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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E

PREVIDENCIÁRIA
Amanda Cavalcanti Correia

e Elaine Peixoto
6 NEGOCIAÇÃO

6.1. Conceitos Básicos

Segundo Moraes (2013),


A própria Constituição Federal prevê a obrigatoriedade da participação dos
sindicatos nas negociações coletivas de trabalho (CF, art.8º, VI), a participação
dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em
que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação (CF, art. 10) e a eleição de um representante, nas
empresas de mais de 200 empregados, com finalidade exclusivo de
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores (CF, art. 11).

1. Negociação Coletiva: ela envolve um grupo de empregadores ou seus representantes


que juntamente com uma ou várias organizações de empregados viam fixar melhores
condições de trabalho e trazer indicativos disciplinadores a relação de trabalho.
2. Finalidade: tem por finalidade equilibrar a relação trabalhista entre empregador e
empregado, garantindo assim, melhores condições de trabalho e novas conquistas
sociais.
3. Convenção Coletiva: é o documento realizado por escrito, e registrado junto ao
Ministério do Trabalho, que fora elabora por representantes dos Sindicatos dos
Empregadores e dos Empregados.

Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo,


pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas
e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das
respectivas representações, às relações individuais de trabalho (BRASIL,
1943).

4. Acordo Coletivo: é a realização de documento escrito, elaborado entre uma empresa,


ou mais empresas e o Sindicato representativo dos Empregados, conforme expresso no
art. 611 da LCT, a saber:

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais


celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente
categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no

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âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho
(BRASIL, 1943).

Segundo Garcia (2015),


Desse modo, o acordo coletivo de trabalho é o instrumento normativo que
decorre da negociação coletiva, sendo firmado, em regra, pelo sindicato da
categoria profissional com uma ou mais empresas.O acordo coletivo também
é fonte formal do Direito do Trabalho, por estabelecer normas genéricas e
abstratas, a serem aplicadas no âmbito das relações individuais de trabalho
mantidas com a(s) empresa(s) que firma(am) a avença coletiva com o
sindicato da categoria profissional.

5. Dissídio Coletivo: Trata-se de uma decisão judicial, que ocorre após inviabilidade
de negociação entre empregadores, empregados ou entre esses e os sindicatos
representativos da atividade econômica, de acordo com art. 616 da CLT.

Saiba mais

Mais detalhes sobre, indico a leitura do blog a seguir:

http://chcadvocacia.adv.br/blog/dissidio-coletivo/

6. Mesa Redonda: uma condição que poderá ser solicitada pela Superintendência
Regional do Trabalho, que poderá tentar solucionar o conflito entre empregador e
empregados, por seus representantes, mas não tem por fim trazer nenhum tipo de
obrigação na participação e nem na aceitação de um acordo, de fato se busca na mesa-
redonda uma solução pacífica do conflito sem interferência Estatal.

Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou


profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação
sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva.

§ 1º Verificando-se recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou


empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, ao
Departamento Nacional do Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do
Trabalho e Previdência Social, para convocação compulsória dos Sindicatos
ou empresas recalcitrantes. (...) (BRASIL, 1943).

6.2 Tipos de negociador

• Quem é o negociador: é aquele que conduz a negociação; que assume os


elementos a serem discutidos durante o processo da negociação, objetivando que as

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partes se ajustem e assim formalizem um documento indicando as novas tratativas para
aquela relação;

• Negociador assertivo: demonstra clareza na disposição das suas ideias, tem


objetividade na explanação do assunto objeto da proposta, demonstrando estatísticas
do que está sendo explanado garantindo, assim, bons argumentos para o
convencimento do interlocutor;

• Negociador persuasivo: determina a solução da negociação por meio de um


relacionamento emocional e estável com os envolvidos Ele envolve os participantes de
forma a influenciar os mesmos por um laço de amizade;

• Negociador estável: é aquele que estuda o objeto da negociação com o intuito


de trazer segurança no momento da negociação. A sua finalidade é ter todo um
planejamento da negociação para, assim, ter todos os argumentos necessários para que
seja finalizada a negociação pelo consenso das partes, ou até mesmo pela insistência;

• Negociador detalhista: é um conglomerado das demais técnicas de negociação.


Ele faz uso de planilhas, cadernos de anotações e, assim, procura envolver os partícipes
com suas ideias sequenciais, coerentes e dispostas de forma lógica, não se utiliza em
regra de elementos emocionais, mas de elementos materiais e informações reais sobre
o objeto do contrato;

• Pontos do negociador: deverá conhecer quais as razões que estão envolvidas


para a proposta/contraproposta do interlocutor, deve ter essa sensibilidade para que
assim atinja o seu objetivo.

