 – Das obrigações do Perito – Conforme
legislação processual civil.
O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregan-
do toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
(caput do artigo 157 do CPC);

A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da


suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a
alegá-la. (§ 1º., do artigo 157 do CPC);

Petição de Renúncia

Exmo. Sr. (Dr) Juiz de Direito da (dizer qual é a vara, ou colocar Vara Judicial se for
cidade pequena, na qual há apenas uma vara) Vara Cível de (nome da cidade) –
(abreviação da UF)

Autor: (nome)

Réu: (nome)

Ação: (tipo de ação)

Processo nº: (número do processo)

(Nome do perito em letra maiúscula, grifado em negrito ou sublinhado), Perito


deste Juízo, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe vem,
respeitosamente, informar a Vossa Excelência, que apesar de muito honrado com
a designação, por motivos alheios à sua vontade, encontra-se impossibilitado de
exercer o encargo (caso entenda por bem explicar, colocar: “, devido a...”).

Dessa forma, apresenta sinceras escusas e fica à disposição deste Juízo para maio-
res esclarecimentos, assim como a para atuar em outros processos, quando for so-
licitado. Isto posto, requer a sua dispensa do encargo e a juntada desta aos autos
para tornar ciente as partes interessadas e para os devidos fins de direito. É o que
requer,

Pede deferimento.

(Cidade, UF), _____de __________de _____ ________

(Assinatura do perito)_______

(Nome do Perito) Nº do Órgão de Classe

O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos
prejuízos que causar à parte (artigo 158 do CPC);

Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I - Proposta de honorá-


rios; II -currículo, com comprovação de especialização; III - contatos profissionais,
em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
(§ 2º., do artigo 465 do CPC);

23 /
O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
que lhe foi cometido, independentemente de ter-
8.3.2 – Dos direitos do Perito –
mo de compromisso. (caput do artigo 466 do CPC); conforme legislação processual
civil
O perito pode ser substituído quando: I - Faltar-
-lhe conhecimento técnico ou científico; II- sem - Possibilidade de receber honorários adiantados
motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no e corrigidos monetariamente ( artigo 95 do CPC);
prazo que lhe foi assinado ( artigo 468 e incisos;);

O perito substituído restituirá, no prazo de 15 - Não há necessidade de participar de concursos


(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho para sua atuação junto ao judiciário, basta estar
não realizado (...) artigo 468 do CPC regularmente inscrito no Cadastros dos Tribu-
nais;
O perito deverá dar ciência às partes, da data e do
local designados pelo Juiz ou indicados pelo peri- - Direito a não responder quesitos impertinentes
to para ter início a produção da prova. (artigo 474 (artigo 470 do CPC);
do CPC);
- Direito de cobrar honorários em conformidade
o perito deverá acessar o portal do perito no sis- com o volume das horas trabalhadas e com a
tema de processo eletrônico no qual está cadas- tabela normativa de cada Entidade de Classe;
trado, em períodos não superior a dez dias, para
receber as intimações. ( Art. 5º., da Lei 11.419 de
- Direito de receber honorários logo após con-
20.12.2006)
cluído o trabalho, com a homologação do laudo
o perito deverá estar habilitado para assinar digi- pericial, mesmo sendo parte responsável pelo
talmente os processos eletrônicos para os quais pagamento, o Município, o Estado, a União, o
for nomeado, Lei 11.419 de 20.12.2006; Ministério Público;

deverá utilizar assinatura eletrônica, por Certifica- - Direito de ser nomeado de forma equitativa,
do Digital ou usuário e senha, de acordo com a exi- entre outros membros da lista da Vara, assim
gência legal ou do sistema do respectivo Tribunal como fiscalizar seu cumprimento (§ 2º., do artigo
nomeante: 157 do CPC)

o Perito deverá conhecer Normas, Resoluções,


provimentos e portais dos tribunais, voltados para 8.3.2 – Das Sanções em face do
área da perícia; estar inscrito em cadastro man- Perito – conforme regulamenta o
tido pelos Tribunais ( §1º. Do artigo 156 do CPC); Código de Direito Penal.
prestar informações técnicas ou cientificas, zelan-
do pela verdade pura e incontestável (artigo 158 Laudos periciais traduzem exercício de função
do CPC);o perito deverá responder quesitos suple- pública, a qual resulta submissão aos princípios
mentares, porventura, apresentado pelas partes onstitucionais que presidem a Administração Pú-
(artigo 469 do CPC); acompanhar o Juiz em ins- blica, assim, sempre que houver função pública
peção judicial, caso assim seja designado (artigo em jogo, os princípios da legalidade, impessoa-
482 do CPC). lidade, moralidade, publicidade e eficiência, en-
tram em cena.

Os peritos judiciais assumem voluntariamente


elevados deveres públicos, assimilando os rigores

24 /
de uma relação de sujeição especial mantida com nais, pode refletir o enriquecimento sem justa
o Estado. causa de alguém. Cuida-se de uma equação apa-
rentemente singela: o laudo gera o enriqueci-
Tais são os auxiliares de encargo judicial, que mento vertiginoso, sem justa causa, de uma parte
sempre são pessoas físicas, exceto para a situa- em detrimento da outra.
ção alencada no CPC. Daí por que o fato de um
perito ser um profissional que não integra os qua- Tanto o perito, quanto o juiz responsável pela ho-
dros do Judiciário não o exime das elevadas obri- mologação originária do laudo revestido de sinais
gações públicas, inclusive da obediência ao dever de improbidade, podem ser chamados à respon-
de probidade administrativa que emerge tanto da sabilidade pelos canais competentes.
Carta Magna (art.37, par.4o), quanto da legislação
infraconstitucional (Lei 8.429/92). Juízes que apreciam causas de enorme vulto eco-
nômico, com auxiliares peritos na confecção de
A tutela da probidade encontra respaldo consti- laudos técnicos, reclamam uma incidência mais
tucional direto no art.37, par.4º, da Magna Carta, detalhada de monitoramento correcional. Isso,
alcançando, inegavelmente, os peritos. porque tais autoridades tornam-se mais vulnerá-
veis e expostas às influências ostensivas ou sutis
O laudo pericial envolve a obediência a regras de segmentos poderosos.
jurídicas elementares ligadas à interdição à arbi-
trariedade dos funcionários públicos, motivação As áreas relativas a falências, cível, direito econô-
e transparência. mico, direito tributário, entre outras muitas, po-
dem merecer uma atenção especial, devido aos
Tais normas repercutem nos deveres positivos e consideráveis interesses econômicos ou políticos
negativos dos peritos. Trata-se de exigir desses em jogo.
profissionais certos deveres públicos, marca-
damente aqueles relacionados à probidade ad- Sobre o enriquecimento ilícito e as ferramentas
ministrativa, requisito geral de toda e qualquer legais ou administrativas de prevenção ou repres-
função pública. são, registre-se que um perito, ao trabalhar em
casos de alta repercussão econômico-financeira,
Os peritos, enquanto auxiliares do Judiciário, deve ter seus bens inventariados, sua evolução
possuem responsabilidades por seus erros, equí- patrimonial acompanhada, tal como ocorre com
vocos ou transgressões, intencionais ou não. os agentes públicos expostos ordinária e rotinei-
Cuida-se de agentes públicos para fins de res- ramente à Lei 8.429/92.
ponsabilidade, podendo incorrer, inclusive, no
cometimento de crimes privativos de funcioná- Durante o período de sua atuação o Perito é con-
rios públicos. siderado funcionário público transitório, assim,
Juízes e peritos, como os demais agentes públi-
Laudos são impugnados diariamente, as- cos brasileiros, estão submetidos ao princípio
sim como são desconsiderados. Nem por isso constitucional da responsabilidade.
obviamente, haverá responsabilidade pessoal
dos peritos. Por oportuno frisar que, caso o perito não aten-
da às exigências legais para o exercício de suas
As condutas dos peritos podem oscilar, sutilmen- funções e disto resulte uma perícia deficiente ou
te, entre categorias como a culpa, a culpa grave, o inconclusiva, o juiz poderá reduzir os honorários
erro grosseiro, ou o dolo administrativo, nas suas periciais inicialmente arbitrados.
variadas modalidades; por isso, vê-se claramen-
te a complexidade dos conteúdos potenciais do Apesar de o artigo 465, § 5º, do Código de Proces-
conceito de perito inidôneo, que perpassa regras, so Civil dizer que “o juiz poderá” reduzir a remu-
princípios e valores diversos na legislação espe- neração do perito, cremos que a interpretação
cializada do Código Processual Civil. sistemática implica a conclusão de que a redução
dos honorários periciais é de rigor. Com efeito,
Um laudo ilícito, confeccionado com desvio de não tendo desempenhado seu ofício como de-
poder, sem suporte em regras técnicas e racio- veria, já que a perícia foi reputada deficiente ou

25 /
inconclusiva, o recebimento do valor integral dos prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
honorários periciais caracteriza enriquecimento testemunha, perito, contador, tradutor ou intér-
ilícito, mormente pelo fato de que para a reali- prete, para fazer afirmação. falsa, negar ou calar
zação de nova perícia outros honorários deverão a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tra-
ser pagos pela parte, que acabaria sendo onerada dução ou interpretação: (Redação dada pela Lei
excessivamente. nº 10.268, de 28.8.2001). Pena - reclusão, de três
a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
Há de supor, inclusive, que o juiz pode até mes- 10.268, de 28.8.2001). Parágrafo único. As penas
mo indeferir o levantamento de qualquer valor aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime
pelo perito quando a prova pericial for declarada é cometido com o fim de obter prova destinada
nula por sua culpa. É o caso, por exemplo, do pe- a produzir efeito em processo penal ou em pro-
rito que, não observando seus deveres de zelo e cesso civil em que for parte entidade da adminis-
diligência, realiza a perícia de forma desidiosa e tração pública direta ou indireta. (Redação dada
apresenta um laudo deficiente com conclusões pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
parcas, que nem mesmo após os esclarecimentos
é possível a valoração da prova pelo magistrado. - Falsidade ideológica - Art. 299 - Omitir, em do-
cumento público ou particular, declaração que
Vejamos o que aduz o Código Penal Brasileiro: dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser es-
- Funcionário Público: Art. 327 - Considera-se
crita, com o fim de prejudicar direito, criar obriga-
funcionário público, para os efeitos penais, quem,
ção ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
embora transitoriamente ou sem remuneração,
relevante. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e
exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º -
multa, se o documento é público, e reclusão de
Equipara-se a funcionário público quem exerce
um a três anos, e multa, se o documento é par-
cargo, emprego ou função em entidade paraesta-
ticular. Parágrafo único - Se o agente é funcioná-
tal, e quem trabalha para empresa prestadora de
rio público, e comete o crime prevalecendo-se do
serviço contratada ou conveniada para a execu-
cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assen-
ção de atividade típica da Administração Pública.
tamento de registro civil, aumenta-se a pena de
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000);
sexta parte.
- Falso testemunho ou falsa perícia: Art. 342.
- Uso de documento falso - Art. 304 - Fazer uso
Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
de qualquer dos papéis falsificados ou alterados,
como testemunha, perito, contador, tradutor ou
a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a comi-
intérprete em processo judicial, ou administrati-
nada à falsificação ou à alteração
vo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Reda-
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001). Pena - Falsidade de atestado médico - Art. 302 - Dar
- reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. o médico, no exercício da sua profissão, atestado
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vi- falso: Pena - detenção, de um mês a um ano.Pará-
gência). § 1o As penas aumentam-se de um sexto grafo único - Se o crime é cometido com o fim de
a um terço, se o crime é praticado mediante su- lucro, aplica-se também multa.
borno ou se cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal, - Falsificação de documento público - Art. 297
ou em processo civil em que for parte entidade da Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
administração pública direta ou indireta. (Reda- blico, ou alterar documento público verdadei-
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001); § 2o ro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
O fato deixa de ser punível se, antes da sentença § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se o crime prevalecendo- se do cargo, aumenta-se a
retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais,
Lei nº 10.268, de 28.8.2001); equiparam-se a documento público o emanado
de entidade paraestatal, o título ao portador ou
- Corrupção ativa – Art. 342. Dar, oferecer ou transmissível por endosso, as ações de socieda-

26 /
de comercial, os livros mercantis e o testamento
particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem
insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000). I – na folha de pagamento ou em docu-
mento de informações que seja destinado a fazer
prova perante a previdência social, pessoa que
não possua a qualidade de segurado obrigatório;
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). II – na Car-
teira de Trabalho e Previdência Social do empre-
gado ou em documento que deva produzir efeito
perante a previdência social, declaração falsa ou
diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000); III – em documento
contábil ou em qualquer outro documento rela-
cionado com as obrigações da empresa perante
a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000); § 4o Nas mesmas penas incorre
quem omite, nos documentos mencionados no §
3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a
remuneração, a vigência do contrato de trabalho
ou de prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)

Ex ploração de prestígio - Art. 357 - Solicitar ou


receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Mi-
nistério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclu-
são, de um a cinco anos, e multa.Parágrafo único
- As penas aumentam-se de um terço, se o agente
alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade tam-
bém se destina a qualquer das pessoas referidas
neste artigo.

27 /
9.0 – Da Perícia Judicial

9.1 – Da Perícia Como Meio De Prova


9.1.1. – Definições
Perícia é o meio de prova feita pela atuação de técnicos ou doutos promovida pela
autoridade policial ou judiciária, com a finalidade de esclarecer à Justiça sobre o
fato de natureza duradoura ou permanente.

O artigo 212 do Código de Processo civil estatui que os fatos jurídicos trazidos no
processo, podem ser provados, mediante I- confissão; II- documento; III - testemu-
nha; IV - presunção; V - perícia.

A prova pericial consistirá em exame, vistoria ou avaliação, e poderá ser deter-


minada pelo juiz “de ofício” (sem que qualquer das partes requeiram) ou a requeri-
mento das partes. Será indeferida quando: a) não houver a necessidade de conhe-
cimento especial de técnico para prova do fato; b) o fato já estiver comprovado por
outros meios de prova; e, c) a verificação for impraticável (art. 464, §1º, CPC).

• ex ame, que é a observação e análise de pessoas e objetos, para extrair as infor-


mações pretendidas (ex: exame médico em pedido de benefício previdenciário
por incapacidade, exame de DNA em pedido de investigação de paternidade);

• v istoria, que é a análise de bens imóveis, para verificar e especificar o seu es-
tado.

• avaliação, que é a atribuição de valor ao bem, ou a definição do seu valor de


mercado. Caso o objeto da perícia envolva aspectos de maior complexidade,
abarcando várias áreas do saber, o juiz nomeará mais de um perito, haja vista
a necessidade de que cada um seja especializado em sua respectiva área de
conhecimento (art. 475, CPC).

A produção da prova pericial poderá ser dispensada quando as partes, na inicial


e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que forem considerados suficientes pelo magistrado (art.
472, CPC).

28 /
9.1.1.1 – Bens - definições

É tudo aquilo que é útil às pessoas.


BEM Portanto, suscetível de apropriação

É todo o bem suscetível de avaliação


COISA econômica e apropriação pela pessoa

São aqueles suscetíveis de movimento próprio


ou de remoção por força alheia, sem que isso
BENS MÓVEIS altere a sua substância ou destinação econô-
mica. Ex.: cadeira, eletroeletrônicos etc.

Possuem movimento próprio ou de remoção


BENS SEMOVENTES por natureza. Ex.: gados em geral, a energia
elétrica etc.

A VIDA, A SAÚDE E A LIBERDADE SÃO CONSIDERADOS BENS QUE NÃO


PODEM DE MANEIRA NENHUMA SEREM AUFERIDOS ECONOMICAMENTE.

9.1.2 - Prova Técnica Simplificada – 9.1.3 – Prova Consensual - Perícia


Perícia Simplificada Consensual
Em muitos casos, apesar da necessidade de co- Além da nomeação do perito pelo juiz, a Lei nº
nhecimentos técnicos ou científicos especializa- 13.105/2015 passou a permitir que as partes, de
dos para a comprovação de determinado fato, comum acordo, escolham o perito que deverá
pode ocorrer que a causa não envolva questões atuar no caso (art. 471). Essa escolha poderá ser
de alta complexidade. feita através de requerimento das partes, se ple-
namente capazes, e desde que a causa admita
Nesta hipótese o juiz poderá de ofício, ou a reque- autocomposição (acordo)
rimento das partes, substituir a perícia por prova
técnica simplificada, a qual consiste apenas na in- No mesmo momento em que as partes, de co-
quirição do especialista sobre os pontos contro- mum acordo, escolhem o perito, deverão indicar
vertidos da causa. seus assistentes técnicos e apresentar quesitos.

Durante sua arguição, o especialista poderá se O trabalho pericial será realizado em local e data
utilizar de qualquer recurso tecnológico de trans- previamente agendados, tendo o perito que apre-
missão de sons e imagens. sentar seu laudo no prazo fixado pelo juiz, assim
como deverão fazer também os assistentes técni-
cos com seus pareceres.

29 /
A perícia consensual não enfraquece a força probante do trabalho, substituindo,
para todos os efeitos, a perícia que se realizaria caso o expert fosse nomeado pelo
magistrado.

Não há necessidade de que o perito escolhido consensualmente pelas partes esteja


inscrito no cadastro do tribunal. Quando indicam o perito, as partes já devem indi-
car também os assistentes técnicos que acompanharão a perícia e a data e o local
em que será ela realizada (art. 471, § 1.º). 11 de mar. de 2016

Sobre a perícia consensual, o Conselho Nacional de Justiça, manifestou a preocu-


pação em admitir peritos consensuais que não estejam cadastrados junto ao Tribu-
nal, veja abaixo:

“CONSELHEIRO Rogério José Bento Soares do Nascimento: Adoto o relatório, bem lan-
çado, e acompanhando o voto pela aprovação do ato normativo, todavia, acrescento
as considerações que seguem:

Louvo a excelência do trabalho desenvolvido pelo Grupo que examinou, neste Con-
selho Nacional, os reflexos da entrada em vigor do atual Código de Processo Civil, e
manifesto minha integral concordância com a proposta de resolução relatada por Sua
Excelência o eminente conselheiro Carlos Augusto Levenhagen, a propósito da criação
de Cadastro Nacional de Peritos, previsto no art. 156 do atual CPC com registro, no
entanto, que a mim parece: a) insuficiente o mecanismo criado para comprometer
o perito consensual com o interesse da justiça, e b) necessário refletir sobre a possi-
bilidade e oportunidade de estender ao tradutores e intérpretes o mesmo tratamento
conferido na resolução ao peritos.

Acredito que o perito consensual tem de se cadastrar, a autonomia da vontade não


é isenta de limites, no interesse público da administração da justiça, que é provo-
cada. Nenhuma causa resulta da vontade do Judiciário. Esse é a linha da proposta,
pelo que decorre do art. 6º e do art. 10, §§ 1º e 2º.

Todav ia, penso que impedir o recebimento pela perícia realizada é correto, mas
não suficiente para comprometer com o cadastro, e para coibir um conluio das par-
tes com um perito consensual, v isando ferir interesse de terceiros. Talvez pudesse
v ir a ser construída uma solução no sentido de que, não havendo o cadastro, que
é essencial para garantir a capacidade e a credibilidade do perito ou órgão esco-
lhido, a perícia não será homologada, não ser ve como prova. O juiz ficaria então,
desobrigado da escolha das partes e nomearia um profissional ou órgão técnico
cadastrado.

Por fim, muito embora esteja fora de dúvida que o objetivo da resolução é dispor ape-
nas sobre os peritos, por força do que estabelece o art. 156, que não faz referência a
tradutores e intérpretes aqueles também são auxiliares da justiça especialistas. Com
as razões ora acrescidas acompanho o voto do eminente Relator, pela aprovação da
minuta de Resolução.É como voto.” Voto Convergente - ROGÉRIO JOSÉ BENTO SOARES
DO NASCIMENTO

30 /
9.1.4 – Perícia quanto ao ramo do 9.1.6 – Perícia deficiente/ Nova
direito Perícia
As perícias são realizadas nos ramos do direito cí- Caracterizada a deficiência da perícia, retratada
vel, pena e trabalhista. por um laudo lacônico ou inconclusivo, o juiz de-
terminará, de ofício, ou a requerimento da parte,
9.1.4.1 – A perícia cível é aquela que trata dos a realização de nova perícia (art. 480, CPC), que
conflitos judiciais na área patrimonial e/ou pecu- será regida pelas mesmas disposições estabeleci-
niária, entre outros. das para a perícia que a antecedeu (art. 480, § 2º,
CPC).
No foro cível os peritos podem atuar em áreas das
mais diversificadas e constitui um conjunto de A segunda perícia terá por objeto os mesmos fa-
procedimentos técnicos e científicos destinados tos sobre os quais recaiu a primeira, suprindo
a levar ao juiz os elementos probatórios necessá- omissões ou corrigindo inexatidões dos resulta-
rios a justificar a sentença decisória. dos decorrentes do trabalho pericial anterior (art.
480, § 1º, CPC).

