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Jonasse Paulino João Abudo

Juliana Capacete Armazem

A reforma na África do Egipto

Licenciatura em ensino de História com Habilitações em documentação

Universidade Rovuma

Extensão de cabo delgado

2021
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Jonasse Paulino João Abudo

Juliana Capacete Armazem

A reforma na África do Egipto

O trabalho tem um carácter avaliativo a ser


apresentado no departamento de ciências
sociais e filosófica, recomendado pelo
docente da cadeira de Historia da África:

MA: Mouzinho Manhalo

Universidade Rovuma

Extensão de cabo delgado

2021
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Índice
Introdução.........................................................................................................................................6

Reformas do Egipto: Antecedentes e Reformas de Muhammad Ali................................................7

Localização geográfica do Egipto....................................................................................................7

Antecedentes.....................................................................................................................................8

A Formação do Estado Egípcio Independente.................................................................................9

MEHÉMÉT ALI (1769-1849)........................................................................................................10

Visão de Muhammad `Alī da independência e autonomia do Egipto............................................11

Reformas sob direcção de Muhammad Alī....................................................................................14

Reformas Políticas..........................................................................................................................14

Reformas na Economia...................................................................................................................15

Reformas na agricultura.................................................................................................................16

Reforma social e cultural................................................................................................................18

Conclusão.......................................................................................................................................20

Referências Bibliográficas..............................................................................................................21
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Introdução

Egipto um território norte africano sob contacto constante com outros povos do mundo, o povo
egípcio viveu uma história social, política, económica e cultural influenciada pelos povos de
outros cantos, caso especifico da Ásia, onde se situava o império otomano.

O presente trabalho de investigação pretende fazer abordagem de questões relacionadas com


Reformas do Egipto.

Objectivo geral

 Conhecer as reformas ocorridas no Egipto sob comando de Muhammad Ali,

Objectivos específicos

 Identificar os antecedentes das reformas do Muhammad Ali e Descrever o processo das


mudanças na sociedade, economia e na própria politica egípcia.

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a de consulta bibliográfica, que
consistiu na leitura, criticas e análise das informações de várias obras que debruçam sobre o tema
em causa. Usou-se tambem para complementar a pesquisa, a internet. Os autores das referidas
obras estão devidamente citados dentro do trabalho e na bibliografia final.

O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução, 1. Reformas do Egipto: Antecedentes e


Reformas de Muhammad Ali; Localização geográfica do Egipto; Antecedentes; A Formação do
Estado Egípcio Independente sob Muhammad ‘Ali e Īsmā’īl; Visão de Muhammad `Ali da
independência e autonomia do Egipto; Reformas Muhammad Ali, na política, economia,
sociedade e cultura, Conclusão e referências Bibliografias.

Reformas do Egipto: Antecedentes e Reformas de Muhammad Ali

Pode se considerar reforma as mudanças políticas, sociais, económicas e culturais ocorridas numa
determinada sociedade.
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As mudanças políticas e sociais se devem fazer através de reformas e legislações adequadas às


situações, sem se recorrer á movimentos bruscos e provoquem rupturas incontroláveis.
(ALMEIDA at al 1996:168).

Nesse contexto que o trabalho faz menção das mudanças ocorridas a partir de certos
intervenientes na vida politica desta região em estudo, que de certa maneira afecta as áreas afins,
nomeadamente: economia sociedade e cultuara.

Para melhor contextualização do território em referência, faz-se a localização geográfica do


Egipto no Período em estudo.

Localização geográfica do Egipto

Egipto localiza-se no extremo Norte africano, ocupando uma região geoestratégica devido a sua
localização nas bermas do Mar Mediterrâneo e Mar vermelho que comunica com o Oceano
Indico.

Referir que o seu território se estende ao longo do rio Nilo, um das bacias hidrográficas de
África. Os seus limites são:

 Norte: Mar Mediterrâneo;


 Sul: Sudão;
 Leste: Mar Vermelho dando comunicação ao oceano Índico;
 Oeste: deserto da Líbia fazendo fronteira com a Líbia.

