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Escravismo na Grécia Antiga

O sistema de escravidão foi largamente utilizado por


diversos povos ao longo do tempo. No entanto não
podemos comparar a escravidão na Grécia Antiga
com a escravidão moderna que se deu a partir da
exploração do continente africano e da diáspora,
com a escravização de diversos grupos africanos
por parte dos europeus. Cabe lembrar que homens
e mulheres africanos foram retirados de seus povos
e culturas, colocados em navios negreiros e
atravessaram o atlântico para trabalhar
compulsoriamente em um sistema que dependia do
seu trabalho para acúmulo de capital por parte das
coroas europeias.

A escravidão na Grécia Antiga em nada se


assemelha à escravidão moderna. Ela foi resultado
do processo de início da propriedade privada e,
consequentemente, da ascensão do camponês
médio na sociedade grega. Esse foi um processo
diretamente atrelado à criação das pólis. Podemos
tomar o caso de Atenas como exemplo. Ao definir a
democracia direta, definiu-se também quem era
considerado cidadão. Assim, atenienses de
nascimento, com pai e mãe atenienses, homens e
maiores de 18 anos eram considerados cidadãos.
Os demais não. Isso criou uma divisão na sociedade
em que ficaram de fora os estrangeiros, as mulheres
e as crianças, por exemplo. Um cidadão não poderia
ser submisso a outro. Por isso a exploração do
trabalho daqueles que não eram considerados
cidadãos. Isso fez também que se aprofundasse um
sentimento de pertencimento a uma cidade, e
também que se definisse quem eram os
estrangeiros. Nem todos os estrangeiros eram
escravizados. Em Atenas, por exemplo, eles
formavam um grupo chamado de metecos. Ainda
assim não eram considerados cidadãos e não
participavam da política ateniense.

Nesse sistema, os estrangeiros tornaram-se


fundamentais para algumas atividades. Mas não só
os estrangeiros passavam a ser escravos.
Prisioneiros de guerra (fossem eles gregos, ou
mesmo ‘bárbaros’), homens e mulheres que foram
traficados de regiões periféricas, filhos que foram
vendidos por seus pais por não terem condições de
sustenta-los eram algumas das formas de se
conseguir um escravo. Eles trabalhavam na
mineração, no artesanato e até nos serviços
domésticos.
A escravidão foi mais acentuada em cidades-estado
portuárias, com grandes contatos comerciais e com
concentração de propriedade privada,
especialmente entre as cidades que estavam
conectadas ao Mediterrâneo e foi menor em regiões
como o Peloponeso, por exemplo. Nestas
cidades-estado, quando os escravos trabalhavam
na produção local, houve um aumento considerável
na produtividade.

Os escravos podiam vir a ser libertados. Em Atenas


passavam a ter uma posição social próxima aos
metecos. Em Roma podiam virar, inclusive,
cidadãos. Estima-se que por volta do século V a.C.
havia aproximadamente 300 mil habitantes em
Atenas (nas áreas rural e urbana). Destes 300 mil,
apenas 170 mil eram cidadãos e o restante
estrangeiros e escravos. Em 594 a.C., as reformas
de Sólon aboliram a escravidão por dívidas.

Embora sejam conceitos que se distanciam em sua


definição, democracia e escravidão são processos
que caminharam lado a lado na Grécia Antiga.
Pode-se entender que a democracia ateniense
dependia diretamente da escravidão, pois promoveu
a ascensão do camponês médio, por meio da
cidadania, que passou a ter certos poderes, ainda
que limitados.
Referências:

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo:


Contexto, 2002.

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