Resolucao Casos DCI 01 06

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CASOS PRÁTICOS DE DIREITO COMERCIAL I

ACTOS DE COMÉRCIO E COMERCIANTES

CASO N.º 1

António, casado com Beatriz, e Carlos, solteiro, donos de uma pastelaria na


Avenida de Roma, compraram à sociedade Fruta, Lda. um carregamento de mangas
para fazerem os seus conhecidos sumos, que atraem multidões. Pode a Frutas, Lda.
demandar apenas António, exigindo-lhe o pagamento do preço total? E, em caso de não
pagamento voluntário, pode esta sociedade executar os bens comuns de António e
Beatriz?

R: A pastelaria pode não ser uma pessoa colectiva se os donos forem pessoas singulares, os
sujeitos são o António e o Carlos. Os sujeitos da relação jurídica são comerciantes. A lógica
da lei entende que quando um comerciante exerce a sua atividade fá-lo, por forma que os
proveitos da sua atividade para beneficio próprio e da sua família, se o beneficio é para a
família também os bens comuns respondem pela atividade, a esposa pode ou não pertencer
a sociedade. No caso de nada dizer quanto ao regime de casamento aplica-se o regime
supletivo que é a comunhão geral de bens, art. 1716 CC. Quanto a segunda questão, nada
tem a ver com solidariedade passiva, apenas temos que saber se são executados os seus
bens próprios ou se também os bens comuns (art. 1691/1 – d) CC. A solidariedade passiva
pode exigir o cumprimento da obrigação a A ou a C, indiferentemente, no caso dos
cônjuges não vai exigir cumprimento a B, só pode exigir o cumprimento ao A.
Neste caso não há sociedade, pois não há dados neste caso que nos permitam dizer
isso. Há o A em título individual e o C em título individual que alugam um espaço e
passam a exercer uma actividade juntos, podendo ser co- arrendatários do espaço, co-
proprietários das máquinas, nas relações jurídicas que estabeleçam dirigidas a
operacionalidade do estabelecimento comercial estão sempre numa posição paritária, há
muitos sujeitos de direito, neste caso não há um sujeito de direito que seja autónomo face
aos dois sujeitos. Os devedores são A e C, a solidariedade passiva pode o credor escolher
quem quer que lhe pague, até pode pedir aos dois, o credor tem essa opção (art. 100 do
CCM).

A questão em causa está relacionada com a definição do que sejam atos de


comércio, sendo que ato de comércio, neste caso é inequívoco na medida em que estamos
perante um contrato.

Facto jurídico divide-se em facto jurídico e ato jurídico em sentido estrito. Ato
jurídico divide-se em Negocio jurídico e ato jurídico em sentido estrito.

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Um facto jurídico é Todo acontecimento, natural ou humano e suscetível de
produzir efeitos jurídicos. Um facto em sentido amplo é todo aquele em que o direito
associa uma constituição, modificação ou extinção de situações jurídicas.

O que distingue um facto jurídico em sentido estrito de um ato jurídico, mesmo


quando são humanos o direito não associa consequências à vontade humana manifestada,
pode ser um facto de natureza (caiu uma árvore em cima de um carro, faleceu o Sr. X), isto
não são atos jurídicos, pois não há uma vontade manifestada. O ato jurídico traduz no ato
em que a vontade é juridicamente relevante quanto á pratica do ato ou quanto ao conteúdo
do ato (liberdade de celebração e liberdade de estipulação, isto é o que distingue os atos
jurídicos em sentido estrito dos negócios jurídicos.
No ato jurídico em sentido estrito só há contrato de celebração mas a vontade de
estipulação ou não existe ou não é juridicamente relevante e os negócios jurídicos é
relevante a liberdade de celebração e a liberdade de estipulação (Prof. Menezes Cordeiro).

Negócios jurídicos podem ser unilaterais ou bilaterais em que os bilaterais podem


ser contratos.

Para efeitos da limitação para que seja um ato comercial sabemos que tudo aquilo
que seja um acto jurídicos. A árvore que cai em cima de um carro produz efeitos jurídicos
no contexto do contrato de seguro, a seguradora fica obrigada a indemnizar o tomador do
seguro.