Antecedentes
Em 1516 e 1517, o sultão Selim I derrotou os Mamelucos e o Egipto transformou-se numa
província do Império Otomano, governada por um novo paxá nomeado a cada ano. Refere-se que
a autoridade do Império Otomano era pouca e os paxás tomavam frequentemente decisões à
margem dos desejos do sultão, que se alegrava em receber o tributo, apenas exigindo que as
fronteiras fossem vigiadas para evitar qualquer tipo de invasão. Outrossim, salientar que as
antigas elites mamelucas conseguiram burlar as estruturas administrativas e continuar a governar
8

o Egipto. Embora colaborassem com os otomanos muitas vezes desafiavam o seu poder. Este
período corresponde a um declínio econômico e cultural.

No decorrer do século XVII desenvolveu-se uma elite de mamelucos que usava o título de "bey",
ao mesmo tempo que as guerras entre duas facções de mamelucos acabavam com o país. No
século XVIII, Ali Bey e o seu sucessor, Muhammad Bey, conseguiram fazer do Egipto um
território independente do Império Otomano. Por outro lado, a abertura da rota Europa-Extremo
Oriente, por meio do Cabo da Boa Esperança acabou com o monopólio que o Egipto detinha
sobre essa rota de comércio e iniciou um período de declínio econômico, no qual a população
conheceu um período de penúria e fome. (Disponível em
http://viajeaqui.abril.com.br/estabelecimentos/italia-roma-atracao-basilica-di-san-pietro-basilica-
de-sao-pedro , acesso em 01/03/2017).

O século XVIII egípcio aparece como o laboratório do que será o Egipto renascente.
Primeiramente, a unidade nacional, ou seja, a redução dos diferentes feudos mantidos pelos
mamelucos tanto no delta como no Baixo Egipto, foi tentada por ‘Ali Bey al-Kabīr”. (MALEK
2010:378).

Com o facto relatado pelo autor supracitado, de um Egipto fraco, a França e a Inglaterra
começaram a alimentar ambições em relação ao território. Em 1798 o general Napoleão
Bonaparte invadiu o país para tentar abalar o comércio inglês na região.

Segundo AL-TURK apud MALEK (2010:378),

A ocupação francesa melhorou a situação moral da classe baixa, dos revendedores, carregadores,
artesãos, carroceiros, cavalariços, proxenetas e “prostitutas”: em suma, a escória da população
beneficiava-se da liberdade recém-adquirida; mas a elite e a classe média vivenciaram todo tipo de
problemas, já que as importações e as exportações estavam suspensas.

Autor supracitado refere ainda que houve duas revoltas do Cairo: a primeira, de 21 a 24 de
outubro de 1798, com seus prolongamentos nas cidades e na área rural, em torno dos shaykh e
notáveis do Cairo: dois mil mortos, dez shaykh decapitados, a suspensão do Dīwān consultivo;
por outro, a segunda revolta, bem mais dura, de 20 de março a 21 de abril de 1800, conduzida
pelos paxás ainda ligados a Porta e pelos shaykh de al- Azhar, que provocou uma repressão
generalizada muito dura.
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Outrossim, referir que a condição do Egipto em 1805, era a de uma wilāya, uma província do
Império Otomano. A situação geopolítica do país limitava estreitamente sua margem de manobra.
Todavia, o essencial já estava a postos: um poder de Estado, baseado em uma força militar,
certamente reduzida, porém eficaz, e, sobretudo, sobre uma verdadeira delegação, um consenso
nacional dos notáveis, ‘ulamā’, e dos comerciantes da época, apoiados pelo povo das cidades e
das grandes aglomerações provinciais. Tratar-se-ia, desde logo, de manobrar dentro dos limites
estreitos da geopolítica, isto é, de compreender o “espírito do local topográfico”. (Idem).

A Formação do Estado Egípcio Independente

A legião copta do general Ya’kūb (1800- 1801) e a proclamação pelos seus partidários, os Irmãos
Independentes, da própria noção de um “Egito independente” se apoiaram na França, perante a
supremacia britânica e, consequentemente, desmoronaram com a partida da expedição francesa.
Outro seria o projeto e o curso político de Muhammad ‘Alī. Tratava- se essencialmente de dotar o
Egipto com instituições militares, políticas, econômicas e culturais que fariam dele o centro
motor da reconstituição do Império islâmico, em vez e no lugar da Turquia senescente.

