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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE TERESINA – ESTADO DO ________________

Ação de busca e apreensão


Processo nº xxxxxxxxxxxxxxx
Secretaria da xª Vara Cível

XXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, motorista, portador do


RG nº XXX.XXXX SSP XX, CPF n° XXXXXXXXXXX, residente e domiciliado na
Quadra XX, Lote 19, nº 6461, Loteamento XXXXXXXXXXXX, Bairro
XXXXXXXXX, Cidade de Teresina, Estado do Piauí,
Piauí vêm através de seu
advogado in fine assinado (procuração anexa), com escritório para
intimações de estilo situado na Rua XX de XXXXXX, n. XX, Bairro XXXX,
Cidade de Teresina, Estado do Piauí, nos termos do artigo XX e s.s. do
Código de Processo Civil, apresentar.

RECONVENÇÃO
com pedido de AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO c/c
CONSIGNAÇÃO DE PAGAMENTO DE PARCELAS INCONTROVERSAS EM CONTA JUDICIAL

com fulcro no art. 274 do CPC, (súmula 363 do STF), 844, inc. II,
também do CPC, em harmonia com o art. 5°, incs. II, XXXV e XXXVI da
CF/88, em desfavor do BANCO XXXXXXXXX S.A,
S.A, instituição financeira de
direito privado, CNPJ sob o nº XXXXXXX/000XXXX, estabelecido na
Avenida XXXXXXXX00000 XX., n° XXX, XXº andar, Cidade de São Paulo,
Estado de São Paulo, CEP XXXXXXXXXX,
XXXXXXXXXX, conforme o teor dos fatos e
fundamentos a seguir:

DOS FATOS

Em síntese, pretende o réu-reconvinte a revisão de contrato de


financiamento de veículo garantido por alienação fiduciária celebrado
no valor de R$ 11.447,20 (onze mil quatrocentos e quarenta e sete
reais e vinte centavos) com o autor-reconvindo, tendo como objeto a
aquisição do veículo MARCA/MODELO XXXXXXXXXXXXXXX, COMBUSTÍVEL
GASOLINA, COR XXXXXXXXX, ANO FAB. XXXXXX, ANO MOD. XXXX, RENAVAM
XXXXXX, PLACA XXXXXX, CHASSI XXXXXXXX. Segundo o réu-reconvinte, o
contrato estabelece a capitalização mensal de juros, correção
monetária cumulada com comissão de permanência e juros moratórios e
remuneratórios acima do limite legal, onerando excessiva e
1
unilateralmente o contrato. Com o objetivo de aquisição do veículo o
réu-reconvinte ficou com o encargo de pagar 36 (trinta e sei) parcelas
de R$ 472,68 (quatrocentos e setenta e dois reais e sessenta e oito
centavos) junto ao autor-reconvindo. Feita a perícia contábil em anexo
do valor de R$ 11.447,20 (onze mil quatrocentos e quarenta e sete
reais e vinte centavos), divididos pelas 36 parcelas avençadas e
multiplicados a juros simples de 1% (um por cento) ao mês e correção
monetária do INPC mensal, com fulcro no art. 406 c/c art. 591 do novo
Código Civil c/c art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, a
prestação mensal deve ser R$ 339,03 (trezentos e trinta e nove reais e
três centavos), anexo perícia contábil. O valor total do financiamento
feito pelo autor-reconvindo (36 parcelas x R$ 472,68) é R$ 17.016,48
(dezessete mil e dezesseis reais e quarenta e oito centavos). O valor
total do financiamento feito pela perícia contábil anexa (36 parcelas
x R$ 339,03) é R$ 12.205,11 (doze mil duzentos e cinco reais e onze
centavos). A diferença da cobrança indevida de juros abusivos é R$
4.811.37 (quatro mil oitocentos e onze reais e trinta e sete
centavos).
Há visível vantagem para o autor-reconvindo, desde a
celebração do contrato, visto que financiou R$ 11.447,20 (onze mil
quatrocentos e quarenta e sete reais e vinte centavos) e o autor-
reconvindo receberia, ao final de 36 (trinta e seis) meses, a quantia
exorbitante de R$ 17.016,48 (dezessete mil e dezesseis reais e
quarenta e oito centavos). Tem-se nos autos que o réu-reconvinte, de
fato, celebrou contrato de financiamento de veículo garantido por
alienação fiduciária com capitalização mensal de juros que não foram
pactuados expressamente no contrato de financiamento e que é vedado
pelas súmulas 121 do STF e 93 do STJ. A possibilidade de limitação dos
juros neste caso está cabalmente demonstrada na abusividade dos
índices cobrados pelo autor-reconvindo.
Conforme a conclusão da perícia contábil anexa,
anexa, o valor
corrigido e devido ao autor-reconvindo é R$ 12.205,11 (doze mil
duzentos e cinco reais e onze centavos). Subtraindo isto do valor de
07 (sete) parcelas pagas no valor total de R$ 3.308,76 (três mil
trezentos e oito reais e setenta e seis centavos) sobraria ao autor-
reconvindo para quitar o débito definitivamente o valor de R$ 8.896,35
(oito mil oitocentos e noventa e seis reais e trinta e cinco
centavos). Então, dividindo este valor pelas 29 (vinte e nove)
parcelas vincendas,
vincendas, o valor incontroverso e corrigido a ser depositado
em conta poupança deste juízo é de R$ 306,77 (trezentos e seis reais e
setenta e sete centavos).
centavos). Esta consignação do pagamento em juízo das
parcelas incontroversas está estabelecida no art. 50, §1º da Lei nº s
10.931/04:

“Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto


obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou
alienação imobiliários, o autor deverá discriminar na
petição inicial, dentre as obrigações contratuais,
aquelas que pretende controverter, quantificando o
valor incontroverso, sob pena de inépcia. (grifo
nosso)

§ 10 O valor incontroverso deverá continuar sendo pago


no tempo e modo contratados."

2
Além disso, já nesta Comarca de Teresina, o ilustre MM. Juiz
de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina, Estado do Piauí,
Drº. ANTENOR BARBOSA DE ALMEIDA FILHO, processo n. 141842008, já
exarou decisão em antecipação de tutela inaudita altera pars no dia
29.08.08 determinando a autorização para ser depositado em conta
judicial mensalmente até ulterior deliberação o valor da prestação
indicada na inicial como incontroverso e ainda, que o autor-
reconvindo, instituição financeira se abster-se de encaminhar o nome
do réu-reconvinte /consumidor para negativação em órgão de proteção ao
crédito, relativamente ao débito ora discutido, e, caso tenha
negativado que, imediatamente, procedesse a exclusão do nome do réu-
reconvinte /consumidor, senão vejamos:

PODER JUDICIÁRIO

JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL

Processo N° XXXXXXXXXXXXXX

Ordinária Revisional

Autora: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Ré: Cia. De Crédito, Financiamento e Investimento Renault do Brasil

DECISÃO

Cuida-se de Ação Ordinária de Revisão de Cláusula Contratual


proposta por Dorizete de Melo Freire Gomes contra Cia. De Crédito,
Financiamento e Investimento Renault do Brasil todos qualificados nos
autos, visando a parte autora em sede de liminar depositar em juízo
valor da prestação que considera incontroverso, assim como compelir a
parte ré a não incluir seu nome, nome da autora, nos cadastros dos
órgãos de proteção de crédito.

Assevera que celebrou contrato de financiamento para


aquisição de veículo automotor com a parte ré, no entanto a ré de
forma abusiva cobra juros capitalizados em desacordo com a avença eis
que este pacto não prevê tal capitalização. Que, calculando-se o valor
das prestações com juros simples de 1.5591100%, chega-se ao valor de
R$ 866,64 (oitocentos e sessenta e seis reais e sessenta e quatro
centavos) e é esse o valor que considera incontroverso, pugnando,
então, a autora, para depositar em conta judicial esse valor.

É o relato. Decido.

Torno sem efeito o despacho de fl. 77.

Trata-se de pedido de liminar inaudita altera pars formulado


pelo autor com o fito de consignar mensalmente valor da parcela que
considera incontroversa.

Analisando a peça inicial vejo que o autor quantificou o


valor que considera incontroverso e com base nesse valor pretende
continuar a honrar o compromisso assumido, daí, porque pugna pelo
depósito do valor das prestações obtidas com base na quantia apurada e

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discriminada na peça inicial.