9.1.4.2 – A perícia criminal é aquela que trata Nos termos do artigo 480, § 3º, “a segunda perícia
das infrações penais, em que o Estado assume a não substituirá a primeira, cabendo ao juiz apre-
defesa do cidadão em nome da sociedade. ciar o valor de uma e de outra”. Acreditamos que
a aplicação desta regra somente será possível
9.1.4.3 – A perícia trabalhista não diverge de sua quando os vícios forem sanáveis. Afinal, se o tra-
função original. São várias as matérias de atuação balho pericial vier a ser considerado nulo, não há
dos peritos na área trabalhista que serão subme- como se cogitar sua valoração pelo magistrado,
tidas a perícia. Sem estes exames o juiz estará hipótese na qual a segunda perícia certamente é
impossibilitado de julgar o pedido do reclamante realizada em substituição à primeira.
(empregado) sobre, por exemplo, a caracteriza-
Se o perito não conseguiu realizar seu trabalho
ção da insalubridade e da periculosidade.
técnico ou científico de modo a elucidar todas as
questões sobre o objeto da perícia, concluir-se-
9.1.5 – Classificações das perícias -á, que além da necessidade de nova perícia (art.
480, CPC), esta deverá ser realizada por outro pe-
9.1.5.1– Perícia judicial é aquela realizada no rito, pois resta evidente que, ainda que especiali-
âmbito do Poder Judiciário. O profissional atua zado no objeto da perícia, faltou-lhe conhecimen-
como auxiliar do juízo, no esclarecimento dos fa- tos para tanto (art. 468, I, CPC)
tos;
Inúmeras disposições regram a forma de realiza-
ção do trabalho pericial e confecção do respecti-
9.1.5.2 – A perícia extrajudicial é toda aquela vo laudo, possibilitada, inclusive, a determinação
realizada no âmbito institucional do Estado, ex- de nova perícia e por outro perito, se assim for o
ceto as que envolvem conflitos judiciais ou toda caso. Isto, consequentemente, resulta a conclu-
aquela realizada fora da esfera estatal, cujo inte- são de que dependendo dos vícios que compro-
resse é de pessoas físicas ou jurídicas. metem o trabalho pericial, este pode ser conside-
rado nulo.
9.1.5.2 – A perícia arbitral assume característi-
A Lei nº 13.105/2015 mostra-se mais preocupada
cas especificas, pois ora ela atua como judicial,
com a forma dos atos processuais, ou seja, com o
ora como extrajudicial.
atendimento das normas pelas quais o legislador
preconcebeu a finalidade do ato. Entretanto, ad-
mite-se que mesmo não observada a forma para
materialização do ato processual, será considera-
do válido se a sua finalidade for atingida sem tra-
zer prejuízo às partes.

31 /
No âmbito da prova pericial, a finalidade do ato – tando a invalidade.
perícia – é a elucidação de todas as questões téc-
nicas ou científicas por perito judicial especializa- Seja na esfera civil, penal ou trabalhista, a perícia
do no objeto da perícia, incumbido de exercer o tem por objetivo apurar os fatos e trazer a verda-
encargo escrupulosamente, com zelo e diligência, de ao processo, seja no âmbito judicial ou admi-
cujo laudo deverá ser redigido em linguagem sim- nistrativo. O perito não cria e nem crê, somente
ples e plenamente fundamentado, com respostas deve se manifestar sobre fatos examinados e não
conclusivas a todos os quesitos, e fornecendo às emitir simples opinião, suposição ou probabili-
partes, ao juiz, aos assistentes técnicos e ao Mi- dade. Tais fatos serão transformados em meio de
nistério Público, os esclarecimentos necessários prova.
relativos ao objeto da perícia. Consequentemen-
- Julgados a respeito do tema:
te, não observada a forma legalmente prevista, e
não se atingindo a finalidade da perícia, esta não “ PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTA-
poderá ser considerada válida, sendo de rigor a DORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL INSUFI-
determinação de perícia substitutiva, que deverá CIENTE. SENTENÇA ANULADA. Quando a perícia
ser realizada por outro perito. judicial não cumpre os pressupostos mínimos de
idoneidade da prova técnica, ela é produzida, na
O todo acima exposto demonstra a importância verdade, de maneira a furtar do magistrado o
da prova pericial, pois em vários casos o juiz esta- poder de decisão, porque respostas periciais ca-
rá diante de fatos que versam sobre questões téc- tegóricas, porém sem qualquer fundamentação,
nicas ou científicas, cujo conhecimento não pos- revestem um elemento autoritário que contribui
para o que se chama decisionismo processual.
sui ou não domina, necessitando ser auxiliado
Hipótese em que foi anulada a sentença para a
por um perito especializado na respectiva área. realização de nova prova pericial.” [28]
Como auxiliar da justiça, só poderá ser nomeado “APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ERRO
perito o profissional especializado na área de co- MÉDICO. ALEGAÇÃO DE ERRO NO USO DE FÓR-
nhecimento do objeto da perícia, devendo apre- CEPS. INFANTE QUE RESTOU COM GRAVES LESÕES
sentar seu currículo como prova da formação. A NEUROLÓGICAS. LAUDO PERICIAL INSUFICIENTE.
exigência da efetiva especialização é mais do que NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PROVA COMPLE-
adequada, pois em muitos casos o perito nomea- MENTAR POR ESPECIALISTA NA ÁREA DE OBSTE-
do estará incumbido de examinar atos e procedi- TRÍCIA. DESCONSTITUIÇÃO DO ATO SENTENCIAL.
mentos realizados por outros profissionais tam- Insuficientes os elementos de convicção para um
juízo definitivo sobre a correção ou não no uso
bém especializados.
de fórceps para o nascimento do autor Gabriel, o
Desta forma, seria absolutamente incoerente qual restou com graves sequelas neurológicas em
razão de fratura craniana no momento do proce-
que um profissional, não especialista na área do
dimento, faz-se necessária a complementação da
objeto da perícia, seja nomeado para auxiliar o prova pericial realizada por neurologista, o qual
magistrado. (Ex. o perito é administrador e foi no- deixou de responder quesitos formulados para se
meado para processo que se discute questões re- inferir como se deu o uso da referida ferramenta
lacionadas aos Dentistas; perito é especialista na médica, devendo ser nomeado especialista na
área de engenharia mecânica, mas foi nomeado área obstetrícia para tal. Aplicação do disposto
para atuar em processo que se discute questões nos artigos 437 e 438 do CPC. Sentença descons-
voltadas para o profissional com especialização tituída. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. RECURSOS
em Tecnologia da informação, etc) PREJUDICADOS.”

Para que a perícia atinja sua finalidade de levar


aos autos do processo todos os esclarecimentos
necessários à compreensão da matéria, viabi-
lizando a valoração da respectiva prova, todas
as regras que disciplinam a forma do ato devem
ser escrupulosamente observadas, sob pena
do trabalho pericial e respectivo laudo serem
considerados insuficientes e lacônicos, acarre-

32 /
comportamento típico.
10.0 – Do Laudo Perícial
Causa: É toda ação ou omissão sem a qual o resul-
tado não teria ocorrido. Contudo, se adotarmos
O LAUDO PERÍCIAL é o relato do técnico ou es-
somente a causa como consequência do crime
pecialista designado para avaliar determinada si-
poderá haver uma regressão ao infinito. Obser-
tuação que está dentro de seus conhecimentos. O
ve que sendo toda ação ou omissão que gerou
laudo é a tradução das impressões captadas pelo
o resultado, com base no nosso exemplo acima,
técnico ou especialista, em torno do fato litigioso,
aquele que vendeu a arma para Sicrano também
por meio dos conhecimentos especiais de quem o
foi causa, assim como o fabricante da arma, nessa
examinou. (DICIONÁRIO JURIDICO).
ceara também entrariam os pais de Sicrano, seus
O LAUDO é o resumo das constatações de tudo avós, podendo chegar até o jardim do Éden com
que foi analisado pelo perito e deve ter o objetivo Adão e Eva (apenas uma alusão com o intuito de
de convencer, de forma técnica-cientifica, as ra- elucidar o exemplo).
zões que provem as conclusões trazidas.
Essa teoria é uma teoria que se assemelha com
NEXO CAUSAL a ciência exata da matemática, pois trata-se de
uma lei física, não adota critérios normativos ou
Durante o ato pericial é importante que o perito de valoração, próprios do direito, logo, leva a esse
e/ou assistente técnico consiga distinguir o NEXO tipo de exagero. Para saber se a conduta foi re-
DE CAUSALIDADE entre o fato e suas consequên- levante para o resultado, basta tirarmos aquela
cias. conduta do "caminho do crime" se ao tirá-la o cri-
me não ocorrer, é porque foi causa, contudo não
Conceito de nexo causal: É a ligação existente en- podemos atribuir o resultado a todas as causas,
tre a conduta do agente e o resultado que essa mas como saber se o fato foi determinante para
conduta produziu. Trata-se de uma relação, um o resultado? Apenas através de uma minuciosa
vínculo entre o fato e sua consequência. análise técnica/cientifica.
Exemplo: Fulano foi alvejado por um disparo de A solução de muitas controvérsias judiciais de-
arma de fogo realizado por Sicrano, que tinha a pende da demonstração do nexo de causalidade
intenção de matá-lo. Fulano foi internado em es- entre o resultado questionado e o fato que su-
tado grave no hospital. postamente o gerou. Segundo o advogado Artur
Thompsen Carpes, falar sobre essa relação de
Pergunta: Houve nexo de causalidade (vínculo)
causa e efeito significa reconhecer a existência de
entre a conduta de Sicrano (disparo de arma de
uma relação peculiar entre dois ou mais eventos,
fogo) e o fato de Beltrano está internado em es-
sem fazer uma mera associação, mas uma corre-
tado grave?
lação concreta.
Sim, houve ! Logo, a conduta de Sicrano foi uma
“A constatação do nexo de causalidade, portanto,
causa determinante para o estado de saúde grave
é complexa: exige raciocínio lógico e depende de
de Beltrano e deverá responder por isso.
significativo grau de interpretação. Trata-se, as-
Passando sobre o conceito básico do nexo causal, sim, de fenômeno não absolutamente empírico,
seguimos para o estudo da relação de causalida- do que decorrem as conhecidas dificuldades na
de, que é o que o nosso Código Penal em seu arti- sua demonstração em juízo e, por conseguinte,
go 13, caput aduz: na fragilização da tutela do direito da vítima do
dano”, explica o autor do livro A Prova do Nexo de
O resultado, de que depende a existência do cri- Causalidade na Responsabilidade Civil.
me, somente se é imputado a quem lhe deu cau-
sa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a Thompsen apresenta um exemplo simples para
qual o resultado não teria ocorrido. detalhar o que seria o nexo de causalidade: “Para
demonstrar que o consumo de certa substância
Busca aferir se o resultado pode ser atribuído ob- causou determinada doença, não basta provar
jetivamente ao sujeito ativo como obra do seu que a ingestão do produto está associada ao de-

33 /
senvolvimento da aludida enfermidade. ao que está previsto nele, sendo interessante, até
mesmo, pontuar o que mais necessário for para
Será insuficiente confirmar, por exemplo, que a apresentação de um trabalho de excelência.
doença surge em 80% dos casos em que a subs-
tância é ingerida. Para que seja provado o nexo É imprescindível que o perito leia o processo judi-
de causalidade, será indispensável mostrar que cial quantas vezes for necessário para que tenha
o produto consumido, no caso concreto, efetiva- pleno e total conhecimento do que está sendo
mente determinou desenvolvimento da aludida discutido na ação, poderá até mesmo ir marcan-
enfermidade”. do as páginas que entenda serem necessárias
para elaboração do laudo ou mereçam maior
10.1 - O laudo pericial de acordo atenção e estudo.
com o artigo 473 do CPC Lembre-se que o laudo pericial deve ser dirigido
ao juiz nomeante, e que ele poderá fundamentar
O artigo 473 do Código de Processo Civil determi- a sentença do processo com trechos do seu lau-
na o que deve conter o laudo pericial, a saber: do, então muito CUIDADO COM ERROS DE POR-
O laudo pericial deverá conter: TUGUÊS e vícios de linguagem.

I – a exposição do objeto da perícia; Um bom laudo irá render novas nomeações e


contratações como assistente técnico judicial e
II – a análise técnica ou científica realizada pelo sua importância é tamanha que poderá decidir
perito; uma vida, a falência de uma empresa, a conde-
nação de um inocente, a completa reviravolta em
III – a indicação do método utilizado, esclarecen- um processo já em andamento.
do-o e demonstrando ser predominantemente
aceito pelos especialistas da área do conheci-
mento da qual se originou;

IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apre-


sentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público, se for o caso.

§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fun-


damentação em linguagem simples e com coe-
rência lógica, indicando como alcançou suas con-
clusões.

§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de


sua designação, bem como emitir opiniões pes-
soais que excedam o exame técnico ou científico
do objeto da perícia.

§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e


os assistentes técnicos podem valer-se de todos
os meios necessários, ouvindo testemunhas, ob-
tendo informações, solicitando documentos que
estejam em poder da parte, de terceiros ou em
repartições públicas, bem como instruir o laudo
com planilhas, mapas, plantas, desenhos, foto-
grafias ou outros elementos necessários ao escla-
recimento do objeto da perícia.

O perito deve atender integralmente ao artigo


473 do CPC, mas não deve se restringir somente

34 /
Vale a pena utilizar os seguintes critérios:

A forma de apresentação do trabalho, zelando por um laudo primoroso em


sua forma visual.

Em processos físicos considerar a margem esquerda, já que o Laudo será


anexado ao processo e caso tenha menos de três centímetros, o escrito não
ficará visível para seus leitores.

Cuidar de sua forma para, inclusive, valorizar o próprio conteúdo do


trabalho.

Apresentar laudo pericial que facilite e estimule a leitura, por todos os


envolvidos.

Transcrever as perguntas formuladas e em seguida oferecer a sua resposta.

Ter objetividade, seriedade, exatidão, clareza, etc.

Não utilizar termos como: “eu acho”, “eu suponho”, “pode ser que”.

Ter certeza do que afirma. Não trazer dúvidas no laudo e ser objetivo nas
questões arguidas.

Uma estrutura do laudo poderá conter: 1. Encaminhamento 2. Apresentação do


laudo pericial 3. Solicitação para a expedição do mandado de pagamento 4. Prin-
cípios e Ressalvas 5. Objetivos da Perícia 6. Metodologia de trabalho 7. A vistoria/
exame/avaliação 8. Caracterização do objeto da perícia 9. Histórico resumido 9.1
Petição inicial 9.2 Contestação 9.3 Réplica 10. Respostas aos quesitos 10.1 Quesitos
do magistrado 10.2 Quesitos do autor 10.3 Quesitos do réu 11. Conclusões 12. En-
cerramento 13. Anexos

1. Encaminhamento

Todos os documentos que compõem o processo judicial, como petições, laudos,


impugnações etc., devem conter o encaminhamento. Nele estão contidas as infor-
mações básicas do processo como a comarca, a serventia, o número do processo, o
tipo de ação, e as partes envolvidas.

O laudo pericial deve conter o encaminhamento, pois o perito pode protocolá-lo


(fisicamente, no setor de protocolos ou eletronicamente, através do portal de Pro-
cesso Eletrônico do Tribunal de seu Estado).

Nos processos físicos o perito poderá protocolar seu laudo no Tribunal da Capital,
com o encaminhamento para a respectiva vara do interior.

A numeração do processo identifica – em sua grafia – a comarca de sua origem, in-


clusive se é do interior, da Capital e qual o Estado de sua origem.

35 /
O perito poderá, também, além de peticionar nos
exmo. juizo do forum da comarca da capital do
estado de são paulo – sp
autos, entrar em contato com os advogados das
partes, através de email, telefone ou mensagem
exmo. juizo do forum regional da comarca de eletrônica, avisando-os sobre o referido agenda-
macaé – rj mento.

O peticionamento sobre o agendamento da perí-


2. Apresentação do laudo pericial cia, via processo, evita que as partes tentem im-
pugnar os trabalhos do perito por não terem sido
Mariana Pereira, brasileira, fisioterapeuta, inscri- avisados sobre a diligência.
ta em seu Conselho de Classe sob o número 0000,
endereço eletrônico: peritamariana@hotmail. No laudo pericial, o perito deve registrar e infor-
com e telefone de contato 11.9666.6666, perita, mar ao magistrado a data da realização da visto-
honradamente nomeada por este Ilustre Juízo, ria pericial, e as partes ou os representantes das
vem apresentar abaixo seu laudo pericial, na for- partes que participaram da vistoria pericial. Deve
ma que segue: informar também o nome dos advogados e dos
assistentes técnicos que estiveram presentes.
3. Objetivo da perícia
As partes que não estiveram presentes também
Neste tópico é importante descrever os principais devem ser registradas no laudo.
pontos controversos do processo, o motivo téc-
De maneira alguma, o perito deve enviar um re-
nico/científico que objetivou a demanda judicial.
presentante à vistoria pericial, por ser um ato pes-
Ex.: uma falha na prestação de serviços médicos,
soal e intransferível.
odontológicos, estéticos; uma fórmula de medica-
mento que trouxe danos a alguém; um projeto de Histórico resumido
engenharia que causou danos a uma estrutura de
uma edificação; uma fraude em rede de computa- É importante que o perito traga no seu laudo um
dores ou em programa de computador, etc. breve resumo das principais peças do processo –
Petição inicial, Contestação e Réplica – informan-
Quando o juiz não fixa a controvérsia, o perito de- do inclusive as páginas dos autos nas quais se lo-
verá identificá-lo e lançar em suas conclusões fi- calizam.
nais.
Neste histórico o perito deve lançar as alegações
4. Metodologia da Perícia das partes em suas peças processuais, permitin-
do, assim, que as partes e o juízo tenham a certeza
O artigo 473, em seu item III determina que um
que o expert estudou o processo e conhece a dinâ-
laudo deve obrigatoriamente conter a indicação
mica técnica objeto do processo.
do método utilizado, esclarecendo-o e demons-
trando ser predominantemente aceito pelos es- É importante que o resumo aborde somente os fa-
pecialistas da área do conhecimento da qual se tos descritos pelas partes e as questões técnicas
originou. alegadas. O perito não deve trazer ao laudo peri-
cial as questões jurídicas, nas quais ele não deve e
5. A diligência pericial
nem pode se manifestar.
Na imensa maioria das perícias, há a necessidade
Respostas aos quesitos
da realização da vistoria/exame/avaliação peri-
cial. O CPC permite que a diligência seja agendada Por certo, as respostas aos quesitos é um dos pon-
de diversas maneiras, quais sejam: primeiramente tos mais importantes do laudo pericial. O Artigo
peticione nos autos do processo, com no mínimo 473 do NCPC, determina que o laudo pericial deve
de 45(quarenta cinco) dias de antecedência , per- conter resposta conclusiva a todos os quesitos
mitindo, assim, que os serventuários processem a apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão
petição e encaminhe para o juiz notifique as par- do Ministério Público, se for o caso.
tes sobre a data, horário e local do ato.

36 /
A ordem de resposta aos quesitos é sempre: 1º. suntos polêmicos que deram origem a solicitação
Responda os quesitos do juiz; 2º. Responda os da prova técnica
quesitos do autor e por último responda os que-
sitos do réu. O expert deve apresentar, caso ocorra, análise téc-
nica-científica de questões nascidas no transcor-
Assim sendo, o perito não pode ultrapassar os rer do trabalho pericial relacionadas com o obje-
limites de sua designação, bem como emitir opi- to da perícia, considerando seus limites técnicos,
niões pessoais que excedam o exame técnico ou que não foram abordados nos quesitos oferecidos
científico do objeto da perícia. nos autos.

Para responder aos quesitos, o perito pode se va- As respostas em simples "sim" e "não" devem ser
ler de todos os meios legais necessários, ouvindo terminantemente evitadas.
testemunhas, obtendo informações, solicitando
documentos que estejam em poder da parte, de Note-se que o artigo 473, IV, do Código de Proces-
terceiros ou em repartições públicas, bem como so Civil é expresso ao cobrar do perito “respostas
instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, conclusivas”, não se admitindo que quesitos sejam
desenhos, fotografias ou outros elementos neces- respondidos sem a devida fundamentação, como
sários ao esclarecimento do objeto da perícia. ocorre, por exemplo, quando o expert se limita a
responder apenas “sim”, “não” ou “prejudicado”.
Pode ocorrer de as partes não apresentarem seus
quesitos e assim o perito ficará livre para informar Em pesquisa jurisprudencial é possível observar
ao magistrado tudo o que de mais importante foi que, não é raro alguns peritos deixarem de res-
por ele identificado, SEMPRE com o objetivo de ponder quesitos. Em muitos casos, mas não to-
atender ao objetivo da perícia e a expectativa do dos, esse vício pode ser sanado com a mera inti-
juízo nomeante. mação do expert para complementação do laudo.
Contudo, há situações em que as respostas intem-
Os quesitos que não abordem as questões técni- pestivas dependerão, indispensavelmente, da re-
cas pertinentes, o perito pode não responder, pois alização de nova perícia.
ele não deve responder aos assuntos para os quais
ele não está qualificado. Um dos principais objetivos que norteiam o tra-
balho pericial é encontrar “respostas conclusivas”
Vale a pena, portanto, frisar o que segue: para os quesitos formulados pelas partes, pelo juiz
e pelo Ministério Público. Naturalmente, ao iniciar
Responder primeiramente os quesitos do juízo (se seus trabalhos o expert se debruça sobre o objeto
houver) considerando a hierarquia, estes são res- da perícia almejando responder tudo que lhe foi
pondidos em primeiro momento. indagado. Ora, uma vez que já foram concluídas as
diligências do perito e ele deixou de responder os
Respostas aos quesitos das partes (se houver)
quesitos, pressupõe-se que durante o exame peri-
A respostas dos quesitos ofertados pelas partes cial não dedicou a devida atenção à obtenção das
devem ser na mesma ordem em que foi juntada respostas esperadas e necessárias, de modo que a
nos autos do processo. mera apresentação intempestiva das mesmas po-
derá ser prejudicial às partes, bem como compro-
As respostas aos quesitos devem ser pontualmen- meter a segurança e o resultado útil do processo.
te na mesma ordem de sua formulação, ou seja,
do primeiro até o derradeiro sem nenhuma alter- Com efeito, dependendo do caso, não se pode
nância. admitir que o laudo insuficiente ou lacônico, por
ausência de manifestação quanto aos quesitos,
Abster-se de responder aqueles quesitos que fo- possa ser apenas complementado com respostas
gem de sua competência técnica. – Pergunta im- tardias, as quais certamente não decorrerão do
pertinente - atento e diligente exame do objeto da perícia (art.
480, CPC). O caminhar do processo judicial não
Na ausência da formulação de quesitos, o perito, pode parar sua marcha por culpa de operadores
deverá utilizar todo seu conhecimento técnico ou do direito ou seus auxiliares.
científico deve abordar de maneira original os as-

37 /
9. Conclusões profissional para assessorá-lo durante o trabalho.