De início, o projeto acima descrito compreendeu os dois círculos da identidade egípcia: egípcia e
islâmica. Durante as campanhas de Muhammad ‘Alī e de Ibrāhīm, tornar- se- ia mais preciso por
tanto, o Egipto apareceria como islâmico, árabe e africano.

Segundo MALEK (2010:381) “A Inglaterra apoiava o partido mameluco, sob a liderança de


Muhammad al-Alfī Bey e, a partir de 1806, incentivou a Porta a demitir Muhammad ‘Alī. Em
1807, a Inglaterra tentou a invasão direta do Egipto; a vitória egípcia de Rāshid (Roseta), em 31
de Março, repeliu ataque”.

Atentando o trecho supracitado referir que Muhammad `Alī, que se apoiava principalmente em
‘Umar Makram, decidiu destruir pela força o poder dos mamelucos no Alto Egipto, ainda mais
por serem aliados dos ingleses: de junho de 1808 a agosto de 1810, ele subjugou o Alto Egipto.
Em 1° de março de 1811,o massacre da Cidadela acabou por eliminar os líderes das tropas
rebeldes que eram um obstáculo a unidade do poder, como também aos planos do novo Vice-Rei.
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Os dados geopolíticos fundamentais foram constantes até a queda de Napoleão; a partir de 1815, o
peso específico da Inglaterra aumentou e novos países entraram na arena, notadamente a Áustria de
Metternich. Foi o momento em que Muhammad `Alī, uma vez reduzido o poder dos mamelucos,

empreendeu a construção do império e da grande obra de regeneração no interior (MALEK


2010:383).

MEHÉMÉT ALI (1769-1849)

(também em árabe Mohamad-Ali ou Mohamad-Ali, ou ainda Muhammad)

A palavra Maomé é uma corruptela hispânica de Mohammed – nome próprio derivado do verbo
hâmada e que significa “digno de louvor”, na religião Islâmica...

Mohammad nasceu no ano de 1769, em Kavala – norte da Grécia (página com a localização de
Cavalla). Quando jovem foi militar e casou com uma mulher divorciada e rica, tendo 3 filhos:
Ibrahim, Tosson e Ismail. Mohammad tornou-se um negociante de tabaco e fez fortuna... Morreu
em Alexandria, no dia 02/08/1849 (dia do meu aniversário, só que 115 anos antes). Disponível
em (www.presidency.gov.eg = História_do_Egito" acesso em 26.02.2017).

Imagem de Mohamad-Ali

Visão de Muhammad `Alī da independência e autonomia do Egipto

Em 28 de Novembro de 1810, Muhammad `Alī teve um encontro secreto com o cônsul da


França, Drovetti, e solicitou- lhe ajudar o Egipto a se separar do Império Otomano.
Simultaneamente, em 25 de novembro, ele pediu a Istambul o reconhecimento do Egipto, simples
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província (wilāya-eyālet), na condição de odjak, gozando da mesma liberdade que Argel a época.
Lançou então seu exército na Arábia (1813- 1819), depois no Sudão (1820- 1823), tendo como
objetivo mais amplo a ocupação da Abissínia. A Inglaterra, que ele bajulou e tentou trazer para a
sua causa, se voltou contra ele, já que penetrou em três áreas de influência - o Mar Vermelho, o
Golfo Pérsico e a Abissínia - indispensáveis para assegurar a rota das Índias. (DRIAULT apud
MALEK 2010:382)

Autor supracitado vai além referindo,

Na realidade, tudo não se resumia a isso: “do Golfo Pérsico ao deserto da Líbia, do Sudão ao
Mediterrâneo, de uma parte a outra do Mar Vermelho, estendendo- se por cinco milhões de
quilômetros quadrados: dez vezes a França, a metade da Europa; um império napoleônico ou
faraônico.” E isto concomitante ao declínio do poderio otomano. Desde então, a “questão egípcia”
deu lugar a “questão do Oriente”, “graças a existência de uma grande força civilizadora no norte da

África” (Idem).