Deverá ainda entender o que será perdido com a aceitação das condições, e vendo a
inflexibilidade da outra parte, adaptar a sua proposta de modo a ficar mais próximo ao
seu objetivo principal.

Ciente do que poderá ser perdido se deixar de concluir o negócio, é necessário fazer
uma gestão da perda, e assim modificar a proposta ou até mesmo saber a hora de recuar
para que o prejuízo não venha a ser irreparável.

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Deverá ainda analisar se durante a negociação se encontra ou não em vantagem ou em
desvantagem, e apurado isso, se utilizar de suas competências para equilibrar a
negociação ou até mesmo voltar a ter vantagem no negócio.

O tempo também é elemento fundamental, ou seja, ele deverá ser considerado para
que se possa dar uma pausa na negociação e assim continuar após com novas
argumentações. Agora sendo uma demanda urgente, deverá se ater ao que for menos
prejudicial ao objetivo do representado.

6.3 Competências do Negociador

6.3.1 Conceito de Competência

Está ligada à capacidade de agir pelo conhecimento com habilidade para se chegar a
indicações de solução de causas e conflitos, para a negociação é importante tendo em
vista a necessidade do negociados de ser um conhecedor do assunto e também deter as
possibilidades de pôr fim ao conflito com suas atitudes e oratória.

6.3.2 Compreensão

De nada adianta se encher de soluções e conceitos se não tiver a compreensão do que


está sendo negociado. A compreensão é elemento decisivo para que se possa travar
indicativos assertivos para a solução do conflito; conhecendo o objeto da negociação e
compreendendo as suas funções e definições irá facilitar todos os pontos da negociação
de forma a garantir a todos um sentimento de um bom negócio.

6.3.3 Conhecimento

Garante indicações dos aspectos importantes do objeto negociado, dando a negociação


elementos necessários para assim definir as condições do objeto e também indicar quais
as concessões não irão trazer nenhum tipo de problemas à negociação.

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6.3.4 Flexibilidade

Caberá ao negociador a flexibilidade de trazer novas viabilidades aos pontos que lhe
seriam atraentes a negociação, sendo assim, o negociados compreendendo o objeto,
tendo conhecimento dos detalhes que cercam o objeto terá maiores condições de fazer
concessões e mudanças dos tipos planejados, e, com isso não terão uma perda
significativa e sim indicações mais adaptadas para que o negócio seja concluído e seja
tido como vantajoso a todos os envolvidos. No popular indicamos como sem perda, sem
ganho.

6.3.5 Comunicação

A verbalização com uma boa dicção garante unidas as condições de compreensão,


conhecimento e flexibilidade do objeto da negociação, garantem aos negociadores um
ar de segurança que facilita aos envolvidos a possibilidade de tomarem as decisões
quanto ao tempo em discussão. É uma das principais partes, posto que com a
comunicação é possível fazer uma solução de conflitos com atenção a todos os pontos
de forma a garantir a negociação um começo e até fim proveitoso a todos os envolvidos.

6.3.6 Forma

O documento que confirma a finalização da documentação deverá ser escrito e conterá


todas as indicações negociadas, mediante assinatura das partes e assim, o seu devido
registro junto ao órgão competente, que será o Ministério do Trabalho.

6.3.7 O que não poderá ser objeto da negociação

Pelo art. 611-B da CLT (BRASIL, 1943), todos os incisos indicados ali deverão ser
respeitados e não poderão ser de forma alguma objeto de negociação para fins
trabalhistas, ou seja, não há possibilidade de negociar o valor do salário mínimo de
forma a ser inferior ao decretado pelo governo o que ocorre em regra a partir do dia
primeiro do ano civil.

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Também é importante lembrar-se do art. 7º da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que
traz as cláusulas pétreas, as que não poderão ser extintas, e sua negociação em regra
traz processo normativo próprio a qual deverá ser seguido para que se mantenha as
garantias fundamentais ao trabalhador no solo brasileiro.

6.4 Processo da Negociação

6.4.1 Procedimento

A negociação tem por fim suprir as lacunas deixadas pela legislação trabalhista vigente,
ele vem como um meio de garantir aos empregados força para negociar junto aos seus
empregados com a finalidade de assim trazer melhores condições de vida e proteção
aos empregados devidos aos riscos aos quais podem estar expostos.

A negociação na regra trabalhista, serve para equilibrar as necessidades lucrativas frente


às necessidades pessoais dos empregados/trabalhadores, que se utilizam da prestação
de serviço mediante remuneração como forma de sustento a si e seus familiares.

Seus representantes em regra são Sindicatos, Confederações, Federações e até mesmo


associações, que objetivam por sua representatividade em nome de muitos
trabalhadores de determinada categoria, fazer valer o mais justo e adequado frente à
mão de obra que é executada por pessoas físicas com o objetivo de serem remuneradas
e assim auferirem renda o suficiente para suprir as necessidades pessoais.