Neste tópico o perito deve informar ao magistra- 11. Anexos


do tudo de importante que foi abordado no laudo
pericial. Lembre-se que os juízes têm uma elevada Os anexos (planilhas fotografias, filmagem, ma-
carga de trabalho e, na maioria das vezes são obri- pas, gráficos, pesquisas, etc) devem ser descritos
gados a iniciar a leitura do laudo pela conclusão. neste item, informando tudo a respeito de cada
um, se necessário. Devem ser numerados e rubri-
Os juízes, costumam, inclusive, utilizar trechos cados pelo perito.
importantes dos laudos periciais para justifi-
carem suas convicções lançadas em sentença 11. Perícia na Justiça do Trabalho
terminativa.
As regras são as mesmas do Código de Processo
É sempre aconselhável que o perito redija uma Civil e da Consolidação das Leis Trabalhista, com
conclusão concisa, responsável e ética, abordan- suas devidas regulamentações processuais em re-
do o objetivo da perícia, a descrição do objeto da lação a atuação dos peritos judiciais.
perícia e as principais respostas dos quesitos.
Podemos citar como atividades inerentes a atu-
10. Encerramento ação na Justiça do Trabalho, Engenheiros com
formação em Segurança do Trabalho (são cha-
No encerramento do laudo perícia, o perito deve mados de Engenheiro do Trabalho), com exigên-
registrar o número de folhas do laudo e caso exis- cia de pós-graduação – conforme exige Norma
tam anexos, informar a quantidade de anexos Regulamentadora NR-4 –MT; Atuação de Médicos
presentes e adotar a forma de numeração das com formação em Segurança do Trabalho (são
páginas, mencionando o número total de folhas chamados de Médico do Trabalho) – Exigência de
de seu laudo (3/63..4/63...), evitando, assim que especialização a nível de pós-graduação – con-
qualquer folha se perca. forme exige Norma Regulamentadora NR-4 – MT;
Atuação de Arquitetos na área de Segurança do
Importante destacar, também, a desnecessidade Trabalho - Exigência de especialização a nível de
de afirmação, por parte do perito, sobre qual das pós-graduação – conforme exige Norma Regula-
partes deverá agir em relação a outra. Ex.: ”O Autor mentadora NR-4 – MT; Fisioterapeutas para atuar
foi o causador do dano e, portanto, ele deve inde- em causas de cujo objeto são: doença ocupacio-
nizar o réu, no valor de Y” . Quem tem o poder de nal (LER-DORT), síndrome do túnel de carpo, etc.
decisão é o juiz e não o perito, pois este último in- Ideal ter conhecimentos profundos de biomecâ-
forma tecnicamente o que ocorreu para o magis- nica ocupacional; Psiquiatras e psicólogos para
trado decidir quem será o condenado na referida esclarecimentos sobre o estado de saúde mental
sentença. do empregado, suas causas e consequências (ne-
xo-causal);
Ratificando, portanto, deve o perito incluir no tó-
pico de encerramento o requerimento de juntada Atuação de contadores para elaboração de cálcu-
do laudo aos autos, registrar a data e assinar o do- los complexos, não elaborados pelos calculistas
cumento, com sua identificação do laudo em que do Tribunal do Trabalho, por falta de formação
o perito dá por finalizado o trabalho, nele deve especializada e conhecimento técnico-científico;
constar no mínimo as seguintes informações: In- Na justiça do Trabalho as pericias costumam ser
ventário da quantidade de folhas que compõem determinadas no momento da audiência;
o laudo pericial indicando se foram rubricados ou
não A localidade e a data em que o laudo foi con- Na esfera trabalhista o Juízo pode inverter o ônus
cluído Assinatura do(a) perito(a), bem como sua da prova e determinar de oficio que a Reclamada
identificação (nome, qualificação profissional, nú- pague os honorários periciais, considerando a hi-
mero de inscrição no órgão de classe e no Cadas- possuficiência financeira do empregado;
tro do Tribunal (se houver) e sua função nos autos
(perito do juízo ou assistente técnico). Neste tópi- - Da reforma trabalhista
co poderá ser lançado, também, a identificação
A Reforma Trabalhista instituída pela lei
do assistente do perito, caso tal recorrido a outro

38 /
13.467/2017, vigente no ordenamento jurídico gratuitas aqueles percebam salário igual ou in-
desde 11 de novembro de 2017, surgiu sob o cená- ferior a 40% do limite máximo dos benefícios do
rio de forte crise econômica no Brasil e com acen- Regime Geral da Previdência Social, trazendo a
tuado número de desempregos, no qual se busca- necessidade de comprovação da hipossuficiência.
va restabelecer a economia no país.
Diferentemente do Código de Processo Civil que
Sob a justificativa da necessidade de atualização estabelece a presunção de hipossuficiência pauta-
do ordenamento jurídico às novas relações de da na afirmação. Demonstrando assim a adoção
trabalho e o combate da litigiosidade excessiva de uma corrente comprovacionista no que pertine
na Justiça do Trabalho, a reforma trouxe grandes à hipossuficiência econômica. Apesar de ampliar
preocupações acerca da flexibilização das garan- os valores para acesso ao benefício comparado
tias constitucionais do trabalhador, principalmen- ao Código de Processo Civil, o legislador trouxe li-
te no tocante ao direito de acesso à justiça. mitações, uma vez que solicita a comprovação de
hipossuficiência.
O acesso à Justiça tem previsão no artigo 5º, in-
ciso XXXV da Constituição Federal, mas também Assim, algumas inovações trazidas pela lei nº
no artigo 8º da 1ª Convenção Internacional sobre 13.467/2017 e, especificamente, o art. 790-b, CLT,
Direitos Humanos de São José da Costa Rica, da não deverão ser aplicados aos processos já em
qual o Brasil é signatário, o que garante ao acesso curso, uma vez que não se tratam de institutos ex-
à Justiça a prerrogativa de Direitos Humanos. A re- clusivamente processuais e a alteração da legisla-
forma trabalhista trouxe alterações nas regras de ção poderia influenciar na conduta processual das
custas processuais, benefício da justiça gratuita, partes e na avaliação dos riscos da demanda.
honorários de sucumbência e periciais que refle-
tem diretamente no direito de acesso à justiça de Portanto, tem-se que, tendo sido uma reclamató-
maneira fática. ria trabalhista distribuída sob a égide da consoli-
dação das leis do trabalho de 1943, tais questões
Para melhor entendimento, faz-se necessário a di- deverão apreciadas de acordo com esta, e não de
ferenciação de justiça gratuita e assistência judi- acordo com a reforma trabalhista, em respeito aos
ciária gratuita, sendo o primeiro gênero e justiça princípios do devido processo legal, da irretroati-
gratuita a espécie. Schiavi (2017. p. 79) esclarece vidade das normas jurídicas e da segurança das
que Assistência Jurídica Gratuita é o direito do ci- relações jurídicas.
dadão de ter um advogado disponibilizado pelo
Estado, assim como a isenção de despesas e taxas Os Tribunais Superiores tem entendido que mes-
processuais. mo que o julgamento da demanda ocorra na vi-
gência da Lei n.º 13.467/2017, as normas de direito
Já a justiça gratuita, é concedida ainda que a parte processual com efeitos materiais devem observar
constitua advogado privado, comprovado a hipos- a data da propositura da ação, pelo que, assim,
suficiência será concedido o direito a gratuidade não há como reconhecer a aplicação imediata das
de taxas judiciárias, custas, emolumentos, despe- alterações promovidas por intermédio da "refor-
sas com editais etc. ma trabalhista", sobretudo aquela a respeito da
responsabilidade pelo pagamento dos honorários
A reforma trabalhista modificou o §3º do artigo periciais, em caso de sucumbência do trabalhador
790 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o (art. 790-B, CLT), às reclamatórias trabalhistas dis-
legislador inovou no tocante ao benefício da justi- tribuídas antes da vigência da lei nova, visto que
ça gratuita na justiça do trabalho, estabelecendo as normas que causem gravame às partes somen-
que terá acesso à justiça te serão aplicadas às ações trabalhistas propostas
posteriormente ao seu advento por aplicação da
teoria do isolamento dos atos processuais, bem
como do princípio da causalidade e da garantia da
não surpresa.

39 /
pelas partes
11.0 – Quesitos
Podemos dizer que, são os pontos essenciais, os
quais , no prazo assinalado pela legislação, foram
Em consonância com o apregoado pelo art. 464
originalmente apresentados pelas partes e/ou
do CPC, as partes litigantes poderão, no prazo de
pelo julgador da causa, pontos que, minuciosa-
5 dias, indicar assistentes técnicos e apresentar
mente analisados, servirão, inclusive, de suporte
os quesitos que deverão ser respondidos pela pe-
para que o Perito nomeado manifeste seu aceite
rícia. Vide artigo.
ou escusa ao encargo, bem como formule o ade-
De acordo com o sentido teleológico empregado quado orçamento de seus honorários.
pelo legislador, quesitos são inquirições, ques-
tões essenciais, ou seja, pontos específicos que 11.2 – Quesitos suplementares
o ator processual deseja submeter ao crivo do
conhecimento técnico do profissional, então no- Os quesitos suplementares, por sua vez, são os
meado para a realização da prova pericial. pontos levantados pelas partes e submetidos à
apreciação do Perito durante as diligências, como
Cumpre registrar que o quesito não adquire ne- previsto pelo legislador no Código de Processo
cessariamente o formato de uma pergunta, mas Civil.
sim, de qualquer meio (assertiva) que sugira a
provocação (da parte litigante ou do juízo) para 11.3 – Quesitos complementares
que o Perito - louvado pelas prerrogativas funcio-
nais a que restou investido por conta da função - Conforme inteligência do referido dispositivo le-
se debruce sobre o ponto controvertido, vasculhe gal, as partes poderão apresentar, durante as di-
e encontre a verdade fática outrora vivenciada ligências, quesitos suplementares, ou seja, que-
pelas partes litigantes. sitos que objetivam complementar, integrar o rol
originalmente proposto. Nesta perspectiva, os
Em decorrência da finalidade dos quesitos, que quesitos suplementares são também nominados
é a de especificamente orientar o próprio foco da como quesitos complementares.
inspeção técnica, o juiz pode indeferir aqueles
que, formulados pelas partes, não estejam em Por dedução lógica, somente seria possível in-
plena sintonia com os pontos controvertidos, cor- tegrar ou complementar algo que preexista, não
rigindo, ainda, eventuais omissões de análise, por sendo, a princípio, possível a apresentação de
intermédio da formulação de outros quesitos que quesitos suplementares se a parte não delineou,
vislumbre como necessários ao efetivo discerni- no prazo legal, os próprios quesitos preliminares.
mento dos fatos discutidos.
Tema bastante controvertido refere-se também
A leitura dos dispositivos processuais que regem ao prazo para a apresentação de quesitos suple-
a matéria revela que o vocábulo quesito, quando mentares, visto que, de acordo com a norma de
isoladamente empregado em qualquer assertiva, regência, tempestiva é a sua apresentação duran-
é gênero, do qual se depreendem três distintas te as diligências.
espécies, as quais podem ser assim discrimina-
das: quesitos preliminares, quesitos suplemen- 11.4 – Diligência
tares e quesitos de esclarecimento.
No sentido processual, o vocábulo diligência
11.1 – Quesitos preliminares significa o ato pelo qual o Perito se empenha no
desvende do ponto controvertido (demarcado ou
Os quesitos preliminares referem-se às proposi- não por quesitos), ou seja, ao lapso temporal em
ções iniciais que, no prazo de 5 dias, devem ser que se encontra a serviço da investigação à que
apresentadas pelas partes litigantes, tal como restou judicialmente incumbido.
regulamentado pelo art. 464 do CPC. Em tal es-
pécie também se classificam os quesitos apresen- Sob este enfoque analítico, quando, então, se
tados pelo juízo, após o exame da matéria e even- operaria a preclusão para a apresentação de que-
tual indeferimento de proposições apresentadas sitos suplementares? Trata-se de questionamen-

40 /
to que suscita acalorados debates no âmbito pro- ou existindo a necessidade de repetir determina-
cessual, na medida em que não existe um prazo da diligência, facultado resta a solicitação, por
suficientemente claro nos dispositivos que regem parte do Perito, de complementação dos honorá-
a matéria. rios, cujo ônus será suportado pela parte que deu
causa ao trabalho complementar.
De acordo com a interpretação extensiva, a dili-
gência manter-se-ia hígida enquanto perdurar a
fase pericial, ou seja, somente encontraria seu 11.5 – Quesitos de esclarecimento
termo com a declaração judicial de encerramen- Por fim, verifica-se ainda a faculdade da apresen-
to da referida fase, efetuando a abertura de prazo tação de quesitos de esclarecimento, os quais,
para alegações finais. como a sua própria denominação sugere, obje-
Sob este enfoque analítico, os quesitos suple- tivam esclarecer questões omissas, obscuras ou
mentares poderiam ser apresentados durante contraditórias que eventualmente se encontrem
toda a fase pericial, fase esta que, uma vez en- contempladas na prova pericial.
cerrada, poderia ser, inclusive, ressuscitada pela Quesitos de esclarecimentos pressupõe, portan-
conversão do julgamento em diligência, momen- to, a existência de algo a esclarecer, algo que foi,
to em que quesitos suplementares poderiam ser necessariamente, abordado no laudo pericial
novamente apresentados. apresentado e que ainda suscita dúvidas inter-
Interpretações mais restritivas consideram que pretativas.
a diligência e, por conseguinte, o prazo máximo Guardadas as devidas proporções, importâncias
para a apresentação de quesitos suplementares, e finalidades, a faculdade de apresentação de
seria caracterizado pelo período temporal com- quesitos de esclarecimento, pode ser compara-
preendido entre a instalação da perícia e a data da, por analogia, a faculdade de apresentação de
de entrega do laudo pericial, dentro, portanto, do Embargos de Declaração sobre pronunciamentos
prazo assinalado judicialmente para a consecu- judiciais.
ção da prova.
Os quesitos de esclarecimento, por sua vez, ob-
Independentemente de se adotar a interpretação jetivam esclarecer eventuais omissões, contra-
mais extensiva ou restritiva, é fato que a norma dições ou obscuridades presentes nos trabalhos
processual faculta a apresentação de quesitos periciais, possibilitando ao Perito efetuar as cor-
suplementares após a apresentação dos quesitos reções ou explicações adicionais que se façam
preliminares (art. 421, § 1º, II do CPC), podendo eventualmente necessárias.
ser submetidos à apreciação pericial durante
todo o período de diligências. O prazo para a apresentação de quesitos de es-
clarecimentos é o mesmo determinado para a
É possível que, durante as diligências efetuadas, manifestação das partes sobre a perícia, caben-
as partes litigantes se deparem com questões, do destacar que, a exemplo do que ocorre com
documentos ou fatos que até então ignoravam, os embargos de declaração, inexiste um número
sendo-lhes facultado, por conseguinte, sugerir in- máximo de intervenções passíveis de serem rea-
vestigações periciais mais acuradas sobre o tema lizadas pelas partes com o objetivo de aclarar os
então aflorado, desde que, naturalmente, possua trabalhos periciais.
estreita correlação com os pontos controvertidos
do processo. Por versarem sobre questões originalmente apre-
ciadas pelo Perito, a princípio, os quesitos de es-
Tal faculdade processual certamente decorreu clarecimento não demandarão novas diligências,
de inspiração constitucional, cujos princípios as- inexistindo, por conseguinte, obrigação das par-
seguram o direito a ampla defesa, ao contraditó- tes litigantes em complementar os honorários pe-
rio, etc., permitindo, assim, valerem-se as partes riciais inicialmente orçados.
litigantes de todos os meios legais e moralmente
legítimos para a prova do direito discutido. Contudo, havendo a necessidade de se repetir ou
estender investigação para o melhor esclareci-
Havendo a ampliação do objeto da prova pericial mento dos fatos, pode o perito apresentar solici-

41 /
tação fundamentada de complementação de ho- julgamento. § 1º Realizado o saneamento, as partes
norários, cabendo ao juiz averiguar a pertinência têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar
ou não do pedido. ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o
qual a decisão se torna estável. § 2º As partes podem
apresentar ao juiz, para homologação, delimitação
11.6 - Considerações consensual das questões de fato e de direito a que
se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada,
Em conclusão, verifica-se que os quesitos pre- vincula as partes e o juiz
liminares são os quesitos iniciais apresentados
no prazo de 5 dias após a designação da prova, Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no ob-
os quesitos suplementares ou complementares jeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a
são os apresentados durante as diligências e, por entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro de
15 (quinze) dias contados da intimação do despacho
fim, os quesitos de esclarecimento são aqueles
de nomeação do perito: I – arguir o impedimento ou
apresentados após o protocolo do laudo pericial, a suspeição do perito, se for o caso; II – indicar o as-
visando corrigir omissões, obscuridades ou con- sistente técnico; III – apresentar quesitos.
tradições neste presentes.
Art. 429 do CPC - Para o desempenho de sua função,
O prazo final para a apresentação de quesitos podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se
suplementares ocorre com o encerramento das de todos os meios necessários, ouvindo testemu-
diligências, instante temporal que pode ser inter- nhas, obtendo informações, solicitando documen-
pretado (restritivamente) como a data de entrega tos que estejam em poder de parte ou em repartições
do laudo pericial ou (extensivamente) com o en- públicas, bem como instruir o laudo com plantas,
cerramento da própria fase pericial. desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Art. 426 do CPC - Compete ao juiz: I - indeferir quesi-


Importante ressaltar que se ainda for necessário
tos impertinentes;
esclarecimento sobre a questão, o perito ou o as-
sistente técnico poderão ser chamados a compa- Art. 470. Incumbe ao juiz: I – indeferir quesitos im-
recer à audiência de instrução e julgamento, para pertinentes; II – formular os quesitos que entender
responder a perguntas das partes, sendo intima- necessários ao esclarecimento da causa.
do com 10 (dez) dias de antecedência. Tais dispo-
sições vêm expressar em lei uma prática forense Art. 421 do CPC - (...) § 1º - Incumbe às partes, dentro
em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despa-
já bastante propagada.
cho de nomeação do perito: I – (...); II - apresentar
quesitos
Revestindo-se da finalidade de esclarecer, acla-
rar, corrigir omissões ou falhas constantes nos Art. 426, II do CPC - Compete ao juiz: I – (...); II - for-
trabalhos periciais, os quesitos de esclarecimen- mular os que entender necessários ao esclarecimen-
to podem ser apresentados de forma ilimitada, to da causa.
no prazo judicialmente assinalado para a mani-
festação das partes (veja os prazo nos artigos do Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado
CPC, abaixo), cabendo ao Juízo identificar a con- por impedimento ou suspeição. Parágrafo único. O
juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a
veniência e pertinência dos mesmos, permitindo,
impugnação, nomeará novo perito.
por conseguinte, a condução do processo sem
danos a ampla defesa e ao contraditório. Art. 474. As partes terão ciência da data e do local
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses ter início a produção da prova.
deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea-
mento e de organização do processo: I – resolver as Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no
questões processuais pendentes, se houver; II – deli- prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias an-
mitar as questões de fato sobre as quais recairá a ati- tes da audiência de instrução e julgamento.
vidade probatória, especificando os meios de pro-
va admitidos; III – definir a distribuição do ônus da Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos su-
prova, observado o art. 373; IV – delimitar as ques- plementares durante a diligência, que poderão ser
tões de direito relevantes para a decisão do mérito; respondidos pelo perito previamente ou na audiên-
V – designar, se necessário, audiência de instrução e

42 /
cia de instrução e julgamento. Parágrafo único. O es- tiro?
crivão dará à parte contrária ciência da juntada dos
quesitos aos autos. 3º O material examinado é de uso permitido ou
restrito?
Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exi-
bição parcial dos livros e dos documentos, extrain- 1.1.2 Quando a arma de fogo não apresentar ele-
do-se deles a suma que interessar ao litígio, bem mentos identificadores ou com elementos iden-
como reproduções autenticadas. tificadores ilegíveis, adulterados ou suprimidos.
Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repe- 1.1.3 - Quais as características do material exami-
tição for necessária ficarão a cargo da parte, do
nado? Alguns dos seus elementos identificado-
auxiliar da justiça, do órgão do Ministério Público
ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem jus- res foram adulterados ou suprimidos? É possível
to motivo, houver dado causa ao adiamento ou à identificar algum desses elementos?
repetição.
2) Documentoscopia Forense - Ex ames Grafo-
Art. 477. ... § 3º Se ainda houver necessidade de técnicos :
esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que
mande intimar o perito ou o assistente técnico a Nos casos em que requer a verificação da autenti-
comparecer à audiência de instrução e julgamen- cidade ou falsidade de uma assinatura.
to, formulando, desde logo, as perguntas, sob for-
ma de quesitos... 1º A assinatura de (indicar o nome do indiciado),
lançada no documento encaminhado, é autênti-
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração con- ca?
tra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer
obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir 2.1 - Quando a assinatura for ilegível ou se apre-
omissão de ponto ou questão sobre o qual devia sentar abreviada, mas pelas circunstâncias ou
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; configurações seria de determinada pessoa.
III – corrigir erro material. Parágrafo único. Con-
sidera-se omissa a decisão que: I - deixe de se 1º A assinatura atribuída a (indicar o nome do in-
manifestar sobre tese firmada em julgamento de diciado), que figura no documento encaminhado,
casos repetitivos ou em incidente de assunção de
é falsa?
competência aplicável ao caso sob julgamento;
2.2 - Verificação da autoria de uma assinatura
11.7 – Alguns exemplos de falsificada O intuito é comprovar se a assinatura
quesitação: cuja falsidade ficou configurada é produto do pu-
nho escritor do suspeito:
Apresentamos abaixo alguns exemplos de quesi-
tações por área de atividade, lembrando da im- 1º A assinatura de (indicar o nome do indiciado),
possibilidade de abranger as infinitas especiali- lançada no documento encaminhado, é autênti-
dades de atuação na área da perícia judicial ca?

