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DATA: 20/11/2019 SALA: ORDEM:
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Leia a descrição que o historiador da arte Jorge Coli (2002, p. 8) faz do quadro ao
lado:
... ao isolar seu caipira, dispondo-o para o espectador como pessoa solitária e
despojada, representando-o no manejo pacífico de instrumentos que guardam
a latência agressiva porque podem se metamorfosear em armas, Almeida Júnior
intuiu, com seus meios de pintor, muito do que a sociologia viria, mais tarde,
analisar. Sem nenhuma concessão a um pitoresco feito de detalhes supérfluos, o
picador de fumo, na sua postura concentrada, expondo de modo tão crucial sua
faca, interpondo-a de fato entre si mesmo e o espectador, protege-se, protege sua
autonomia individualizada, protege, pela violência possível, o lugar frágil que
ocupa no mundo.
Diante das diferenças interpretativas do quadro de Almeida Júnior e do personagem por ele retratado, desenvolva uma análise acerca da
ambivalência das leituras acima apresentadas. Reflita sobre o poder da arte, em especial da pintura, de criar e fixar imagens de tipos nacionais.
Estes, como se sabe, servem de modelo para generalizações mais amplas em torno de comportamentos coletivos e de valores sociais.
Mais do que emitir seus juízos de valor pessoais, concentre-se, no desenvolvimento da resposta, nos aspectos do caipira salientados por Jorge
Coli, em contraponto às características do Jeca Tatu, tais como propostas por Monteiro Lobato.
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O Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, analisa, entre outros fenômenos, o impacto e o sentido das profundas transformações
sociais causadas pela Revolução Industrial. O livro foi escrito em dezembro de 1847 e publicado pela primeira vez em Londres, no mês de fevereiro de 1848.
Na primeira parte do texto, os autores dizem:
A burguesia submeteu o campo à cidade. Criou grandes centros urbanos; aumentou prodigiosamente a população das cidades em relação à dos campos e,
com isso, arrancou uma grande parte da população do embrutecimento da vida rural. Do mesmo modo que subordinou o campo à cidade, os países bárbaros ou
semibárbaros aos países civilizados, subordinou os povos camponeses aos povos burgueses, o Oriente ao Ocidente (2005, p. 14).
Tendo ainda por parâmetro a representação pictórica da tela de Almeida Júnior, reproduzida na questão 1A, descreva até que ponto a imagem sugerida pela
tela confronta-se tanto com os princípios dialéticos de mudança econômica do capitalismo na modernidade quanto com as ações esperadas de trabalhadores
e operários na luta por emancipação e por conquistas sociais.
Em seguida, examine como o sentido da cultura caipira no contexto brasileiro pode ser contraposto à nova dinâmica histórica e internacional proposta pelo
filósofo alemão Karl Marx na interpretação da sociedade moderna do século XIX, tal como enuncia no seu Manifesto (1848).
NOTA
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Em 2006, o cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu lançou o filme Babel, produção milionária e com atores hollywoodianos. Babel arrebatou uma série
de prêmios internacionais, a exemplo do Oscar de Melhor Filme, e recebeu elogios da crítica cinematográfica especializada. Sua sofisticada trama superpõe 4
enredos distintos, passados em países diferentes entre si, como Estados Unidos, Japão, Marrocos e México. Apesar da distância e do paralelismo aparente, a
narrativa do filme entrecruza seus personagens e suas histórias. Ao acentuar as dificuldades de comunicação no mundo contemporâneo, a película tematiza
assuntos caros ao século XXI, como a migração, o terrorismo, a estrutura familiar e o choque entre culturas.
A propósito, o tema da globalização é caro a muitos teóricos, como o sociólogo Anthony Giddens, assunto apresentado e desenvolvido em seu livro Mundo em
descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. Uma das ideias centrais do livro encontra-se na seguinte passagem:
O campo de batalha do século XXI irá opor o fundamentalismo à tolerância cosmopolita. Num mundo globalizante, em que informação e imagens são
rotineiramente transmitidas através do mundo, estamos todos regularmente em contato com o que os outros pensam, e vivem, de maneira diferente de nós.
Os cosmopolitas acolhem essa complexidade cultural e a abraçam. Os fundamentalistas a veem como perturbadora e perigosa. Seja nos campos da religião, da
identidade étnica ou do nacionalismo, eles se refugiam numa tradição renovada e purificada – e, com muita frequência, na violência (p. 16).
Nesse sentido, desenvolva uma análise do filme, de modo a salientar como o cinema de Iñárritu aprofunda essas questões típicas da contemporaneidade. Para
tanto, embase sua resposta no suporte conceitual das reflexões do sociólogo supracitado.
RESPOSTA
NOTA
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Claro enigma, publicado em 1951, é um livro de poemas de Carlos Drummond de Andrade, marcado pela preocupação com a existência humana, em sua
dimensão mais filosófica e introspectiva. Do conjunto da obra, selecionamos a poesia “Um boi vê os homens”, que torna o comportamento do homem um
objeto de estranhamento e de reflexão inusitada, por parte de uma espécie de animal-observador.
A partir da crítica perspicaz e sutil contida na poética drummondiana, estabeleça um paralelo entre a questão acima observada – os limites e os hábitos do
homem vistos por um animal – à luz do ensaio filosófico de Immanuel Kant “Resposta à pergunta: que é o Esclarecimento?”, escrito no final do século XVIII,
do qual reproduzimos o trecho a seguir:
É difícil, portanto, para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza. Chegou mesmo a criar amor a
ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar seu próprio entendimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder. Preceitos e fórmulas,
estes instrumentos mecânicos do uso racional, ou, antes, do abuso de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só
seria capaz de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não está habituado a este movimento livre. Por isso são muito poucos aqueles que
conseguiram, pela transformação do próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então uma marcha segura (p. 1-2).
Para a elaboração da resposta, leve em consideração o modo de entendimento do filósofo acerca de temas como maioridade e menoridade, liberdade e
servidão, razão e emoção, ciência e religião. Ao delinear a questão, mostre como o pensador alemão entendia o sentido necessário a ser adotado pelo ser
humano com vistas a conquistar a sua própria emancipação.
Não deixe de considerar também o período histórico em que cada texto – o poema e o ensaio filosófico – foi produzido.
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Em novembro de 1987, a banda de rock brasileira Legião Urbana lançava seu terceiro álbum e conquistava a preferência musical de parcelas expressivas da
juventude e da sociedade brasileira. Mais de 1.5 milhão de cópias foram vendidas, um número extraordinário para os padrões da época. Com sentido de
protesto, uma das letras do LP aludia, em tom metafórico, aos perigos ambientais da construção da usina nuclear de Angra dos Reis. Já o hit da faixa Que país é
esse? dava nome ao novo disco do grupo brasiliense, comandado por Renato Russo, ícone da geração que crescera no Brasil no contexto da redemocratização.
Com base no período histórico em que foi composto o disco, os anos 1980:
1) Proponha, por meio da análise de passagens da letra acima transcrita, uma interpretação da canção. Diante deste objetivo, evite juízos de valor e expressões
do senso comum, procurando refletir em que medida a música pode vocalizar sentimentos geracionais e insatisfações coletivas.
2) Avalie, assim, qual deve ser a fronteira entre a criação artística e a denúncia social, em um país marcado por acentuadas disparidades econômicas, bem
como enfatize qual a capacidade de uma canção transcender gerações e exprimir, ainda nos dias de hoje, pautas identitárias e questionamentos políticos
importantes.
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QUESTÃO 1A