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Marcelo Alexandrino e Vicente de Paula (2017) explicam que os atos administrativos são
praticados quando o caso (pressuposto de fato, uma situação ocorrida no mundo) coincide
com a previsão em lei (pressuposto de direito). Assim, os exemplos dados pelos autores
são: a licença-maternidade, na qual o motivo é o nascimento do filho; a punição do
servidor, quando o motivo é a infração cometida; e o tombamento, cujo motivo é o valor
histórico do bem tombado.
Deve-se destacar que, nos termos do art. 2º, parágrafo único, “d”, da Lei nº 4.717/1965:
“a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado
obtido”.
A doutrina aponta que, viciado o motivo, nulo é o ato. Não há, assim, convalidação
desse elemento.
Ao estudar motivo e motivação, você deverá tomar cuidado para não os confundir.
Motivação, por outro lado, compõe a forma do ato e é a exposição por escrito daquilo
que levou à sua prática; é a própria justificativa.
Em todos os atos administrativos deve existir um motivo. Sem motivo não se fala em ato
administrativo válido. Por outro lado, com relação à motivação, a doutrina diverge sobre
sua obrigatoriedade.
Que todo ato deve ter um motivo, isso já sabemos. Porém, como controlar a legalidade do
ato se não houver exposição, por escrito, dos pressupostos de fato e de direito?
Ora, atos vinculados trazem exatamente o que dispõe a norma jurídica, e, desse modo,
não há liberdade de escolha para a autoridade administrativa. Fica fácil, assim, controlar a
conduta da autoridade competente. Por outro lado, nos atos discricionários, cabe ao
gestor avaliar a conveniência e a oportunidade para prática do ato. Dessa forma, faz mais
sentido exigir a motivação de atos discricionários, já que, assim, qualquer pessoa poderá
entender o porquê de a autoridade ter decidido naquele sentido. Há, por fim, quem
entenda que a motivação deve estar presente em todos os atos administrativos, sejam eles
discricionários ou vinculados, o qual parece ser o entendimento prevalecente na doutrina
(CARVALHO FILHO, 2017) (DI PIETRO, 2018).
Se é verdadeiro que os atos devem ser motivados, também é verdadeiro que a motivação
pode ser aliunde ou per relationem, isto é, pode ela estar em um processo que gerou a
prática do ato, mas não no ato em si. Pode a autoridade adotar como motivação para sua
decisão um parecer anterior, que, desse modo, passa a integrar o ato. Veja que a
motivação não estará exposta no ato, mas em documento alheio.
Por essa teoria, não é importante saber se o ato administrativo exige motivação ou não. O
fato é que, mesmo inexistindo obrigação de motivar, se a autoridade administrativa
expuser algum motivo, ele deve ser verdadeiro.