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É importante ressaltar que quando o tumor surge do canal medular, ele é chamado de
encondroma. Quando desenvolve-se da superfície óssea, chamamos de condroma justacortical
ou periosteal. E já quando eles localizam-se nos tecidos e articulações, chamamos de
condromatose sinovial.
Quanto às características clínicas desse tumor, podemos ressaltar que eles, em geral, são
lesões únicas, benignas e latentes cujo diagnóstico ocorre de forma incidental, devido a
radiografias realizadas por outros motivos. A sintomatologia vai depender do local de origem e
da extensão tumoral.
A radiografia típica desse tipo de lesão apresenta uma calcificação intralesional irregular,
chamada de lesão pontilhada ou “pipoca”. Geralmente não há massa de tecido mole
associada, mas caso seja detectada, é um forte indício de ser um crondrosarcoma, lesão
maligna. Os condromas justacorticais são lesões de até 3cm, de forma bem definida e que
possuem um córtex esclerótico subjacente.
Apesar de a radiografia geralmente ser diagnóstica, outros exames de imagem podem ser
utilizados. A tomografia vai mostrar os detalhes intrínsecos do tumor, como aspecto
algodonoso da matriz do encondroma dos ossos chatos e da coluna. É também o exame que
permite analisar a invasão da cortical óssea pelo tumor, sinal bastante sugestivo de um
crondrossarcoma.
Na ressonância magnética, é possível observar a lesão com sinal baixo ou médio na
ponderação T1 e sinal alto na ponderação T2. Essa primeira imagem mostra a lesão em T1,
mais escura e na T2, mais clara. Enquanto essa última foto mostra a formação cartilaginosa no
centro do canal medular.
A microscopia vai mostrar cartilagem hialina madura. E cabe dizer que a encondromatose
múltipla pode apresentar multicelularidade e atipia celular, características marcantes de uma
lesão maligna. Porém, é difícil a distinção histológica de uma lesão benigna e uma lesão
maligna, por isso a maioria dos tumores é diagnosticada apenas pela associação da clínica do
paciente com os exames de imagem.
CONDROBLASTOMA
Quanto às características clínicas, é relevante frisar que ele se apresenta tipicamente nas
epífises dos ossos longos mas pode acometer também as apófises ósseas e a patela.
Normalmente o paciente se queixa de dor progressiva no sitio da lesão. A queixa articular é
frequente devido à localização epifisária, sendo o derrame sinovial uma das principais
apresentações.
A biópsia revela um tecido muito celular relativamente indiferenciado, composto por células
redondas poligonais semelhantes aos condroblastos e células gigantes multinucleadas do tipo
osteoclástico. Também é possível observar a presença de pequenas quantidades de matriz
cartilaginosa intercelular com zonas de calcificação focal, formando o aspecto conhecido como
tela de galinheiro.
O tratamento de escolha é a curetagem com autoenxertia, sendo uma cirurgia delicada pois há
o risco de lesão da placa de crescimento e da cartilagem epifisária, podendo acarretar falha do
crescimento, angulação do osso ou degeneração articular precoce. A curetagem simples sem
enxertia deixou de ser a escolha pois apresenta maior risco de recidiva. Em 1% dos casos
ocorrem metástases pulmonares benignas e o tratamento recomendado a elas é a ressecção
das lesões.
OSTEOCONDROMA
O osteocondroma é o tumor benigno mais comum, correspondendo a 10% de todos os tumores
ósseos e 30% dos tumores benignos. Eles costumam ser detectados durante a infância e a
adolescência e ocorrem em ossos que possuem ossificação endocondral, mais
especificamente na metáfise deles. Os sítios mais acometidos são a região do joelho, o fêmur
distal, tíbia proximal e úmero proximal. Aproximadamente 1% deles vai sofrer malignização.
A lesão costuma ser de descoberta incidental, quando se vai realizar um exame radiográfico ou
uma palpação de um tumor fixo e denso na região. Normalmente ele se apresenta
assintomático, mas pode causar sintomas mecânicos e neuropatias devido a compressão de
estruturas. Ele possui uma placa de crescimento própria e cresce em direção às diáfises. O
crescimento geralmente freia com a maturidade do esqueleto. Pode haver dor quando há um
trauma direto na região do tumor ou processo inflamatório da bolsa ao redor do tumor. Também
podem ocorrer fraturas da base da exostose, nesse caso o paciente vai se apresentar com dor
localizada.
É importante falar da exostose múltipla hereditária, causada por uma mutação nos genes EXT1
e EXT2. Os acometidos por essa doença normalmente apresentam baixa estatura, rádio
encurvado, assimetria das cinturas pélvica e escapular e afilamento da extremidade distal da
ulna. Na imagem temos a Deformidade de Bessel Hagen. Observamos a presença de um
osteocondroma no rádio com encurvamento e encurtamento da ulna.
A radiografia vai mostrar uma projeção óssea cuja cortical é uma continuidade da cortical do
osso onde ela está localizada e cujo osso esponjoso é continuidade da região metafisária do
osso hospedeiro. Podemos encontrar também a presença de uma capa cartilaginosa irregular
com calcificação irregular. O osteocondroma pode ser séssil ou pediculado. No caso do séssil,
ele tem uma base mais alargada, sendo difícil a diferenciação com lesões malignas. Notar que
no exame (A) a lesão do úmero é séssil (tem base alargada – setas); enquanto que no (B) é
pediculada ou pedunculada (base estreita seta] menor em relação à sua altura).
