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31/05/2022 17:08 A idade e o aprendizado de línguas

A idade e o aprendizado de línguas


Ricardo E. Schütz
Available since: June 2003
Last revision: December 2019

We are designed to walk ... That we are taught to walk is impossible. And pretty
much the same is true of language. Nobody is taught language. In fact you can’t
prevent the child from learning it.

Noam Chomsky, The Human Language Series 2 (1994)

Já na Babilônia e no antigo Egito o homem procurava entender a complexidade de


suas habilidades cognitivas, e especialmente a capacidade de assimilar e usar línguas.

Hoje, o que se aceita de forma geral, com base no que as ciências da neurolinguística,
da psicologia e da linguística oferecem, é uma série de hipóteses que procuram
explicar esta habilidade exclusiva do ser humano. Essas hipóteses são resultado de
estudos científicos que ajudam a explicar, não só o desempenho cognitivo do ser
humano, mas também as diferenças entre crianças e adultos.

A idade crítica

Não há dúvida de que existe uma idade crítica (como propõe Lennenberg), a partir da
qual o aprendizado começa a ficar mais difícil e o teto começa a baixar. Este período
parece situar-se entre os 12 e os 14 anos, podendo entretanto variar muito conforme a
pessoa e, principalmente, conforme as características do ambiente linguístico em que o
aprendizado ocorre. As limitações que começam a se manifestar a partir da puberdade,
como mostra o gráfico ao lado, são mais evidentes na pronúncia.

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O estudo dos diferentes fatores que afetam o desenvolvimento cognitivo do ser


humano pode ajudar a explicar o fenômeno da idade crítica. Os principais fatores são:

fatores biológicos
fatores cognitivos
fatores de ordem afetiva
o ambiente e o input linguístico

Leia sobre o caso "Genie", demonstrando a hipótese da idade crítica para


desenvolvimento da linguagem: https://www.sk.com.br/sk-genie.html

Fatores biológicos
Os órgãos diretamente envolvidos na habilidade linguística do ser humano são o
cérebro, o aparelho auditivo e o aparelho articulatório (cordas vocais, cavidades bucal
e nasal, língua, lábios, dentes). Destes, sem dúvida, o cérebro é o mais importante.

A hipótese da lateralização do cérebro - Pesquisas no campo da neurologia


demonstram que os dois hemisférios cerebrais desempenham diferentes funções.
O lado esquerdo é o lado lógico, analítico; enquanto que o direito é o lado criativo,
artístico, sensível à música, responsável pelas emoções e especializado em
percepção e construção de modelos e estruturas de conhecimento. O hemisfério
direito seria, por assim dizer, a porta de entrada das experiências e a área de
processamento dessas experiências para transformá-las em conhecimento.

Sabe-se também que a lateralização do cérebro ocorre a partir da puberdade. Ou


seja, no cérebro de uma criança os dois hemisférios estão mais interligados do
que no cérebro de um adulto, correspondendo esta interligação ao período de
aprendizado máximo. A assimilação da língua ocorreria via hemisfério direito para
ser sedimentada no hemisfério esquerdo como habilidade permanente. Portanto,
o desempenho superior das crianças estaria relacionado à maior interação entre
os dois hemisférios cerebrais.

Acuidade auditiva - É sabido que crianças e adolescentes possuem uma


acuidade auditiva superior. Fato curioso e ilustrativo disto, é uma controvérsia na
Inglaterra a respeito de um dispositivo, lançado no mercado em 2006, que emite
um som desagradável aos ouvidos, som este que só crianças e jovens de até
cerca de 25 anos conseguem ouvir. O aparelho tem sido usado para evitar
aglomeração de jovens frente a lojas, escolas, etc. Notícia recentemente
publicada em um site de notícias diz:

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Ultrasonic anti-teen device - Feb 12, 2008

The creators of a pioneering device that uses high-frequency sound to stop


teenagers congregating outside shops, schools and railway stations reacted
angrily today to news that the government-appointed Children's Commissioner
wants to see it banned.

The £500 Mosquito device has been installed at some 3,500 locations across
the country since it first went on sale in January 2006. It emits an irritating,
high-pitched sound that can only be heard by children and young people up
into their early twenties, forcing them to move on.

(Their sound causes discomfort to young ears - but their frequency is above the
normal hearing range of people over 25.)