Estabelece o art. 50, § 1 ° da Lei nº 10.931/04:

“Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto obrigação
decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação imobiliários, o
autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações
contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor
incontroverso, sob pena de inépcia. (grifo nosso)

§ 10 O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no


tempo e modo contratados."

Pretende, ainda, o autor, em sede de liminar, a proibição de


inclusão de seu nome no cadastro dos órgãos de proteção de crédito e,
se já incluído, sua retirada, sob argumento de que o débito está sendo
discutido judicialmente.

Isto posto, defiro o pedido de liminar eis que entendo estar


presente o fumus boni iuris, consistente na matéria deduzida na peça
inicial, bem como o periculum in mora, consistente no abalo de crédito
caso o nome do autor seja negativado e em decorrência autorizo que o
valor da prestação indicada na inicial como incontroverso seja,
mensalmente, depositado em conta judicial até ulterior deliberação.

Determino, ainda, que a parte ré abstenha-se de encaminhar o


nome da parte autora para negativação em órgão de proteção ao crédito,
relativamente ao débito ora discutido, e, caso tenha negativado que,
imediatamente, proceda a exclusão do nome da parte demandante.

Cite-se a parte ré na forma requerida (carta), devendo a


parte autora indicar o endereço correto do demandado.

Intime-se e cumpra/se.

XXXXXXXXXXXXX, XX de Agosto de 20XX.

__________________________________

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Juiz de Direito

A jurisprudência recente do mês de junho de 2008 do Superior


Tribunal de Justiça não destoa:
PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EMPRÉSTIMO PESSOAL. JUROS REMUNERATÓRIOS.
ABUSIVIDADE. CONSTATAÇÃO. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE
MERCADO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO.
- Cabalmente demonstrada pelas instâncias ordinárias
a abusividade da taxa de juros remuneratórios
cobrada, deve ser feita sua redução ao patamar médio
4
praticado pelo mercado para a respectiva modalidade
contratual. - Não se configura o dissídio
jurisprudencial se ausentes as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
Art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255, caput e
parágrafos, do RISTJ. Recurso especial não conhecido.
(REsp 1.036.818 – RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI).

PRELIMINAR DE CABIMENTO DE RECONVENÇÃO EM AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO

EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO
CIVIL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. DECRETO-LEI Nº 911/69. RECONVENÇÃO.
CABIMENTO, MESMO ANTES DO ADVENTO DA LEI Nº
10.931/2004. ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAIS.
EFETIVIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AGRAVO
IMPROVIDO.
1. Tendo em vista as modificações que a ação de busca
e apreensão sofreu desde a edição do Decreto-Lei n.º
911/69, com a evolução do sistema do Código de
Processo Civil, o cabimento da reconvenção na busca e
apreensão corrobora a consecução da efetividade da
prestação jurisdicional, garantindo a celeridade e a
economia processuais, diante da resolução, em um
mesmo processo e sentença, de todas as questões
relativas ao contrato de alienação fiduciária.
2. A Lei nº 10.931/2004 somente trouxe ao ordenamento
jurídico um direito do réu na ação de busca e
apreensão que a jurisprudência expressamente já
reconhecia, não sendo aplicáveis as limitações do
art. 3º, § 2º, do Decreto-Lei nº 911/69 nem mesmo a
processos anteriores ao advento da novel legislação.
3. Agravo regimental improvido.

DO DIREITO

DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

Trata-se de ação reconvencional com pedido revisional de


contrato de financiamento de veículo garantido por alienação
fiduciária c/c depósito incidente – pedido de liminar, promovida pelo
réu-reconvinte em desfavor de instituição financeira, em virtude de
esta estar praticando capitalização mensal de juros que não foram
pactuados expressamente no contrato de financiamento de veículo e que
é vedado pelas súmulas 121 do STF e 93 do STJ.
Já foi ressaltado no STJ que “o Código de Defesa do Consumidor
é aplicável às instituições financeiras” (Súmula 297 do STJ), com base
no disposto no art. 3º, § 2º, do CDC, de sorte que não há se falar em
ausência dos requisitos para a revisão contratual.
Acrescesse que o Supremo Tribunal Federal, em controle
abstrato de constitucionalidade, também respaldou a aplicação do CDC
às operações bancárias, sacramentando definitivamente a idéia de sua
incidência não colidente com o sistema financeiro nacional (ADIn nº
2591).