1) - Seção de Balística Forense 2º Caso negativo, a assinatura lançada no docu-


mento encaminhado a exame proveio do punho
1.1 - Para arma de fogo, munições e seus compo- de (indicar o nome do indiciado), que forneceu
nentes material gráfico padrão?
1.1.1 - Quando a arma de fogo apresentar ele- 2.3 - Verificação da autoria de uma assinatura fic-
mentos identificadores. tícia
1º Quais as características do material examina- 1º A assinatura de (indicar o nome que aparece no
do? documento) lançada no documento encaminha-
do a exame, proveio do punho de (indicar o nome
2º O material examinado é eficiente para produzir

43 /
do indiciado), que forneceu o material gráfico pa- 1º A(s) cédula(s) encaminhada(s) a exame(s) é(-
drão? são) verdadeira(s)?

2.4 - Verificação da autoria de uma assinatura e do 2.10 - Exames relativos à pirataria


preenchimento de um documento
1º As mercadorias encaminhadas apresentam as
1º A assinatura e os dizeres preenchidos do docu- características dentro dos padrões originais esta-
mento encaminhado a exame provieram do pu- belecidos ou são falsificadas?
nho de (indicar o nome do indiciado), que forne-
ceu o material gráfico padrão? Observação. Para realização deste tipo de exame,
devem ser seguidos os seguintes procedimentos:
2.5 - Determinação do autor de escrita em geral. a) Encaminhar, sempre, material Padrão; b) Se
material perecível e/ou frágil, embalar muito bem
1º Os lançamentos manuscritos que figuram no e rotular: “CUIDADO FRÁGIL” ; c) Verificar se existe
documento encaminhado a exame provieram do vazamento e acondicionar adequadamente, com
punho de (indicar o nome do indiciado), que for- aviso.
neceu o material gráfico padrão?
3) Identificação Veicular Forense
2º) A assinatura apresenta vestígios de alteração?
1º Há indícios de adulteração nos caracteres iden-
2.6 - 4 Quando a alteração apresenta uma parti- tificadores do Número de Identificação Veicular
cularidade, ou quando foi ela procedida em um (N.I.V.), motor e demais agregados?
trecho de um contexto de um documento:
2º Em caso positivo, quais os caracteres originais?
1º Os dizeres (......) foram enxertados no docu-
mento encaminhado a exame? 3º O motor e demais agregados são compatíveis
como o ano/modelo do(s) veículos(s)?
2.7 - Quando a alteração é a supressão de palavra
ou texto, cujo teor já é conhecido: 4º Qual a cor original do(s) veículo(s)?

1º) Subjacente à atual palavra (ou expressão) 5º As placas constantes no(s) veículo(s) são origi-
(......) não figurava no documento encaminhado a nais?
exame a palavra (ou expressão) (......)?
4.0 - Local de Acidente de Tráfego
2.8 - Exames relativos às falsificações dos supor-
tes: 4.1. Com vítima de lesões:

1º O documento (......) encaminhado para exame 1º Houve acidente?


é verdadeiro ou falso?
2º Qual sua classificação?
2º Em que consistiu a falsificação?
3º Quais as condições da pista e do tempo? (Loca-
Observação. Para realização deste tipo de exame, lização, pavimentação, inclinação, chuvoso, seco,
devem ser seguidos os seguintes procedimentos: neblina, etc.).
a) Para realização dos exames deverá ser enca-
4º Existem sinalizações de trânsito? Quais?
minhado ORIGINAL do documento questionado;
b) A autoridade, quando necessário, requisitará, 5º Existem sinais pneumáticos (frenagem, derra-
para o exame, os documentos que existirem em pagem e outros) relacionados ao acidente? Qual
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes é a extensão e sentido?
realizará diligências, se daí não puderem ser reti-
rados; c) Deverá ser encaminhada junto à peça de 6º Qual(is) o veículo(s) envolvido(s) e os danos ge-
exame a peça que servirá como material padrão. rados por ocasião do acidente?

2.9 - Exames relativos às falsificações do papel 7º O(s) veículo(s) se encontrava(m) com excesso
moeda: de velocidade para o trecho? Qual o valor?

44 /
8º Qual(is) foi(ram) a(s) vítima(s) de lesões corpo- (citar as vestes)? Caso positivo, descrevê-la.
rais oriunda(s) do acidente?
6.0 - Relacionado aos celulares
9º Como ocorreu ou parece ter ocorrido o aciden-
te e seu agente causador? 1º Quais as características do aparelho?

4.2 Com vítima fatal: 2º Existem mensagem de texto ou whatsapp, en-


viada do número ____________? Quantas? Caso
1º Houve acidente? positivo, transcrever as que contenham ameaça
ou injúria.
2º Qual sua classificação?
3º Existem fotografias ou filmagens que apareça
3º Quais as condições da pista e do tempo? (Loca- (especificar o que quer)? Caso positivo, imprimi-
lização, pavimentação, inclinação, chuvoso, seco, -las ou, se em grande quantidade, enviar em mí-
neblina, etc.). dia digital.
4º Existem sinalizações de trânsito? Quais? 4º É possível coletar os contatos da agenda (es-
pecificar os nomes de interesse para a investiga-
5º Existem sinais pneumáticos (frenagem, derra-
ção)/Relação das últimas chamadas registradas?
pagem e outros) relacionados ao acidente? Qual
Caso positivo, realizar a colheita.
a sua extensão e sentido?
7.0 - Relacionado a máquina caça níqueis
6º Qual(is) o veículo(s) envolvido(s) e os danos ge-
rados por ocasião do acidente? 1º É possível caracterizar o equipamento como
jogos de azar?
7º O(s) veículo(s) se encontrava(m) com excesso
de velocidade para o trecho? Qual o valor? 2º Qual a origem de fabricação dos coletores /
contadores de cédulas? 3º Há identificação do fa-
8º Houve morte? Em que posição o(s) corpo(s)
bricante?
foi(ram) encontrado(s)? Qual(is) é(são) sua(s)
identidade(s)? Quais as lesões observadas decor- 4º Há algum tipo de jogo/sorteio instalado nos
rentes do acidente? dispositivos enviados (caso haja unidade de ar-
mazenamento de dados, tais como cartões de
5.0 - Informática Forense - Relacionado à Foné-
memória ou HD)?
tica Forense (áudio e v ídeo)
8.0 - Engenharia Legal e Meio Ambiente - Situa-
1º É possível realizar a análise de con-
ção que envolve obras licitadas
teúdo do arquivo de áudio de nome
________________________, no intervalo de 1º Os custos unitários da obra estão compatíveis
______a ______ minutos? com os valores praticados pelo mercado da cons-
trução civil na época em questão?
2º Houve indícios de edição (cortes, supressões,
montagens, etc) no arquivo (áudio ou vídeo) de 2º A obra foi executada de acordo com as Especi-
nome _______________________? ficações e Projetos?
3º Poderia identificar a placa do veículo 3º Os quantitativos previstos correspondem aos
___________________ (citar os caracteres)? serviços executados?
4º É possível identificar se o indivíduo 4º Houve superfaturamento (ou dano ao Erário)?
___________________ (citas as vestes) que apa- Se positivo, qual o montante?
rece nas imagens tem características semelhan-
tes com o da fotografia enviada? 9.0 - Danos em patrimônio histórico, artístico e
cultural
5º É possível a identificação da arma de fogo nas
mãos do indivíduo ________________________ 1º A edificação em apreços e enquadra na catego-
ria de patrimônio histórico, artístico ou cultural?

45 /
2º Houve dano ao patrimônio? Se positivo, que 6º Tem o (a) periciando (a) idade menor de 18
tipo de dano foi encontrado e qual a causa? anos e maior de 14 anos?

3º O dano sofrido poderá ser restaurado? Se sim, 7º Tem o (a) periciando (a) enfermidade ou defi-
qual o valor monetário para a sua restauração? ciência mental?

10.0 - Situação que envolve crime ambiental. 14.0. - Ex ame Antropológico:


Para esse tipo de delito não estabeleceremos
sugestões, dev ido à grande variedade de ex a- 1º O material encaminhado pertence à espécie
mes relacionados, os quais dependerão do foco humana? Em caso afirmativo responderá os de-
da investigação. mais quesitos.

11.0 - Contabilidade Forense Nota: Situação 2º Houve morte?


contábil de empresas investigadas
3º Qual a provável causa da morte?
1º Os valores declarados pela empresa
4º Qual o instrumento ou meio que produziu a
__________________como sendo débitos pagos
morte?
a fornecedores, empréstimos bancários, cargos
e impostos e outras contas diversas, condiz com 5º Qual o sexo estimado? 7º Qual a idade estima-
sua situação contábil? da?
2º A análise da documentação contábil (Livros 15.0 - Ex ames químicos/tox icológicos em ma-
contábeis e documentação suporte) acha-se em teriais diversos
conformidade com relação à legislação contábil
e comercial? 1º. Pesquisa de inseticidas 1º Qual a quantidade,
natureza e características do(s) material(i - s) en-
12.0 - Situação que envolve aquisição de bens caminhado(s) a exame?
públicos
2º No material encaminhado há presença de
1º O objeto (especificar) adquirido foi entregue de substâncias da classe dos inseticidas? 3º Outros
acordo com as características requeridas no edi- dados julgados úteis.
tal de licitação ______/ano?
16.0 - .Ex ame em medicamentos
2º O valor final do objeto(especificar) adquirido
na licitação _______/ano é compatível com o va- 1º Qual a quantidade e características do(s) mate-
lor de mercado? rial(is) encaminhado(s) a exame?

13.0 - Ex ame de verificação de Práticas Libidi- 2º Identifique a natureza do(s) material(is) enca-
nosas Delituosas minhado(s) a exame?

1º Houve conjunção carnal que possa ser relacio- 3º O material submetido a exame é produto ou
nada ao delito em apuração? 2º Houve outro ato substância destinado a fins terapêuticos ou me-
libidinoso que possa ser relacionado ao delito em dicinais?
apuração? 3º Houve violência para esta prática?
4º Possui registro no órgão de vigilância sanitária
4º Qual o meio dessa violência? competente?

5º Resultou incapacidade para ocupações ha- 5º O material submetido a exame é proscrito ou


bituais por mais de trinta dias, perigo de vida, possui venda controlada por legislação no Brasil?
debilidade permanente de membro, sentido ou
função, ou aceleração do parto, ou incapacida- 6º Outros dados julgados úteis.
de permanente para o trabalho, ou enfermidade
17.0 - Ex ames biológicos - Pesquisa de sangue
incurável, ou perda ou inutilização de membro,
humano
sentido ou função, ou deformidade permanente
ou aborto?

46 /
1º Qual a natureza, dimensões e demais caracte- é possível indicar o responsável por “plantar” a
rísticas do(s) material (is) encaminhado(s) a exa- falsa memória? Em caso afirmativo, quem seria?
me?

2º Esse(s) instrumento(s) pode(m) ser usado(s)


eficazmente para a prática de crime contra a vida?

3º O(s) material(is) encaminhado(s) a exame


apresenta(m) vestígio de sangue? 4º É sangue hu-
mano?

5º Caso positivo, é possível identificar algum per-


fil genético? O perfil genético encontrado é com-
patível com o da vítima(s) e/ou do suspeito(s)?

6º Outros dados julgados úteis.

18.0 - Ex ames relacionados à Psicologia e Ser v i-


ço Social Forense

1º A vítima apresentou condições de expressar-se


compreensivelmente? Por quê?

2º A(s) revelação(ões) da vítima, por palavras ou


gestos, é(são) compatível(is) com os fatos narra-
dos na(s) peça(s) de informação? Em qual(is) par-
te(s) da(s) peça(s)?

3º A(s) revelação(ões) da vítima, por palavras ou


gestos, é (são) compatível(is) com as contida(s)
em outros(s) depoimento(s) tomado(s) no inqué-
rito policial ou no processo? Em qual(is) parte(s)
desse(s)processo(s)?

4º Há possibilidade de crianças na faixa etária da


vítima revelarem ter sofrido abuso sexual, sem
que tenha ocorrido o fato concreto, sendo tudo
apenas uma fantasia ou interpretação errada de
uma situação? Por quê?

5º Há evidência de que a vítima tenha revelado


não um fato concreto, mas apenas uma fantasia
ou interpretação errada de uma situação? Por
quê?

6º Há possibilidade de crianças na faixa etária da


vítima revelarem ter sofrido abuso sexual, sem
que tenha ocorrido o fato concreto, sendo tudo
apenas fruto de memória “plantada” por tercei-
ro? Por quê?

7º Há evidência de que a vítima tenha revelado


não um fato concreto, mas apenas uma falsa
memória, que lhe fora imposta por terceiro? Por
quê? 8º Sendo afirmativa a resposta ao quesito 7,

47 /
12.0 – Proposta Honorários Periciais

15 dias para as partes arguir o


impedimento ou a suspeição do perito
A partir da
intimação do 15 dias para as partes indicar assistente
despacho de técnico e apresentar quesitos
nomeação
do perito
05 dias para o perito apresentar proposta
de honorários, currículo, com comprovação
de especialização e contatos profissionais

A grande preocupação da maioria dos profissionais que iniciam sua atuação na


área da perícia está voltada para os cálculos dos honorários periciais, sendo este
tópico voltado para dirimir tais dúvidas.

Então, vamos falar sobre estas questões e sempre lançando mão da legislação que
regulamenta o PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS DOS PERITOS JUDICIAIS.

Os honorários periciais, assim como os honorários advocatícios, são considerados


verbas de natureza alimentar, portanto constitui direito do Perito recebê-los e obri-
gação do devedor em pagá-los.

E quem será esse devedor? Vamos listá-los, então:

48 /
Se a perícia for realizada a requerimento da Fazenda Pú-
blica, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão
Hipótese 1 pagas ao final pelo vencido (sucumbente), ou seja, por quem
perdeu a ação ou, ainda, adiantados por quaisquer desses
órgãos, caso conste em previsão orçamentária do mesmo.

Quando uma das partes do processo (Autor ou Réu), requerer


a prova pericial, deverá, então, depositar adiantadamente na
conta do Juízo, o valor equivalente aos honorários do Perito
Hipótese 2 Hipótese 3) Quando ambas as partes requererem a prova
pericial deverão ratear o valor dos honorários, ou seja, cada
parte depositará adiantadamente na conta do Juízo, os 50%
do valor arbitrado pelo Perito.

Quando nenhuma das partes requererem a prova pericial,


mas o Juízo a considerar indispensável, então determinará
Hipótese 3 de ofício, a obrigação de ambas as partes ratear o pagamento
e depositá-la, adiantadamente, na conta do Juízo.

Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de


beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente


público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por
Hipótese 4 órgão público conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do


Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por
particular, hipótese em que o valor será fixado conforme
tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do
Conselho Nacional de Justiça.

As partes depositam os honorários periciais na conta do Judiciário e o Juízo emite


Mandado de Pagamento/Alvará ( ao final do trabalho perícial) em favor do Perito,
bastando se dirigir à agência bancária indicada no mandado e recebê-lo.

Poderá ocorrer, também, do valor ser transferido para conta-corrente do perito,


sendo correto afirmar que o Juiz poderá determinar o adiantamento de 50% do
valor, no início do trabalho de perícia ou liberar o valor total, somente após a con-
clusão dos trabalhos.

O perito não emitirá nota fiscal e não atua na condição de PESSOA JURÍDICA (com
raríssimas exceções)

Importante esclarecer que os HONORÁRIOS PERICIAIS são considerados TÍTULO


EX ECUTIVO, ou seja, caso ocorra a hipótese de inadimplemento do devedor, o pe-
rito poderá acioná-lo judicialmente para que o pague, independentemente de ser
Órgão Público Federal, Municipal ou Estadual, ou, ainda, pessoa física.

49 /
Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, Para o ministro, foi correto o entendimento do
as despesas decorrentes de prova pericial deter- acórdão recorrido, visto que a ordem para a con-
minada de ofício pelo magistrado deverão ser ra- fecção de nova perícia resultou da própria corte
teadas entre as partes. local, ou seja, por ato de ofício, pois não haveria
elementos suficientes para decidir a questão con-
O entendimento foi aplicado pela 3ª Turma do trovertida.
Superior Tribunal de Justiça no julgamento de um
recurso especial em que o recorrente alegava que O relator ainda esclareceu que o Código de Pro-
o adiantamento desse tipo de despesa deveria cesso Civil de 1973, em seu artigo 33, ao estabe-
ser custeado pelo autor da demanda, e não distri- lecer que caberia ao autor adiantar os honorários
buído entre as partes. do perito na hipótese em que determinada de ofí-
cio pelo juiz, prévia regra distinta. Com informa-
De acordo com o processo, uma empresa ajuizou ções da Assessoria de Imprensa do STJ.
ação de cobrança de multa penal compensatória
por rescisão contratual contra outra empresa, Na prática o perito poderá estabelecer algumas
tomadora de serviços da primeira. O pedido foi rotinas inerentes à sua atividade pericial para
julgado improcedente, pois a rescisão teria sido lançar na proposta de honorários prática é que
feita de forma motivada, razão pela qual deveria possibilitará ao profissional a aproximação de tal
incidir a cláusula resolutiva expressa, a qual ga- cálculo à realidade, tendo em vista as várias ativi-
rantiria o direito de resolução contratual à parte dades envolvidas numa perícia, como:
prejudicada.
Apenas a título de exemplo, formula-se o
Interposta apelação, o Tribunal de Justiça de São cálculo a seguir.
Paulo anulou a sentença para determinar, de ofí-
cio, a produção de prova pericial, devendo a an- Através do planejamento dos trabalhos,
tecipação dos honorários do perito ser distribuída estima-se as seguintes horas:
de forma igualitária entre as partes.
Análise dos autos: 3 horas
No recurso ao STJ, a tomadora de serviços alegou
Confecção das comunicações às partes e de-
que nessa hipótese o valor deveria ser pago pela
mais atos processuais: 2 horas
autora da demanda originária, nos termos do ar-
tigo 82, parágrafo 1°, do CPC/2015. Exames, diligências e outros procedimentos
não especificados: 20 horas
O relator do recurso no STJ, ministro Villas Bôas
Cueva, afirmou que, de acordo com o artigo 82 Reunião com outros peritos: 3 horas
do CPC/2015, incumbe a cada parte pagar anteci-
padamente as despesas dos atos que realizarem Elaboração do Laudo: 5 horas
ou requererem no curso do processo. Encerrado Total estimado: 33 horas
o litígio, a parte vencida pagará ao vencedor as
despesas que antecipou, podendo abranger cus-
tas dos atos do processo, indenização de viagem, Conforme acima, o perito deve, então, dividir o
remuneração do assistente técnico e diária de seu custo profissional mensal pelas horas de ati-
testemunha. vidades disponíveis no mês (deduzido de uma
margem para treinamento e procedimentos ad-
“ Como regra geral, caberá ao autor adiantar os gas- ministrativos em torno de 25%).
tos relativos a ato cuja realização o juiz determinar
de ofício ou a requerimento do Ministério Público Se o seu custo corresponder a:
quando sua intervenção ocorrer como fiscal da or-
dem jurídica (artigo 82, § 1º, do CPC). Todavia, no R$ 5.000,00 relativos aos seus próprios custos
caso particular de prova pericial determinada de pessoais de manutenção (alimentação, vestuário,
ofício pelo magistrado, as despesas serão rateadas moradia, lazer, saúde, educação, dependentes);
pelas partes, conforme a regra específica do artigo
95 do CPC”.