But Sir Albert Aynsley-Green, the Children's Commissioner for England


appointed to represent the views of the country's 11 million children, has set up
a campaign – called Buzz Off – that is calling for the Mosquito to be banned on
grounds that it infringes the rights of young people.

Meanwhile in the US students are using a new ring tone to receive messages
in class — and many teachers can't even hear the ring.

Some students are downloading a ring tone off the Internet that is too high-
pitched to be heard by most adults. With it, high schoolers can receive text
message alerts on their cell phones without the teacher knowing.

As people age, many develop what's known as aging ear — a loss of the ability
to hear higher-frequency sounds.

Além da capacidade auditiva superior, uma provável maior flexibilidade muscular do


aparelho articulatório também ajudaria a explicar o fenômeno da marcante
superioridade infantil no processo de assimilação de línguas.

Fatores cognitivos

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Formação da matriz fonológica - O adulto monolíngue, por já possuir uma matriz


fonológica sedimentada, se caracteriza por uma sensibilidade auditiva amortecida,
treinada a perceber e produzir apenas os fonemas do sistema de sua língua materna.
A criança, por sua vez, ainda no início de seu desenvolvimento cognitivo, com filtros
menos desenvolvidos e hábitos menos enraizados, mantém a habilidade de expandir
sua matriz fonológica, podendo adquirir um sistema enriquecido por fonemas de
línguas estrangeiras com as quais vier a ter contato.

Assimilação natural x extudo formal - Uma diferença importante entre crianças e


adultos quanto à suas habilidades cognitivas, é que o adulto já passou por grande
parte de seu desenvolvimento cognitivo. Com um caminho maior já percorrido e uma
bagagem maior acumulada, o adulto tem a capacidade de lidar com conceitos
abstratos e hipotéticos, enquanto que a cognição das crianças, ainda em fase de
construção, depende fundamentalmente de experiências concretas, de percepção
direta. Isto explica a capacidade superior dos adultos de compreender a estrutura
gramatical da língua estrangeira e de compará-la à de sua língua materna. Explica
também a tolerância superior dos adultos quando submetidos a situações artificiais
com o propósito de exercitarem línguas estrangeiras, bem como a tendência de buscar
simples transferências no plano de vocabulário, com ajuda de dicionários.

Stephen Krashen, em sua hipótese learning/acquisition, estabelece uma distinção clara


entre learning (estudo formal - receber e acumular informações e transformá-las em
conhecimento por meio de esforço intelectual e de capacidade de raciocínio
lógico) e acquisition (desenvolver habilidades funcionais através de assimilação
natural, intuitiva, inconsciente, nas situações reais e concretas de ambientes de
interação humana) e sustenta a predominância de acquisition sobre learning no
desenvolvimento de proficiência em línguas.

Krashen defende a importância maior de acquisition sobre learning referindo-se a


adolescentes e adultos. Considerando que acquisition está mais intimamente ligado
aos processos cognitivos do ser humano na infância, é lógico deduzirmos
que acquisition é ainda mais preponderante no caso do aprendizado de crianças.

Portanto, se proficiência linguística pouco depende de conhecimento armazenado, mas


sim de habilidade assimilada na prática, construída através de experiências concretas,
fica com mais clareza explicada a superioridade das crianças no aprendizado de
línguas.

A hipótese da Harpaz
A hipótese de Harpaz é a mais esclarecedora. A aquisição da fala e a descoberta do
mundo são processos paralelos para a criança. A interação linguística da qual a
criança participa proporciona a maioria dos dados nesse processo de desenvolvimento
cognitivo. Como consequência, as estruturas neurais no cérebro que correspondem
aos conceitos que vão sendo aprendidos acabam naturalmente e intimamente
associadas às estruturas neurais que correspondem às formas da língua.

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Quando um adulto aprende uma língua estrangeira, seus conceitos (já formados) já
possuem estruturas neurais fixas associadas às formas da língua materna. As
estruturas neurais correspondentes às novas formas da língua estrangeira não
possuem relação com as estruturas dos conceitos já formados, sendo esta uma
associação mais difícil de ser estabelecida. É por isto que, no aprendizado de adultos,
as dificuldades causadas pela interferência da língua materna são maiores.

