● O autor inicia dizendo que a constituição é a maior aquisição das civilizações
modernas e que é parte de um planejamento totalmente intencional e elaborado,
mas logo em seguida ele questiona como é possível pensar em uma evolução constitucional já que estas são dotadas de uma alta elaboração. ● O principal argumento para isso é que as constituições são “cegas”, ou seja,… (desenvolver) ● Os juristas, mesmo considerando que as constituições sejam fruto de um trabalho planejado, admitem que tal elaboração não deva ser determinada em um único processo e uma única vez, na verdade, é preciso que haja um processo de replanejamento, levando em consideração as mutações interpretativas e constitucionais. E ai a gente volta naquela discussão sobre como os valores são modificados com a passagem do tempo. ● É difícil entender quais transformações sociais produziram uma nova necessidade de sentido e foram capazes de modificar a constituição. ● Depois da formulação da constituição dos Estados Unidos, surge o questionamento sobre como um texto jurídico pode se encarregar do problema, ao lhe dar uma forma constitucional e ao impedir qualquer violência. Trata-se de transformar o direito de resistência do povo contra o Parlamento em um ordenamento jurídico. E assim que é instaurado o Parlamento como representação popular, surge uma nova dificuldade: a necessidade de distinguir entre o povo como corpo coletivo e o povo como corpo representativo. ● A reavaliação dos direitos individuais com as suas garantias vinculadas à separação de poderes, dá início à nova ideia de soberania absoluta da constituição. ● A Constituição limita juridicamente as possibilidades de ação de qualquer órgão do estado, ou seja, rompe com onipotência do próprio Parlamento. O que, por sua vez, leva a conclusão de que a Constituição deva ser supra-ordenada (que significa hierarquicamente superior) em relação a todo o demais direito. Ela é uma inovação de origem política no interior do próprio sistema do direito: no passado, havia a idéia de leis particularmente importante e fundamentais, mas não a idéia de que houvesse uma lei que servisse de medida da conformidade ou não-conformidade ao direito de todas as outras leis e atos jurídicos. A Constituição, por sua vez, relaciona-se com o demais direito e contém uma regra de enfrentamento para a hipótese de uma contradição entre ela e o demais direito. ● A constituição se auto-inclui no próprio âmbito de regulamentação, então ela está destinada a se tornar direito velho. Daí a urgência cada vez mais urgente dos problemas de interpretação. ● Todas as demais leis podem agora ser observadas e avaliadas em vista de sua conformidade ou não ao direito, a elas podem ser aplicado o código direito/não-direito, com a única exceção problemática da própria Constituição. Todo o direito é colocado em uma situação de problematicidade, de contingência, de questionamentos, exceto a constituição. Nesse sentido, o Luhmann se questiona como foi possível se alcançar essa posição de exceção. ● Do mesmo modo a idéia segundo a qual a Constituição é um regulamento unitário da política e do direito impede que se indague sobre a evolução dessa estrutura. (DESENVOLVER) ● A justificação da interpretação jurídica da necessidade da constituição é a necessidade de se fundar a validade do direito. Afirmação que leva a posteriormente questionar a fundamentação da validade do direito constitucional. ● Como o resultado de uma longa evolução sócio-cultural, o direito se diferencia na forma de um sistema autoreferencial fechado e isso é considera adequado. O sistema jurídico limita-se a produzir a distinção, para sustentar a sua orientação em direção à própria unidade, com a orientação para o código binário direito/não direito do sistema. O sistema jurídico não faz outra coisa se não desenvolver a sua função de distinguir mediante contínuas operações o direito do não-direito. (DESENVOLVER) ● Positividade significa que o direito só possa ser criado pelo próprio direito e não externamente pela natureza ou pela vontade política. Em outras palavras, o termo positividade não faz mais do que expressar em uma linguagem datada a autodeterminação operativa do direito e não a fundação da validade do direito através de um ato de arbítrio político. Sendo assim, a positividade é a única possibilidade de o direito fundar a sua unidade por si mesmo. (DESENVOLVER) ● Uma das críticas que o Luhmann faz é que o sistema jurídico continua a exigir uma instância superregulativa, entretanto o modo com o qual essa instância é definida tem uma relevância absolutamente secundária. ● Instância que pode ser definida como política, como Estado, como povo ou como natureza. (DESENVOLVER) ● Na positivação do direito expressa-se efetivamente, no entanto, a independência e a autodeterminação do sistema. O que significa que toda imutabilidade, inviolabilidade, superioridade, etc. deve ser construída no interior do próprio sistema jurídico. (DESENVOLVER) ● A Constituição é assim a forma mediante a qual o sistema jurídico reage à sua própria autonomia. Ela substitui o direito natural e o direito racional. A Constituição reconhece a si própria, sendo assim um sistema autoreferencial operativamente fechado. ● O direito é, portanto, a unidade da diferença de dois tipos de texto: o direito constitucional e o outro direito. ● Constituição transforma a idéia já possível segundo a qual todo direito poderia ser válido ou invalido, na idéia de que todo o direito corresponde a - ou contrasta com - a Constituição. E possui a pretensão de indicar com maior precisão qual direito é constitucional (portanto, direito) e qual direito é inconstitucional (portanto, não direito). ● Mas com isso chega-se simplesmente ao problema de se saber como o status excepcional da Constituição pode ter sido, por ele próprio, legitimado e ao mesmo tempo protegido pelas revisões inspiradas na política cotidiana. (DÚVIDA) ● Regular a produção do direito, inclusive a revisão da própria Constituição. Distingue, por exemplo, o direito constitucional (a si própria) do outro direito. Disciplina e delimita as possibilidades de delegação. No mesmo ato, ordena a autodescrição do sistema jurídico e lhe oferece, no mínimo, os pontos de apoio. A Constituição indica, por exemplo, os valores em relação aos quais o direito é funcional. ● É possível concordar que todos os sistemas auto-referenciais organizam a observação das observações e a descrição das descrições internas e se tornam determinações. (DÚVIDA) ● Todo o direito é submetido ao controle de constitucionalidade e o velho direito torna-se facilmente fora de uso em face do novo direito positivado de acordo com a Constituição. ● Os conteúdos normativos dos textos constitucionais não podem ser arbitrariamente escolhidos. Por isso a democracia demanda e necessita de procedimentos. ● Desse modo, a Constituição é o resultado de um desenvolvimento evolutivo, uma aquisição evolutiva que nenhuma intenção pode apreender com precisão.