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Humanista

Todos os conhecimentos têm a mesma importância – não existe um melhor que os outros,
embora a ciência seja um conhecimento diferente dos outros por ter uma epistemologia
diferente. Na nossa prática profissional precisamos nos ater a ciência.
Ciência é o único dos 4 tipos de conhecimento que se considera falível, no sentido de que com o
progresso algo que hoje consideramos correto pode passar a ser considerado incorreto.
Filosofia, religião e senso comum se consideram infalíveis.
Psicologia é ciência pré paradigmática – psicólogos não concordam 100% entre si – existem
diferenças grandes entre as linhas teóricas da psicologia – 4 grandes grupos
Uma boa ciência tem que passar por 2 crivos – coerência interna: a própria teoria não pode ser
contraditória ( na religião é possível Deus ser 3 e uno ao mesmo tempo) e empirismo:
observação pela instrumentalização – existe empirismo no senso comum também mas é casuísta
porque uma vez que acontece se generaliza e na ciência para se estabelecer uma verdade
científica o experimento precisa ser repetido várias vezes, ou seja, a verdade científica precisa
de repetição seguindo método argumentativo (não opinião)
Ciência física x ciência humana: principal diferença é que na humana o pesquisador e o objeto
de estudo se confundem, ou seja, o estudioso sempre influencia no resultado da pesquisa.
4 linhas: escola experimental (behaviorismo, neuropsicologia, cognitivismo – método
positivista: pede neutralidade , diminuindo a interferência ao máximo com instrumentos que
quantificam e sem pesquisa de algo que é muito forte na sua vida), escola psicodinâmica (mais
forte no Brasil – psicanálise freudiana, lacaniana, Melanie Klein, Winnicott: utilização de
conceito de inconsciente como estrutura psíquica, como um lugar dentro de você, não se busca
neutralidade, lida com parcialidade não se colocando, não fala da própria vida do pesquisador),
escola fenomenológica (humanista e existencial, parte da sistêmica: parcialidade mostrando
nosso viés, o terapeuta fala dele próprio), escola transpessoal (se caracteriza não pelo método de
estudo e sim pelo objeto de estudo: estuda estados não usuais de consciência, estados alterados
de consciência, sonho, hipnose, vigília, transe, mudança na consciência através da droga- não
pode na terapia no Brasil). Estudam também as capacidades supra-humanas. Existe
transpessoal experimental, transpessoal psicodinâmica, transpessoal fenomenológica. Hipnose é
prática integrativa que tem no sus, hipnoterapia só psicólogos e psiquiátricas (para a
experimental não é ciência, para as outras é.)
Jung é parcialmente fenomenológico e parcialmente psicodinâmico.
Tender a saúde – você vai progressivamente se tornar uma pessoa mais saudável e completa a
não ser que seu ambiente seja muito tóxico
Existencial humanista diz mais da ontologia e psicopatologia – visão de ser humano
Fenomenologia mais da epistemologia e psicopatologia – método que engloba existencial e
humanista
Pergunta ontológica: o que é o ser humano e como ele funciona

Noções, conceitos ontológicos:


1- Liberdade: para o existencialismo o ser humano é inerentemente livre e não consegue
renunciar à liberdade (liberdade de escolher entre as opções reais que nosso ambiente -
interno e externo- nos proporciona, ou seja, diferente do senso comum que é fazer tudo
que quer)
2- Propriedade: o ser humano pode fazer escolhas próprias e impróprias. Próprias
coincidem com seu projeto de vida e impróprias não coincidem. Vivendo em sociedade
todo mundo vai ter alguma escolha imprópria se rendendo a pressão social, lei, etc. Se
isso acontece com baixa frequência e intensidade não é um problema. Se acontece com
muita intensidade ou frequência, caminhamos na direção da patologia. Como saber se a
pessoa está fazendo escolhas impróprias? Sentimento de angústia da pessoa. Mesmo
quando a pessoa faz uma escolha imprópria, é uma escolha livre.
3- Responsabilidade: diferente do senso comum, ser responsável ao nível individual é
escolher algo que coincide com seus valores. Não existe algo responsável ou não a
priori, sempre depende dos valores da pessoa. Sem liberdade não existe
responsabilidade. Segundo nível da responsabilidade é comunitário, quando escolhe
fazer algo você está construindo um mundo onde aquele ato se torna mais provável e
possível, para o “bem ou mal”. Toda escolha individual reverbera no nível comunitário.
Ser próprio é mais fácil do que ser responsável porque responsabilidade diz dos valores
que você quer construir no mundo. Não tem a ver com juízo social de valor. A
irresponsabilidade no nível comunitário não costuma gerar angústia. Responsabilidade
individual e propriedade são sinônimos.
Escolha saudável x neurótica: saudável são 4 coisas acontecendo ao mesmo tempo
obrigatoriamente (1. escolho para a minha vida, 2. a escolha não me provoca culpa, 3.
não me provoca ansiedade ou no máximo provoca ansiedade baixa -receio pelo futuro-,
4. intuo as possíveis consequências e topo lidar com elas). Neurótica ou patológica é
quando qualquer dessas não está coisas não está presente.
Não diretividade na existencial humanista
Patologia tem a ver com intensidade e frequência

3 objetivos da terapia:

- Aumentar o conhecimento (autoconhecimento e conhecimento do ambiente de fora)

- Aumentar a aceitação (autoaceitação e aceitação dos outros)

- Aumentar o potencial de mudança (de mudar a mim mesmo e o ambiente externo)

Nem todo mundo precisa de terapia, mas todos podem se beneficiar, aumenta a velocidade da
melhora na tendência natural a saúde

Conceito de inconsciente não é instância psíquica e sim um processo de tudo que acontece
dentro ou fora de você e você tem capacidade de perceber, mas não percebe.