O ato que esta em causa é um ato comercial tanto no sentido objectivo como
subjetivo. É um contrato que está preenchido no conceito de ato jurídico, sendo um negócio
jurídico bilateral, preenche o 463/1 do CCM, é praticado por um comerciante a titulo
profissional. Se não aplicássemos a regra do art.º. 2 CCM, sairia a aplicação do art.º. 100
CCM e não tínhamos um regime de solidariedade. Neste caso aplicaríamos o regime da
parcialidade prevista no art.º 513 do CC, podendo exigir metade tanto ao A como ao C.
Sendo que no caso a divida era divisível, art.º534 CC.

Se o A tem uma divida própria, só podem afectar os bens do cônjuge devedor


art.1692 CC, e 1696 CC.

Quem é chamado a execução dos bens é A (titular dos bens) como devedor e B
(titular dos bens), sendo que B não é devedora apenas é chamada a ação para se defender.

CASO N.º 2

David, fotógrafo, vende, todos os fins-de-semana, fotografias por si captadas nas


feiras da região. Cansado das longas deslocações, propõe a Elvira, que se dedica à venda

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de produtos biológicos por si cultivados, que comprem em conjunto uma carrinha para
chegarem às feiras. Assim fizeram. No entanto, Elvira arrepende-se e não quer pagar o
preço acordado. Pode a sociedade Automóveis, SA. demandar apenas David?

R: A compra (da carrinha) não seriam comerciais no âmbito do art.º. 464/2 CCM
(Elvira) e 230 no paragrafo 3 CCM (David). Não sendo a compra uma atividade comercial
não cabe no art. 463/1 CCM, e não sendo um ato comercial não cabe no art. 2/ 1 parte
CCM. No caso da venda, esta foi comercial porque foi praticado por comerciante de acordo
com o art. 13/2 CCM então é um ato subjetivamente comercial nos termos do art. 2/
segunda parte.
As consequências de um acto comercial unilateral aplica-se o art. 99 do CCM, pois
não existe a solidariedade passiva presente no art. 100/ paragrafo único CCM.

O que esta previsto no art. 230 são conjunto de atos que a lei qualifica
expressamente como sendo comerciais, porque são atos que nos termos do art. 2/ 1 parte,
são classificados como objectivamente comerciais, pois é praticado a titulo profissional
pelo David, no entanto houve a exclusão no paragrafo 3 e exclui o número 5 do artigo 230
CCM, visto ele ser fotografo, logo não sendo um ato objectivo comercial, não sendo um ato
comercial (art. 2/ 1 parte CCM) o David não é comerciante. No caso da Elvira também não
é comerciante de acordo com o art.464/2 CCM.

Um DJ não é comerciante porque um comerciante é os previstos no art. 213 CCM


conjugado com o art. 2CCM.

Art. 101 CCM ainda que não seja comerciante será solidário com o respectivo
afiançado, pois divida que esta a ser garantida é relativa a um ato comercial, então a
responsabilidade do fiador será solidaria.
Fora dos casos previstos na lei, no art. 101, no art. 231 CCM, como é para a prática
de atos de comércio assume a natureza comercial e art. 403 CCM quando a divida que é
garantida assume carácter comercial. Estes são casos EX LEGEM e fora destes casos não
podemos dizer que se o ato A é comercial se o ato B é acessório desse então ele também é
comercial.
Primeiro temos que entender o que é ato compreendido e especialmente regulado no
código comercial. O art. 2 do CCM diz que são atos comerciais aqueles que se encontrarem
especialmente regulados neste código, sendo que quando o código foi elaborado havia 1) a
pretensão de que tudo o que fosse ato comercial estaria regulado no código comercial, dai a
perspectiva inocente do legislador de incluir neste código todos os atos comerciais o que na
verdade acabou por assim não ser pois 2) existe legislação extravagante que desenvolveu
um conjunto de regimes que não estavam previstos no Código Comercial, mas também 3)
havia as leis que se afirmam como expressamente comerciais. Para além destes 3 blocos
normativos podemos ainda encontrar atos que são considerados comerciais por

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analogia? Ou seja um ato que é considerado comercial é valorativamente semelhante a
outro sendo então que também ele é comercial? Não! A teoria do acessório é um
raciocínio de analogia, é dizer o ato B sendo acessório do ato A é análogo na razão de ser
da relação e como tal vai ser também em ele uma ato comercial.