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Pois bem. É consabido que o Diploma Consumerista, como norma
de ordem pública de proteção, permite o reconhecimento de cláusulas
abusivas, nulas de pleno direito, notadamente em face da natureza de
adesão do contrato em referência.
Neste contexto, no que se refere à capitalização de juros,
ressaltesse a determinação de que seja anual, a despeito de ser
pacífico o entendimento de que qualquer metodologia ou sistema que
viabilizá-la por lapso inferior, expressa ou implicitamente, torna-se
insubsistente e, portanto, deve ser afastado (Súmulas 93 e 121 do STJ
e STF, respectivamente, ambas em consonância com os artigos 591 e
2.035, parágrafo único, do Código Civil de 2002).
Nesta direção, certo é que a aplicação da Tabela Price nos
contratos, por capitalizar juros sobre juros, representa fator de
desequilíbrio entre os contratantes.
A sua incidência quando não pactuada ainda implica em
flagrante violação ao direito básico do consumidor à informação prévia
(acerca da própria existência de capitalização) e adequada (de sua
real periodicidade), garantida pelo art. 52, II do CDC:

“Somente nas hipóteses em que expressamente


autorizada por leis especiais, a capitalização mensal
dos juros se mostra admissível. (...)” (STJ - 4ª
Turma, AGA 488749, DJ de 18.10.2004, Rel. Min. Barros
Monteiro).

A aplicação da MP nº 2.170-36/01 (art. 5º), por outro vértice,


escuda-se na expressa previsão contratual, ausente, in casu, pelo que
sequer merece maiores considerações.
Por outra vertente, se em decorrência da revisão das cláusulas
contratuais, quando da liquidação da sentença, ficar demonstrado que o
devedor principal pagou mais do que devia, a restituição deve ser
assegurada a ele na forma simples, sob pena de o banco incorrer em
enriquecimento ilícito, prevalecendo o entendimento do artigo 42 do
Código de Defesa do Consumidor.

O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre tal


questão: “Quanto à repetição de indébito, deve ser deferida na
presença de cláusulas ilegais, independente de prova do erro no
pagamento,
pagamento, tal como exemplificado na fundamentação do despacho ora
agravado, com respaldo em ampla e pacífica jurisprudência desta Casa”
(Agravo Regimental no Recurso Especial Nº 655931 – RS, do qual foi
relator o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito).

No tocante à cobrança de boleto bancário, esta se qualifica


como abusiva:
“CONTRATO DE FINANCIAMENTO – COBRANÇA POR EMISSÃO DE
BOLETO BANCÁRIO – ABUSIVIDADE. A cobrança por emissão
de boleto bancário é abusiva e ilegal, por ser
responsabilidade e ônus da atividade econômica da
instituição financeira, que deve prestar seus
serviços de maneira adequada e eficiente (Recurso de
Apelação Nº 2008.010006-7, do qual foi Relator o
Desembargador Elpídio Helvécio Chaves Martins)”.

COMISSÃO DE PERMANÊNCIA
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Muito embora o Superior Tribunal de Justiça admita a cobrança
de comissão após o vencimento do prazo para o pagamento da dívida, não
pode ela ser cumulada com juros remuneratórios ou moratórios, correção
monetária (Súmula 30 do STJ) ou multa contratual.
Tendo sido o mencionado encargo fixado exclusivamente a
critério da Instituição Financeira, não pairam dúvidas quanto à
violação cometida ao artigo 115 do Código Civil, conforme entendimento
reiteradamente manifestado por esta Corte: “A comissão de permanência
prevista em contratos bancários qualifica-se como disposição que
sujeita o ato ao arbítrio de uma das partes, o que faz emergir seu
caráter potestativo, tornando-a ilícita nos termos do art. 115 do
Código Civil Brasileiro (Recurso de Apelação Cível – Execução Nº
1000.075442-9 – Chapadão do Sul (DJ 21.08.2001))”.
Possui a comissão de permanência a mesma natureza jurídica da
correção monetária e tanto é assim que sistematicamente os Tribunais
Pátrios têm proibido tal cumulação.
Além de se configurar como potestativa, tal cláusula também é
abusiva, já que onera excessivamente o consumidor.
Verifica-se, portanto, que a comissão tem um caráter
eminentemente remuneratório, o que não pode ser aceito, pois existem
nesses mesmos contratos outros valores que servem para atualizar a
dívida, como os juros, a multa e a correção monetária.