Complexidade do ser humano


Conceitos ontológicos:
1- Dasein, “ser-aí” ou “ser no mundo”: 1. É impossível entender a pessoa sem levar em
conta o ambiente externo no qual ela se localiza. A noção de identidade das teorias
existenciais humanistas inclui pelo menos uma parte do ambiente externo. 2. Somos
seres processuais em constante transformação (diferença da psicopatologia
fenomenológica para as outras; identidade não é estrutura)

Exemplos: pessoa com diagnóstico de esquizofrenia pode ser saudável, e depois pode voltar a
ser esquizofrênica; o autismo é forma de agir no mundo – na fenomenologia a pessoa pode
deixar de ser autista; só é pedófilo se tiver uma ação concreta no mundo, só o desejo não
configura a pedofilia.

2- Campo fenomênico: interno e externo (os dois tem a mesma importância)

3- Divisão do organismo em 4 esferas orgânicas (não significa corpo biológico e sim a


pessoa como um todo):
- Biológica: funcionamento do corpo físico
- Psíquica: diz da mente, parte humana pouco volitiva, não reage bem a curto prazo à escolha
ex: sentimento, alucinação, sonho, fantasia involuntária (medo de ser traída)
- Espiritual: capacidade racional (pensamento), capacidade avaliativa, valores éticos e morais
- Cultural: nossa reação ao contato com outra pessoa, forma como os costumes influenciam no
nosso agir, maneira que instituições modificam nossa forma de pensar, parte do ambiente
externo que de alguma forma te impacta
O ser humano é bio-psico-espirito-cultural.
4- Localização é conceito que se subdivide em Identidade-temporalidade-espacialidade:
nível mais básico de psicopatologia acontece quando a pessoa não se localiza no
mundo.
Identidade: noção de eu – identidade aberta ao ambiente – o eu inclui a parte do ambiente
que te influencia, a cultura
Temporalidade: noção de tempo
Espacialidade: noção de espaço e lugar (geográfico e virtual) – não diz do espaço subjetivo

Importante tentarmos estabelecer relações terapêuticas e manter posturas terapêuticas em todas


as nossas relações significativas (onde existe vínculo emocional ou duração temporal
estendida), não somente em terapia. (genuinidade, aceitação incondicional e empatia)
Obs: O que promove a cura é o estabelecimento da relação terapêutica, o que cura é a
relação, não a técnica. A técnica serve para aumentar a velocidade do processo.

 Aceitação incondicional: aceite da liberdade do outro, aceita que o outro possa


escolher o que for para a vida dele ou dela. Isso não significa concordar com o
outro. Não diretividade
Genuinidade: diz do terapeuta dizer dele pro terapeutizando – tem que ter os 4 aspectos:
- falar de vivência sua
- ser contingente a sessão durante o contato com o terapeutizando – não traz de casa
- não provoca ansiedade nem culpa
- seu terapeutizando consegue naquele dia ouvir aquilo e se manter minimamente
equilibrado (não diz coisas com potencial confrontativo quando ele está fragilizado)

 Empatia: compreensão (entender os motivos e motivações do outro), compreensão


emocional (entender o que é dor, alegria, se colocar no ponto de vista emocional,
não apenas racional) – foco no outro
 Enteropatia: uso experiencia minha para entender experiencia do outro – foco na
semelhança entre você e o outro
Obs: Na psicologia humanista não existe psicoeducação. Não existem sentimentos ruins ou
bons, somente os saudáveis ou neuróticos.
Mecanismos neuróticos são formas patológicas de estar no mundo, embora não sejam as
únicas. Quando falamos de mecanismos neuróticos falamos de uma forma de se relacionar
com o mundo (de dentro ou de fora). Mesmo quando falamos de doença, falamos sobre
doença relacional e não individual – coincide com ontologia quando fala que somos seres
complexos e processuais.
Um fenômeno patológico em uma pessoa saudável e doente vai ser diferenciado pela
intensidade e frequência que isso acontece. É esperado que todos utilizem os 7 mecanismos
neuróticos em algum momento, de vez em quando.
São eles:

 Introjeção
 Confluência – pressão por igualdade
 Projeção
 Retroflexão – pressão não é por igualdade
 Deflexão
 Proflexão – esses dois últimos não tem no texto
 Egotismo – pressão não é por igualdade
Mais de um pode acontecer ao mesmo tempo, exceto introjeção e confluência sobre o
mesmo objeto – pode introjetar em um objeto e confluir em outro, tendo eles uma ligação
1-Introjeção – forma neurótica, patológica de aprender algo, falta de elaboração ou
avaliação. Você pega uma ideia ou ideologia do seu campo fenomênico externo e começa a
tratar aquilo como verdade pra você sem avaliar ou assimilar (pegar ideia de algum grupo
de pertencimento e pegar para si sem avaliar)– Assimilação: forma saudável de apender,
quando avalia e concorda é uma escolha saudável (não digo que criança de 2 anos introjeta
algo porque entendo que ela não consegue elaborar ainda, não tem reversibilidade – uma de
8 consegue) Quanto mais próximo da cultura, mais fácil de introjetar. Ex: jeito de aprender
a tratar os outros bem foi ruim porque foi sem avaliação. O foco é o processo da
aprendizagem e não o objeto que foi aprendido
Reversibilidade é conseguir saber que se a =b e b=c então a=c – se encho água em copo de
água grande e jogo em copo pequeno, ainda é a mesma quantidade de agua
2-Confluência é busca neurótica por identidade, igualdade (pressão por igualdade) – ex: tem
um polo de mais poder e pressiona o polo de menos poder para fazer o que ele gostaria –
um pressiona e o outro aceita a pressão. Outro tipo é quando não tem uma pressão externa
muito forte, mas interna tem. Pessoa não gosta de cerveja, mas amigos gostam então se
força a beber, mesmo que os amigos não a forcem. (ato de entender que precisa do grupo –
que é outro fenômeno – é introjetivo)
Para ser confluência a pessoa precisa saber que discorda.
Ex: Pessoa não gosta de jogo de futebol no estádio, mas namorado quer, então aceita a
pressão e vai para o estádio. Ele vai, mas não gosta, acha ruim – confluência (poderia ser
uma escolha saudável se aproveitasse). Além disso a pessoa pensou: “olha o que ele me fez
passar” – foi uma escolha e não uma responsabilidade do outro – projeção de
responsabilidade
3-Na projeção você pega algo seu e coloca artificialmente no outro
3 tipos:
- Projeção de responsabilidade: a pessoa responsabiliza o outro por uma escolha que foi dela
(a pessoa está te contando que traiu o namorado porque ele a traiu primeiro)
- Projeção de característica: a pessoa tem uma característica, não percebe que tem ou
percebe mas não aceita e quando percebe essa mesma característica no outro, desconta no
outro a frustração por ter essa característica (vizinhas conversando e falando que odeiam a
vizinha da frente porque ela faz fofoca – pode ser que a vizinha nem seja fofoqueira) – nem
sempre será um motivo racional, pode ser simbólico. Ex: homossexual homofóbico
- Projeção de necessidade: você precisa de algo para se tornar mais saudável, não consegue
desenvolver aquilo e quando percebe isso no outro, desconta nele sua frustração. Ex: você
sente que é necessário comprar um carro, seu vizinho compra um carro e aí você diz que
depois disso ele ficou metido e parou de te cumprimentar, o que não é verdade.
4-Na retroflexão você tem uma emoção ou energia que era direcionada para outro e você
joga para dentro. Tanto sentimento ruim quanto bom. Diferença da retroflexão para a
psicossomática é que nesta tem relação causal – 1º no psíquico e depois no corpo. Na
retroflexão acontece tudo ao mesmo tempo. A fenomenologia não trabalha com causalidade
linear - é multicausal
5-Na deflexão você diminui a energia do contato:
5.1-deflexão objetal: jogando ou direcionando a energia no contato errado
5.2-deflexão modal: através de comunicação inadequada
6-Na proflexão você vai fazer com o outro o que você gostaria que ele fizesse com você e
não fica 100% satisfeito, existe um ressentimento.
Ex: dou presente caro para o namorado porque queria que ele fizesse isso e reclamo que ele
só da lembrança barata
7-No egotismo você ignora o campo fenomênico externo e hipervaloriza o interno. Você dá
pouca bola para os outros e muita para si sem nem perceber.
Ex: a mãe fica o dia todo preparando seu prato preferido e você reclama que está sem sal;
dou um presente que me satisfaria e nem penso na pessoa que está recebendo (se deu para
chatear não é egotismo)
Os narcisistas costumam ser egotistas (ex: namorado que exige que namorada não use short
porque só a opinião dele importa)
OBS: o psicólogo não pode interpretar e avaliar os mecanismos nas sessões.
Ninguém zera todos os mecanismos, embora espere-se que na terapia a frequência e
intensidade deles seja diminuída.
Temos padrões de funcionamento, não estruturas fixas. Todos podemos ser perversos em
determinados momentos da vida, todos deliram ou alucinam as vezes.
Conteúdos da consciência: pensamento, sentimento, afeto, alucinação, delírio etc.
- Alucinação: percepção sensorial desvinculada da realidade objetiva
-Delírio: pensamento desvinculado da realidade objetiva
Se causa bem-estar para si e para a comunidade não é patológico. Se te atrapalha é
patológico, independente da frequência e intensidade.
Normal é diferente se saudável porque o normal é estatístico, é o comum em determinado
momento na cultura.
Psicopatologia
A psicopatologia, assim como o ser humano de forma integral, é um processo e não uma
estrutura fixa. Ou seja, na fenomenologia, podemos hoje estar deprimidos ou
esquizofrênicos e daqui um ano não estarmos mais. Dizer que algo pode mudar (processo)
não significa dizer que é fácil de mudar. Algumas formas doentes de se colocar no mundo
exigem tratamento difícil e longo para poderem mudar, mas isso não significa que sejam
imutáveis. Quanto mais doente a pessoa, mais lentamente ela vai progredir. Lembrando que
sempre devemos levar em consideração o campo fenomênico interno e externo. O fato de
você viver numa cultura específica modifica quem você é, tanto quanto o envelhecimento
do seu corpo. A cultura faz parte da identidade, diferente da noção clássica de indivíduo
separado do ambiente. A subjetividade, portanto, inclui o que está fora, não é somente
psíquica.
Quando nós entendemos o mundo, não entendemos o mundo de forma objetiva e sim como
ele acontece para nós, então todo conhecimento psicológico do mundo é uma noção e não
um reconhecimento objetivo da realidade.
Psicopatologia, então, é a noção de adoecimento psicológico. Individuo cristalizado num
modo desadaptativo de estar no mundo.
A pessoa pode ao mesmo tempo tomar um remédio antipsicótico e não ser psicótica pq o
que determina o que ela é, é a forma global que ela se coloca no mundo e não só o
funcionamento cerebral. Tem gente que para se colocar no mundo de forma saudável
precisa fazer terapia, tomar remédio, namorar, trabalhar etc.
Tipos de comportamento (modos de ser no mundo):
Ajustamento criativo: 1ª opção: objetivo do organismo é te manter vivo – se não te mata é
ajustamento criativo. Tendencia básica ao equilíbrio que te mantem viva. Tudo ou quase
tudo que tem na psicopatologia é ajustamento criativo porque exceto o autoextermínio, o
comportamento está se mantendo vivo.