A respeito do aprendizado de línguas na infância e da interferência da língua materna,


Harpaz diz:

Humans are born with an ability to comprehend and generate all kinds of phonemes,
but during childhood (starting from birth, and maybe before) this ability is shaped by
experience such that only the phonemes of the native language are easily
comprehended and generated. In adults, these abilities are much less plastic, so
adult learners of a new language find it specially difficult to comprehend and
generate the phonemes of the new language that are not used in their native
language.

At the time of learning to speak, the child learns to understand the world, and
linguistic interaction forms most of the data in this learning. As a result, the learned
neural structures that correspond to concepts tend to be associated with the neural
structures that correspond to the words (by Hebbian mechanisms).

When an older person learns a language, the concepts already have neural
structures, which are quite fixed. The neural structures corresponding to the words
in the new language, which are determined by the perceptual input, have no
relations to the former structures, and hence the association is relatively difficult to
learn.

In learning a new language, the learner is not only required to perform new
sequences of mental and motoric operations, but is also required not to perform the
old ones. The old sequences are very thoroughly learned through practice, so it is
very difficult to avoid performing them. Thus older second language learners find it
very difficult not to slip back into their old language, both in terms of motoric actions
(pronunciation) and mental actions (syntax structures, phrases etc.). For a young
child, this is much less of a problem, because his/her language performance is much
less practiced.

Harpaz, Yehouda. http://human-brain.org/myths.html. Online. Dec 1, 2007

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Fatores afetivos e psicológicos


A hipótese conhecida como affective filter, também de Stephen Krashen, explica que
fatores de ordem psicológico-afetiva podem causar um impacto direto na capacidade
de aprendizado, tais como:

desmotivação: é a ausência de motivo espontâneo, causada por programas não


autenticados pela presença da cultura estrangeira e que não representam desafio.
Também frequentemente causada pela frustração de não se ter alcançado
proficiência através do estudo formal ou pelo insucesso em sistemas de avaliação
(exames, notas, etc.). Experiências anteriores de resultados negativos, podem
desencorajar o aluno de uma nova tentativa. Aquele que não se identifica com a
cultura estrangeira, - ou que às vezes até a despreza, - normalmente por falta de
informação a respeito da mesma, estará desmotivado para aprender sua língua.
Já a criança, por natureza tem um alto grau de curiosidade pelo desconhecido e
forte sintonia com tudo no ambiente que a rodeia.
perfeccionismo: tendência a preocupar-se excessivamente com a forma, e ideia
radicalizada do conceito de certo e errado em se tratando de línguas. A pessoa
prefere não correr o risco de cometer deslizes.
falta de autoconfiança: talvez causada por traumas durante a educação recebida
em casa ou na escola, e pela radicalização do conceito de certo e errado em se
tratando de línguas. A pessoa que tem uma boa imagem de si próprio e
autoconfiança, é por natureza mais experimentador e descobridor.
dependência da eloquência: A precisão e elegância no falar são conquistas
alcançadas ao longo da vida, fruto de uma carreira acadêmica. Essa habilidade
com nossa língua materna representa segurança e poder, dos quais é difícil abrir
mão. Isso torna a tarefa de começar de novo na língua estrangeira, do quase
nada, de forma rudimentar, como se pouco inteligentes fôssemos, extremamente
frustrante.
autoconsciência: consciência da própria imagem; capacidade de imaginar o que
os outros podem pensar e preocupar-se com isso; característica relacionada a
introversão e inibição.
ansiedade: causada pela expectativa excessiva de obtenção de resultados.
provincianismo: atitude de se fechar naquilo com que se identifica, seu jeito de
ser e de falar; de se sentir inseguro fora deles - problema frequentemente
observado em adolescentes.

Ora, todos esses bloqueios são resultado da vida pregressa do indivíduo, podendo
ocorrer portanto unicamente em adolescentes e principalmente adultos. Fica, pois,
novamente evidenciado que as crianças, ainda livres de tais bloqueios, devem ter uma
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capacidade de assimilação superior à dos adultos.

O ambiente e o Input linguístico
Krashen, em sua comprehensible input hypothesis, sustenta que assimilação de
línguas ocorre em situações reais, quando a pessoa está exposta a uma linguagem
levemente acima de sua capacidade de entendimento, porém ainda inteligível. Ora, é
natural que quando adultos se dirigem à crianças, usam um linguajar próprio,
simplificado tanto no plano estrutural como no vocabulário, para se aproximar ao nível
de compreensão da criança. Já nos ambientes em que adultos vivem, eles não
recebem o mesmo tipo de tratamento. Uma vez que são adultos, seu universo de
pensamento e linguagem é mais amplo; ou seja, o caminho já desbravado é maior e a
linguagem, por eles almejada e a eles dirigida, tende a ser mais complexa e os
conceitos mais abstratos, facilmente se situando além de seu nível de entendimento.