O primeiro choque do senário supra mencionado se deu na Grécia insular (Hidra e Spezzia), em
1827. A poderosa frota de Muhammad `Alī e o exército de seu filho Ibrāhīm concentraram-se
para socorrer o Império Otomano. Negociações se deram em Alexandria entre o coronel Cradock,
enviado especial de Londres, e Muhammad `Alī e seus adjuntos: o tópico não era outro que a
independência, a partir da posição de força egípcia em relação a Porta. Assim, Muhammad `Alī,
como bom estrategista, tentou evitar o confronto armado, na undécima hora; a obstinação do
sultão conduziu diretamente a destruição da frota egípcia, tropa de batalha da frota otomana, em
Navarin (20 de Outubro de 1827). Muhammad `Alī, diante da defecção da França, até então
amiga, se voltou para o Império Otomano.

Face ao senário acima descrito, em 12 de Dezembro, enviou a Porta um plano de regeneração


digno de um estadista: Conhece- se a sequência: a recusa da Porta; a ampliação dos objetivos do
Vice- Rei no mundo árabe, sob a influência de Ibrāhīm; a guerra entre a Turquia e o Egito,
marcada pelas brilhantes vitórias de Ibrāhīm em Koniah, Kutāhiya e Nasībīn; a intervenção das
potências, decididas a abater Muhammad `Alī. De 1831 a 1840, o avanço de Muhammad `Alī
bateu as portas de Istambul; a Santa Aliança de todas as potências europeias salvaria o governo
do sultão para melhor derrubar o único Estado islâmico e oriental capaz de enfrentar a expansão
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colonial europeia, de um lado, e de se encarregar da regeneração das províncias do império, de


sua modernização e de seu renascimento nacional, do outro (MALEK 2010:382).

Referir que após ‘Abbās I (1849- 1854), consentindo com tudo exceto com o governo da Europa,
Īsmā’īl colocou o problema nacional em termos de independência e de soberania. Tratava- se de
reduzir, pela negociação, a dependência do país em relação a Turquia; de reconstituir em seguida
um Estado autônomo e estável, dotado de instituições independentes que seriam estabelecidas
posteriormente.

SAMMARCO apud MALEK 2010:386) refere que,

Em um primeiro momento, Īsmā’īl obteve os firmān (decretos) de 27 de maio e de


15 de junho de 1866, depois aquele de 8 de junho de 1867. Os dois primeiros
estabeleceram no Egito a hereditariedade direta do trono de pai para filho, segundo
o direito primogénito; segundo o “mesmo modo de sucessão da maioria das
dinastias europeias”, e “em ruptura completa com as tradições do mundo islâmico

O firmān de 8 de junho de 1867 criou, para Īsmā’īl e seus sucessores, um título novo, o de
quediva, para melhor distingui- lo dos outros Vice-Reis; outorgou ao quediva do Egito o direito
de promulgação de tanzīmāt, portarias para a administração do país, e de convenções com países
estrangeiros (alfândega, correio, transportes, polícia dos estrangeiros etc.), exceto a dar- lhes o
caráter de tratados internacionais; de fato, um verdadeiro direito de negociação econômica. O
ponto culminante foi atingido com o firmān de 8 de junho de 1873: o Egipto pela primeira vez
designado como “Estado” e não mais como “província” foi assegurado da continuidade do poder
do quediva nas mesmas condições (Idem).

Segundo SABRY apud MALEK (2010:387), a reconstituição do Império egípcio respondia, de


um lado, a “ideia de formar um grande Estado independente” e de “adquirir pela força do
dinheiro” o que Muhammad `Alī tentou em vão obter pela força; do outro lado, a necessidade de
“descobrir na expansão africana esta perspectiva de grandeza e de liberdade que lhe permite
recuperar seu sentimento nacional e desenvolver algumas de suas capacidades que dormiam”.
13

Autor supracitado refere ainda “Īsmā’īl pensava que, ao se servir de novos corpos de oficiais do
exército egípcio para expandir o Egito até o equador, ele conseguiria, de algum modo, criar
para sua independência um refúgio último e inacessível no coração do continente” (Idem).