A tomografia computadorizada irá nos fornecer a real extensão da lesão, pois a capa
cartilaginosa não é vista através da radiografia simples. Já a presença de uma Bursa
inflamatória adjacente a lesão pode ser visualizada na TC ou na RM.
Imagens de ressonância magnética. (A) Imagem sagital ponderada em T1 (notar hipossinal das
corticais do osso e da lesão setas vazadas]; e hiperssinal da medula óssea em ambos setas
cheias]). (B) Imagem sagital ponderada em T2.
O tratamento vai se dar por meio da ressecção cirúrgica, que é indicada apenas aos casos em
que haja compressão de nervos, artérias e tendões, quando há interferência no crescimento da
extremidade óssea e quando há irritação da Bursa. A exostose e o pericôndrio devem ser
removidos em bloco para evitar que uma parte da lesão permaneça no corpo e provoque
recorrência. Os osteocondromas sesséis com contornos regulares não necessitam de
ressecção, já os Osteoncondromas pediculados devem ser retirados para evitar bursites,
lesões tendinosas, lesões nervosas e malignização.
Quanto às características clínicas, é importante dizer que esse tumor vai acometer geralmente
as pessoas com placas de crescimento já consolidadas, dado que sua incidência é maior em
pessoas de 20 a 40 anos. E isso é importante porque a idade vai auxiliar a diferenciação entre
essa lesão e um cisto ósseo aneurismático e um condroblastoma epifisário, que são mais
comuns em uma faixa etária mais jovem. Esse tipo de tumor tem predileção pelas epífises dos
ossos longos, por isso os sítios mais acometidos são o fêmur distal, a tíbia proximal e o rádio
distal. Quanto ao quadro clínico, o paciente normalmente irá se queixar de dor e aumento de
volume, mas ele também pode apresentar sintomatologia articular, como sinovite e aumento
do líquido sinovial. O paciente pode ainda apresentar-se com uma fratura patológica como a
primeira queixa. É valido ressaltar que em casos de tumores localizados na coluna ou no sacro,
comumente o paciente apresenta distúrbios neurológicos como primeira manifestação.
Nesse tipo de tumor, não há formação de osso nem de cartilagem, e sim destruição óssea
induzida pelos osteoclastos. O diagnóstico é feito por meio da radiografia, na qual podemos
observar uma lesão lítica epifisária excêntrica adjacente ao osso subcondral. Esse tumor pode
destruir toda a epífise e chegar até a cartilagem articular. A presença de halos ou anéis de
esclerose é rara e, se presente, geralmente sugere outro diagnóstico. Esse tumor por ser bem
delimitado ou não. Geralmente, com a evolução, o tumor provoca a insuflação do osso cortical
epifisário, promovendo a invasão da região metafisária e consequentemente, a ocorrência de
fratura da extremidade óssea acometida.
Campanacci elaborou uma classificação radiográfica das lesões em três graduações a fim de
escolher o melhor tratamento:
TC do TCG de grau I, com halo de esclerose, bordas bem delimitadas e sem comprometimento
da cortical do osso. Fotomicrografia de TCG corada pela hematoxilina eosina e com aumento
de 100 vezes. Na camada mais superior da lâmina, nota-se a cartilagem articular; na camada
intermediária, a parede espessa e, na camada inferior, o tumor.
II – Ativo com periósteo intacto: parecem ser lesões mais ativas, tendo aparência radiográfica
mais agressiva. São mais extensas mas possuem o periósteo intacto.
Radiografia de TCG de grau II, com bordas bem delimitadas e sem invasão dos tecidos moles
ou da articulação, mas com afilamento e insuflação da cortical do osso. Fotomicrografia de TCG
corada pela hematoxilina eosina e com aumento de 100 vezes. Na camada mais superior da
lâmina, nota-se a cartilagem articular; na camada intermediária, a parede com trabéculas
delicadas e de menor espessura do que na figura anterior, e, na camada mais inferior, o tumor.
III – Agressivo, com invasão dos tecidos moles: Aspecto ainda mais agressivo e estendem-se
além do periósteo e tecidos adjacentes.
Radiografia de TCG de grau III, agressivo, com destruição total do osso e invasão das
articulações ao redor. Fotomicrografia de TCG corada pela hematoxilina eosina e com aumento
de 100 vezes. Na camada mais superior da lâmina, nota-se a cartilagem articular; na camada
intermediária, praticamente não existente e, na camada inferior, o tumor com grande
agressividade.
Outro diferencial é o histiocitoma fibroso benigno, que se localliza nas extremidades dos ossos
longos e alguns autores defendem que ele seja um estágio final de um tcg resolvido.
Cisto ósseo justarticular ou gânglio intraósseo pode ser confundido com o tcg, porém nesse
tipo de lesão é comum que estejam presentes os halos escleróticos.
As fraturas patológicas dos osteocondromas, por exemplo, podem ser tratadas de forma
conservadora ou