Self é o que temos mais perto na Gestalt da questão da identidade – sistema de contatos
(interno e externo – relações que travamos com os outros e nós mesmos) que funciona
através de 3 modos ou funções: modo id, modo ego e modo personalidade
Modo id- funcionamento biológico autônomo/ comportamento corporal sem controle
volitivo/ reação corporal involuntária, tudo que é psíquico, histórico de aprendizagem
(vivências da pessoa de forma geral, a vivência imediata como fixada pelo organismo, um
filme modificável)
Modo ego – reações corporais voluntárias, toda a esfera espiritual (inclui capacidade de
raciocínio, avalição, valores éticos e morais) e uma parte da esfera cultural (a parte
simbólica não entra – imagem que te provoca reações emocionais e corporais – aí é modo
id)
Modo personalidade – corresponde a autoimagem (inclui forma que você se percebe e a
forma que você se percebe percebido pelos outros) ex: dismorfia tem mau funcionamento
do modo personalidade

Surto – o mais doente de todos – padrão de funcionamento em que a relação estabelecida é


insuficiente para a pessoa se manter integrada (integridade interna e a integração ao
ambiente externo – pensa no ambiente também, não só na pessoa). Há uma cisão interna
e/ou falta de integração ao ambiente externo. Ex: pessoa no centro de BH foi comprar
presente para um conhecido. Enquanto está lá é tomada por um enorme medo, por pânico,
do nada. Isso é o (mau)funcionamento do modo ID. No surto psicótico o modo id está
funcionando de forma doente. Se com isso a pessoa começa a sair correndo no meio dos
carros e é atropelada, ela perde noção, não mantem adequação mínima ao ambiente, então
surta. Modo ID colapsado – nem capacidades da pessoa nem do externo são capazes de ter
essa adequação mínima – parte interna muito fragmentada e externo muito tóxico. Sistema
todo colapsado no surto porque a pessoa não conseguiu usar nem o modo ego nem o modo
personalidade, nem apoio externo, então não tem ajustamento
Ajustamento psicótico - frente a um mau funcionamento do modo id, a pessoa consegue
manter-se minimamente adaptada ao ambiente - Se ela consegue pedir ajuda a um guarda,
ou se o próprio guarda percebe e vai ajudá-la – parte de um mau funcionamento do id, modo
id colapsado – e aí o modo ego e/ou personalidade acabam funcionando mal também. Outro
ex: pessoa que só se corta, mas não se mata – histeria – transtorno obsessivo
Ajustamento neurótico – o problema do ajustamento não pode ser com o modo id (esse
funciona de modo adequado) – o modo ego e/ou personalidade que funciona de forma
doente. Por exemplo quando a pessoa utiliza algum dos mecanismos neuróticos – cara com
ciúmes da esposa e pede para não usar short curto – ajustamento neurótico via confluência
No ajustamento psicótico e neurótico falamos de uma compensação frente ao
funcionamento problemático de um dos 3 modos que compõe o self
Ajustamento saudável- 2ª opção: os 3 modos do self estão funcionando bem

Quanto mais séria a patologia, mais intenso e frequente a cisão interna e ou falta de apoio
externo.
Psicose (esquizofrenia) e/ou transtorno de personalidade border – cisão interna e toxidade
externa acentuada
Histeria e/ou TOC – cisão interna e ou falta de suporte externo médio
Saúde – coesão interna e suporte externo bons o suficiente

Das patologias psicológicas, a mais grave é a psicose (esquizofrenia). Em um grau menor


temos os transtornos de personalidade (ajustamento psicótico): bipolar, narcísico, border.
Em um nível mais saudável, menos doente, temos todas as nomeadas neuroses (ajustamento
neurótico): ansiedade, depressão, toc, transtorno histérico, transtorno fóbico...
Ciclo de contato
Figura é necessidade atual da pessoa
Existe uma ideia de que podemos pensar o ser humano dentro de um processo que alterna
contato e afastamento (fuga). Um organismo saudável consegue organizar o momento de
contactar o que acontece ou se afastar do que acontece – seja do campo fenomênico interno
ou externo. Ou seja, a vida humana pode ser entendida, na fenomenologia, como esse
processo de contato e fuga que vão se alternando em relação a vários objetos do campo
fenomênico interno e externo. Como a pessoa subjetivamente percebe o contato e vivencia o
fenômeno, como aquele contato influencia a pessoa.
Ex: você está fazendo prova de concurso e do nada vem a memória de uma briga com
namorado – você pode escolher entrar em contato com a memória ou afastá-la para focar na
prova. Sua capacidade de fazer essa escolha, aponta na direção da saúde, sendo o saudável
escolher em consonância com os próprios valores naquele momento específico.

Fenômeno neurótico- ocorre uma vez – só é um problema se acontece com grande


frequência e intensidade, ou seja, a pessoa está neurótica naquele momento. Mesmo pessoas
muito saudáveis vão passar de vez em quando por fenômenos neuróticos.