A conclusão a que chegamos quando da aplicação analógica da qualificação de


comercial de um ato a outro (o prof. defende a posição do Prof. Menezes Cordeiro) é que
quando temos um conceito que é valorativamente idêntico a outro, isto não se concentra na
analogia LEGIS porque se respondêssemos que sim estaríamos a fazer uma INVERSÃO
METODOLOGICA (caracterizamos o ato de acordo com o regime jurídico a que ele se
aplica determinando as varias consequências) sendo que se o ato A tem o mesmo regime de
aplicação de direito que o ato B e concluirmos que esse regime é especialmente comercial
então o ato é comercial. É comercial porque esta especialmente regulado pelo regime
comercial. A questão que se pode colocar é como é que concluímos que as normas que
são aplicadas são especialmente comerciais?

Passos a seguir:

1. Se essa norma esta prevista no Código Comercial?


Sim, então nos Sim, então o ato é objectivamente comercial nos termos do art.2 CCM.

Se não estiver, saber se há uma norma análoga (Aplicação na lógica das normas não

2. Se há uma lacuna?
Sim há.

3. E há uma norma análoga para preenchimento dessa lacuna?


Sim.

4. Há uma norma do direito comercial que prevê diretamente aquele ato?


Sim, então o ato é objectivamente comercial nos termos do art.2 CCM.

Não, então saber se há uma norma análoga (Aplicação na lógica das normas não (art.
10 do CCivil).

5. E essa norma esta prevista no Código Comercial?


Sim, então nos termos do art. 2 e 3 do CCM temos um ato que é objectivamente
comercial.

Se não há nenhuma norma análoga, vamos então pela perspectiva do prof. Menezes
Cordeiro, verificando ainda dentro do Direito Comercial.

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6. há algum principio comercial a partir do qual podemos extrair uma norma para
resolver o caso?
Sim. Temos um ato especialmente regulado pelo Direito Comercial como ato Comercial.
Não. Aplicamos o Direito Civil.

Concluindo, no passo 2 o que tínhamos era a aplicação de uma norma comercial por
isso estamos a aplicar analogicamente esta norma a um caso, mas não estamos a aplicar
uma qualificação por analogia. A consequência da aplicação analógica de uma norma a
outro caso pode resultar numa idêntica qualificação, mas isso não quer dizer que possamos
inverter o esquema e em vez de começarmos pela aplicação do direito iremos fazer
aplicações aprioristas e abstratas. As qualificações resultam da aplicação do direito ao caso
concreto e não o contrario. Parte-se de um regime para a aplicação de um conceito.

CASO N.º 3

Frederico, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de quadros de


Júlio Resende numa galeria de arte, no Porto, pretendendo fazer uma surpresa a Helena,
sua mulher. Helena, contudo, não gostou dos quadros e exigiu que Frederico os tirasse
rapidamente de casa. Triste, Frederico decidiu vender os quadros. Jeremias, comerciante
de arte, mostrou-se logo interessado e a venda realizou-se. Ficou, no entanto, combinado
que Frederico guardaria os quadros durante 15 dias, pelo que este contratou o depósito
dos quadros com a galeria de arte onde os comprara, por aquele período. Para garantir a
segurança dos quadros, Frederico contratou ainda um guarda para vigiar as pinturas.
Qual a natureza dos vários atos descritos?

R: Primeiro temos que identificar quais e que são os atos descritos

1- compra e venda entre Frederico e X ( vamos abrir varias hipóteses)

2 - Compra e venda entre Frederico e Jeremias

3- contrato de deposito do quadro entre Frederico e Galeria

4- contrato de prestação de serviço entre Frederico e Segurança

1º ato compra e venda entre Frederico e X ( vamos abrir varias hipóteses)


E um ato comercial?

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Neste contrato temos que distinguir a quem o Frederico esta a comprar o quadro o caso em
si não refere apenas diz numa galeria, desse modo, temos que criar sub hipóteses. Se o
quadro foi comprado ao Pintor (Júlio Resende ) , Galeria de Arte, e antigo Proprietário da
obra que não o pintor( vamos chamar proprietário x).

