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Processo de Desenvolvimento Humano Da Gestaçao A Velhice
Processo de Desenvolvimento Humano Da Gestaçao A Velhice
Processo de Desenvolvimento Humano Da Gestaçao A Velhice
APLICADA
AO CUIDADO
Introdução
Ao longo da história, várias perspectivas filosóficas e científicas surgiram,
na tentativa de explicar fenômenos naturais, físicos, biológicos, sociais,
políticos, econômicos e culturais. A área de estudos sobre o desenvol-
vimento humano também se configurou dessa forma. A multiplicidade
de perspectivas sobre as fases da vida assinala a complexidade do ser
humano. Partindo-se do pressuposto da multiplicidade, os principais
autores que estudam o desenvolvimento humano são Jean Piaget,
Erik Erikson, Henri Wallon e Lev Vygotsky. Em geral, as fases do desenvol-
vimento são divididas em gestação, infância, adolescência, fase adulta
e idoso, ao passo que as áreas do desenvolvimento são divididas em
psicomotora, cognitiva, comunicacional, socioafetiva e de personalidade.
No entanto, é importante destacar que, por mais que haja indicações
de experiências vividas em cada fase, elas não são prescritivas. Cada
cultura e sociedade viverá (ou não) distintamente os aspectos aqui apre-
sentados. Assim, levar em consideração o cenário político-econômico é
imprescindível para se construir reflexões acadêmicas maduras e con-
textualizadas no cenário brasileiro.
2 O processo de desenvolvimento humano: da gestação à velhice
com o modo como os outros a veem. Portanto, é um período marcado por mais
controle emocional e dos sentimentos. As brincadeiras constituem a principal
atividade dessa etapa da vida.
Na terceira infância, o crescimento físico é mais lento, mais perceptível.
É o momento de transição para o início da puberdade, que será marcada por
muitas mudanças. Para Piaget, esse período é o estágio operatório concreto,
durante o qual as crianças conseguem lidar e resolver problemas reais e ar-
ticular pensamentos lógicos. Nesse estágio, é possível lidar com problemas
complexos. No que concerne à relação com o mundo, as crianças começam a
viver relações grupais, que surgem de forma espontânea durante as brincadeiras
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
A infância passa por uma mudança a partir do momento em que as condições
biológicas colocam a criança em transição para a adolescência, por meio dos
processos de puberdade.
2 Adolescência: a construção
Ao investigar sobre a adolescência ao longo da história, percebe-se com-
preensões e contextos socioculturais distintos em cada época. As mudanças
físicas vividas pelos adolescentes são empíricas, porém o modo de lidar com
essas pessoas, que estão passando por mudanças do corpo, foram diferentes
em cada cultura e em cada século. A forma de lidar com os adolescentes e a
ideia de que esse período é qualitativamente diferente da idade adulta, per-
meia os séculos, desde a Antiguidade. Contudo, a diferenciação entre esses
períodos da vida só surgiu em meados do século XIX, com as mudanças de
estruturas sociais, quando o período da adolescência passou a ser concebido
como época de transição.
A partir de então, passou-se a ter a concepção de que entra na adolescência
quem está saindo da infância. Na infância, a criança ainda não fala por conta
própria, ficando sob o jugo e a decisão de seus responsáveis. Assim, a criança
ouve a voz dos adultos e acata suas decisões. Quando os processos de mudança
biológica se instauram no corpo da criança, está sendo sinalizada a entrada na
fase da adolescência. A adolescência inicia-se, portanto, com a puberdade. “O
púbere-pubes= pelo, sente em si as mudanças. Não é mais infante e sente-se
iniciado na autonomia” (LIBANIO, 2004, p. 17).
O processo de desenvolvimento humano: da gestação à velhice 5
A adolescência é uma das fases do ciclo da vida, a qual perpassa por grandes
mudanças físicas, visto que o corpo da criança passa por transformações e
maturações. A puberdade é marcada pelo crescimento e o amadurecimento dos
órgãos sexuais, bem como pela ativação de glândulas suprarrenais e o aumento
da produção de alguns hormônios e das glândulas sebáceas, que contribuem
para a produção da pele oleosa e da acne (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O aumento e a produção de alguns hormônios contribuem para a instabilidade
do humor característico desse período. Segundo Papalia e Feldman (2013,
p. 388), as “emoções negativas como angústia e hostilidade, bem como sinto-
mas de depressão em meninas, tendem a aumentar à medida que a puberdade
avança”.