Ciclo de contato e afastamento se subdivide em 3 partes – tem que falar dos 3


1- Pré contato: a pessoa identifica 2 coisas: 1º- qual é a necessidade dele ou dela (no campo
interno ou externo), 2º- o que tem no ambiente que pode suprir aquela necessidade (não
necessariamente biológica)
Ex: estamos tendo aula, identifico sede, olhei e vi garrafa d’água – fiz um bom pré contato
Ex: estou na sala fazendo prova, identifico minha necessidade de responder questão
específica e identifico na minha memória uma informação que me ajuda a respondê-la (pré
contato saudável)
Pré contato neurótico – figura obscura: você não identifica qual é a sua necessidade (ex: João
com 2 anos ficava mal-humorado e não sabia que aquilo significava sono) ou não consegue
identificar no ambiente o que pode suprir necessidade (com sede e não sabe onde tem
bebedouro)
2- Contato: ação concreta no mundo (acessar memória e escrever na prova, beber água)
Contato neurótico – 1- contato excessivamente energético: com sede bebo com tanta vontade
que molho a roupa e notebook, fico tão preso na memória que perco o tempo da prova pensando
em 10 coisas e não só a que preciso. 2- Contato feito tardiamente, perde o timing (identifica sua
necessidade e identifica o que tem no ambiente que pode supri-la, mas você demora tanto que
isso que podia supri-la não está mais disponível. Ex: lembra da resposta, mas demora tanto para
escrever que esquece de novo). Vira uma situação inacabada, Gestalt aberta (situação mal
resolvida, necessidade mal contemplada). É possível termos algumas gestalts abertas e mesmo
assim estarmos saudáveis – se há várias gestalts abertas, temos neurose
3- Pós contato: Se você fez um contato suficiente para suprir aquela necessidade ela deixa
momentaneamente de ser uma necessidade – ela era uma figura e volta para o fundo – fica
no modo id de histórico de aprendizagem, deixa de ser necessidade atual. Fecha a Gestalt e
se afasta.
Ex: bebeu água suficiente, não tem mais sede – já respondeu questão, não gasta mais
energia pensando nela, ou seja, fecha a Gestalt, resolve o problema.
Algumas pessoas fazem o contato suficiente para suprir a necessidade, mesmo assim a
necessidade não deixa de ser figura, não é suprida. É o que acontece nas compulsões por
exemplo – pós contato neurótico (não fecha a Gestalt)
Ex: já respondi à questão e a prova acabou tem 5 horas, mas continuo fritando na resposta
que dei ou gostaria de ter dado
Fuga como pré contato, contato ou pós contato pode ser saudável ou neurótica (no sentido
de interrupção do contato) A fuga saudável é qualquer afastamento de objeto por escolha
saudável.
Quando você tem múltiplas necessidades ao mesmo tempo você tem um caminho neurótico ou
saudável de resolvê-las. Se essas múltiplas necessidades te paralisam e impedem de fazer
escolha saudável – resolução neurótica das múltiplas necessidades. Se não te paralisam e você
consegue fazer uma escolha saudável – resolução saudável das múltiplas necessidades.
Ex: você tem a necessidade de assistir a aula porque quer aprender a disciplina, ao mesmo
tempo está com sono e necessidade de dormir – se escolhe uma e é saudável, resolveu. Se
escolhe uma e depois tem culpa ou escolhe e fica paralisada (nem aprende nem dorme) –
escolha neurótica
Gestalt fechada: pode fechar tanto por contato quanto por fuga, completando o ciclo de contato.
Sempre tem que ser saudável, independente do gosto bom ou ruim.
Arrependimento com culpa – fenômeno neurótico que demonstra Gestalt aberta

Todas as teorias fenomenológicas acreditam que um sentido para a vida ajuda na tendência a
saúde. A logoterapia, no entanto, traz uma maneira específica para encontrar sentido para a
vida: através da autotranscendência (egoísmo não produz sentido para a vida).
Autotranscendência: faço algo em prol do outro e isso me faz bem. Ter ações em prol de algo ou
alguém diferente de você mesmo.

 Exemplo de amor não autotranscendente: amo meu marido porque ele me trata bem (se
foco for no meu ganho, não é autotranscendência)
 Exemplo de amor autotranscendente: mãe que deixa de trabalhar para cuidar do filho
doente e fica feliz pelo cuidado e bem-estar do filho (isso também pode ser sofrimento
autotrascendente)
 Exemplo de sofrimento AT: pessoa que sofreu abuso e cria ONG para ajudar mulheres
que passaram pela mesma situação
 Exemplo de sofrimento não AT: perco um filho e viro um bêbado que enche o saco de
todos (exemplo do prof)
 Exemplo de trabalho AT: médico que remuneração fica em segundo plano e cuidar das
pessoas é seu foco
 Exemplo de trabalho não AT: médico com foco no salário, em ficar rico
 Exemplo de religião AT: uso da religião em prol do outro, faço lona para não chover em
pessoas em situação de rua
 Exemplo de religião não AT: participo de trabalhos sociais para ir pro céu, ou tento
converter outros
Não podemos dizer que uma religião é melhor do que a outra. Até ateus tem religiosidade
porque o sentido último pode não ser religioso.
Sentido último: perene, disponível em qualquer momento da vida, em prol do outro. Ex: lutar
por justiça social, adotar postura crística (Cristo)

Divisão Frankl: Religião x Religiosidade


- Podem estar ligadas, mas não obrigatoriamente
Divisão outros autores (prof): Religião (organização humana) x Religiosidade (sentido na
prática e vínculo religioso) x Espiritualidade (sentido fora da prática e desvinculado da religião)