50 /
R$ 1.000,00 relativos aos custos dos materiais de Observar que, se a execução dos trabalhos de
trabalho (assinatura de periódicos, gastos com perícia envolver viagens, deverão ser estimados
treinamento, internet, material de expediente, o custo de tais deslocamentos, incluindo alimen-
deslocamento); tação, hospedagem, passagens e outros gastos
relacionados.
O custo total mensal de sua atividade será de R$
6.000,00. Nos casos em que houver necessidade de desem-
bolso para despesas supervenientes, tais como
Considerando uma estimativa de atividades de viagens e estadas, para a realização de outras dili-
8 horas por dia útil (de segunda a sexta-feira), e gências, o perito requererá ao juízo o pagamento
uma média de 20 dias úteis por mês, o total de das despesas, apresentando o respectivo orça-
horas disponíveis para atividades será de: mento, desde que não estejam contempladas na
proposta inicial de honorários.
20 dias úteis x 8 horas = 160 horas/mês.
Nota final: alguns Órgãos de Classe mantém ta-
Entretanto, parte de tais horas serão consumidas
belas com base de honorários mínimos. O perito
com procedimentos administrativos e treinamen-
deverá respeitar tais tabelas, de forma a preservar
to, não remuneráveis. Supondo-se um percentual
a ética profissional de honorários em relação ao
de horas não remuneradas é em torno de 25%,
custo hora mínimo. Entretanto, pode cobrar ho-
então o número de horas efetivamente remune-
norários superiores, já que o custo hora efetivo de
ráveis serão de 160 x (1 – 25%) = 120 horas/mês.
sua atividade, por questões específicas (como ne-
Então o seu custo-hora será: cessidade de especialização e treinamento contí-
nuo) podem ser maiores dos que os indicados em
R$ 6.000,00 (custo total da atividade) tais tabelas.

Dividido por 120 horas/mês APENAS COMO REFERÊNCIA, OUTROS DADOS PO-
DEM SER INSERIDOS PARA O CÁLCULO FINAL.
Igual a R$ 50,00/hora
Obs.: No que se refere ao VALOR DA CAUSA, pode-
Este é o custo hora, mas não significa que o peri- rá utilizar o seguinte parâmetro: Quanto maior o
to deva cobrar este valor. Recomenda-se que, na valor atribuído à causa, menor deverá ser o per-
fixação de preço por hora de atividade, leve em centual arbitrado pelo Perito. Ex.: Causa de 3 mi-
conta os seguintes acréscimos: lhões de reais = 1%; Causa de 300mil reais = 3%;
Causa de 1.000,00 = 10%). Não há necessidade de
Férias anuais: 12% sobre o valor/hora.
demonstrar cabalmente o referido cálculo, se as-
Margem de risco para atividade (horas ociosas e sim desejar.
excesso de horas aplicadas sobre a estimativa):
Para a elaboração desta proposta, foram consi-
20% sobre o valor/hora.
derados: a relevância, o vulto, o risco e a comple-
Desta forma, o preço/hora do perito, neste exem- xidade dos serviços a executar; as horas estima-
plo, seria fixado em R$ 50,00 + 12% + 20% = R$ das para a realização de cada fase do trabalho; a
66,00/hora. qualificação do pessoal técnico que irá participar
da execução dos serviços; e o prazo fixado (Acres-
Então, seus honorários seriam fixados como segue: centar os laudos interprofissionais e outros ine-
rentes ao trabalho, se for o caso).
Total de horas estimadas a serem aplicadas: 33
horas

Preço/hora: R$ 66,00

Total dos honorários: 33 x R$ 66,00 = R$ 2.178,00.

51 /
HONORÁRIOS PERICIAIS
CUSTO DA PERÍCIA HORAS TOTAL
ESPECIFICAÇÃO DO TRABALHO PREVISTAS R$/HORA R$

Retirada e entrega dos autos


Leitura e interpretação do processo
Preparação de termos de diligência

Realização de diligências
Pesquisa e exame de livros e
documentos técnicos
Laudos interdisciplinares

Elaboração do laudo

Reuniões com peritos-assistentes,


quando for o caso

Revisão final

Subtotal
Impostos e encargos
TOTAL

12.1 – Julgados sobre arbitramento de honorários periciais


Através dos julgados abaixo, podemos mensurar os parâmetros utilizados pelos juí-
zes para homologar/aceitar a proposta do perito judicial, considerando-a, em con-
formidade com valores justos e adequados à causa a ser periciada.
DECISÃO QUE HOMOLOGOU OS HONORÁRIOS DO PERITO. VALOR JUSTIFICADO PELO EX-
PERT APÓS PONTUAR A NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA NO LOCAL E A ÓRGÃOS PÚBLICOS,
COM ELABORAÇÃO DE PLANTAS E MEDIÇÃO DAS BENFEITORIAS E DEMARCAÇÃO DAS PRO-
PRIEDADES OBJETO DO LITÍGIO E DAS ÁREAS CONFRONTANTES. GLEBAS COM EDIFICA-
ÇÃO. REGULAMENTO DE HONORÁRIOS. COMPLEXIDADE DO TRABALHO QUE JUSTIFICAM
A MANUTENÇÃO DO VALOR. 1- Agravo de instrumento interposto em face da decisão que
homologou proposta de honorários periciais no valor de R$ 14.600,00 (quatorze mil e seis-
centos reais). 2- O expert indicou objetivamente os elementos que compõem a sua propos-
ta. Destacou a necessidade de diversas diligências, bem como a necessidade de conheci-
mento técnico mais apurado (CREA/RJ e CNAI/COFECI) para demarcar e identificar o que
se pretende avaliar, restando demonstrada a complexidade da perícia. 3- Os honorários
periciais, no caso presente, devem levar em conta não somente a área a ser periciada, mas
também as áreas relativas aos terrenos confrontantes, bem assim a situação econômica
da agravante. 4- O Regulamento de Honorários para Avaliações e Perícias de Engenha-
ria para perícias em glebas sem edificação com área de 50.001 a 100.000 m2, honorários
de R$ 20. 000, 00 e, para áreas superiores a 100.000 m2, os honorários serão calculados
tendo como parcela o montante estimado de horas técnicas. 5- Dita tabela recomenda,

52 /
ainda, no caso de glebas com edificação ¿ justamente TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI
o caso dos autos ¿ a utilização dos valores relativos 498385820108190000 RJ 0049838-
à avaliação pecuniária de bens imóveis prevista nas 58. 2010. 8. 19. 0000 (TJ-RJ) - Jurisprudência • Hono-
alíneas anteriores da mesma, o que, em apreciação rários Períciais - Arbitramento. Seguro obrigatório.
para efeitos do processo, sinaliza no sentido de pres- DPVAT . Perícia médica para apurar o grau de invali-
tígio da proposta de honorários como apresentada. dez da parte autora, resultante de acidente de trân-
6- Honorários fixados em valor condizente com o grau sito. Decisão que homologou os honorários do perito
de complexidade do trabalho a ser desenvolvido. NE- no valor de R$ 2. 550, 00. Valor elevado que deve ser
GATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO. TJ-RJ - AGRA- reduzido, eis que não apresenta maior grau de com-
VO DE INSTRUMENTO AI 00397878020138190000 RJ plexidade, consistindo em não mais que uma consul-
0039787-80.2013.8.19.0000 (TJ-RJ). ta médica, exames simples, com avaliação das lesões
verificadas e elaboração do laudo. Inobstante a reco-
AGRAVO DE INSTRUMENTO 0706783- nhecida qualificação técnica do Ilustre Perito, o valor
68. 2018. 8. 07. 0000 - Relator Desembargador proposto e homologado a título de honorários peri-
SEBASTIÃO COELHO - EMENTA: PROCESSO CIVIL. LI- ciais mostra-se em dissonância com a jurisprudência.
QUIDAÇÃO DE SENTENÇA. PROVA PERICIAL. IMPUGNA- Redução dos honorários periciais ao patamar de R$
ÇÃO AO VALOR DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. AUSÊN- 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), revelando-se a
CIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA E DE COMPROVAÇÃO medida mais consentânea com a lógica do razoável e
DE DESPROPORCIONALIDADE. DECISÃO MANTIDA. 1. proporcional. Precedentes deste Tribunal. Parcial pro-
Inexistindo elementos probatórios que corroborem a vimento ao recurso na forma do artigo 557 , § 1º - A,
tese de desproporcionalidade da quantia fixada a tí- do CPC
tulo de honorários periciais, deve ser mantido o valor
apresentado pelo perito, não cabendo ao magistra- AGRAVO INTERNO NA AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
do reduzi-lo arbitrariamente. 2. Recurso conhecido e 0031165-41. 2015. 8. 19. 000. Com efeito, na medida
desprovido. Acordam os Senhores Desembargadores em que o recorrente não trouxe nenhum argumento
do (a) 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Dis- apto a ensejar a modificação da convicção exarada,
trito Federal e dos Territórios, SEBASTIÃO COELHO - impõe-se a manutenção do decisum, lançado nos se-
Relator, SILVA LEMOS - 1º Vogal e ROBSON BARBOSA guintes termos:
DE AZEVEDO - 2º Vogal, sob a Presidência do Senhor
Desembargador SEBASTIÃO COELHO, em proferir a O recorrente insurge-se contra a decisão que homolo-
seguinte decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO. gou os honorários do perito atuarial em R$14. 80, 00
UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e no- (quatorze mil e oitocentos reais). No caso concreto,
tas taquigráficas. Brasília (DF), 25 de Julho de 2018. o culto magistrado homologou a proposta apresen-
RELATÓRIO - Cuida-se de Agravo de Instrumento in- tada pelo perito “considerando o grau de especia-
terposto por GRUPO OK CONSTRUÇÕES E INCORPO- lização exigido e o tempo previsto para a realização
RAÇÕES LTDA (autor) contra a decisão de ID 4067831, da perícia, diante dos quesitos formulados, estando
proferida pelo Juízo da 11ª Vara Cível de Brasília, na o valor de acordo com a média para casos similares”
Liquidação de Sentença nº 2015.01.1.015024-8, que (grifei).É cediço que o arbitramento dos honorários
fix ou os honorários periciais em R$ 5. 950, 00, dando periciais deve levar em conta a natureza do trabalho a
o prazo de 10 dias para o agravante/exequente pagar ser realizado pelo expert, ponderada a complexidade
tal quantia, tendo em vista que foi quem pediu a pro- e o tempo necessário para escorreito cumprimento do
va e causou a anulação da primeira perícia. Em breve encargo.
síntese do caso, cuida-se de liquidação de sentença
em que se faz necessária a realização de perícia para O recorrente, inconformado, acusa o excesso do valor
avaliação do valor de locação do imóvel dos autos, fixado a título de honorários sem apresentar elemen-
pelo preço de mercado entre o período de 03/12/1996 tos mínimos à análise da compatibilidade do quan-
a 16/04/2013, com a resposta dos quesitos elaborados tum com a complexidade da perícia, eis que sequer
pelas partes. Insurge-se o agravante/autor quanto ao os quesitos a serem abordados são de conhecimento
valor dos honorários periciais, fixado em R$ 5.950,00, deste relator. Em verdade, dos parcos documentos
pois considera excessivo, ante a ausência de comple- que instruem o recurso, depreendesse que se trata de
xidade do caso e a existência de perícia anterior, que ação de cobrança/resgate de contribuição previden-
já respondeu os seus quesitos. Assim, ante a ausência ciária, em fase de liquidação de sentença, movida por
de elementos probatórios satisfatórios que corrobo- nada menos que 11 (onze) autores, hipótese distinta
rem a tese de desproporcionalidade da importância àquelas de que trataram os julgados acostados pelo
fixada a título de honorários periciais, deve ser manti- recorrente. Assim, ante a impossibilidade de análise
do o valor apresentado pelo perito, pois estes se mos- da complexidade da perícia a ser realizada, deve pre-
traram razoáveis ao caso. valecer o entendimento do culto magistrado a quo

53 /
que, ponderando os elementos dos autos, homologou substituídos. Assim, considera-se que a qualidade e a
os honorários periciais na quantia proposta. complexidade do trabalho não podem ser retribuídas
com honorários periciais de somente R$1.000,00 (mil
TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI reais), como sustenta a executada. Por tanto, consi-
00165436420098190000 RIO DE JANEIRO JACARE- dera-se razoáv el o valor dos honorários periciais no
PAGUA REGIONAL 4 VARA CIVEL (TJ-RJ). montante de R$25. 000, 00 (v inte e cinco mil reais),
determinando-se, contudo, que devem ser deduzidos
IRRESIGNAÇÃO NO QUE TOCA AOS HONORÁRIOS PE- os valores recebidos pelo perito a título de honorá-
RICIAIS HOMOLOGADOS POR DECISÃO DO JUÍZO DE rios prévios. Agravo de Petição provido em parte para
PRIMEIRO GRAU (R$ 17. 000, 00) PARA REALIZAÇÃO determinar que do valor dos honorários periciais de
DE PERÍCIA EM MEDICAMENTO. PERÍCIA SIMILAR R$25. 000, 00 (vinte e cinco mil reais), deverão ser de-
EM OUTROS AUTOS NOS QUAIS OS HONORÁRIOS duzidos os valores, devidamente corrigidos, recebi-
FORAM FIXADOS POR MENOS DA METADE DO VALOR dos pelo perito a título de honorários prévios.
(R$ 8.250), CONSIDERANDO O NÚMERO ESTIMADO DE
HORAS E A TABELA DO INSTITUTO DE ENGENHARIA TJ-SP - Agravo de Instrumento AI 990102039757
LEGAL. AUSÊNCIA DE PECULIARIDADE A JUSTIFICAR SP (TJ-SP) - EMENTA - VALOR DOS HONORÁRIOS PE-
TAMANHA DISCREPÂNCIA NOS VALORES. SEGUNDA RICIAIS. 1. Desapropriação. Laudo definitivo de ava-
PROPOSTA QUE MERECE PRESTÍGIO EM RAZÃO DOS liação. Honorários periciais. Insurgência contra os ho-
CRITÉRIOS ELEITOS PARA A SUA ESTIPULAÇÃO. RE- norários arbitrados para pagamento do laudo pericial
CURSO CONHECIDO E PROVIDO PARA REDUZIR O VA- definitivo. 2. Valor dos honorários periciais que deve
LOR DA PERÍCIA PARA R$ 9.135,12 - RESULTADO DO VA- seguir a regra determinada no art. 10 da Lei 9.289 /96.
LOR DE REFERÊNCIA CORRIGIDO MONETARIAMENTE. O arbitramento da remuneração do perito é atribuição
exclusiva do Juiz que levará em conta os princípios da
Nº 2092429-59.2017.8.26.0000 - Processo Digi-
razoabilidade, proporcionalidade e modicidade. Valo-
tal. Petições para juntada devem ser apresentadas
res sugeridos pelas partes que não se mostram ade-
exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do
quados. Honorários totais fix ados em R$10. 467, 26,
artigo 7º da Res. 551/2011 - Agravo de Instrumento -
dos quais devem ser deduzidos os valores já deposi-
Santos - Agravante: Marimex Despachos, Transpor- tados provisoriamente. 3. RECURSO PARCIALMENTE
tes e Serviços Ltda. - Agravado: BRASIL TERMINAL PROVIDO.
PORTUÁRIO S.A. - Considerando o minucioso e apro-
fundado trabalho do perito na apuração dos dados Agravo de Instrumento nº 2054943-69.2019.8.26.0000.
da liquidação de sentença e bem assim o expressivo EMENTA: VALOR DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. Ta-
valor da vantagem econômica objetivada, de mais de xatividade do artigo 1.015, do Código de Processo
quinze milhões de reais, fix o os honorários dele no Civil, mitigada. Incidência do entendimento firmado
montante reiv indicado de R$68. 880, 00. Intime-se pelo C. Superior Tribunal de Justiça. Não comprovado
para pagamento. - Magistrado (a) Sebastião Flávio . excesso no arbitramento dos honorários pelo profis-
sional, que atendeu aos critérios da razoabilidade e
TRT-17 - AGRAVO DE PETIÇÃO AP da proporcionalidade, não havendo motivo para ser
00063009119915170002 (TRT-17) EMENTA - VA- reduzido, notadamente em razão da complexidade da
LOR DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. A decisão homo- matéria. Decisão mantida. RECURSO DESPROVIDO.
logatória dos cálculos fixou o valor dos honorários Aduz, em síntese, que foi determinada a realização de
periciais complementares em R$500,00. Irresignação perícia para verificar a responsabilidade das rés pelos
do perito. Nov o valor arbitrado em R$25. 000, 00. danos apresentados na residência da autora, em ra-
Agravo de petição da executada. Conforme salienta- zão das explosões necessárias para a construção do
do pelo Juízo de Primeiro Grau, não estava preclusa a Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas. A aludida pe-
oportunidade para o perito manifestar-se com relação rícia tem por finalidade a análise inicial, vistorias ao
aos honorários periciais, visto que o Juízo de Origem local, diligências e análise, elaboração, verificação e
não havia analisado a pretensão do expert de que lhe montagem do laudo, tendo sido arbitrado o valor de
fossem arbitrados honorários compatíveis com a com- R$ 21. 240, 00 pelo perito, com o que não concorda o
plexidade da causa, não se acolhendo, assim, a alega- agravante. Sustenta que o valor foge da razoabilidade,
ção da executada de que teria havido preclusão “pro apresentando estimativas apresentadas por outros
judicato”. No tocante à redução do valor dos honorá- profissionais em processos similares, não podendo
rios periciais, verifica-se que o perito realizou um tra- o perito do juízo cobrar o valor que entende devido.
balho de grande complexidade, que se estendeu por Requer a concessão de efeito suspensivo ao recurso
alguns anos, posto que necessitou apurar os valores e, ao final, o provimento da insurgência para que seja
devidos a duzentos e cinquenta e dois empregados reduzido o valor dos honorários. O recurso não com-
porta provimento.

54 /
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO AGRAVADA QUE Agravo de Instrumento 2013 00 2 018332-8 AGI -
FIXOU O VALOR DOS HONORÁRIOS PERICIAIS DE EN- Com efeito, cuida-se de perícia necessária à liquidação
GENHARIA. Recurso interposto sob a égide do Novo das quotas dos sócios retirantes da sociedade Main-
CPC. Conteúdo da decisão agravada que não foi con- line Móveis S/A Indústria e Comércio, razão pela qual
templado no rol taxativo do art. 1.015 do NCPC. Não deverá ser realizado balanço de determinação tendo
conhecimento do recurso, em razão de manifesta como data-base o último dia do exercício financeiro
inadmissibilidade, na forma do art. 932 , III do Novo de 2003, conforme consignado na sentença proferida
no processo nº 46827-0. O experto afirma que serão
CPC. RECURSO NÃO CONHECIDO. Trata-se de Agravo
necessárias duzentas e cinquenta e oito (258) horas
de Instrumento interposto contra decisão proferida
de trabalho, postulando honorários de R$ 64.500,00
pela MM. Juíza de Direito da 2ª Vara Cível da Regional
(sessenta e quatro mil e quinhentos reais) (fls.
da Barra da Tijuca que, nos autos da ação de Obri-
50/56).Os agravantes impugnam a proposta de hono-
gação de Fazer c/c Indenizatória por danos materiais
rários ao argumento de que, segundo a atual conven-
com pedido de antecipação de tutela, que tramita sob
ção coletiva de trabalho dos contabilistas, reproduzi-
o nº 0033078-18.2012.8.19.0209, homologou o valor
da às fls. 120, um contador máster aufere R$ 3.500,00
dos honorários periciais em R$ 64.250,00, conforme
(três mil e quinhentos reais) por duzentas e vinte (220)
termos a seguir: (index 85 do Anexo 1) Fls.685/687 -
horas de trabalho, sendo excessivo o número de ho-
Considerando que estão presentes a razoabilidade e a
ras de trabalho indicados na proposta de honorários,
proporcionalidade entre o trabalho a ser realizado e o
tendo em vista o pequeno número de quesitos formu-
valor cobrado, e que o ilustre Perito conforme se de-
lados pelas partes. Entretanto, como bem consignado
preende de fl. 683 reduziu os honorários anteriormen-
pelo MM. Juiz a quo, o trabalho do perito não pode ser
te arbitrados, homologo os honorários do Sr. Perito
equiparado ao do contador encarregado de realizar a
na quantia de R$ 64.250,00, que deverá ser adiantada
contabilidade da sociedade empresária, também não
pela parte autora. Comprove-se o depósito no prazo
se limitando a resposta dos quesitos formulados pe-
de 05 dias. 2) Comprovado o depósito, dê-se vista ao
las partes. É o que se depreende da simples leitura do
Sr. Perito para que indique a data e o local para o iní-
plano de trabalho, detalhado pelo experto na propos-
cio da produção da prova, cientificando-se às partes
ta de honorários cuja cópia encontra-se às fls. 50/56,
e aos seus assistentes técnicos porventura indicados
in verbis:“. Apurar a composição do capital social da
(art. 431-A , do CPC), devendo o laudo ser entregue no empresa avaliada, identificando o percentual de par-
prazo de 30 dias. 2) Fls.688/689 - Anote-se onde couber ticipação dos Requerentes; . Elaborar Balanço de De-
e certifique-se. terminação procedendo aos devidos ajustes técnicos e
avaliatórios; Realizar inventário físico e detalhado con-
EMENTA – AGRAVO DE INSTRUMENTO – CUMPRIMENTO
tendo todos os itens e elementos patrimoniais consi-
DE SENTENÇA – VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE
derados no Balanço de Determinação sejam de ativo
– SIMPLES CÁLCULO DO CREDOR – POSSIBILIDADE –
ou passivo, sendo o ativo através da apuração do seu
ART. 475-B DO CPC – CERCEAMENTO DE DEFESA – PE-
valor e o passivo devidamente auditado para auten-
RÍCIA JUDICIAL – PREQUESTIONAMENTO – RECURSO
ticar sua veracidade e valor; . Levantar e examinar os
DESPROVIDO. consoante ressaltado pelo perito judi-
livros contábeis, fiscais e os respectivos documentos
cial, para se chegar ao valor devido será necessário o
com fulcro no art. 429 do CPC, relativos ao período de
exame de 18 (dezoito) cédulas de crédito rural, o que
1998 a 2003;. Revisar e examinar a realidade econômi-
revela a complexidade e necessidade de nomeação do
co-financeira e contábil da empresa Requerida para
expert. Confira-se: "Após a análise dos autos, consta-
certificar se as demonstrações contábeis refletem a
tamos que os serviços a serem realizados, englobam:
sua realidade patrimonial;. Elaborar inventário físico e
- Leitura dos autos; - Análise e estudo dos documentos
contábil de todos os elementos patrimoniais, através
em questão; - Apurar o valor devido na presente ação,
da apuração do valor do ativo e passivo da sociedade;
cálculo referente a 18 cédulas de crédito, conforme
Quantificar em moeda os haveres dos Requerentes,
determinação; - Planilhas demonstrativas; - Elabora-
observando o balanço de determinação a ser elabora-
ção de laudo pericial e resposta aos quesitos Do valor
do tendo como data-base o último dia do exercício fi-
dos honorários periciais: No que se refere ao valor dos
nanceiro de 2003” Ademais, conforme explanado pelo
honorários periciais, o perito requereu o pagamento
experto, a perícia envolverá o levantamento de infor-
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), tendo o magistra-
mações relativas aos exercícios financeiros de 1998 a
do de primeiro grau determinado que a instituição
2003, o que evidencia a sua complexidade. Conclui-se,
financeira proceda ao pagamento. Considerando as
portanto, que os honorários propostos pelo experto
peculiaridades do caso, entendo que o montante não
mostram-se razoáveis, tendo em vista a complexidade
deve ser minorado, pois atende ao princípio da razoa-
e a natureza da prova técnica a ser realizada, além do
bilidade. Certifique-se
tempo necessário à conclusão do trabalho. Ante o ex-
posto, nego provimento ao recurso, mantendo íntegra