Agora e que vamos identificar se o ato e objetivamente comercial ou não?

Não, pois não são considerados atos comerciais as compras de coisas móveis
destinadas a uso ou consumo do comprador ou da sua família, e as revendas futuras que
porventura desses objetos venham a fazer como refere o art 464 2 paragrafo C. Com. E no
momento da compra em que se tem que verificar se o ato e comercial e neste caso ele
comprou para oferecer a mulher por isso enquadra-se na norma referida desse modo fica
excluído expressamente em como não e um ato de comercio Objetivo.

Pois como podemos ver que só são considerados atos objectivamente comerciais
todos aqueles que se acharem especialmente regulados no código Comercial. art 2 1º parte
C. Com.

E do ponto de vista subjetivo.

O F é comerciante?

F não faz da venda de obras de arte sua profissão desse modo não preenche a previsão
normativa do art.13/1do C Com.

No caso do Pintor.

Este é comerciante pois faz da venda de pinturas a sua profissão, mas neste caso
está presente no art 230 3 parágrafo " Não se haverá como compreendido no nº5 o próprio
autor que editar, publicar ou vender as suas obras." que remete para o nº 5 do mesmo artigo.
Desse modo o pintor não é considerado Comerciante.

No caso do Proprietário?

Pode ou não ser comerciante se cumprir com os requisitos do art. 13. (Depende da
opinião se ele faz da venda de quadro forma de vida e isso o prof. não deu uma resposta
temos que dar e uma boa justificação e ver se encaixa os requisitos do art. 13 C Com).

E a galeria de Arte.

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Sim seria comerciante pois aplicávamos o art 13 2 paragrafo pois presumimos que esta e
uma sociedade comercial. Temos neste caso que tomar uma posição e indicar porque
escolhemos o nº 2 pois o mais normal e que a galeria seja uma sociedade comercial.

Agora vamos seguir do principio que o vendedor e comerciante

Desse modo qual e natureza do ato?

Este é Comercial

O que é comercial a venda ou a compra e venda?

A compra em si não e comercial

Vamos lembrar o que se falou na aula passada

"No direito comercial tem esta especialidade que permite para efeitos analíticos cindir atos
complexo ou seja permite para efeitos analíticos cindir no contrato da compra e venda por
um lado a venda por outro lado a compra e os dois atos que são distintos cindidos para
efeitos analíticos podem ser qualificados autonomamente ou seja a venda pode ser
subjetivamente comercial e a compra e subjetivamente civil, não obstante de serem os dois
qualificados de forma diferente.
Damos um segundo passo em que apesar de a compra não ser comercial aplica-se ao
comprado o regime comercial em virtude do art. 99º C Com. Usando a expressão do
professor Menezes Cordeiro" O comerciante tem o privilégio e a der rogativa de tornar em
comerciante os atos em que entrevem.

Estes são atos mistos no sentido em que objetivamente não e comercial mas pelo
lado subjetivamente por um lado e comercial o por outro não e comercial por isso e misto.

Qual e o regime dos atos mistos?

O regime dos atos mistos aplica-se o regime comercial.

2 acto - Compra e venda entre Frederico e Jeremias

A nível objetivo

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A venda isoladamente não e um ato de comercio pois como referimos anteriormente
aplicando o art. 464/1 CCom a revenda dos objeto que tinham como base a uso ou
consumo do consumidor ou da sua família não são consideradas comerciais.

Agora a compra já é considerada uma ato comercial pois como indica o art. 463/1
CCom e um ato comercial pois foi adquirida com o intuito de a revender.

Nesse caso a compra cindida analiticamente da venda e um ato objetivamente


comercial.

Do ponto de vista subjetivo

O Vendedor o ato não e subjetivamente comercial, do ponto de vista do comprador


o ato e subjetivamente comercial tendo como base esta afirmação o art 13/1º parágrafo.

Os quatro critérios para a definição de uma prática profissional são:

- Uma prática reiterada

- Intenção lucrativa

- Autonomia

- Tendencialmente exclusiva

Se ele é comerciante então o ato é comercial com base no art. 2/2 parte CCom.

Aula 2 de Outubro de 2013

O que é a Teoria do Acessório?

1º Passos para a resolução de um caso quando há uma lacuna.