Desta forma, podemos concluir que um ambiente de língua e cultura estrangeira para
crianças é, por natureza, mais simples, menos abstrato, mais próximo ao nível de
compreensão da criança e mais propício à assimilação da língua do que os ambientes
dos adultos.

A importância do contato com estrangeiros na


infância
A importância dos ambientes sociais em que a criança se desenvolve e do contato com
a cultura estrangeira está claramente explicada por George Yule:

Cultural transmission

While we may inherit physical features such as brown eyes and dark hair from our
parents, we do not inherit their language. We acquire a language in a culture with
other speakers and not from parental genes. An infant born to Korean parents in
Korea, but adopted and brought up from birth by English speakers in the United
States, will have physical characteristics inherited from his or her natural parents,
but will inevitably speak English (and act like an American). A kitten, given
comparable early experiences, will produce meow regardless.

This process whereby a language is passed on from one generation to the next is
described as cultural transmission. It is clear that humans are born with some kind of
predisposition to acquire language in a general sense. However, we are not born
with the ability to produce utterances in a specific language such as English. We
acquire our first language as children in a culture. (p.14, my parenthesis)

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Minha interpretação:

Nossas características físicas, como a cor dos olhos e do cabelo, são herdadas de
nossos pais. Entretanto não herdamos necessariamente a língua deles.
Assimilamos a língua daqueles falantes com os quais convivemos, no ambiente
cultural deles, e não dos gens paternos. Uma criança nascida de pais coreanos na
Coréia, por exemplo, mas adotada e criada desde o nascimento por falantes de
inglês nos Estados Unidos, terá características físicas herdadas de seus pais
biológicos mas, inevitavelmente, falará inglês e se comportará como americana. Um
gato, submetido a um processo semelhante ou não, produzirá o mesmo miado
independentemente do ambiente em que for criado.

Este processo, através do qual uma língua é transmitida de geração em geração, é


explicado como transmissão cultural. É evidente que o ser humano nasce com a
predisposição de assimilar não uma determinada língua, mas qualquer língua.
Nossa(s) língua(s) materna(s) será(ão) aquela(s) do(s) ambiente(s) cultural(is) em
que vivermos na infância.

Takako Kanomata assim conclui:

Na infância construímos os alicerces do nosso ser, de forma inconsciente, através


do convívio e das experiências do dia a dia. O contato e a construção de
relacionamentos com pessoas estrangeiras na infância elimina o conceito de
estrangeirismo de forma natural. A convivência multicultural na infância proporciona
a construção de uma identidade própria, enriquecida por comportamentos e valores
sociais diferentes, que eliminam fronteiras.

Conclusões
A aquisição da fala e a descoberta do mundo são processos paralelos para a
criança. A língua estrangeira presente na infância e na adolescência, durante o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, tende a ficar enraizada de forma
semelhante à língua materna.
Linguagem é o principal elemento de relacionamento humano. Todos
desenvolvem proficiência em línguas estrangeiras mais através
de acquisition (desenvolvimento de habilidades através de assimilação
natural, intuitiva, inconsciente, em ambientes de interação humana) do que
de learning (estudo formal - memorizar informações e transformá-las em
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conhecimento através de esforço intelectual), especialmente crianças.