Atentando os trechos supracitados, salientar que Īsmā’īl cedeu no plano do comando militar
crendo assim que a Grã-Bretanha toleraria sua empreitada africana e nada fez comparável aquilo
que Muhammad ‘Alī tinha executado em termos econômicos e, sobretudo, industriais. O exército,
bem organizado mas comandado por estrangeiros, não dispunha mais, depois do Tratado de
Londres, de uma infraestrutura industrial pujante. O Egito não estava mais em condições de
assegurar sua independência e seu desenvolvimento econômico moderno.

Outrossim, paralelamente a execução deste grande projeto nacional acima descrito, o movimento
representativo, depois constitucionalista, implantou- se e empenhou- se plenamente sob Īsmā’īl.
Já em 5 de outubro de 1798, Bonaparte convocou uma assembleia geral dos notáveis, que levava
o nome de al-Dīwān al- ‘ām. Com Muhammad‘Alī, ainda que a implantação de diversas
instituições próprias de um Estado do tipo moderno comandasse a acção do país inteiro, a ideia
central era aquela da eficiência, a noção de ordem muito mais do que aquela de delegação. Um
novo organismo consultivo, Madjlis al-mushāwara, foi criado em 1829: 156 membros dos quais
23 altos funcionários e ‘ulamā’; 24 ma’mūr de província, 99 notáveis e shaykh provinciais
colocados sob a presidência de Ibrāhīm. Uma assembleia especial, al-Madjlis al- ‘umūmī, foi
criada em 1847 em Alexandria para cuidar dos problemas daquela cidade. Em 1832, a Síria foi
dotada de um conselho de grandes notáveis, composto por 22 pessoas. (Ibidem 2010:389).

Refere-se que o ano de 1875 foi o ponto de virada: o que diva Ismail, diante da penetração
crescente das potências europeias, logo após a escavação do istmo de Suez, lançou- se em uma
luta que lhe custaria o poder e o conduziria ao exílio em 1879.

Reformas sob direcção de Muhammad Alī

Depois de acabada a invasão inglesa de 1807, Muhammad Alī dedicou-se a acabar com as
revoltas constantes dos Mamelucos que ameaçavam a estabilidade do país. Para conseguir tal
objectivo reúne-os na cidade do Cairo em 1811 onde foi organizado o massacre dos Mamelucos.
14

Muhammad Alī declarou-se senhor do Egipto, dono de todas as terras. Ajudado pelos franceses,
organizou um exército moderno e criou uma marinha de guerra. Tomou também uma série de
medidas que pretendiam modernizar a economia do país, ordenando a construção de canais e
fábricas. Ele também instituiu um monopólio estatal sobre o comércio exterior de cana-de-açúcar
e algodão. Nesse período o Egipto aumentou a sua autonomia em relação ao sultão de Istambul e
estabeleceu as bases de uma economia moderna. (Disponível em www.presidency.gov.eg
História_do_Egito" acesso em 12.03.2014).

Reformas Políticas

Uma terra de asilo que mais era um ponto de encontros, de trabalho e de criação intelectuais,
apoiado no único Estado moderno do Oriente dotado de uma infraestrutura material, técnica e
econômica avançada. A luta empreendida pelo Egipto depois do advento de Muhammad ‘Alī
para fundar um Estado moderno, superar quatro séculos de decadência e dotar se de uma
economia avançada apoiada em um exército eficiente e poderoso – luta esta retomada, em
condições infinitamente mais rigorosas, por Īsmā’īl – provocou uma fermentação de ideias e de
movimentos sociais e políticos de grande intensidade:

A imprensa árabe-egípcia e sírio-libanesa, oficial e privada-vivia então em um ambiente


privilegiado de exaltação do sentimento nacional, propício a renovação cultural e ao cruzamento de
ideias. Foi isso, nos parece, mais do que o único fato de ter sido o lugar de asilo preferido a época
no seio do Império Otomano, que constituiu a contribuição fundamental do Egipto ao progresso do
ensino, da imprensa e da publicação das luzes no mundo árabe islâmico de então durante este
período que apareceria, mais tarde, como tendo sido aquele da gestação da revolução e do

renascimento nacionais (idem).

A imitação do Ocidente era vista, com alegria, como uma operação de superfície-um espelho do
ser possível, já que não podia se tratar de um possível atualizável: a vestimenta; o urbanismo; a
música sob a forma de ópera, mas também de composições militares; o teatro, sobretudo; esboços
de romance.