2º Se os casos estão próximos, não por serem idênticos mas porque a razão de
proximidade é dada pela assessoriade de um ato ao outro, de tal forma que a comunicação
de uma ato é extensível ao outro, o que implica que o regime de um ato regulado é aplicado
ao outro.

A culpa em contraindo na preparação de um ato comercial e rompo


injustificadamente as negociações e aproveita-se da informação que recolheu durante o

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processo negocial e vai concorrer com a sua contraparte usando a informação que lhe tinha
sido disponibilizada no processo negocial.

A e B negociavam com C para obtenção de peças classificadas como secretas, há


ultima hora decidem fazer umas peças na China usando a informação facultada pelo C. Que
responsabilidade têm o A ou o B?

Há solidariedade Passiva ou é uma obrigação solidaria.

Pode ou não (de acordo com o Prof. Menezes Cordeiro) aplicar o regime de acordo
com o art. 100 do CCom?

Primeiro: é um ato de comercio para efeitos do art. 2?


Não, pois não houve nenhum ato de comercio, não houve contrato.

Mas a esta situação aplica-se analogicamente o registo previsto para os atos de


comércio, porque o art. 227 CCivil manda aplicar a responsabilidade que decorreria de um
contrato em si, logo devemos aplicar com a necessárias aplicações o regime do contrato que
teria sido celebrado, para efeitos da obrigação de confidencialidade. Temos que ir ver
analogicamente qual é a norma que se aplicava, porque por aplicação analógica das regras
dos contratos comerciais à negociação pré-contratual, implica que aquela situação é
regulada pelo Direito Comercial e se é regulada pelo Direito Comercial aplica-se o art. 100
CCom, então são solidariamente responsáveis. Se são Solidariamente responsáveis
dizemos que há uma regulação especial do Direito Comercial aplicado ao ato em causa, se
assim é então o ato é também ele um ato de comercio para este efeito.

Caso 3

Ato do deposito do quadro pelo F na Galaria de Arte

Saber se o ato pode ser considerado como objectivo ou não, é discutível, sendo
considerado como ato subjetivamente comercial. Do lado do depositante não é comercial
mas do lado do depositário é um ato comercial e portanto com o art. 99 CCom o regime é
unitário, podendo assim chegar ao art. 403 CCom.
Juros, de acordo com o art. 102 CCom são quase o dobro dos juros civis. Juros
remuneratórios e moratórios. Os juros vencem de 6 em 6 meses, temos que saber quais os
juros atendendo ao respectivo período (Portaria 597/2005) e colocar no Google Aviso de
Juros Comerciais.

Ato do Guarda ficar responsável pela segurança do quadro a pedido de F

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Não é um ato objectivamente comercial pois não esta regulado no Código
Comercial (art. 2/ 1ª parte). O segurança não é comerciante porque não cabe no art.13/1
CCom, porque este artigo prevê 3 requisitos cumulativo:

1º se pratica atos de comercio (se é objectivamente um ato de comercio regulado no


CCom art. 2/ 1 parte),

2 se é comerciante (art. 7 CCom), 3 requisitos: 1 - ter capacidade (art. 7), 2 -


Pratica atos de comércio (sim ou não – ver art. 230), 3 - Exercer a título profissional (ver
art.463).

3 se fazem deste profissão. Tem 4 critérios: 1- escopo lucrativo, 2 - feito de forma


reiterada, 3 - tendencialmente exclusivo, 4 - ter autonomia.

CASO N.º 4

Vasco, trabalhador dos correios, entra, todos os dias, às 9h00 e sai às 17h00.
Amante de filatelia, decidiu, há algum tempo, montar um pequeno quiosque numa Praça
lisboeta, para se distrair um pouco ao fim do dia, antes de ir ter com a mulher, por volta
das 19h00. Para manter aberto o quiosque todo o dia, Vasco contratou um empregado,
Manuel. Qual a natureza (civil ou comercial) do contrato celebrado?