Fronteiras de contato:
Como a pessoa subjetivamente percebe o contato. Em termos objetivos todo contato acontece na
fronteira entre os dois campos (interno e externo). Entretanto quando falamos da percepção
intersubjetiva, como aquele contato influencia na pessoa, podemos dividir em contato dentro da
fronteira, na fronteira e fora da fronteira.
- O contato dentro da fronteira é caracterizado por ser algo cotidiano, algo que a pessoa já
conhece bem e não causa ansiedade. Ao mesmo tempo a pessoa não tem uma aprendizagem de
forma, no máximo aprende o conteúdo, mas não uma maneira nova de estar no mundo. Ex:
pegar carro para dirigir no bairro quando já faz parte do caminho, do dia a dia. Ex: casal de
adolescente que se beija sem roupa, já acostumados. Ex: pessoa acostumada a assistir aula
expositiva.
- O contato na fronteira é um contato que tem algo de novidade e gera uma pequena ansiedade
metabolizável e é o único contato que promove aprendizagem de forma, aprendizagem de uma
maneira nova de fazer as coisas. Ex: dirigir no anel rodoviário pela primeira vez. Ex: casal
adolescente que começa a fazer oral. Ex: pessoa fazer pergunta durante a aula expositiva.
- O contato fora da fronteira (trauma) se caracteriza por ser um contato tão energético que a
pessoa não consegue metabolizar adequadamente e provoca aprendizagem negativa. A pessoa
se torna menos capaz de fazer algo que antes ela conseguia, ou seja, regride. Ex: tirando carro
da garagem, atropela vizinho – pessoa que dirige é tão impactada por aquilo que passa a não
conseguir mais dirigir pelo bairro de forma tranquila. Ex: casal que vai tentar a penetração pela
primeira vez e a garota pensa na mãe, que é errado e a experiência dói. Com isso ela não
consegue nem beijar o namorado sem roupa mais. Ex: apresentação de seminário em que a
pessoa gagueja e seus colegas riem – não consegue nem assistir a aula mais. Ex com emoção
positiva não metabolizável: pessoa fica muito emocionada ao ganhar um presente e desmaia.
Depois disso sempre se sente mal, treme e sua ao ganhar presentes.
Ou seja, uma coisa pode ter gosto ruim e ser metabolizável e ter gosto bom e não ser
metabolizável.
Um dos objetivos da terapia pode ser metabolizar contatos fora da fronteira que causaram
trauma ou aprendizagem negativa.
Contexto histórico

Tempo histórico – Passagem de um tempo histórico para outro são mudanças lentas, graduais.
Não é homogêneo e pode ser diferente em cada local

Teorias existenciais surgem no século XX, marcadas pelo pós-guerra por uma necessidade de
valorizar o ser humano para evitar novos confrontos.
Novas teorias psicológicas que além de diminuir sofrimento e resolver problemas, querem
aumentar a velocidade que o ser humano amadurece. Essas teorias se agrupam dentro da
teoria humanista existencial, criticando psicanálise e behaviorismo.

Divisão interna do novo grupo: existencialistas europeus (menos otimistas – pelo contexto do
pós-guerra) e humanistas norte-americanos.

Conceito de ansiedade (sofrimento projetado no futuro) e angústia (sentimento negativo sem


objeto – pessoa se sente mal, mas não identifica o motivo)
1. Existencialistas europeus – ansiedade e angústia são ontológicas – inerentes ao ser
humano e o objetivo é conviver bem com esses sentimentos
2. Humanistas norte-americanos – ansiedade e angústia são fenômenos patológicos e
objetivo é ter esses sentimentos com menos frequência e ansiedade.
Alguns teóricos acreditam que mudanças a partir da década de 50 a 70 são mudanças fortes o
suficiente para dizer que saímos da modernidade para a pós-modernidade. Alguns teóricos que
discordam disso usam o termo modernidade tardia ou hipermodernidade para os tempos atuais.
O que diferencia a pós-modernidade da modernidade é a questão da diversidade – no mesmo
lugar e tempo histórico temos visões de mundo e ideologias diferentes e que tem poder e espaço
social parecidos que competem entre si. Ex: noção da família nuclear burguesa, mas visão forte
de que todo amor vale a pena e existem várias famílias possíveis
Na modernidade nós tínhamos uma maneira hegemônica de ver o mundo e maneiras marginais
de ver o mundo. Ex: casamento hetero como modelo de família (quem não fosse seria
marginalizado)
Na modernidade a patologia hegemônica era a depressão, na pós-modernidade é a ansiedade e
essa ansiedade tem muito a ver com perda dos referenciais e multiplicidade de escolhas.
Mudança no tipo de capitalismo – capitalismo produtivo para capitalismo de consumo – status
social era o fato de trabalhar – depois potencial consumidor, independente de trabalho
Sociedade do indivíduo – neoliberalismo – cada um que cuide do seu – macroprojetos perdem
força
Papel da psicologia é pensar projetos de vida que cabem dentro dessa sociedade diversa.
Sociedade da pós verdade – flexibilização da importância do saber científico, perda dos grandes
valores
Frente a várias narrativas, pessoas podem agir de formas defensivas ou construtivas no mundo
pós-moderno.
Posturas defensivas:
1- De gueto: se nega a ter contato com o diferente, restringindo o contato apenas a uma
bolha de iguais porque sua verdade é melhor que a do outro. Ex: política (Bolsonaro,
Lula e polarização) e religião (só ouve música gospel). Ex: profissional numa discussão
multidisciplinar que só consegue conversar com quem pensa igual a ele, formando
subgrupo de trabalho
2- De cruzada: postura ativa para tentar convencer o outro da sua verdade, a se aliar com
seu grupo porque sua verdade é melhor que a do outro – pode ser feito via diálogo ou
violência. Aparece no campo político e religioso também. Ex: queimar terreiro de
candomblé, testemunha de jeová batendo na porta.
Postura construtiva:
3- De diálogo: implica em posicionamento, nós dialogamos a partir daquilo que somos e
deixamos implícitos o que/quem somos, estando aberto a ouvir o outro que pensa
diferente. Conhecimento mútuo que não visa a conversão e sim o enriquecimento da
vivência não intencional. Minha verdade é complementar à verdade do outro.
Pode aparecer de 4 formas:
 diálogo cotidiano: convivência cotidiana com pessoas diferentes, o que ajuda a
ter empatia com as pessoas que pensam diferente
 ético: quando pessoas diferentes se juntam para fazer algo concreto em prol de
um terceiro. Ex: espíritas e batistas se unem para fazer doações a quem perdeu
tudo em uma enchente
 dos especialistas: líderes religiosos, acadêmicos, representantes de partidos –
falar e construir algum nível de teoria, diálogo e aprendizado formal – 1: tem
que expor sua cosmovisão e 2: tentativa intencional de entender a cosmovisão
do outro – pode ser na mesa do bar mas mais provável em algum congresso
 Místico: participar diretamente de algo que é de um ponto de vista diferente do
seu, é vivencial - interreligioso quando participa de ritual com outra religião,
assistir ao jogo junto com torcida organizada oposta, ir em um congresso de
outra linha teórica diferente da que estou vinculada.
Sociedade do espetáculo é uma sociedade onde o publicizar ganha prioridade ao fazer, é forçado
e um recorte da realidade, excessivo em termos energéticos – vídeo que faz no show é mais
importante que curtir o show, tem que contar que está produzindo no trabalho pro chefe. O
conteúdo importa menos do que a quantidade, imagem e forma.
Em fenomenologia o valor pensado não é necessariamente melhor que o valor operativo. Para
fazermos uma boa avaliação de nossas vivencias precisamos levar em conta os dois valores. Ex:
para escolher curso superior precisamos de valores pensados (será que gosto disso, tem campo
de atuação?), e valores operativos (gosto da aula?) – Não existe um mais ou menos importante
que o outro, eles se equiparam.
-Operativo – se expressa pela realização de uma ação não direcionada pelo cognitivo –
sabedoria corporal tão importante quanto sabedoria cognitiva
-Pensado – cognitivo
-Universalidade de valores – quase uma tendência à saúde específica em relação aos valores
Sonhos