No que concerne às características físicas, os seios das meninas começam
a crescer, os ombros dos meninos alargam e, em ambos os sexos, ocorre o
desenvolvimento da massa muscular e o crescimento dos pelos. Nos meninos,
inicia-se a produção de espermatozoides, e a espermarca/semenarca, primeira
ejaculação masculina, poderá ocorrer por meio da polução noturna, isto é, a
eliminação do sêmen enquanto o adolescente dorme. Nas meninas, ocorre a
menarca, isto é, a primeira menstruação. Contudo, é importante destacar que a
maturação dos sistemas reprodutores feminino e masculino está correlacionada
com fatores biológicos e genéticos, mas também está atrelada a influências
ambientais, sociais, psíquicas e alimentares. Essa correlação estimulará ou
retardará o processo de maturação sexual (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Outro fator de desenvolvimento é a cognição. Os aspectos cognitivos na
adolescência são marcados por mudanças estruturais. O pensamento, que
antes era concreto, passa a contemplar raciocínios abstratos, aumentando
a capacidade de realizar julgamentos morais, planejamentos de execução e
memória. Nesse sentido, “os adolescentes entram no que Piaget chamou de
o nível mais alto de desenvolvimento cognitivo — o operatório-formal —
quando desenvolvem a capacidade de pensar em termos abstratos” (PAPALIA;
FELDMAN, 2013, p. 404).
Essas alterações físicas ocorridas geram sentimentos diversos no adoles-
cente. O corpo muda e, com isso, é necessário mudar o modo de lidar com ele.
A higiene demanda atenção, há o aparo dos pelos, o cuidado com os odores
exalados, a necessidade de se adaptar ao uso de absorventes ou coletores
menstruais. As meninas sofrem com outras readaptações, como o uso de
sutiã, peça socialmente estabelecida para proteção dos seios, e a lida com as
cólicas menstruais.
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Além disso, esse momento da vida se caracteriza pelas alterações nas rela-
ções intrapessoais e interpessoais. A adolescência consiste em uma época de
construção da personalidade e da identidade e de compreensão da orientação
sexual. Para Erik Erikson, a identidade diz respeito a “uma concepção coerente
do self, constituída de metas, valores e crenças com os quais a pessoa está
solidamente comprometida” (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 423). Nessa
fase da vida, o adolescente realiza um esforço de compreender a construção
individual do self, do eu. Assim, é comum que haja crises identitárias nesse
processo de construção. As descobertas são gradativas, assim como as escolhas
e as identificações sociais. Para Erikson, conforme cita Papalia e Feldman
(2013, p. 422), a identidade se forma “quando os jovens resolvem três questões
importantes: a escolha de uma ocupação, a adoção de valores sob os quais
viver e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória”.
Em relação à orientação sexual, é necessário demarcar que ela não diz
respeito a uma escolha. Por isso, utilizamos o termo orientação. No momento
em que o/a adolescente se percebe como um ser sexual, é possível que se
inicie o processo de reconhecimento e percepção da sua orientação. O seu
desejo é orientado para um objeto/pessoa, e esse direcionamento possibilita
a compreensão da sua orientação sexual.
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Você sabia que sexo, identidade de gênero e orientação sexual são coisas distintas?
O sexo se refere aos órgãos sexuais e, portanto, é uma característica biológica. Já a
identidade de gênero diz respeito ao modo como a pessoa se sente e percebe. Essa
percepção pode ser distinta da relação genital. Algumas das identidades de gênero
podem ser: cisgênero, transgênero e não binário. Por fim, a orientação sexual diz
respeito à atração sexual e/ou emocional que é direcionada para o objeto/pessoa de
desejo. Algumas das orientações sexuais são: heterossexualidade, homossexualidade,
bissexualidade, pansexualidade e assexualidade.
Para ampliar seu conhecimento a respeito do tema, leia o artigo A relação entre sexo,
identidades sexual e de gênero no campo da saúde da mulher, no site da Facenf Uerj.
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