55 /
a decisão agravada. tre as partes, devendo o i. Perito informar o custo das
obras realizadas, incluindo os materiais comprados e
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE COBRANÇA DE não utilizados e quanto estas representariam, percen-
SEGURO DPVAT - ALEGAÇÃO DE INVALIDEZ - PERÍCIA tualmente, em relação ao preço total do serviço con-
MÉDICA - FIXAÇÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS PERI- tratado.¿ (indexador 68, anexo 1). AGRAVO DE INSTRU-
CIAIS - REDUÇÃO INVIÁVEL - AGRAVO IMPROVIDO. Os MENTO A QUE SE DÁ PROVIMENTO
honorários periciais devem ser arbitrados pelo Julga-
dor segundo a natureza, a complexidade e o tempo AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 0005364-
exigido para a realização dos trabalhos, observando-se 94.2013.8.19.0000
os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade. II
- A fixação dos honorários do perito é ato privativo do Relator Desembargador José Carlos de Figueiredo. /
juiz, que não se submete ao tabelamento de entidades AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉ-
de classe ou outros órgãos públicos, pois uma norma BITOS FISCAIS. PROVA PERICIAL. ANÁLISE DE SUPOS-
administrativa não tem o condão de limitar ou inibir o TOS DÉBITOS FISCAIS DE ALTO VALOR. HONORÁRIOS
princípio da liberdade jurisdicional. III- Deve ser man- DO PERITO. FIXAÇÃO EM MONTANTE ADEQUADO E
tido o valor dos honorários médico-periciais quando PROPORCIONAL, TOMANDO-SE POR BASE A COMPLE-
fixados observando-se os critérios antes menciona- XIDADE DA CAUSA E O VALOR DISCUTIDO NOS AUTOS.
dos. De outro lado, é notória a importância da prova MANUTENÇÃO. O valor fix ado a título de honorários
pericial ao longo da instrução processual, visto que periciais deve guardar proporção com o grau de difi-
o magistrado não possui conhecimentos ilimitados, culdade da perícia, a extensão da prova, o tempo a
necessitando constantemente de auxílio de peritos ser consumido, além da possibilidade financeira das
de sua confiança para o exame de questões técnicas, partes, tudo em sintonia com o princípio da razoa-
inclusive para aferir a suposta invalidez do periciado, bilidade.
permitindo-lhe que, na formação de sua convicção,
RELATÓRIO
possa alcançar a verdade real. No caso em exame, o
magistrado de Primeira Instância, ao fix ar os honorá- Trata-se de Agravo de Instrumento interposto contra
rios pericias no valor de R$2.500,00, quantia inferior decisão (fls. 96) que acolheu parcialmente a impugna-
a cinco salários mínimos, certamente, levou em consi- ção do Estado e homologou os honorários periciais
deração a natureza da perícia médica a ser realizada, o no valor de R$ 22.500,00, inferior ao estipulado ini-
tempo a ser despendido para a realização do trabalho, cialmente pelo expert.
a importância da prova e, principalmente, a dignidade
profissional do perito que foi nomeado. Mediante tal Afirma o Agravante, em síntese, que o valor estabele-
fundamentação, NEGO PROVIMENTO ao recurso, para cido se encontra em descompasso com a natureza do
manter a decisão agravada por seus próprios funda- trabalho pericial a ser realizado. Aduz que não será ne-
mentos. cessária qualquer diligência ou ato complexo, capaz de
gerar honorários daquela órbita. Assevera que o valor
AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. HO- de R$ 22.500,00 é desproporcional e injustificado. No
NORÁRIOS DE PERITO. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS DE caso dos autos, a prova pericial contábil foi requerida
SENTENÇA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIEN- pela parte Autora, ora Agravada, que atribui à causa o
TAIS CAUSADOS NO BAIRRO DE SANTA TERESA. VIO- valor de R$ 35.891.062,98 (trinta e cinco milhões, oito-
LAÇÕES ÀS REGRAS DE TOMBAMENTO DOS BONDES. centos e noventa e um mil, sessenta e dois reais e no-
PERÍCIA DA ALTA COMPLEXIDADE TÉCNICA.1. Manu- venta e oito centavos). Por óbvio, além de observar os
tenção da verba arbitrada em R$ 40.678,50, que não princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o
se demostra excessiva.2. Manutenção da Decisão Mo- valor fixado a título de honorários periciais deve guar-
nocrática. NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO. dar proporção com o grau de dificuldade da perícia,
a extensão da prova, o tempo a ser consumido, além
AGRAVO DE INSTRUMENTO. HONORÁRIOS PERICIAIS.
da possibilidade financeira das partes. Com efeito, o
PERÍCIA DE ENGENHARIA DE ALTA COMPLEXIDADE.
valor fixado pelo i. Juízo mostra-se adequado e pro-
HONORÁRIOS ARBITRADOS EM R$ 400.000,00. RECUR-
porcional, ao considerar o caso ventilado na presen-
SO PROVIDO. REDUÇÃO PARA R$ 120.000,00. (..) Na
te demanda, que conta autos de aproximadamente 7
decisão saneadora do processo, o juiz de 1º grau en-
(sete) volumes e envolve discussão acerca de vultosos
tendeu ser necessária a realização de prova pericial de
débitos fiscais.Face o exposto, NEGA-SE PROVIMENTO
engenharia, a fim de verificar se foram feitas as obras
ao recurso, mantendo-se a decisão nos moldes em que
de acordo com o contrato firmado e seus aditivos en-
prolatada.

56 /
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0072869- EMENTA
10.2013.8.26.0000
PERÍCIA DE ENGENHARIA. GÁS. HONORÁRIOS. MANU-
COMARCA : SÃO PAULO (5ª VARA CÍVEL CENTRAL DA TENÇÃO. Determinação de perícia técnica de enge-
CAPITAL) nharia para verificar eventual responsabilidade por da-
nos decorrentes de obras emergenciais realizadas pela
AGRAVANTE : Empresa X
CEG. Vazamento de água pela tubulação de gás pro-
AGRAVADO : Empresa Y vocada por falha na instalação de aquecedor em uma
das unidades do condomínio, que afetou, inclusive,
PERÍCIA JUDICIAL. HONORÁRIOS ESTIMADOS ANTES um supermercado localizado embaixo do condomínio.
DA PROVA. PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO APÓS EN- Existência de perigo de rompimento, escapamento e
TREGA DO LAUDO. POSSIBILIDADE. ALTOS VALORES. explosão de gás. Alegação de comprometimento da
NECESSIDADE DE CONTROLE JUDICIAL. CONCESSÃO impermeabilização da quadra poliesportiva do Con-
DE PRAZO PARA QUE O PROFISSIONAL JUSTIFIQUE E domínio. Impasse entre CEG e o condomínio quanto
COMPROVE O PEDIDO, COM OITIVA DAS PARTES. RE- às obras a serem realizadas. Decisão que determinou
CURSO PARCIALMENTE PROVIDO. a realização de perícia de engenharia, arbitrando, de
ofício, os honorários periciais no valor de R$ 13.000,00
A agravante impugnou a determinação judicial para (treze mil reais). É notória a alta complex idade do
complementação dos honorários periciais. O peri- trabalho a ser desenvolvido, devendo ser observada
to estimou inicialmente seus honorários em R$ a necessária qualificação técnica do profissional para
198.000,00 (fls. 1.292 /1.294), mas após a entrega do realizá-lo. Entendo que o valor de R$ 13.000,00 (treze
laudo pericial (fls. 1.398/1.988) requereu a comple- mil reais), no caso presente, é compatível com a com-
mentação do valor dos trabalhos em R$ 130.000,00 plex idade da perícia e atende aos princípios da razoa-
(fls. 1.990/1.991), que foi deferido de pronto pelo Ma- bilidade e proporcionalidade. O pedido de rateio dos
gistrado (fls. 1.992). honorários periciais não foi submetido ao juízo a quo,
mas diretamente a este Tribunal, o que não é possí-
O perito estimou a complementação de seus honorá- vel, sob pena de supressão de instância. Entender de
rios em R$ 130.000,00, mas não justificou e compro- forma diferente implicaria na violação ao Princípio do
vou, como era de rigor, os motivos de seu pedido. O Duplo Grau de Jurisdição, o qual garante às partes,
perito não detalhou quantas viagens fez até os locais através da possibilidade de reexame da matéria por
onde estão situados os imóveis, os gastos que teve em uma instância superior ou órgão colegiado, a legalida-
cada viagem, as despesas com levantamento da docu- de e justiça das decisões judiciais inerentes à garantia
mentação dos bens assim como as despesas que teve do acesso à justiça e ao devido processo legal. Decisão
com a avaliação dos bens móveis, as instalações e os mantida. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
equipamentos.

É certo que a complementação dos honorários após a


realização da perícia é amplamente aceita, porquanto
o profissional, auxiliar do Juízo, deve receber remune-
ração condizente com o trabalho que exerceu e com os
gastos que obteve com a prova.

57 /
13.0 – Gratuidade de Justiça Justiça Gratuita
Quem tem direito?
13.1 - Da Gratuidade de Justiça
Pessoa física ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência
Justiça gratuita de recursos pagar as custas, as
despesas processuais e os
honorários advocatícios.
Honorários periciais União, Estado ou DF Exame de DNA, perito, intérprete e
tradutor, são algumas despesas
inseridas no rol da gratuidade de Justiça.
Resolução nº232 do CNJ

A atuação dos peritos em processos protegidos De acordo com o novo CPC, caso seja constatada
pela assistência judiciária gratuita é regulamenta- má-fé do beneficiário da Justiça gratuita, ele pode
da pelo Conselho Nacional de Justiça, Conselho ser condenado ao pagamento de multas que po-
superior da Justiça do Trabalho e Conselho Supe- dem chegar a até dez vezes o valor das despesas
rior da Justiça Federal. devidas (art. 100, parágrafo único, CPC).

Ao tratar de Justiça gratuita, o novo CPC traz ex- Assim é que a assistência judiciária gratuita revela
tenso rol de despesas inseridas na gratuidade de o direito da parte de ter um advogado do Estado
Justiça. O § 1º do artigo 98 tem nove incisos que gratuitamente, bem como estar isenta de todas as
elencam as principais despesas e custas proces- despesas e taxas processuais, consagrado no art.
suais, como a indenização devida à testemunha, 5º, LXXIV, da CRFB/88: “o Estado prestará assistên-
o custo do exame de DNA, os honorários de ad- cia jurídica integral e gratuita aos que comprova-
vogado, perito, intérprete ou tradutor, depósitos rem insuficiência de recursos”.
devidos para recursos, entre outros.
No Brasil, em geral, a assistência judiciária gra-
Pelo texto da lei, podem pedir a gratuidade de tuita é prestada pela Defensoria Pública, ou por
Justiça, mesmo com a contratação de um advo- quem exerça cargo equivalente, sendo que, se no
gado particular, a pessoa física ou jurídica, brasi- Estado não houver serviço de assistência judiciá-
leira ou estrangeira, com insuficiência de recursos ria, por ele mantido, caberá a indicação à Ordem
para pagar as custas, as despesas processuais e dos Advogados, por suas Seções Estaduais, ou
os honorários advocatícios. (caput do art. 98 do Subseções Municipais (arts. 1º e 5º, § 2º e §5º, da
CPC). Lei n. 1.060/50).

O artigo 99 do novo CPC permite que o pedido


seja feito a qualquer momento do processo, seja 13.2 - Resolução Nº232 do CNJ
na petição inicial, na contestação, na petição de O Conselho Nacional de Justiça editou, muito
ingresso de terceiro ou mesmo no recurso. Isso recentemente, a Resolução de n.º 232, por meio
porque o legislador entende que a necessidade da qual regulou a matéria de honorários periciais
da gratuidade pode acontecer no decorrer do quando esses profissionais tenham prestado seus
processo judicial. serviços em processos na chamada “justiça gra-
O juiz pode negar o pedido, caso haja elementos tuita”.
nos autos que comprovam a falta de verdade na Por meio dessa Resolução o CNJ estabeleceu im-
solicitação de gratuidade, e o autor do pedido portantes regras, que dentre outros benefícios,
não consiga produzir provas que comprovem a conferiu maior segurança na atuação do perito
sua situação de hipossuficiência financeira. judicial nesse tipo de processo.

58 /
Em razão de a parte envolvida não dispor de re- realização de perícias.
cursos financeiros, o profissional muitas das ve-
zes encontrava-se em uma situação delicada para Assim, apenas a título de exemplo, se João plei-
receber uma contraprestação pelos seus serviços. teia em face de MA S/A adicional de periculosida-
de e, o perito afirma em seu laudo que não havia
Uma vez que os honorários do perito judicial o trabalho naquela condição, mas o juiz se con-
compõem as custas do processo, e nos termos do vence, por outros elementos de prova, que João
CPC- 2015, devem ser pagos, inicialmente, pela tem direito ao adicional vindicado em juízo e jul-
parte que solicita a perícia em juízo, quem deve ga procedente o pedido, mesmo que o autor não
custear o trabalho do perito nesses casos? tenha sido beneficiado pelo laudo, a reclamada
terá que pagar os honorários do perito, vez que
A Resolução determina que o valor do pagamento João foi vencedor na pretensão.
pelo trabalho do perito nos processos cujas par-
tes gozem do benefício de gratuidade de justiça De toda sorte, caso o juiz do trabalho determine
devem ser adiantados pelo ente público que este- seu pagamento antecipado, estará proferindo
ja prestando o serviço jurisdicional; Podendo ser uma decisão interlocutória, a qual não desafia
a União, Estado ou DF (Art. 2º, §1º). recurso de imediato, tendo em vista o disposto
no art. 893, § 1º da CLT, razão pela qual, por ferir
Contudo, buscando a razoabilidade, a Resolução direito líquido e certo (produção da prova sem o
também traz uma tabela a qual estabelece um pagamento antecipado dos honorários periciais),
teto máximo para o valor dos honorários a serem o meio adequado para impugnar tal decisão é o
pagos a cada profissional que exerça a função de mandado de segurança, haja vista que é ilegal a
perito nesses processos. exigência do referido depósito para custeio dos
honorários periciais, dada a incompatibilidade
13.3 - Gratuidade na Justiça do com o processo do trabalho, como se extrai da OJ
Trabalho: 98 da SDI-2 do TST: “É ilegal a exigência de depó-
sito prévio para custeio dos honorários periciais,
O art. 790-B da CLT determina que o pagamento dada a incompatibilidade com o processo do tra-
dos honorários do perito será de responsabilida- balho, sendo cabível o mandado de segurança vi-
de da parte sucumbente na pretensão objeto da sando à realização da perícia, independentemen-
perícia (e não na demanda), ainda que beneficiá- te do depósito.”
ria da gratuidade de justiça, ou seja, temos regra
própria na Consolidação das Leis do Trabalho, o Caso o reclamante (empregado, em regra) seja
que afasta, por óbvio, a incidência do Código de sucumbente no objeto da perícia, mas beneficiá-
Processo Civil no particular, vez que não preen- rio da Gratuidade de Justiça, o § 4º do art. 790-B
chido o requisito primeiro do art. 769 da CLT, que determina que “ somente no caso em que o be-
é a omissão da norma laboral. neficiário da justiça gratuita não tenha obtido
em juízo créditos capazes de suportar a despe-
Ademais, o texto é bastante elucidativo ao dizer sa referida no caput, ainda que em outro pro-
que o pagamento é de responsabilidade da parte cesso, a União responderá pelo encargo”, ou
que sucumbe na pretensão objeto da perícia, de seja, a União só pagará em última hipótese, o
modo que o magistrado trabalhista não está au- que prejudica a prev isão da Súmula 457 do TST.
torizado a determinar o pagamento antecipado
quando o autor da ação trabalhista pleitear, por Todav ia, em razão da ampliação da competên-
exemplo, adicional de insalubridade ou periculo- cia da Justiça do Trabalho pela EC n. 45/04, é
sidade, haja vista que só com o proferir da sen- facultado ao juiz, em relação à perícia, ex igir
tença é que se saberá quem fora a parte sucumbe depósito prév io dos honorários do perito quan-
na pretensão (insalubridade ou periculosidade), do for lide diversa daquelas que decorrem da
e não no objeto da perícia, que poderá ter outros relação de emprego nos ex atos moldes do pa-
pedidos. rágrafo único do art. 6º da Instrução Normativa
n. 27 do TST, isto é, quando a questão de fundo
Inclusive, o § 3º do artigo determina que é ve- versar sobre relação de trabalho diversa da re-
dado ao juiz exigir adiantamento de valores para lação de emprego, sendo certo que se trata de

59 /
faculdade do magistrado, o qual também pode pobreza, baseada em um critério objetivo: rece-
aplicar o disposto no art. 790-B da CLT. bimento de salário igual ou inferior ao dobro do
mínimo legal.
Instrução Normativa nº. 27/2005, TST, art. 6º Os
honorários periciais serão suportados pela parte A segunda hipótese, por sua vez, estava relacio-
sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo nada àqueles que, a despeito de receberem salá-
se beneficiária da justiça gratuita. Parágrafo úni- rio superior ao dobro do mínimo legal (afinal, se
co. Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir recebessem
depósito prévio dos honorários, ressalvadas as li-
des decorrentes da relação de emprego. salário até o dobro do mínimo legal, estariam con-
templados na primeira hipótese), declarassem,
Outrossim, ao fixar o valor dos honorários peri- sob as penas da lei, que não possuíam condições
ciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo de pagar as custas do processo sem prejuízo do
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça sustento próprio ou de sua família.
do Trabalho, sendo possível o juízo poderá deferir
parcelamento dos honorários periciais. Importante destacar, neste particular, que, no
âmbito da Justiça do Trabalho, sempre se enten-
Cabe salientar, que a responsabilidade pelo pa- deu, tanto por força do art. 1º da Lei n. 7.115/83,
gamento dos honorários do perito assistente é quanto por força, depois, do art. 99, § 3º, do
da parte que o indicou (o que independe da re- CPC/2015, que, quando firmada por pessoa natu-
lação posta em juízo), vez que trata-se de mera ral, a declaração de pobreza era presumidamen-
faculdade, ainda que a parte que o indicou seja te verdadeira, de modo que bastava que a parte
vencedora, com fulcro na Súmula 341 do TST, que juntasse declaração de pobreza, cabendo à parte
assim dispõe: “A indicação do perito assistente é contrária, se fosse o caso, produzir provas capa-
faculdade da parte, a qual deve responder pelos zes de contradizer a referida declaração.
respectivos honorários, ainda que vencedora no
objeto da perícia”. A declaração de pobreza, para produzir seus efei-
tos, precisa ser, necessariamente, assinada pela
No que tange a atualização monetária dos hono- própria parte ou por advogado com poderes es-
rários periciais, prevê a OJ 198 da SDI-1 do TST: pecíficos para tanto, nos termos do art. 105 do
“Diferentemente da correção aplicada aos dé- CPC/2015 [3].
bitos trabalhistas, que têm caráter alimentar, a
atualização monetária dos honorários periciais é A Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), pas-
fixada pelo art. 1º da Lei n. 6.899/1981. aplicável a sou a prever “É facultado aos juízes, órgãos julga-
débitos resultantes de decisões judiciais”. dores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou
de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
13.4 - A realidade após da Lei n. quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
13.467/2017 - Alterou CLT perceberem salário igual ou inferior a 40% (qua-
renta por cento) do limite máximo dos benefícios
Até o advento da Lei n. 13.467/2017, a concessão do Regime Geral de Previdência Social”.
do benefício da justiça gratuita, no processo do
trabalho, estava prevista apenas no § 3º do art. A outra conclusão que se pode extrair da altera-
790, da CLT, que contempla duas hipóteses de ção promovida pela Reforma Trabalhista está di-
concessão, a requerimento ou de ofício, do refe- retamente relacionada à substituição da expres-
rido benefício: a) receber salário igual ou inferior são “declarar” pela expressão “comprovar”, de
ao dobro do mínimo legal ou; b) declarar, sob as modo que é possível entender que, a partir da Re-
penas da lei, que não possui condições de pagar forma Trabalhista, não basta que a parte que re-
as custas do processo sem prejuízo do sustento ceba salário superior a 40% (quarenta por cento)
próprio ou de sua família. do limite máximo dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social declare, sob as penas da lei,
A primeira hipótese (receber salário igual ou in- que não possui condições de pagar as custas do
ferior ao dobro do mínimo legal) contemplava processo sem prejuízo do sustento próprio ou de
uma presunção legal de veracidade do estado de

60 /
sua família, sendo imprescindível, portanto, que a parte requerente comprove, me-
diante documentos que comprovem seus gastos mensais (comprometimento dos
seus rendimentos), que, mesmo recebendo salário superior a 40% (quarenta por
cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, não
possui condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio
ou de sua família.

