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Cap. 2 – Princípios
Lei 9784/99
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,
laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas,
que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que
reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da
respectiva ata ou de termo escrito.
Cap. 3 – Poderes da AP
2. Entre os atos concretos e abstratos, quais são excluídos do conceito restrito de ato
administrativo por Celso Antônio Bandeira de Mello? Em que se distinguem os referidos
atos?
Razões de Fato:
1º. O Processo de fusão, cuja análise iniciou-se em 02 de julho de 1999, deverá levar no mínimo 120
(cento e vinte) dias para ser apreciado pelo CADE. Durante este espaço de tempo poderão ocorrer
significativas alterações do mercado e na concorrência do setor de bebidas;
2º. Caso ocorra algum fato que venha a prejudicar a concorrência do mercado de forma irreversível,
qualquer decisão do CADE, ao final do processo, poderia não atingir plenamente os objetivos da Lei.
Razões de Direito:
1º Dentre os fundamentos do Estado Democrático de Direito está o da livre iniciativa (artigo 1º, CF) que
serve de suporte para os princípios informadores da ordem econômica, com destaque para o da livre
concorrência e da defesa do consumidor, previstos no artigo 170, incisos IV e V da Constituição Federal.
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BRASIL. Ministério da Justiça. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Medida Preventiva. Ato de Concentração nº
08012.005846/99-12. Fundação Antônio e Helena Zerrenner – Instituição Nacional de Beneficência e outros (Ref.: Fusão
Antarctica e Brahma). Conselheira-Relatora: Hebe Teixeira Romano.
2º Para concretizar tais princípios, a Constituição, em seu artigo 173, § 4º, determina que " a Lei
reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".
Obedecendo o comando constitucional, o legislador impõe a obrigação da prevenção e da repressão às
infrações contra a ordem econômica, justamente para proteger a coletividade, que é a titular dos bens
jurídicos protegidos pela Lei nº 8884/94.
Para dar concretude a esse comando a referida lei confere, aos Conselheiros do CADE, competência para
" determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício de suas funções" bem como adotar
medidas preventivas, fixando o valor da multa diária pelo seu descumprimento.
Tais dispositivos legais conferem ao Conselheiro o poder cautelar para preservar as relações de mercado
inalteradas até a decisão final do Processo, garantindo a perfeita instrução do feito a ser realizada pela
Secretaria de Direito Econômico e (pela) Secretaria de Acompanhamento Econômico.
Invoco, ainda, o disposto no artigo 83 da Lei nº 8884/94, que determina a aplicação subsidiária das
disposições do Código de Processo Civil e das Leis 7347/85 e 8078/90, como fundamento para submeter
a este Plenário, que tem competência para ordenar providências que conduzam à cessação de violação
da ordem econômica, deliberação de adoção de medida cautelar com a finalidade de evitar danos
irreparáveis à concorrência.
Ao socorrer-me do Código de Processo Civil, verifico, no livro do Processo Cautelar, que sempre que o
julgador vislumbrar riscos de danos jurídicos, em razão de demora no julgamento do processo, poderá
determinar medidas cautelares para evitar que uma parte, antes do julgamento, cause ao direito da outra
lesões graves ou de difícil reparação, podendo autorizar ou vedar a prática de determinados atos. A isto
se chama, em Direito, de poder geral de cautela, em que o julgador, por cuidado e para evitar danos em
razão da demora, adota medidas suficientes garantindo a integridade do direito e bom andamento do
processo. O poder cautelar é corolário necessário do poder de decidir.
A aplicação do poder geral de cautela não é estranho (sic) à lei. Pelo contrário, a prevenção está
contemplada de forma genérica, ampla e expressa nos artigos 1º e 9º inciso IV da Lei 8884/94.
Evidente, e até desnecessário ressaltar, que não se trata aqui de pré-julgamento do mérito ou qualquer
intenção de atropelar a instrução processual. Ao contrário, o que aqui se pretende é dar celeridade ao
feito e auxiliar os órgãos responsáveis pela referida instrução .
Em face do exposto, submeto a este Plenário a determinação de adoção de medida cautelar, até a
decisão final deste feito, com o seguinte teor:
1 - que as empresas se abstenham, a partir da publicação deste despacho, de praticar quaisquer atos
decorrentes do contrato já realizado que modifiquem a estrutura, condições ou características do
mercado até agora vigorante, cuja reversibilidade seja onerosa para a coletividade, tais como:
A - o fechamento ou desativação parcial de fábricas;
B - demissão de pessoal como estratégia da integração;
C - cessação do uso de marcas e outros ativos;
D - alteração das estruturas e práticas de distribuição e comercialização;
E - alteração de relações contratuais com terceiros;
F - integração das estruturas administrativas das empresas;
G - adoção de políticas comerciais uniformes .
2 - pelo descumprimento da presente decisão determino a fixação de multa diária de 100.000 ( cem mil)
UFIR(s), nos termos do artigo 25 da Lei n.º 8884/94.
3 – extraiam-se cópias do despacho, para remessa às empresas requerentes, à Secretaria de
Acompanhamento Econômico, à Secretaria de Direito Econômico e à Comissão de Valores Mobiliários.
Determino, ainda, que seja o presente despacho imediatamente encaminhado para publicação no Diário
Oficial da União, para que surtam os efeitos legais.
À consideração do Plenário do CADE,
Brasília, 14 de julho de 1999.
Hebe Teixeira Romano Pereira da Silva
Conselheira-Relatora
Decisão: O Plenário, por unanimidade, declarando-se impedido o Conselheiro João Bosco Leopoldino,
referendou os termos do despacho proferido pela Conselheira Hebe Romano.
Gesner Oliveira - Presidente do CADE.