Você está na página 1de 1

• ADMINISTRAÇÃO

A NOVA FRONTEIRA
O dinheiro veio em parte das econo-
mias geradas pela redução das inefi-
ciências. O índice de desperdício foi
.Ao.
reduzido de 20% para 2,3%. Os esto-

DA EXCELENCIA ques intermediários caíram de noventa


dias para apenas quinze dias. Em
1989, a Rossi tinha 1 750 empregados
o programa de qualidade já deu tudo o que podia? e cada um produziu 0,85 arma por dia.
Hoje, cada um dos 1 250 empregados
Chegou, então, a hora do kaikaku faz 1,66 arma por dia.
A Rossi escolheu a substituição de
sa importou da Espanha duas máquinas máquinas para fazer seu kaikaku. Mas
novas. Cada uma delas faz sozinha as o conceito não se resume a esse cami-
oa parte das empresas já deve ter oito operações. A produção diária cres- nho. O salto pode ser dado de várias

B _
enfrentado este dilema: depois de
anos e anos investindo em pro-
gramas de qualidade e produtivi-
ceu para 1 080 armas e, até o final do
ano, deve chegar a 1 250 armas.
formas. "As possibilidades são muitas:
uma nova fábrica, uma nova linha de
produção, uma tecnologia nova, um
dade, os resultados começam a rarear. INVESTIMENTOS - O kaikaku não se novo local para a fábrica", diz Rossi.
O níveis de refugo já não caem como contrapõe a outro conceito japonês, o "Na nossa empresa começamos elimi-
antigamente, os índices de produtivida- kaizen, a busca contínua da melhoria. nando os gargalos da produção." Na
de deixaram de dar saltos espetacula- "Eles são complementares", diz Rossi. Rossi, o termo kaikaku foi ouvido pela
res, os clientes não elogiam a evidente "Depois de um kaikaku, o kaizen reco- primeira vez no início da década de 90,
melhoria de qualidade. Problemas com meça." O kaikaku pode ser feito várias durante uma palestra do consultor
o programa de qualidade total? Não vezes, em momentos diferentes, em Vicente Falconi, da Fundação Chris-
exatamente. O que acontece é que pode diferentes processos, conforme os tiano Ottoni de Belo Horizonte. Se-
ter chegado a hora do kaikaku, uma ganhos do kaizen esgotem~se. Outra: de gundo Falconi, o kaikaku faz parte do
técnica de gestão japonesa pouco certa forma, os programas de qualidade modelo evolutivo dos programas de
difundida no Brasil. Trata-se de uma criam as condições para a adoção do qualidade total. Desde que o adotou, a
mudança radical no parque de máqui- kaikaku. Eles geram economias, cujo Rossi vem conseguindo melhorar seu
nas, que só deve ser adotada depois de destino pode ser utilizado na compra de desempenho. Em 1994, seu faturamen-
extraídas todas as possibilidades de máquinas. Desde o ano passado, a Ros- to cresceu 27% e chegou aos 37
melhorias nos antigos equipamentos. si dá prioridade aos investimentos em milhões de dólares. Em 1995, deve atin-
No ano passado, a gaúcha Rossi, máquinas, equipamentos e instalações. gir 51 milhões de dólares. Cerca de
maior fabriCante de armas do país, ado- Depois de anos sem desembolsar 1 tos- 80% desse total vêm do exterior.
tou o kaikaku na área de montagem de tão nesse departamento, a empresa gas- "Ainda teremos muitos kaizen e muitos
corpos dos revólveres. A atividade exi- tou 3,4 milhões de dólares. Só nos pri- kaikaku na Rossi", diz Rossi. "Afinal,
gia oito operações, realizadas em oito meiros quatro meses deste ano, investiu programas de qualidade total não ter-
. máquinas diferentes. O programa de mais 2,7 milhões de dólares. minam nunca." •
qualidade e produtividade, criado há
cinco anos, ajudou a empresa, baseada
em São Leopoldo, no Rio Grande do
Sul, a tirar o máximo desse processo
- nesse período, a produção diária sal-
tou de 630 para 940 armas, em três tur-
nos de trabalho. A certa altura, no
entanto, a Rossi não conseguia ultra-
passar esse teto. Além disso, a qualida-
de era ameaçada nas mudanças da peça
de uma máquina para outra. "Está-
vamos no limite de desempenho dessa
linha produtiva", diz Luciano Rossi, di-
retor industrial da Rossi. Ele, enfim, re-
solveu apelar para o kaikaku. A empre-

Luciano Rossi: "Depois do


kaikaku, o kaizen recomeça"

Você também pode gostar