MALEK (2010:402) refere que,


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Obviamente que os salões não poderiam mascarar o essencial, isto é o ressurgimento do Estado
nacional. Eles não conseguiriam mais atenuar, nem que fosse por um momento, a voz do país
profundo. Esta, tal como a expressam os ditados, os provérbios e os costumes, era impregnada por
um sentimento de usurpação não no imediato, mas através e no final de uma história milenar;
porém, uma usurpação impensável, tao profundo era o enraizamento de cada um na gleba
imemorial. A sensibilidade popular viria a tona através de moldes e de fórmulas expressando a
necessidade de mediações viáveis.

Reformas na Economia

O primeiro ponto a sublinhar é que Muhammad `Alī criou uma economia nacional em vez de
uma simples economia local, como era o caso na maioria dos países orientais desta época.

Segundo MALEK 2010:389) ” A economia autárquica desejada por Muhammad ‘Alī serviria ao
seu propósito de fundar um Estado nacional egípcio moderno no coração do seu império. Apesar
da interrupção de 1840, Īsmā’īl poderia retomar a via de Muhammad ‘Alī”.

A pressão, depois a penetração do grande capital internacional, enfim a ocupação do Egipto em


1882 acresceriam a este primeiro factor dois outros de importância: de um lado, a criação de um
mercado nacional unificado, particularmente graças as grandes obras empreendidas por Ismā‘īl;
depois, de outro lado, a integração económica egípcia no circuito da economia internacional pelo
viés de empréstimos e, sobretudo, pela monocultura do algodão.

Muhammad ‘Alī considerava a economia como o fundamento da política – a razão pela qual este
sutil oficial albanês alçou o posto de estadista. O Estado que ele tentava edificar, na ocorrência,
estava concebido no início, em 1805, como uma formação étnica centrada em torno de um exército

poderoso e eficaz, apoiando - se ele próprio em uma economia moderna e autárquica. (MALEK
apud MALEK, 2010:392).

Refere-se que de 1818 a 1830, ele criou as grandes unidades industriais: as fábricas de armas e de
canhões da Cidadela, que atingiu seu apogeu em 1828 sob Adham Bey; a fábrica de canhões do
Arsenal; a fábrica de fuzis de al- Hūd al- Marsūd (1821), as cinco fábricas de pólvora produzindo
15.874 kantār (1 kantār = 45 quilos) em 1833; o arsenal marítimo de Alexandria, criado por
Lefébure de Cerisy em 1829, o qual substituiu um mestre artesão genial, Hadjdj ‘Umar; depois a
doca seca construída por Mougel, em 1844. De toda esta infra-estrutura, o marechal Marmon e
16

Clot Bay seriam os observadores admiradores e surpresos. No plano da indústria “civil’’, trinta
fábricas de fiação e tecelagem de algodão foram criadas, tanto no Baixo Egito como no Alto
Egito; as fábricas do Cairo forneciam as provinciais as máquinas, as ferramentas, as peças
sobressalentes, os materiais de construção e os técnicos para a manutenção das instalações
(Idem).

Outrossim, referir que a produção era suficiente para as necessidades do país e permitia, ao
mesmo tempo, substituir as importações por produções locais e obter lucros da ordem de 100%
para o Tesouro Público. Três fábricas de tecelagem de la foram fundadas em Būlāk, Damanhūr e
Fuwwa, assim como uma grande fábrica de seda em Khurunfish (1816) e numerosas fábricas de
linho através do país; Três refinarias de açúcar; dezassete fábricas de índigo; duas grandes
fábricas de vidro; o curtume de Rosette (1827) e a fábrica de papel do Cairo (1834); seis fábricas
de salitre instaladas por um francês, Haim. O ponto fraco já era o que frearia a industrialização
um século mais tarde: falta de minerais essenciais, o ferro e o carvão, e a dificuldade de obter
uma força motriz suficiente.

Reformas na agricultura

Segundo MALEK (2010:392) “A própria agricultura ocupou, muito naturalmente, o primeiro


lugar nas reformas econômicas. No final do século XVIII, todas as terras, excepto as wakf, se
encontravam repartidas entre os multazim, cuja tarefa principal era “coletar e enviar a receita
devida por sua vila ou suas vilas ao Tesouro, central ou provincial”.