Portanto, línguas não podem ser ensinadas, mas serão aprendidas se
houver o ambiente apropriado.
Crianças assimilam línguas com mais facilidade, porém têm grande resistência ao
aprendizado formal, artificial e dirigido. As crianças, mais do que os adultos,
precisam e se beneficiam de contato humano para desenvolver suas habilidades
linguísticas. Entretanto, se perceberem que a pessoa que deles se aproxima fala a
língua materna, dificilmente se submeterão à difícil e frustrante artificialidade de
usar outro meio de comunicação. Elas só procuram assimilar e fazer uso da língua
estrangeira em situações de autêntica necessidade, desenvolvendo sua
habilidade e construindo seu próprio aprendizado a partir de situações reais de
interação em ambiente da língua e da cultura estrangeira. Portanto, a
autenticidade do ambiente, principalmente na pessoa do facilitador, é mais
importante do que o caráter das atividades (lúdicas ou não), e ambos são mais
importantes do que qualquer planificação didática predeterminada.
O ritmo de assimilação das crianças é mais rápido e, o teto, mais alto.
Existe uma idade crítica (12 a 14 anos), a partir da qual o ser humano
gradativamente perde a capacidade de assimilar línguas ao nível de língua
materna. Essa perda é mais perceptível na pronúncia. Até os 12 ou 14 anos de
idade, a criança que tiver contato suficiente com o idioma, o assimilará de forma
tão completa quanto a língua materna. É uma janela de oportunidade que não
pode ser desperdiçada.
Entretanto, no nosso caso (brasileiros que vivem no Brasil), onde ambientes
autênticos de língua e cultura estrangeira são raros, decisões a respeito do
aprendizado de inglês de crianças devem ser baseadas menos na idade e
mais na oportunidade. De nada adiantará colocar a criança cedo em contato
com uma língua estrangeira se o modelo oferecido for caracterizado por
desvios e ausência de valores culturais – é melhor esperar por uma
oportunidade melhor.
É grande a responsabilidade ao se colocar crianças, que ainda não atingiram a
idade crítica, em clubes, cursinhos ou escolinhas que oferecem inglês. Se os
instrutores tiverem uma proficiência limitada, com sotaque e outros desvios que
normalmente caracterizam aquele que não é nativo, todos os desvios serão
transferidos à criança, podendo causar danos irreversíveis a seu potencial de
assimilação. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador
aprendiz.
Atividades que expõem a criança prematuramente ao sistema ortográfico do
inglês, o qual se caracteriza por extrema irregularidade e acentuado

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contraste em relação ao português, são prejudiciais. Veja Correlação


Ortografia x Pronúncia.
Uma vez que o momento ideal de se alcançar proficiência em línguas estrangeiras
é a idade escolar e, sendo bilinguismo uma qualificação básica do indivíduo na
sociedade moderna, compete às escolas de ensino fundamental e médio
proporcionar ambientes autênticos de language acquisition.
É grande a responsabilidade do poder público em abrir urgentemente as
fronteiras culturais, facilitando a vinda de falantes nativos de línguas
estrangeiras através de um enquadramento legal específico e burocracia
simplificada, bem como incentivando a criação de organizações voltadas a
intercâmbio linguístico e cultural e promovendo a isenção fiscal das
mesmas.

Bibliografia
Bialystok, Ellen. Effects of Bilingualism and Biliteracy on Children's Emerging
Concepts of Print. Developmental Psychology, Vol. 33, No. 3.
Brown, H. Douglas. Principles of Language Learning and Teaching. Prentice Hall
Regents, 1994.

Clampitt, Sharon. Age and the Acquisition Process.


<http://ponce.inter.edu/proyecto/in/huma/age.html>. Inter American University of
Puerto Rico.
Fromkin, Victoria and Robert Rodman. An Introduction to Language. Fort Worth,
TX: Harcourt Brace College Publishers, 1974.
Harpaz, Yehouda. Myths and misconceptions in Cognitive Science. Human
Cognition in the Human Brain. <http://human-brain.org/myths.html>. Online. Nov 1,
2003.
Krashen, Stephen D. Principles and Practice in Second Language
Acquisition. Prentice-Hall International, 1987.
Krashen, Stephen D. Second Language Acquisition and Second Language
Learning. Prentice-Hall International, 1988.
Kuhl, Patricia. The Linguistic Genius of
Babies. <http://www.ted.com/talks/patricia_
kuhl_the_linguistic_genius_of_babies.html>. Online. Jan 16, 2018.

Lenneberg, Eric H. Biological Foundations of Language. New York: Wiley, 1967.

Yule, George. The Study of Language. 4th edition. Cambridge University Press,


2010.

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Veja também
Leia aqui uma série de perguntas e respostas sobre aprendizado de crianças

O papel dos pais


O papel da escola

O papel do governo

COMO FAZER UMA CITAÇÃO DESTA PÁGINA:


Schütz, Ricardo E. "A Idade e o Aprendizado de Línguas." English Made in Brazil <https://www.sk.com.br/sk-
apre2.html>. Acessado em (data do acesso).

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