1º analisar o ato do ponto de vista objectivo:


Não é um ato de comercio objectivo porque não cumpre com o art. 2/1 parte (não
esta regulado em nenhuma lei mercantil);

2º analisar o ato do ponto de vista subjetivo:


Vasco é comerciante pois cumpre com o art. 2/ 2 parte (analisando o art. 13/1)

3º Analisamos o art. 13/1:


só são comerciantes se forem pessoas com capacidade para realizar atos de
comercio e que fazem disso profissão:

- se é comerciante, 3 requisitos: 1 - ter capacidade de exercício (art. 7), 2 -


Pratica atos de comércio (sim ou não – ver art. 230), 3 - Exercer a título profissional
(ver art.473).

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- se fazem disto profissão, 4 critérios: 1- escopo lucrativo (a atividade principal
tem fins lucrativos que são divididos pelos sócios – art. 980 em geral a doutrina diz que se
aplica este art. a sociedades comercias, o Prof. Pais Vasconcelos nega esta tendência nas
sociedades anónima, como exemplo a compra das ações dos CTT não faz de mim um
profissional da área), 2 - feito de forma reiterada, 3 - tendencialmente exclusivo (pode ter
outro emprego), 4 - ter autonomia.

4º há um interesse exclusivamente civil no contrato de Trabalho, verifica-se a


exceção prevista no art. 2/ 2 parte, ultima parte.

Concluindo-se

Este é um contrato exclusivamente civil

CASO N.º 5

José e Luís, arquitetos, pretendendo remodelar o atelier de que são proprietários,


no Chiado, contrataram Matias, empreiteiro, para fazer as obras. No dia 15 de Agosto de
2009, já com as obras prontas e aprovadas, Matias apresenta a factura a José, conhecido
pelas suas maiores disponibilidades financeiras. Contudo, até agora, José não pagou a
dívida, alegando que só está obrigado a pagar metade do valor da factura. (i) José tem
razão?

Ato do José e do Luís

1º analisar o ato do ponto de vista objectivo:


O contrato de empreitada está previsto no art. 230/6, logo preenche a previsão
normativa do art. 2/1 parte.

2º analisar o ato do ponto de vista subjetivo:


Não preenche a previsão normativa do art. 2/2 parte pois não foi praticado um acto
de comércio no exercício da sua profissão (arquiteto).

3º Analisamos o art. 13/1:


Só são comerciantes se forem pessoas com capacidade para realizar atos de
comércio e que fazem disso profissão.

- se é comerciante, 3 requisitos: 1 - ter capacidade de exercício (art. 7), 2 -


Pratica atos de comércio (sim ou não – ver art. 230/6), 3 - Exercer a título
profissional: NAO.

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Não fazem disso profissão porque: 2 - feito de forma reiterada.

José e Luís não são comerciantes

Ato do Matias

1º analisar o ato do ponto de vista objectivo:


O contrato de empreitada está previsto no art. 230/6, logo preenche a previsão
normativa do art. 2/1 parte.

2º analisar o ato do ponto de vista subjetivo:


Preenche a previsão normativa do art. 2/2 parte pois foi praticado um ato de
comercio no exercício da sua profissão (empreiteiro).

3º Analisamos o art. 13/1:


São comerciantes se forem pessoas com capacidade para realizar atos de comércio e
que fazem disso profissão.

O ato não é de natureza exclusivamente civil apesar do contrato de empreitada estar


previsto no CC, esta igualmente previsto no Código Comercial. Concluindo-se que aos
contratos regulados por lei mercantil deve-se aplicar as normas gerais do Código
Comercial, nomeadamente o art. 100 (solidariedade nas obrigações comerciais).

Do lado dos arquitetos o ato é civil do lado do Matias o ato é comercial.


Se fizermos um exercício de decisão analítica temos um ato Misto. Nestes casos
aplica-se o art. 99 para considerar o ato como comercial.

No entanto,

Apesar do acto ser comercial o parágrafo único do art. 100 exclui a aplicação de
solidariedade nas obrigações quando uma das partes contratantes é não comercial.

Logo,

Não se aplicaria o regime da solidariedade passiva entre o José e o Luís e sim de


parcialidade (art. 513 Código Civil), em que cada um pagaria metade do custo da obra.
No entanto a doutrina diverge na conclusão (Fundamentação de ato de
comercio do art. 230),

Sendo o ato objectivamente comercial em bom rigor não se afasta a


solidariedade passiva presente no art. 100.

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Se seguirmos a interpretação objectivista do Prof. Menezes Cordeiro então não
aplicamos parágrafo único do art. 100.