O processo da negociação objetiva garantir as partes liberdade para negociarem e


chegarem a um consenso, podendo essa se traduzir em acordo ou convenção coletivas,
porém a inviabilidade de finalizar uma negociação no âmbito trabalhista, abre portas
para o dissídio, onde as partes juntamente com um representante do Estado ou árbitro
poderão expor seus interesses e ficará a critério do julgador os pontos que serão
garantidos e deverão ser cumpridos pelas partes.

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6.4.2 Formação do dissídio

Todas as vezes que a negociação não garantir as partes a formação de um acordo ou


convenção entre as partes, ela poderá ser solucionada através de um dissídio.

O dissídio é uma condição legal, que precisa de instauração de ação junto ao judiciário
com a finalidade de que todos os pontos controvertidos e não acordados entre as partes
sejam explanados a fim de colocar ao julgador todos os elementos, para que ele
juntamente com o livre convencimento e aplicação do direito e das normas vigentes
possa garantir a finalização da pendenga de forma a ser justa e de direito aos envolvidos,
prolatando assim uma sentença que deverá ser cumprida pelas partes.

6.4.3 Formação da negociação

Ela deverá ter sua existência pela representatividade das partes, onde de um lado
empregado e do outro o empregado, porém pelo critério de equilíbrio entre as partes
para a validade da negociação em regra será feita por Sindicatos representantes das
categorias, porém sendo o empregador um dos polos é garantindo ao mesmo o poder
de negociar frente ao Sindicato representativo da categoria profissional.

6.4.4 Validade da negociação

A sua validade somente poderá ser questionada se assim for expressamente proibida
por lei.

A sua validade deverá seguir o prazo não superior a 2 anos, com base no que descreve
CLT no art. 616, passado esse tempo, a negociação perderá a validade para o direito do
trabalho.

A perda da sua validade se dá pela impossibilidade da teoria da ultratividade, ou seja,


um documento coletivo (acordo/convenção), não continuaram vigentes após finalizado
o seu prazo, perdendo assim sua aplicabilidade, ou seja, se não for renovada, as
cláusulas perdem a vigência.

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6.4.5 Níveis de negociação

Nenhum representante tem obrigação de finalizar uma negociação, porém é necessário


que os mesmos, Sindicatos, Federações e Confederações não poderão se opor a iniciar
o processo de negociação, ou seja, eles podem se negar a aceitar as condições, e as
partes podem não formalizar um acordo, mas nunca se opor a iniciar uma negociação.

É importante lembrar que onde tem Sindicato representativo não caberá competência
da Confederação e da Federação em negociar, é uma condição ligada ao respeito da
base territorial ao também pela melhor aplicação tendo em vista que quanto menor o
campo de visão melhor são os resultados para se ter uma negociação adequada as
condições da região e até mesmo a cultura e custo de vida.

6.4.6 Validando o documento coletivo

Não há necessidade de homologação para que um documento coletivo tenha validade,


porém será necessário sim o seu registro junto ao órgão competente para passara a
valer.

Deverá ser formalizado por escrito e conterá prazo de validade que não poderá ser
superior a dois anos, não podendo tratar de matéria que seja indicada nos incisos do
art. 611-B da CLT, ou seja, poderá a negociação tratar sobre matérias já não indicadas
como solucionadas por lei.

6.5 Negociação sindical

Nenhum Sindicato poderá se opor a negociação, porém em nenhum momento será


obrigada a formalizar um acordo, convenção ou qualquer tipo de documento. Essa
premissa se vale pela liberdade sindical.

Ainda é importante lembrar que a negociação Sindical, será sempre aplicada a todos os
representados por aquela categoria, quer tenham ou não contribuído a instituição, não
sendo devida a distinção, tendo em vista se tratar de um direito Constitucional com base

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no art. 7º da Constituição Federal, porém aquele que não contribuir para a categoria
sindical não poderá fazer uso dos programas, convênios e demais benefícios oferecidos
pelo próprio Sindicato, e que não constam da convenção coletiva.

A negociação sindical é elemento de suma importância para que possamos ver surgir
novas condições sociais, equilíbrio na relação empregado e empregador e um sendo de
justiça pela distribuição da renda e criação da proteção do trabalhador frente ao seu
empregador que já nasce no vínculo com o poder de submeter o empregado a suas
ordens pela sua necessidade de se manter ativo por uma questão de se manter e a seus
familiares com dignidade e o poder de compra.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Lei nº CF, de 5 de outubro de 1988. CONSTITUIÇÃO DA


REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. 1. ed. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25
jul. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Lei nº CF, de 5 de outubro de 1988. CONSTITUIÇÃO DA


REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. 1. ed. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25
jul. 2022.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 9. ed. rev. atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense, 2015.

MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e


Legislação Constitucional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

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