Desta maneira, ao interpretar o § 4º do art. 790 da CLT (O benefício da justiça gra-


tuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o paga-
mento das custas do processo) é possível, sem maiores esforços interpretativos,
concluir que, em verdade, exceto quanto à impossibilidade de, neste caso, o Magis-
trado conceder, de ofício, o benefício, nada mudou!

Portanto, as reflexões e provocações trazidas ao longo do presente artigo permitem


que se conclua que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), ao alterar o § 3º do
art. 790 da CLT e incluir o § 4º neste dispositivo, provocou as seguintes alterações:

a) ao alterar a redação do § 3º do art. 790 da CLT, substituindo o critério do recebi-


mento de salário igual ou inferior ao dobro do salário mínimo pelo critério de re-
cebimento de salário igual ou inferior a 40% do teto do INSS, ampliou o acesso à
justiça, na medida em que passou a permitir ao Juiz, a requerimento ou de ofício, a
concessão do benefício da justiça gratuita.

b) após a Reforma Trabalhista, passou a contemplar apenas uma hipótese de con-


cessão do benefício: receber salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Para ilustrar o tema, veja abaixo despacho do Juiz, a respeito do pedido do benefi-
cio da gratuidade de Justiça

61 /
do pericial, levam as partes, a contratar seus as-
14.0 – Defesa do Perito - sistentes técnicos, cabendo-lhe atuar no sentido
Impugnações de Laudos de dar segurança e eficiência à produção da prova
pericial, cabendo-lhe, inclusive, fazer a interface
de comunicação com o perito do juízo.
O Perito é aquele profissional que realiza os exa-
mes necessários, nos vários ramos do conheci- O que se observa é que, mesmo que o advogado
mento, cujo objetivo é atingir a chamada verdade goste do trabalho do perito, achando-o um exce-
real ou a materialidade do fato ou do delito. lente profissional, mesmo assim, se o laudo for
contrário à sua parte/cliente, o advogado vai ten-
Sempre que o esclarecimento de um fato depen- tar desqualificá-lo. Esse é um dever de seu ofício.
der de conhecimento técnico e científico, o juiz
deverá valer-se de um especialista, ou seja, de A tentativa de desqualificação do laudo do peri-
um perito para atuar no processo, para produzir to pelo advogado é denominada impugnação.
as provas técnicas, ou seja, a prova pericial Então, toda a crítica que o laudo sofre é através
desta peça impugnatória. A crítica pode ser sobre
De maneira que a função pericial é aquela pela algum trecho do laudo ou em seu todo.
qual um expert em certas matérias ou assuntos
examina as coisas, os fatos e, respeitando sua - O Assistente Técnico & Perito
autenticidade, opina sobre as causas e efeitos
Por conta da possibilidade de um erro na argu-
da matéria examinada. De onde se conclui que a
mentação/conclusão do laudo pericial as partes,
principal função do perito é auxiliar o juiz no es-
costumam contratar seus assistentes técnicos,
clarecimento dos fatos no processo, visando sem-
cabendo-lhe atuar no sentido de dar segurança e
pre a solução justa do conflito entre as partes.
eficiência à produção da prova pericial, cabendo-
Quando ocorre as primeiras perícias e o perito se -lhe, inclusive, fazer a interface de comunicação
vê diante de duras críticas ao seu laudo pericial, com o perito do juízo, já que, como é sabido, tem
o mesmo é tomado por alguns sentimentos de- em princípio resistência em manter contato dire-
sagradáveis, como insegurança e inconformismo, tamente com as partes ou seus procuradores, os
pois tem a convicção de ter elaborado um traba- quais são parciais em relação às suas pretensões.
lho irrepreensível.
O Assistente técnico é indicado pelas partes, en-
Entretanto, há de se destacar, que, na maioria das tão, nada mais correto a afirmação de que ele tem
vezes, é um fato bem natural, até porque o ad- interesse que a parte que o contratou tenha su-
vogado deve esgotar todos meios de defesa em cesso.
favor de seu cliente e a impugnação do laudo do
Diga-se bem claro, o perito assistente deve de-
perito, pode ser uma delas.
fender o interesse da parte que o contratou para
É obrigação do perito, quando confrontado, jus- o deslinde do processo da forma mais favorável
tificar de forma clara e transparente todos os cri- possível, dentro dos limites da legalidade e da ra-
térios existentes em seu laudo, que o levaram às zoabilidade.
conclusões técnicas/científicas, apontadas em
A sua função é acompanhar o desenrolar da prova
seu laudo e, porventura, impugnados.
pericial, apresentar sugestões, criticar o laudo do
Tal postura do perito é importante, pois sua fun- perito nomeado e apresentar as hipóteses possí-
ção é levar ao Juiz informações que o auxiliem veis, desde que técnica e juridicamente sustentá-
no seu convencimento e julgamento para aquele veis. Havendo quesitos fora da área de especiali-
processo, de acordo com o próprio laudo, tenha zação, o perito assistente deve esquivar-se de dar
seu deslinde. O perito judicial é ser humano, su- parecer técnico, emitindo apenas, caso se consi-
jeito a falhas, assim como demais profissionais. dere conhecedor do assunto, parecer de cunho
pessoal, deixando claro que a questão deverá ser
Por outro lado, a possibilidade do cometimento definitivamente avaliada e decidida pelo juiz da
de um erro na argumentação/conclusão no lau- causa.

62 /
É facultativo a juntada de parecer técnico, mas se o mesmo for apresentado, na sua
maioria, consta críticas ao laudo oficial Não cabe, pois, que o juiz da causa manifes-
te censura à crítica proferida pelo assistente técnico, pois o seu papel é exatamente
de criticar o trabalho do perito nomeado, e não a pessoa do perito, através de pare-
cer técnico e não exatamente de elaborar um laudo completo.

Qualquer argumentação no sentido de inquinar de vício o trabalho do assistente


técnico cai por terra, pois assim como a parte que o contratou exerceu o direito
de estabelecer o contraditório técnico, também a parte contrária pode exercer este
direito, cabendo, a final, ao juízo, analisando o laudo do perito por ele nomeado e
os pareceres dos assistentes técnicos das partes, formar seu entendimento sobre a
matéria de fato.

Ressalte-se que o Juízo tem ampla liberdade de formar seu convencimento, não se
vinculando nem mesmo à prova pericial produzida pelo Perito Oficial ( Art 479 do
CPC).

Veja despacho do Juizo, manifestando sobre impugnação nos autos de processo.

63 /
14.0 – Gratuidade de Justiça

As partes poderão manifestar-se sobre o laudo do perito judicial, no prazo comum


de 15 (quinze) dias, ao passo que o assistente técnico de cada uma das partes tam-
bém pode apresentar seu respectivo parecer, em igual prazo.

Apesar de os efeitos práticos dessa possibilidade serem controversos, a vantagem


é que toda e qualquer manifestação deve obedecer ao prazo comum de 15 dias,
não havendo brecha para gerar atrasos. De mais a mais, a intenção do legislador foi
tornar o procedimento mais dialético e democrático, o que é louvável.

Para finalizar essa etapa de diálogo do procedimento de elaboração do laudo peri-


cial, o § 2º do mesmo artigo diz que o perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15
(quinze) dias, esclarecer ponto sobre o qual exista divergência ou dúvida de qual-
quer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público, ou ainda quando tenha
havido divergência no parecer do assistente técnico da parte.

Ambas partes podem contratar seus assistentes técnicos, e assim, cada um apre-
sentar seu parecer técnico, de forma separada e autônoma, bem como auxiliar seus
contratantes a elaborar os quesitos a serem respondidos pelo perito nomeado. Vide
abaixo:

Litígio

Autor Réu Juiz

Assistente técnico Assistente técnico Perito

Elabora quesitos Elabora quesitos Responde quesitos


(laudo pericial)

O perito deverá dar ciência aos assistentes técnicos, com a publicidade das diligên-
cias. De fato, em termos práticos, não existia um procedimento padrão e transpa-
rente entre os peritos. Cada perito agia de um modo: alguns protocolavam a data
em juízo, solicitando ciência as partes por publicação oficial, outros utilizavam
e-mails diretamente às partes indicando o início dos trabalhos.

Hoje em dia, o perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acom-
panhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunica- ção,
comprovada nos autos, com antecedência mínima de 05 (cinco) dias (art. 466 § 2º).

64 /
Publicidade das diligências do perito
Publicidade
das diligências
do perito Prévia comunicação, comprovada nos autos,
com antecedência mínima de 05 dias

Prezando pela transparência e oportunidade de contraditório das partes, o CPC


também diz que a perícia deverá ser realizada em data e local previamente anun-
ciados, para que, mediante o acompanhamento pelos assistentes técnicos, tanto
esses últimos quanto o perito entreguem os seus pareceres e laudo tempestiva-
mente (art. 474). – dentro do prazo estabelecido.

Nessa etapa de diálogo do procedimento de elaboração do laudo pericial, o CPC


estabelece que o perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, escla-
recer ponto sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do
juiz ou do órgão do Ministério Público, ou ainda quando tenha havido divergência
no parecer do assistente técnico da parte.

15 dias para as 15 dias para o


partes e perito esclarecer
Laudo
os assistentes pontos e derimir
Pericial
técnicos se dúvidas a respeito
manifestarem do laudo

Através desse instituto, o CPC promove a aplicação do art. 190 ao admitir na lide
dos atos processuais a ampla participação das partes, atuando como condutores
do andamento do processo.

Aliás, cabe mencionar que permanece válida a regra que prevê a possibilidade do
juiz dispensar a prova pericial para formar convicção sobre questões de fato, nos
casos que o juiz considere suficientes os pareceres técnicos ou documentos eluci-
dativos que as próprias partes tenham apresentado (art. 472, CPC-2015).

De acordo com Vivian (2005),

O assistente técnico, indicado pelos próprios litigantes, é reconhecido como pro-


fissional habilitado, de confiança da parte, a merecer consideração jurídica pelo
trabalho realizado em prol do princípio do devido processo legal e do contradi-
tório, além do laudo ser uma das garantias processuais, conforme já referido.
(VIVIAN, 2005: 2)

Melo (2003) elucida que,

Da mesma importância do mister atribuído ao perito nomeado pelo juízo, reves-


te-se a função do perito assistente, o qual possibilita que se instaure o contradi-
tório na matéria técnica, para que não reine absoluto o entendimento do perito

65 /
nomeado pelo Juízo, que deve ter a mesma tornando-se desnecessário o acompanhamento
postura de imparcialidade do Juiz que o no- da produção da prova.
meou.
Quando o processo é devolvido à secretaria do
Como menciona o autor, “o laudo do perito por juízo fica sujeito aos trâmites como conclusão,
ele nomeado e os pareceres dos assistentes téc- prazo para emissão de alvará de levantamento
nicos das partes, forma seu entendimento sobre de honorários, vistas sucessivas para as partes ou
a matéria de fato.”. outros procedimentos que impossibilitam o aces-
so do assistente técnico ao inteiro teor do laudo
- O perito do juízo e o perito assistente (ou as- e seus anexos, assim como ao processo como um
sistente técnico) todo, única forma de desempenhar a contento a
sua tarefa.
A participação do perito judicial como auxiliar
da justiça (art. 139 do CPC – Código de Processo Uma forma de contornar esta possível dificulda-
Civil) é de grande importância na prestação ju- de é ter consigo uma cópia completa do processo,
risdicional quando a prova do fato depender de dispensando o exame dos autos originais até a
conhecimento técnico ou científico (art. 145 do carga pelo Perito. É importante salientar também
CPC). Da mesma importância do mister atribuído que o prazo para a apresentação de quesitos su-
ao perito nomeado pelo juízo, reveste-se a função plementares preclui com o protocolo do laudo,
do perito assistente, o qual possibilita que se ins- portanto se o perito do juízo entrega o laudo sem
taure o contraditório na matéria técnica, para que dar acesso ao perito assistente pelo menos por 48
não reine absoluto o entendimento do perito no- horas (ou mais, dependendo da complexidade da
meado pelo Juízo, que deve ter a mesma postura prova), impede a parte de exercer o seu direito a
de imparcialidade do Juiz que o nomeou. quesitos suplementares decorrentes do texto do
laudo.
Em alteração ocorrida no CPC retirou-se do texto
a possibilidade de se questionar a suspeição do O CPC continha previsão de que o perito teria que
perito assistente técnico. Nada mais correto, pois conferenciar com os assistentes técnicos antes de
se ele é indicado pela parte, é óbvio que tem inte- entregar o laudo, previsão esta que foi retirada
resse que a parte que o contratou tenha sucesso. do Código. Uma modificação do CPC, entretanto,
pela Lei nº 10.358, de 27 de dezembro de 2001, in-
Diga-se bem, claro, o perito assistente deve de-
troduziu o art. 431-A que prevê que “As partes te-
fender o interesse da parte que o contratou para
rão ciência da data e local designados pelo juiz ou
o deslinde do processo da forma mais favorável
indicados pelo perito para ter início a produção
possível, dentro dos limites da legalidade e da
da prova”. Entendemos, diante deste novo artigo,
razoabilidade. A sua função é acompanhar o de-
que o perito do juízo é quem deve entrar em con-
senrolar da prova pericial, apresentar sugestões,
tato com os assistentes técnicos para que tenham
criticar o laudo do perito nomeado e apresentar
a oportunidade de participar ativamente da pro-
as hipóteses possíveis, desde que técnica e juridi-
dução da prova, o que não elimina a necessidade
camente sustentáveis.
de comportamento proativo do perito assistente,
Havendo quesitos fora da área de especialização, como veremos mais adiante.
o perito assistente deve esquivar-se de dar pare-
- O parecer técnico
cer técnico, emitindo apenas, caso se considere
conhecedor do assunto, parecer de cunho pes- O principal trabalho do assistente técnico não é,
soal, deixando claro que a questão deverá ser como acham muitos, apenas elaborar um laudo
definitivamente avaliada e decidida pelo juiz da independente, um laudo divergente ou uma críti-
causa. ca ao laudo pericial, mas sim diligenciar durante
a realização da perícia no sentido de evidenciar
Algumas vezes argumenta-se que o assistente
junto ao perito do juízo os aspectos de interes-
técnico tem dez dias após o protocolo do laudo
se ao esclarecimento da matéria fática sob uma
para apresentar seu parecer, quando então faria
ótica geral e mais especificamente sob a ótica da
uma análise aprofundada do trabalho pericial,
parte que o contratou.

66 /
Somente após esgotadas todas as possibilidades Ao perito assistente cabe diligenciar criteriosa-
junto ao perito do juízo é que caberá ao perito as- mente no sentido de verificar as diferentes hipó-
sistente elaborar o seu parecer técnico. teses de abordagem da matéria técnica objeto da
prova pericial, tentando fazer com que o perito
Qualquer argumentação no sentido de inquinar nomeado pelo juízo perceba as diferentes inter-
de vício o trabalho do assistente técnico cai por pretações da matéria fática sob estudo, para que
terra, pois assim como a parte que o contratou não seja o seu cliente prejudicado com visões uni-
exerceu o direito de estabelecer o contraditório laterais, distorcidas da realidade ou que não se-
técnico, também a parte contrária pode exercer jam suficientemente abrangentes para dar ao juiz
este direito, cabendo, a final, ao juízo, analisando da causa subsídios amplos para o esclarecimento
o laudo do perito por ele nomeado e os pareceres da matéria fática sob exame.
dos assistentes técnicos das partes, formar seu
entendimento sobre a matéria de fato. Ressalte- Não há que se falar em imparcialidade absoluta
-se que o Juízo tem ampla liberdade de formar do perito assistente, diferentemente do perito
seu convencimento, não se vinculando nem mes- nomeado pelo juízo, pois a sua contratação pela
mo à prova pericial produzida pelo Perito Oficial parte objetiva precipuamente que acompanhe o
(Art. 436 do CPC). trabalho técnico a ser desenvolvido pelo perito
com os olhos voltados para as alternativas que
Há circunstâncias, entretanto, em que o assis- melhor esclareçam a matéria de fato sob o pon-
tente técnico antecipa o seu trabalho e faz o pro- to de vista da parte que o contratou, dando assim
tocolo de seu parecer antes do laudo do perito ao Juízo condições de tranquilamente decidir a
nomeado pelo juiz ou então antes do prazo de 10 questão sub judice.
dias após intimadas as partes da apresentação do
laudo, conforme previsto no parágrafo único do Antes mesmo do início dos trabalhos e também
art. 433 do CPC. durante a produção da prova pericial, deve o pe-
rito assistente técnico avaliar cuidadosamente a
O procedimento é, no mínimo, antiético, vai na eventual necessidade de apresentação de quesi-
contramão do procedimento usual dos peritos tos suplementares para melhor esclarecer a ma-
do juízo não darem acesso à minuta do laudo pe- téria, os quais somente poderão ser apresentados
los assistentes técnicos. Não é correta tal anteci- antes de protocolado o laudo em juízo.
pação, s. M. J., a despeito de não gerar qualquer
consequência processual. Após a entrega do laudo somente cabem esclare-
cimentos, nos termos do art. 435 do CPC. Como o
Ao elaborar seu parecer técnico ao laudo, deve o perito nomeado pelo juiz deve ater-se aos quesi-
assistente técnico abster-se de fazer referências tos formulados e não emitir juízo de valor sobre
adjetivas ao procedimento do perito do juízo, vis- a questão examinada, cabe ao perito assistente
to que lhe compete fazer críticas ao laudo resul- técnico sugerir eventuais quesitos suplementares
tante da prova pericial e não à pessoa do perito durante a perícia e em seu parecer aprofundar o
nomeado. estudo técnico da prova, extraindo conclusões
sobre a prova produzida de modo a municiar o
Ao advogado da parte é que caberá, se for o caso,
procurador da parte de elementos para o pedido
tecer considerações sobre a conduta técnica e
de esclarecimentos.
ética do expert do juízo, restringindo-se o perito
assistente à crítica técnica do documento gerado Na formulação de quesitos é fundamental a par-
ao final da perícia. ticipação do assistente técnico, profissional que
deve ter o preparo necessário para assessorar o
Exceção se faz à hipótese de o expert nomea-
advogado de forma que os quesitos sejam formu-
do não permitir o acesso do perito assistente às
lados objetivamente, focados na matéria técnica
diligências, aos documentos ou à minuta do lau-
e com a delimitação clara dos parâmetros a se-
do ou se não lhe conceder prazo suficiente para
rem seguidos na perícia. É público e notório que
fazê-lo.
os advogados não dominam a área técnica fora

67 /
de sua área de formação, carecendo, portanto, de
assessoria do perito assistente na formulação dos
quesitos, evitando-se a formulação de quesitos
incorretos, desnecessários, prejudiciais, imperti-
nentes ou de mérito.

Ninguém melhor que o assistente técnico, com


formação específica na área técnica e com bons
conhecimentos de Direito, para saber quais os ele-
mentos de prova serão necessários para o escla-
recimento do juízo. A partir dos quesitos elabora-
dos pelo assistente técnico, terá o procurador da
parte a oportunidade de adequá-los ao contorno
jurídico apropriado à instrução do processo.

A atuação do perito assistente técnico se reves-


te de importância muito maior que se presume
e que as possibilidades de sua intervenção nos
processos, sejam judiciais ou extrajudiciais, se
ampliam num grande leque muitas vezes não
percebido pelos operadores de Direito. A obser-
vância dos vários aspectos citados abre várias
possibilidades para uma prestação jurisdicional
mais justa e efetiva.

68 /
15.0 – Nomeação

Profissionais legalmente habilitados e órgãos

Condições para
Inscrição no cadastro
nomeação

Vínculo do juiz ao cadastro de reserva

Nos termos do §1º art. 156, o CPC define que “os peritos serão nomeados entre os
profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamen-
te inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado”

Sobre esse termo, em consonância com os princípios da publicidade e da impes-


soalidade, o CPC exige a inscrição em cadastro mantido pelo tribunal.

Nos termos do § 2º do citado art. 156, é determinado que a formação de tal cadas-
tro deverá ser precedida de consulta pública, por meio de divulgação na internet
ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades e con-
selhos de classe.