O sonho é uma produção psíquica. Como todas as produções psíquicas, ele é espontâneo, ou
seja, não temos controle volitivo sobre o sonho – maioria das pessoas não controla ou escolhe o
que acontece no sonho. Quem consegue decidir sobre seu sonho – sonho lúcido

Regras básicas:

1- é espontâneo, psíquico
2- todo sonho, por ser simbólico, é polissêmico, ou seja, o mesmo sonho comporta vários
significados ao mesmo tempo. Tentamos construir um sentido para o sonho (não
necessariamente encontrar um sentido e sim definir um entre tantas possibilidades –
terapeutas distintos podem trabalhar um mesmo sonho e chegar a diferentes sentidos e
ambos estarem corretos).
3- Esse sentido na fenomenologia é sempre equilibratório (mesmo pesadelos): o sonho vai
sempre nos trazer de forma simbolizada um recado, uma proposta de mudança na
direção da saúde (tendência a saúde manifestada nos sonhos).
4- Todos os símbolos do sonho representam uma parte sua, tudo que aparece no sonho
representa o ser-no-mundo do sonhador. Cada símbolo do sonho representa uma parte
da sua vivência no mundo (lua, monstro, floresta, escuro etc.), não necessariamente
linear. É tudo sobre você no sentido da sua relação com o mundo.

O significado do sonho é construído terapeuticamente na relação entre o sonho e a vida de


vigília.

Todo mundo sonha. Na média a cada 90 min que se dorme, tem-se 15 min de sonho e
geralmente lembramos do último ou do mais relevante. Só para de sonhar um organismo muito
debilitado. Lembrar dos sonhos é outra história – 2 explicações de porque não lembramos do
que sonhamos: 1- hipótese repressiva (não lembramos do sonho porque não queremos receber
aquele recado) ou 2- tem a ver com a atenção (se você não presta atenção nos seus sonhos você
não lembra deles – se quer lembrar mais, anote assim que acordar).

Em termos terapêuticos, damos prioridade ao sono atual (não aos antigos) e, dentre os atuais, os
repetitivos (muito semelhante) são os mais importantes.

Tipos de sonho: 1) Manutenção do sono; 2) Realização de vontade; 3) identificatório; 4) Polar.

1-Sonho biológico/manutenção do sono: te permite continuar dormindo em uma situação que


normalmente você acordaria. Ex: sonhar que o barulho do despertador é uma sirene qualquer
para o barulho não te acordar. Criança que sonha que está tomando banho para que o xixi na
cama não a desperte. Esse tipo de sonho tem o recado mais básico de todos: você precisa dormir
mais.

2-Realização de vontade: você realiza no sonho algo que não está realizando na vigília. Ex: está
de dieta e sonha que está comendo, está na seca e sonha que está transando. Recado: fique mais
atento a suas vontades (não é “realize as suas vontades” porque essa escolha depende também
da intuição das possíveis consequências) – não ignorar não significa necessariamente obedecer

3-Sonho identificatório: te mostra o que você está fazendo na vigília de forma desequilibrada.
Recado é: faça isso menos. Ex: pessoa sonha que está indo para a sala de aula nu (pessoa que se
mostra demais na vigília, conta tudo para todos, por ex)

4-Polar: te mostra o oposto que você está fazendo na vigília de forma desequilibrada. Recado é:
faça isso mais. Ex: pessoa sonha que está indo para a sala de aula nu (pessoa fechada que não
conta nada para ninguém e só dá oi e tchau)

5-Sonho premonitório: poucas teorias acolhem como possível. Só é premonitório se tiver


MUITA semelhança. Se você sonha que alguém que você gosta vai morrer e esse alguém morre,
não é premonitório. É se você sonha que pessoa x morreu em acidente de carro com um carro
azul, muito detalhado.

O sonho identificatório e polar são excludentes (não tem como a mesma parte do sonho ser os
dois). As outras duas são possíveis.

