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Disúria

A disúria é definida como a micção dolorosa ou dificuldade de urinar e tipicamente se


manifesta como polaciúria (frequência excessiva, porém com pequenos volumes de urina) e
estrangúria (esforço ao urinar devido aos espasmos da bexiga e da uretra). Está
frequentemente associada às desordens do trato urinário inferior, especialmente cistites,
uretrites, cálculo vesical, neoplasia vesical e obstrução da uretra por cálculo ou neoplasia
(Quadro 41-2). A disúria também pode estar associada a doenças inflamatórias ou neoplásicas
do trato genital (p. ex., glândula prostática, vagina). Geralmente é observada a lambedura da
região genital em cães e gatos com desordens disúricas. Cães com hérnia perineal podem
apresentar disúria.

Durante a anamnese, é importante realmente esclarecer o que o proprietário está


observando. Muitos proprietários não conseguem prontamente diferenciar o esforço de um
cão ou gato para urinar de um esforço para defecar. Assim, algumas vezes os proprietários
acreditam que o animal está constipado, quando de fato o esforço é para urinar. Os
proprietários também relatam que seu cão apresenta incontinência porque encontram urina
em locais inapropriados da casa. Embora cães com incontinência urinária frequentemente
deixem os locais onde se deitam molhados, cães com poliúria-polidipsia (PU-PD) urinam
voluntariamente, porém em locais e horários inapropriados porque não têm acesso ao
ambiente externo de maneira suficiente para eliminar seu grande volume de produção de
urina. Uma anamnese cuidadosa é muito importante para compreender o problema.

Cães e gatos com disúria assumem a postura normal para urinar, mas gastam uma enorme
quantidade de tempo tentando urinar e muitas vezes liberam apenas pequenos volumes de
urina. Esses animais mudam de posição, postura, levantam-se, movem-se para outro local
repetidamente. Mesmo com a bexiga vazia, a irritação da mucosa resulta em repetidas
tentativas de micção, sem sucesso. Gatos com obstrução uretral, por vezes, vocalizam
angustiados durante as tentativas de urinar. É importante nessa situação clínica avaliar a
presença de obstrução uretral. A obstrução uretral completa é rapidamente identificada
durante a palpação abdominal devido à presença de uma bexiga túrgida, bastante repleta e
dolorida, enquanto uma bexiga pequena e dolorida sugere cistite com ausência de obstrução.
Deve-se ter cautela para evitar grande pressão da bexiga durante a palpação em casos nos
quais há suspeita de obstrução.
A observação do animal durante a micção pode ser valiosa para a identificação de problemas
como disúria. A tentativa de sondagem permite que o clínico rapidamente determine se a
uretra está livre ou obstruída. Massas e cálculos são mais facilmente detectados pela palpação
quando a bexiga está vazia ou parcialmente repleta. A presença de vários pequenos cálculos
produz a sensação de crepitação durante a palpação, enquanto pode ser difícil diferenciar um
cálculo grande e único de um tumor ou um grande coágulo. A palpação retal deve ser realizada
em todos os pacientes com disúria, sendo machos ou fêmeas. A palpação retal não só é
importante para a avaliação da glândula prostática em machos, mas também permite a
identificação de tumores uretrais e uretrite proliferativa em fêmeas. O períneo deve ser
examinado em busca de hérnia perineal e o pênis deve ser totalmente exposto para a
detecção de lesões como aquelas produzidas pelo tumor venéreo transmissível em cães
machos.

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