Os dois milhões de faddān (1 faddān = 0,56 hectares) que constituíam a superfície cultivável do
Egito, em 1805, se repartiam em seis categorias: as terras ab ‘ādiyya, shflik ou jiflik, isto é,
200.000 faddān distribuídos por Muhammad ‘Alī aos membros de sua família, aos dignitários e
aos comandantes militares, terras isentas de impostos; as terras dos mamelucos, na Cidadela
(1811), em seguida, sua liquidação no Alto Egipto (1812) para converte-las em terras awsiya,
100.000 faddān dados em compensação aos mamelucos, a fim de não privar suas família de todos
os recursos; as terras dos shaykh, ou masmūh al-mashāyekh wal-masāteb 4% da superfície
cultivável de cada vila, em um total de 154.000 faddān dados aos ‘ulamā’ que ocupavam
igualmente as funções de multazim; as terras rizka, 6.000 faddān isentos de impostos dados de
17

presente aos especialistas estrangeiros trabalhando no Egipto; as terras athar, as quais


permaneciam disponíveis foram dadas aos fallāhin; finalmente, as terras dos ‘erbān, nas quais
Muhammad ‘Alī desejava que os beduínos se fixassem. Refere-se ainda que dada esta política de
repartição das terras, o Vice-Rei apareceu a seus contemporâneos “como o agressor dos direitos
adquiridos, o destruidor das casas prósperas, o homem que toma o que está nas mãos de outrem e
lhe tira os seus meios de subsistência (Idem).

Salientar que foi Muhammad ‘Alī que diversificou as lavouras e, sobretudo, intensificou a
lavoura de algodão, desde 1821, sob o conselho de Jumel, o qual deu seu nome a uma nova
variedade de algodão de fibra longa. Esta, bem como o algodão do tipo americano “Sea Island”,
forneceu ao Estado, detentor do monopólio sobre o comércio exterior, receitas apreciáveis, já que
a colheita de 1845 atingiu 424.995 kantār, produzidos em 212.473 faddān, isto é um aumento de
400% em vinte anos; um máximo de 80.000 kantār foram para as fiações egípcias; restando por
volta de 344.995 kantār para a exportação.

Os especialistas concordam em louvar a política de modernização agrícola do Vice - Rei, como


refere RIVLIN apud MALEK (2010:393)

além de tudo, ele forneceu o capital indispensável para transformar a economia agrícola egípcia,
de uma economia de subsistência para uma economia de lavouras comerciais e o fez sem
sacrificar a produção de cereais sobre a qual a economia agrícola egípcia baseara- se desde
sempre.

Reforma social e cultural

Uma nova era começava, aquela da reconquista da identidade, objetivo das civilizações da fase
“nacionalitária”. Ela se faria em um quadro nacional, com a ajuda do pensamento radical e da
crítica dupla do patrimônio nacional e das contribuições estrangeiras, de modo que “a pátria seja
o local de nossa felicidade comum, que construiremos pela liberdade, pelo pensamento e pela
fábrica”. Sua obra mestre, Manāhedj al. albāb al. Missriyya fī mabāhedj al. ādāb al’ asriyya (As
vozes dos corações egípcios rumo as alegrias dos costumes contemporâneos), marcou, em 1869,
a junção entre o pensamento nacional e a abertura para o socialismo.

Segundo MALEK (2010:399),


18

Instrumentos de vanguarda, as missões escolares na Europa, principalmente na França, seguida


pela Inglaterra, pela Áustria, pela Itália, pelos Estados alemães e, mais tarde, pelos Estados Unidos
da América, não assegurariam, em si só, a estrutura de um sistema pedagógico na escala de um
país inteiro e de suas necessidades.