Além disso, com fins de manutenção do cadastro, os tribunais realizarão avaliações


e reavaliações periódicas (art. 156, §3º).

Os documentos exigidos para a habilitação devem estar disponíveis para a consulta


dos interessados, objetivando que as nomeações sejam distribuídas de modo equi-
tativo, observadas a capacidade técnica e a área do conhecimento do perito (art.
157, §2º).

O CPC vai além e prevê, que,[…] na localidade onde não houver perito inscrito no
cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação, é de livre escolha pelo juiz, e
deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente
detentor do conhecimento necessário à realização da perícia (CPC-2015, art. 156, §
5º).

Para Didier, vale salientar que mesmo o juiz dispondo de conhecimentos técnicos
(por exemplo: além de bacharel em direito, o magistrado é engenheiro civil) não
pode ele utilizar-se de seus conhecimentos para a formação do seu próprio con-
vencimento.

Algumas das razões desse impedimento está no fato de que o juiz acumularia a
função de perito, impedindo a adoção de procedimento probatório e privando às
partes a oportunidade de participar dele.

O novo regramento trouxe que, ciente da nomeação, o perito apresentará em 05


(cinco) dias: proposta de honorários, currículo, com comprovação de especializa-
ção, contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão di-
rigidas as intimações pessoais (art. 465, §2º)

69 /
15 dias para as partes arguir o
impedimento ou a suspeição do perito
A partir da
intimação do 15 dias para as partes indicar assistente
despacho de técnico e apresentar quesitos
nomeação
do perito
05 dias para o perito apresentar proposta
de honorários, currículo, com comprovação
de especialização e contatos profissionais

O CPC Concede, no §3º, 05 (cinco) dias para, querendo, as partes se manifestarem


sobre a proposta de honorários.

E ainda a regra de que, ciente da nomeação, o perito apresentará em 05 (cinco) dias:


proposta de honorários, currículo, com comprovação de especialização, contatos
profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as inti-
mações pessoais (art. 465, §2º)

- Dicas sobre a dinâmica da pós nomeação:

1) Perito recebeu a intimação de nomeação;

2) Resposta em 5 dias (úteis) para formalizar o aceite


2.1 – se o processo é físico, poderá responder através do email de intimação e ratificar o
aceite, através de juntada de petição nos autos;

2.2 – se o processo for eletrônico, responder através de petição eletrônica juntada no pro-
cesso

3) Aguardar o prazo para partes apresentarem seus quesitos e indicar assistente téc-
nico (o prazo só inicia a partir da publicação da intimação do Juiz (às partes);

4) Após o término do prazo das partes para atender o acima descrito, o perito terá 5
dias para apresentar sua proposta de honorários, currículo e todo mais previsto no
CPC;

5) Aguardar a manifestação das partes sobre sua proposta de honorários;

6) Aguardar a intimação do Juiz para se manifestar sobre a manifestação das partes


sobre a proposta de honorários apresentada;

7) Com a aprovação/HOMOLOGAÇÃO da proposta de honorários, inicia o prazo para


agendar a diligência pericial e apresentação do laudo;
7.1 – Se houver agravo de instrumento em relação a homologação da proposta de hono-
rários, o perito deverá aguardar o julgamento do agravo, pelo Tribunal de 2ª. Instância.

70 /
Veja o despacho, utilizado pela maioria dos Juízes, no momento de nomear seus
peritos:

Intime-se o perito via telefone ou por outro meio mais célere para tomar ciência da
nomeação e, no prazo de 5 (cinco) dias apresentar:

I – proposta de honorários;

II – currículo, com comprovação de especialização;

III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigi-
das as intimações pessoais.

2. Caso aceite a nomeação, intime-se ambas as partes para, em 15 (quinze) dias, conta-
dos da publicação desta decisão:

I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II – indicar assistente


técnico;

III – apresentar quesitos.

3. Apresentada proposta de honorários, intimem-se as partes acerca de seu teor, no


prazo de 5 (cinco) dias. Havendo concordância com o valor dos honorários, intime-se
as requeridas para efetuar o pagamento dos honorários do perito, no prazo de 05 dias,
considerando a inversão do ônus da prova, art. 429, II do CPC.

4.Não concordando com o valor dos honorários periciais, conclusos para o arbitramen-
to dos honorários;

5. Arbitrados, intime-se a requerida para realizar o depósito dos honorários;

6. Pagos os honorários periciais, deverá o perito agendar data para realização de pe-
rícia, cientificando-o que deverá informar ao Juízo a data de início dos trabalhos com
antecedência mínima de 20 (vinte) dias, a fim de viabilizar a intimação das partes;

7. Agendada a data da perícia, intimem-se ambas as partes;

8. Com a juntada do laudo, intimem-se as partes para que se manifestem sobre o laudo
no prazo sucessivo de 15 (quinze) dias, facultando-se aos eventuais assistentes técnicos
nomeados apresentar parecer no mesmo prazo;

O laudo deverá ser entregue em até 30 dias, contados do início dos trabalhos.

O Perito deverá prestar os esclarecimentos que julgar oportuno, mesmo que não tenha
sido objeto de quesitação.

71 /
Cumpre ainda esclarecer que não houve altera-
16.0 – Processo Eletrônico ção na contagem dos prazos processuais com a
implantação do processo judicial eletrônico que
continua a ser contados da forma tradicional,
Importante que o perito domine o peticionamen-
conforme previsto no art. 224 do CPC, excluindo
to eletrônico, pois, caso seja nomeado para pro-
o primeiro dia e incluindo o último, começando a
cessos em forma digital, essa será a forma de sua
correr no primeiro dia útil subsequente ao da pu-
atuação perante os autos do processo.
blicação no Diário da Justiça Eletrônico.
Os Tribunais costumam empreender na periódi-
Derrogando somente o art. 212 do CPC, que dis-
ca atualização de seu sistema de peticionamento
põe “Os atos processuais serão realizados em
eletrônico, sendo assim, os peritos devem consul-
dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas”, pois no
tar os sites dos Tribunais para se atualizarem so-
processo eletrônico o último dia do prazo é consi-
bre possíveis mudanças e aperfeiçoamentos.
derado válido e tempestivo o ato praticado até as
No site de cada Tribunal (Federal, Estadual ou Fe- 24 horas, o que significa até às 23h59m59s, antes,
deral) encontra-se o passo a passo para a eficaz portanto, da zero hora do dia imediato.
utilização da referida ferramenta.
Além das novidades trazidas pela lei 11.419/2006,
Em 19 de março de 2017, entra em vigor a Lei devemos também mencionar algumas novidades
11.419/2006, Lei do processo eletrônico judicial, trazida pelo Código de Processo Civil de 2015, se-
trazendo alterações que possibilitaram modifica- não vejamos:
ções importantes na organização da prestação de
- Já que o acesso ao processo pelas partes é si-
serviços jurisdicionais, pautada nela que os tribu-
multâneo no processo eletrônico, não se aplica
nais passaram a desenvolver seus sistemas.
mais o prazo em dobro para os litisconsortes que
Com a criação dessa lei, espera-se que o tempo tiverem procuradores distintos;
do processo diminua consideravelmente, pois a
- Nos arts. 236, §3; 453,§1 e 461§2 podemos veri-
produção dos atos é de forma imediata e as par-
ficar a possibilidade de realização de audiências
tes do processo tem ciência de todo o conteúdo
através de videoconferência ou outro meio tecno-
processual a qualquer momento e local, não pre-
lógico de transmissão ao vivo, quando a residên-
cisando dirigir-se ate a comarca
cia for distinta do da parte e/ou testemunha do
O sistema funciona basicamente da seguinte local que tramita o processo;
forma, as peças processuais e documentos são
- Um dos requisitos acrescentando com no NCPC
transmitidos através da internet, pelo sistema
a petição inicial, é a indicação ao endereço eletrô-
de cada Órgão, o usuário (advogado, magistrado,
nico do autor e réu e de seus procuradores (art.
servidor) precisa possuir uma assinatura eletrôni-
319, II);
ca, nada mais é que uma identificação da pessoa
que está peticionando, essa assinatura eletrônica -Nos arts. 246, V. 477, §4º, 513, §11º, III e 1.019,
deve ser credenciada pela Autoridade Certifica- III podemos verificar que as citações e intimações
dora credenciada na forma da lei e todos os atos serão realizadas por meio eletrônico;
processuais praticados por meio eletrônico ao fi-
nal é fornecido pelo sistema um comprovante de - No art. 246, §§1º e 2º, podemos verificar uma das
recebimento contendo dia e hora do envio da pe- maiores inovações trazida pelo NCPC, que prevê
tição e documentos juntados. que empresas publicar e privadas estão obriga-
das a fazerem seu cadastro no Sistema PJE para
Com a implementação do processo eletrônico na que possam receber as citações e intimações com
maioria dos tribunais, fica indispensável o conhe- mais rigidez ao contrario das Microempresas e
cimento básico de informática aos profissionais empresas de pequeno porte que não estão obri-
da área, esses deverão compreender essa nova gadas ao cadastro, sendo facultativo para essas.
linguagem, já que é um instrumento extrema-
mente vantajoso sob todos os aspectos e vem se Com essas inovações e implementação do pro-
incorporando naturalmente à vida cotidiana. cesso eletrônico no judiciário brasileiro, podemos

72 /
perceber que os Tribunais e o Conselho Nacional Com o surgimento do processo eletrônico, o cer-
da justiça – CNJ, através do processo eletrônico tificado digital surgiu como uma forma pratica
vem apostando para o descongestionamento do para a identificação da empresa, pessoa ou site
judiciário, já que esse tipo de processo tem faci- que represta, nada mais é que um documento
litado a celeridade e publicidade dos processos, eletrônico que serve para o usuário se comunicar
analisando o processo físico (papel) e um proces- e efetuar transações via internet, sendo esse mais
so virtual podemos verificar as inúmeras ferra- uma forma que tentar evitar fraudes e aumentan-
mentas existente no sistema eletrônico que faci- do a segurança.
litam as atividades dos profissionais dessa área.
Infelizmente esse novo sistema esta longe de ser
Com toda essa facilidade do processo digital, a superação de todos os males do Poder Judiciá-
existe também algumas dificuldades enfrentadas rio, precisamos também atendar ao fato de que
pelos profissionais da área do direito, que pode- o acesso a Justiça não pode ser prejudicado com
-se dizer um dos pontos negativos do processo a presença do Processo eletrônico, e essa ferra-
eletrônico que é a distinção dos sistemas utiliza- menta deverá ser utilizada para facilitar e garantir
dos na Justiça Federal, Justiça do Trabalho e na o amplo acesso a Justiça (art. 5°, XXXV da CF) e a
Justiça Estadual. razoável duração do processo (art. 5 LIV e LXXVIII
da CF).
Essa não uniformização das plataformas do pro-
cesso eletrônica traz muitos problemas, tanto - Princípios Constitucionais
para as partes quando para os usuários dos sis-
temas, um exemplo clássico que devemos abor- O Princípio da celeridade podemos dizer que é o
dar é a versão do plugin JAVA utilizado na Justiça protagonista das mais recentes alterações legis-
Estatual (TJSP) (e-SAJ) e na Justiça do Trabalho lativas ocorridas, tendo sido levada a categorias
(TRT15) (PJ-e), no primeiro sistema aceita utilizar dos direitos e garantias fundamentais presentes
a versão mais atualizada do plugin, já no segundo na Constituição Federal.
sistema a versão que deve ser utilizada para o seu
Com o advento da Emenda constitucional nº
funcionamento é 7 ou superior, mas não ultrapas-
45/2014 que adicionou no art. 5°, LXXVII da cons-
sando a versão 8u73, com isso o usuário se vê im-
tituição Federal de 1988, que expressamente as-
possibilitado de atualizar o plugin, já que um dos
segura a duração razoável do processo como ga-
sistemas não aceita a versão mais recente.
rantia constitucional fundamental, assim como
Há também, preocupação com a segurança no o art. 5 LIV também da Constituição Federal de
Processo Eletrônico é essencial nas diferentes 1988, desta forma percebemos a busca do legis-
plataformas do processo eletrônico existente no lador em encontrar uma solução para o problema
país, faz-se necessário investimento em seguran- de lentidão da justiça.
ça, certificação digital, cadastro de usuários e se-
É notório que a sociedade cobra respostas rápi-
nhas entre outros obstáculos para uma suposta
das do judiciário, desta maneira o processo judi-
fraude.
cial eletrônico acolhe esta espera por possibilitar
Outra grande preocupação, não menos importan- efetivo acesso ao processo e ser mais celebre.
te, que podemos nos deparar quanto ao Processo
Cabe também demonstrar o princípio encontrado
eletrônico é a deficiência na infraestrutura, difi-
no art. 5°, XXXV da Constituição Federal de 1988,
culdades de conexão e quedas de fornecimento
o princípio do acesso a justiça, aduz que a lei não
de energia, tais obstáculos acarretam prejuízos
excluirá da apreciação do poder judiciário lesão
ao peticionamento eletrônico, os Tribunais de-
ou ameaça a direito.
vem investir em departamentos de tecnologias
eficiente, com provedores e servidores mais qua- Com o passar dos anos, conseguimos verificar
lificados para solucionar os problemas que sur- que através do processo eletrônico, o acesso a
gem. justiça tem sido cada vez mais efetivo, pois tem
atingindo seu objetivo principal, não somente a

73 /
celeridade processual, mas em tempo hábil ao cidadão o seu direito violado.

- Conclusão

Esse artigo teve como intenção trazer uma breve explicação aos avanços trazidos
pela Lei 11.419/2006 e o Código de Processo Civil de 2015, para uma prestação ju-
risdicional mais célere e eficaz, como uma ferramenta eficaz para o descongestio-
namento do judiciário.

Percebemos ainda, que o processo eletrônico contribui para a evolução processual,


diminuído os gastos, substituindo o registro dos atos dos processos realizados por
papel por armazenamento e manipulação dos autos nos meios digitais, evitando o
desnecessário o deslocamento até os órgãos para carga de processos e/ou protoco-
los, possibilidade de enviar petições até às 24 horas do ultimo dia dos prazos, agi-
lidade de segurança das transações feitas via internet, eliminação da burocracia,
enfim trazendo muitas comodidades aos seus usuários.

É preciso também, verificar a necessidade de unificação dos sistemas para imple-


mentar a instrumentalidade que tanto se esperar do processo eletrônico judicial.

Podemos também perceber que com o uso de meios eletrônicos nos processos ju-
diciais, trouxeram a necessidade de uma estabilização do sistema e de cursos que
possam aperfeiçoar o uso dos diferentes sistemas de cada tribunal, já que se tem
uma necessidade de adaptação dos operadores do direito.

E por fim, a tendência do advento da lei 11.419/2006 é a considerável diminuição


do tempo que o processo leva, já que a produção de atos no processo eletrônico se
dá de forma imediata.

Na prática a funcionabilidade operacional do processo eletrônico, tem apresenta-


do, por algumas vezes instabilidades que levam os operadores do direito irritados e
frustrados, quando tais situações ocorrem.

Veja a manifestação do Juiz, em uma situação de instabilidade do sistema, quando


necessitava agilizar seu trabalho.

74 /
A Autoridade de Registro da Receita Federal do
17.0 – Certificado Digital Brasil (AR-RFB): É a entidade operacionalmente
para Peritos Judiciais vinculada à AC-RFB, responsável pela confirma-
ção da identidade dos solicitantes de credencia-
mento e habilitação como Autoridades Certifica-
Com a modernização do Judiciário a forma física doras integrantes da ICP-Brasil.
dos processos (em papel) vem sendo abolida gra-
dativamente e, assim, todas peças apresentadas As Autoridades de Registro são as entidades ope-
nos autos são juntadas e assinadas eletronica- racionalmente vinculadas à determinada Autori-
mente. dade Certificadora Habilitada, responsáveis pela
confirmação da identidade dos solicitantes dos
Diante do acima, todos os operadores do Direito certificados e-CPF e e-CNPJ.
(Advogados, Promotores, Defensores Públicos,
Juízes, etc) passaram a tomar providencias ine- O Certificado Digital (CPF ou CNPJ) é o documen-
rentes às inovações advindas com os processos to eletrônico de identidade emitido por Autori-
eletrônicos e uma delas foi a assinatura digital dade Certificadora credenciada pela Autoridade
nos processos. Certificadora Raiz da ICP-Brasil.

Tal inovação atingiu, também, os (as) Peritos (as) Não poderão ser titulares de certificados, as
Judicias já que estes peticionam nos processos, pessoas físicas cuja situação cadastral perante o
assinam seus laudos periciais, apresentam suas CPF esteja enquadrada na condição de cancelado
propostas de honorários e demais documentos. e as pessoas jurídicas cuja situação cadastral pe-
rante o CNPJ esteja enquadrada na condição de
Por este motivo, trago aqui algumas informações inapta, suspensa ou cancelada.
básicas e necessárias para você que já atua ou
está iniciando sua atuação na área da PERICIA No que se refere ao documento eletrônico é aque-
JUDICIAL. le cujas informações são armazenadas, exclusiva-
mente, em meio eletrônico.
Sobre a Assinatura Digital:
O ICP-Brasil é um conjunto de técnicas, práticas
É a maneira eletrônica de se assinar documentos, e procedimentos, a ser implementado pelas or-
baseada em sistema criptográfico assimétrico, ganizações governamentais e privadas brasileiras
que permite ao usuário usar sua chave privada com o objetivo de garantir a autenticidade, a in-
para declarar a autoria de documento eletrônico, tegridade e a validade jurídica de documentos em
garantindo a integridade de seu conteúdo. forma eletrônica, das aplicações de suporte e das
aplicações habilitadas que utilizem certificados
Autoridades Certificadoras: digitais, bem como a realização de transações
eletrônicas seguras.
As Autoridades Certificadora da Receita Fede-
ral do Brasil (AC-RFB) são entidades integrantes O Usuário pode ser pessoa física ou jurídica titular
da ICP-Brasil, responsáveis pela assinatura dos de Certificado Digital.
certificados das Autoridades Certificadoras Habi-
litadas. Como obter a assinatura digital?

A Autoridade Certificadora Habilitada é a enti- Para obter um certificado digital (CPF ou CNPJ) o
dade integrante da ICP-Brasil habilitada pela interessado deverá escolher uma das Autoridades
Coordenação Geral de Tecnologia e Segurança Certificadoras Habilitadas na lista abaixo ou aces-
da Informação – Cotec, em nome da RFB (Recei- sar diretamente a página da Autoridade Certifica-
ta Federal do Brasil), responsável pela emissão e dora Habilitada pela Receita Federal do Brasil.
administração dos Certificados Digitais e-CPF e
e-CNPJ.

75 /
Lista das Autoridades Certificadoras: • Autoridade Certificadora Sincor Rio RFB

• Autoridade Certificadora da Receita Federal • Autoridade Certificadora CNDL RFB


do Brasil
• Autoridade Certificadora Safeweb RFB
• Autoridade Certificadora da RFB (AC RFB)
• Autoridade Certificadora Soluti RFB
• Autoridades Certificadoras Habilitadas pela
Receita Federal do Brasil • Autoridade Certificadora CACB RFB

• Autoridade Certificadora do SERPRO-RFB • Autoridade Certificadora Online RFB


(ACSERPRO-RFB)
• Autoridade Certificadora Doccloud RFB
• Autoridade Certificadora da Certisign-RFB
• Autoridade Certificadora Link RFB
(ACCertisign-RFB)
A atuação como perito (a) judicial é desenvolvida
• Autoridade Certificadora da Serasa-RFB (AC-
por pessoas físicas, portanto a Certificação digital
Serasa-RFB)
deverá ser registrada através do CPF do interes-
• Autoridade Certificadora da Imprensa Oficial sado e não através de CNPJs.
do Estado – RFB (ACImesp-RFB)
Importante salientar que, apesar de ainda exis-
• Autoridade Certificadora da Companhia de tirem processos físicos, aqueles que não se ade-
Tecnologia da Informação do Estado de Mi- quarem aos processos eletrônicos não estarão
nas Gerais – RFB (ACPRODEMGE-RFB) capacitados a exercer de forma plena a atividade
da Perícia Judicial e, caso não se atualizem, serão
• Autoridade Certificadora da Federação Nacio- preteridos por profissionais antenados com as
nal das Empresas de Serviços Contábeis e das novas tecnologias.
Empresas de Assessoramento,
Então, direcione sua atividade em acordo com a
• Perícias, Informações e Pesquisas (ACFENA- modernização do Judiciário.
CON Certisign-RFB)

• Autoridade Certificadora do Sindicato dos


Corretores de Seguros, Empresas Corretoras
de Seguros, de Saúde, de Vida, de

• Capitalização e Previdência Privada no Esta-


do de São Paulo (AC Sincor – RFB)

• Autoridade Certificadora Notarial RFB (AC No-


tarial – RFB)

• Autoridade Certificadora Brasileira de Regis-


tros RFB (AC BR – RFB)

• Autoridade Certificadora Instituto Fenacon


RFB

• Autoridade Certificadora Prodest RFB

• Autoridade Certificadora Valid RFB

• Autoridade Certificadora Boa Vista RFB

• Autoridade Certificadora Digitalsign RFB

76 /
Esperando ter contribuído para seu aprendizado, através desta apostila
e das vídeo-aulas do Curso de Formação de Peritos Judiciais, desejo-lhe
sucesso na sua atuação profissional junto a perícia judicial e a assistência
técnica judicial/extrajudicial.

77 /

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