DO PEDIDO DE CONSIGNAÇÃO, EM CARÁTER ANTECIPATÓRIO, PARA DEPÓSITO DAS


PARCELAS INCONTROVERSAS
O réu-reconvinte pretende a manutenção do contrato, nos termos
da lei, para fins de adequá-la às normas do Código de Defesa do
Consumidor, lei que rege a relação jurídica em apreço. Para tanto,
pretende em caráter antecipatório, proceder o depósito judicial das
parcelas vencidas e vincendas, calculadas na forma da lei (juros
simples).
O presente pleito está albergado pelo artigo 273, do Código de
Processo Civil, vez que os requisitos autorizadores da antecipação da
tutela se verificam ao caso em deslinde. A verossimilhança das
alegações e a prova inequívoca emergem do contrato firmado entre as
partes.
Há, também, o fundado receio de dano irreparável
ou de difícil reparação, já que a dívida vem
progredindo vertiginosamente, impedindo o
agigantamento do débito mediante o depósito
judicial. Verificando-se que não haverá prejuízo
ao banco demandado, sequer no caso de insucesso
da ação, haja vista que a medida não possui
caráter irreversível.

Assim, convocando o direito básico da facilitação


da defesa do consumidor em juízo (art. 6º, CDC)
requer seja concedida a antecipação parcial da
tutela para autorizar a autora a proceder o
depósito judicial das parcelas vencidas e
vincendas, INCONTROVERSAS. Valendo destacar o
entendimento jurisprudencial acerca do pedido ora
suscitado:

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“DTZ1790606 - PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE REVISÃO DE
CONTRATO. TUTELA ANTECIPADA. DEPÓSITO. PARCELAS
INCONTROVERSAS. VIABILIDADE. ATOS EXPROPRIATÓRIOS.
POSSIBILIDADE. PEDIDO NÃO FORMULADO EM PRIMEIRO
GRAU. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 1.Pendente entre as
partes discussão sobre o débito, revela-se viável
o depósito judicial da parte incontroversa da
dívida, no curso de ação revisional de contrato,
na qual se discute abusividade de cláusulas
contratuais. 2.Não prospera o pedido de abstenção
de o Banco-Agravado promover qualquer ato de
expropriação do veículo financiado, pois, diante
do débito expressamente reconhecido, não há como
cercear a prática de atos legítimos pelo credor.
3.Inviável a apreciação de requerimento, para que
o Agravado abstenha-se de inscrever o nome da
Agravante nos cadastros de proteção ao crédito,
haja vista tal pleito não ter sido analisado junto
ao juízo a quo. Apreciá-lo, neste momento,
implicaria supressão de instância. 4.Agravo
parcialmente provido, a fim de, tão-somente,
autorizar a Agravante a depositar, em juízo, as
parcelas incontroversas. (TJDF - AGI
20060020126399 - 1ª T.Cív. - Rel. Desemb. Flavio
Rostirola - DJ 30.01.2007, p. 98)

DTZ1699406 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Contrato


bancário. Cláusulas. Revisão. Tutela antecipada.
Depósito incidental dos valores incontroversos.
Exclusão do nome do autor de assentos de
negativação. Posse do bem. Providências negadas.
Provimento. 1. É facultado ao mutuário efetuar o
depósito, nos autos da ação de revisão por ele
intentada com o intuito de questionar
judicialmente cláusulas contratuais apontadas como
abusivas, as parcelas do contrato no importe que
entende devido, com a aceitação desse depósito não
se traduzindo por um juízo de certeza a respeito
da correteza dos valores depositados, mas
prestando-se o depósito, única e exclusivamente, a
arredar os efeitos da mora nos limites das
consignações feitas. 2. Em questionamento judicial
o débito de responsabilidade do autor de ação de
revisão de cláusulas contratuais, autorizado ele a
depositar em juízo os valores incontroversos do
débito, é de ser vedada a inserção do seu nome em
cadastros mantidos por órgãos restritivos do
crédito, inscrição essa que, em tais hipóteses,
traduz-se como fator de coação. 3. Razoável
afigura-se assegurar ao devedor a posse do bem
alienado fiduciariamente, até final decisão,
quando invoca o devedor, na ação revisional que
intentou, excessiva onerosidade contratual,
decorrente da imposição de encargos ilegais ou
abusivos e quando pretende ele depositar em juízo
os valores que entende devidos. (TJSC - Agravo de
instrumento 2006.022101-1 - Segunda Câmara de