Refere-se também que os esforços aparecem, em retrospectiva e particularmente em comparação


com a acção executada pela ocupação britânica, como verdadeiramente imponentes. A
diferenciação estabeleceu - se entre os dois tipos de ensino, clássico tradicional e moderno, em
função do legado egípcio, de um lado, das exigências do Estado militar e do renascimento
cultural, do outro. A rede de escolas especiais superiores – única no mundo não ocidental a época
– que caracterizava o reinado de Muhammad ‘Alī se duplicaria com a instituição de um
verdadeiro sistema de ensino nacional, sob Ismā‘īl, graças particularmente a ‘Alī Mubārak, após
um interlúdio que permitiria as missões religiosas europeias e americanas se implantarem, no
momento da penetração imperialista, apesar de uma oposição tenaz da Igreja copta. O conjunto
destas iniciativas e desta reflexão dotaria o Egipto, em meio século, de uma só vez de um sistema
de ensino moderno e nacional, dos principais elementos de uma universidade de qualidade real,
de uma rede diversificada de instituições científicas e de um programa pedagógico baseado nos
valores humanistas, científicos e racionalistas modernos. Foi neste último campo que se
encontraram, naturalmente, as dificuldades mais sérias, tanto é verdade que é mais fácil modificar
as instituições do que remodelar as mentalidades.

A conjunção das missões escolares e da ascensão das novas elites do poder, assim como a
emergência de novas camadas sociais, particularmente nas cidades, graças a acção política e militar
do Estado, suscitariam um poderoso movimento de imprensa e editorial, no qual o impulso e o
controle estatais – a partir da criação de um diário oficial al-Wakā ’i‘ al-Misriyya (1828)
permitiriam contudo uma margem para iniciativas privadas (al-Ahrām foi criado em 1876)

(Ibidem:400).

É preciso notar que foi o Egipto, a única entre todas as províncias do Império Otomano, que
ofereceu asilo aos intelectuais, pensadores, escritores e editores perseguidos pela Porta, na
realidade a terra de asilo privilegiado, em função de seu caráter oriental e islâmico, mas também
organicamente interligado ao movimento da Europa moderna.
19

Conclusão

Com o trabalho intitulado Reformas do Egipto: antecedentes e Reformas de Muhammad Ali,


Percebe-se que em 1516 e 1517, o sultão Selim I derrotou os Mamelucos e o Egipto transformou-
se numa província do Império Otomano, governada por um novo paxá nomeado a cada ano. A
autoridade do Império Otomano era pouca e os paxás tomavam frequentemente decisões à
margem dos desejos do sultão, que se alegrava em receber o tributo, apenas exigindo que as
fronteiras fossem vigiadas para evitar qualquer tipo de invasão.

Percebe-se ainda que as antigas elites mamelucas conseguiram burlar as estruturas


administrativas e continuar a governar o Egipto. Embora colaborassem com os otomanos muitas
vezes desafiavam o seu poder. Este período corresponde a um declínio econômico e cultural.
Neste contexto de um Egipto fraco, a França e a Inglaterra começaram a alimentar ambições em
relação ao território. Em 1798 o general Napoleão Bonaparte invadiu o país para tentar abalar o
comércio inglês na região.

Outrossim, depois de acabada a invasão inglesa de 1807, Muhammad Ali dedicou-se a acabar
com as revoltas constantes dos Mamelucos que ameaçavam a estabilidade do país. Para conseguir
tal objectivo reúne-os na cidade do Cairo em 1811 onde foi organizado o massacre dos
Mamelucos.

Após os senários acima referenciados, Muhammad Ali declarou-se senhor do Egipto, dono de
todas as terras. Ajudado pelos franceses, organizou um exército moderno e criou uma marinha de
guerra. Tomou também uma série de medidas que pretendiam modernizar a economia do país,
ordenando a construção de canais e fábricas. Ele também instituiu um monopólio estatal sobre o
comércio exterior de cana-de-açúcar e algodão. Nesse período o Egipto aumentou a sua
autonomia em relação ao sultão de Istambul e estabeleceu as bases de uma economia moderna.
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Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Domingues de Almeida at al. Dicionário Breve de História. Editorial

Presença. Lisboa. 1996

MALEK, Anovar Abdel. O Renascimento do Egipto (185-1881) in: História Geral de

África VI. África do Século XIX à Década de 1880. Brasília. UNESCO. 2010.

http://viajeaqui.abril.com.br/estabelecimentos/italia-roma-atracao-basilica-di-san-pietro-basilica

De-sao-pedro, acesso em 01/03/2017.

www.presidency.gov.eg = História_do_Egito" acesso em 26.02.2017.

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