Se seguirmos uma interpretação subjetivista o que resulta do 230/6 é uma extensão


da qualificação de comerciante, sem que dai resulte uma extensão de atos comerciais, então
não podemos aplicar o art. 100 devido à exceção do paragrafo primeiro.

A exceção feita a solidariedade passiva do parágrafo primeiro do art. 100


apenas se aplica a atos comerciais subjetivos, não se aplica a atos comerciais objetivos,
pois neste caso á solidariedade passiva.

O art. 99º também só se aplica a atos subjetivamente comerciais.

(ii) A dívida está vencida?

D.L.62/2013 de 10 de Maio.
J e L não são consumidores, para efeitos deste caso. De acordo com o art. 4/3 a) a
obrigação já se encontra vencida, pois de acordo com este artigo conta-se 30 dias após o
devedor ter recebido a factura que neste caso seria no dia 15 de Setembro, 30 dias corridos
com base no art. 279 do CCivil.

Para o efeito deste diploma o J e o L são considerados uma empresa, porque


desenvolvem de forma autónoma uma determinada atividade económica, art. 3 d).

(iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que nada foi
convencionado?

Portaria 277/2013, a taxa de juro aplicada.

CASO N.º 6

Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de


arrendamento uma loja na Baixa, comprou as estantes e todo o mobiliário necessário,
encomendou os computadores e celebrou um contrato de fornecimento de livros com
uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir, Francisco apercebeu-se que o
curso de Direito lhe deixava pouco tempo para gerir o negócio, acabando por vender a
loja a Gustavo e Octávio, estudantes de gestão. Estes nunca pagaram o preço. A
responsabilidade de Gustavo e Octávio é solidária ou é conjunta?

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Loja é um estabelecimento.

Estamos perante um trespasse.

É um ato comercial, porque o trespasse é um ato comercial, porem vem regulado no


art. 1112 do CCivil, em termos de sistematização Externa. Já em termos de sistematização
interna o trespasse vem regulado no CCom.

Sistemática externa: o Direito da Família e das Sucessões esta organizada segundo


critérios externos, já que a matéria se cruzam entre si, por questões culturais e sociais.

Sistemática Interna: quando a aplicação das normas envolvem normas, que apesar de
estarem em sítios diferentes dentro do código civil, têm a mesma solução ou coerentes entre
si. Organiza o direito de uma forma axiologicamente coerente.

Em termos de sistema externo há normas que estão arrumadas no CCivil, CCom e


legislação extravagante.
Em termos de sistema interno elas articulam-se todas para resolução de casos concretos.

Quanto ao caso:

Este é um ato comercial, não obstante estar numa norma que não consta do CCom, é
uma norma comercial, é uma norma que regula o estabelecimento. O estabelecimento é
uma unidade funcional ligada à prática do comércio com direitos e deveres.

Do ponto de vista subjetivo

Obviamente que, apesar do Francisco não ter aberto a loja, ele já realizou todos os
atos ligados à atividade comercial. Ele adquiriu Livros para revenda, art. 463/1 CCom, logo
praticou um ato de comércio. Mas mesmo que não o tivesse feito ele já tinha feito um
conjunto de atos preparatórios para aquele efeito, logo, aplicar-se-ia a que F era
subjetivamente comerciante.

O Prof. Oliveira Ascensão dizia que era necessário o exercício efetivo, Já o Prof.
Coutinho de Abreu fala em possibilidade de vir a praticar esses atos de comercio e da como
exemplo o contrato de agencia e que nos termos deste tipo de contrato se está obrigado a
praticar um conjunto de atos, a recorrer a determinados contratos por culpa do contrato
principal. Ora mesmo que ele não tenha chegado a promover nenhum contrato secundario,
a partir do momento que celebra o contrato de agência já se considera comerciante para este
efeito.

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Neste caso o ato era objectivamente comercial do ponto de vista do vendedor e do
ponto de vista do comprador também, porque ao adquirir o estabelecimento temos o
primeiro passo para o desenvolvimento de estabelecimento comercial.

Aplica-se assim o regime da solidariedade previsto no art. 100 do CCom em que


ambos estão obrigados a pagar a totalidade do preço.

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