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Direito Comercial - Rel. Desemb. Trindade dos
Santos - J. 15.02.2007)”
DO PEDIDO

Isto posto, e fartamente comprovado o direito do réu-


reconvinte, requer:
a) determine a devolução do veículo apreendido devendo o réu-
reconvinte continuar na posse do bem, bem, como fiel depositário do
contrato em tela, bem como, que o autor-reconvindo se abstenha de
promover a inclusão do seu nome nos cadastros do SERASA, SPC e CERIS
(SIS/BACEN),
(SIS/BACEN), ou, caso já o tenha feito, seja expedido ofício ao SERASA
e SPC para determinar a retirada do nome da mesma de tais órgãos, uma
vez que se encontra em discussão o débito exigido, e, no caso do CERIS
(SIS/BACEN),
(SIS/BACEN), seja a instituição bancária demanda intimada para tal
fim, como também, determine-se a proibição de encaminhamento de
títulos para protesto,
protesto, com sustação/cancelamento, conforme o caso, sob
pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais),
com fulcro no art. 461, § 5º do CPC;

b) igualmente, a concessão da antecipação parcial da tutela,


tutela,
autorizando a réu-reconvinte a proceder ao depósito judicial das 29
(vinte e nove) parcelas vencidas e vincendas incontroversas no valor
mensal de R$ 306,77 (trezentos e seis reais e setenta e sete centavos)
conforme perícia contábil extrajudicial anexa, que utilizou os mesmos
critérios da Contadoria Judicial do Tribunal de Justiça do Estado do
Piauí;

c) determine-se, a inversão do ônus da prova em favor do réu-


reconvinte/consumidor,
reconvinte/consumidor, para que o autor-reconvindo apresente aos autos
extratos que comprovem a evolução da dívida, com a discriminação de
todos os juros e demais encargos aplicados ao contrato em comento,
inclusive, as amortizações ocorridas, bem como, uma cópia do contrato
posto em deslinde, a qual deixou de ser entregue no ato da celebração
em razão;

d) se digne Vossa Excelência determinar a intimação na pessoa


do advogado do autor-reconvindo, na forma do Processo Civil, para
responder aos termos da presente, sob pena de confissão e revelia;

e) seja determinada a realização de “perícia contábil” pelo


Poder Judiciário deste Estado do Piauí, para que o autor-reconvindo
arque com os honorários de perícia contábil,
contábil, indispensável à
verificação da evolução do saldo devedor do veículo financiado e uma
vez que o réu-reconvinte é hipossuficiente frente ao poderio econômico
do autor-reconvindo.

f) seja revisado o contrato em desate, com a nulidade das


cláusulas abusivas de juros e encargos exigidos de forma arbitrária, de
forma capitalizada, afastando-se a incidência iníqua da Tabela Price,
consoante explicitado, limitando-se os juros simples de 1,84% a.m.
(24,46% a.a.) sem a capitalização mensal de juros que não foram
pactuados expressamente no contrato de financiamento e que é vedado
pelas súmulas 121 do STF e 93 do STJ, STJ, levando em consideração as
amortizações efetivadas pela réu-reconvinte ou que seja revisado o
contrato para que se aplique a taxa de juros pactuados no contrato de
financiamento sem a capitalização mensal de juros que não foram

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acordados expressamente e que é vedado pelas súmulas 121 do STF e 93 do
STJ;
STJ;

g) a condenação do autor-reconvindo no pagamento das verbas de


sucumbência, notadamente verba honorária no percentual de 20% (vinte
por cento) sobre o valor da causa, e demais cominações legais.

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente juntada de documentos e perícia técnica judicial.

Dá-se à causa o valor de R$ 4.811.37 (quatro mil oitocentos e


onze reais e trinta e sete centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

XXXXXXXXXXX, XX de agosto de XXXXXX.

___________________________
OAB

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