Não tem como estabelecer o significado dos sonhos sem saber sobre a vida de vigília. O
significado do sonho vai aparecer na relação do símbolo do sonho com o que a pessoa faz na
vigília.
Sonambulismo: limiar energético que propicia movimentos reais da musculatura (somente essa
diferença).

Existem dois métodos de trabalhar o sonho na fenomenologia:

1. Expressivos: expressa o sonho, desenha o sonho, faz teatro em que ocupa personagens
do seu sonho, pinta o sonho, compõe música sobre o conteúdo do sonho.... esse
método por si só já garante um ganho para a pessoa – não é obrigatório a compreensão
cognitiva para algo ser terapêutico, a vivência expressiva já é terapêutica.
2. Compreensivos: te ajudar a entender o sonho e seu recado para sua vida.

Unidades de significado neuróticos – maneiras neuróticas de se colocar no mundo de uma


forma temporalmente aumentada (posturas que se estendem)
1.Culpa existencial: cliente se encontra preso ao passado e seu presente está paralisado pelo que
já passou.  
Ex: mulher faz aborto e não consegue mais constituir família por essa escolha (não mereço ser
mãe porque fiz isso no meu passado) OU não vou mudar de profissão porque meus pais
pagaram minha faculdade e me sinto culpada por ter gastado o dinheiro deles assim
 
2.Angústia existencial: os relatos nesta vivência dão-se no sentido de encontrar justificativas
para não se lançar para o devir, podendo estar ligada ao passado (culpa) ou ao futuro (angústia.
O risco é o que traz o temor da angústia. Há paralisação no presente por medo. 
Ex: pessoa por medo de pegar covid não sai de casa
Ex: pessoa que não tem filho por medo de ele morrer
 
3.Perda do próprio referencial: risco de perder-se em si mesmo ou de si mesmo. A perda do
próprio referencial é revelada pelo pleno desconhecimento do seu sentido, do seu projeto e daí
desconhece também os próprios referenciais. O existente fica à mercê do que lhe dizem, das
normas que lhe são impostas. Perde-se no mundo não sabe o que é seu e o que é do outro. (pode
ser por medo qualquer, não necessariamente da solidão como no 5)
Ex: pessoa que faz tudo que o marido quer em um relacionamento que sente ser abusivo sem
pensar nas próprias vontades
 
4.Rigidez frente ao referencial próprio: o existente perde-se em si mesmo e desconsidera o
mundo ao seu redor. Só existe a sua verdade. Relacionado a postura de gueto e de cruzada.
Ex: mãe que não aceita qualquer ajuda com a criação do filho, nem do pai da criança (única
maneira de cuidar é a dela)
 
5.Projeto de aceitação e aprovação por parte do outro: na tentativa de escapar à solidão, o outro
pode se tornar uma necessidade imprescindível para que sua vida tenha continuidade, o sujeito
assume o referencial do outro.  Tipo específico de confluência – motivo para confluir é
obrigatoriamente o medo do abandono.
Ex: mulher que aceita continuar num namoro que percebe como abusivo por medo de terminar e
não arrumar mais ninguém
 
6.Minimização do sofrimento: o cliente foge da realidade, evita-a ou distorce-a.  – a pessoa que
minimiza o sofrimento está de alguma forma falseando a realidade dela porque tem um
sofrimento e tenta de forma artificial diminuir o sofrimento.
Ex: pessoa que faz trabalho sempre com o mesmo grupo mas carrega todos nas costas e não
percebe que recebe um tratamento ruim – percebe mas não toma consciência a
Ex: pessoa não passa no concurso e diz que foi melhor porque não queria ir para o interior
 
7.Maximização do sofrimento: o cliente vivencia a autopiedade, lamentação e usa da
imaginação para ampliar seu sofrimento.  Tem um sofrimento real, entretanto a pessoa escolhe
aumentar aquele sofrer
Ex: entrar no instagram do ex e ficar fuçando tudo
Ex: pessoa que sofre por ciúmes e namorada vai sair sozinha. Vem o sentimento de ciúmes, mas
frente a esse sentimento a pessoa começa a criar na cabeça uma história de como foi ou será
Ex: pessoa está com enfisema pulmonar e continua fumando
 
8.Não aceitação dos próprios limites: o cliente luta desesperadamente para se tornar aquilo que
não é. Tem limites que são circunstanciais e limites que são constitutivos.
Ex: pessoa não pode mais dirigir porque está bêbada e vendo tudo turvo, mas não aceita e
continua dirigindo
Ex: pessoa com 40 anos que tenta voltar a ser o mesmo atleta que era com 20 anos com crença
de que pode conseguir
 
 
Direção da intervenção 
1.Cabe ao terapeuta trazer à tona a vivência inautêntica, mobilizando o cliente à
responsabilidade pela escolha e clarificar a vivência atual de modo a mostrar-lhe que na medida
em que se lamenta, permanece na mesma escolha.  Diferenciar a vivência passada da atual,
descrevendo e apontando os aspectos.
 
2.O terapeuta irá atuar aumentando a vivência angustiada, convidando o cliente a permanecer
nessa situação, uma vez que esse, não vendo possibilidades, não encontra alternativas, pois não
quer optar. 
 
3.O terapeuta deve ter cuidado para não passar para o cliente suas crenças, clarificar a forma
como ele abre mão de sua liberdade, deixando que o outro escolha por ele, ajudá-lo a buscar seu
próprio referencial. 
 
4.O terapeuta deve ajudar o cliente a ver a existência do outro. 
 
5.Deve-se levar o cliente a entrar em contato com a sua solidão e seu medo. 
 
6.O terapeuta deve levar o cliente a confrontar sua realidade vivida. 
 
7.Deve-se pontuar o exagero, romper com “os olhos da imaginação”, trazendo à tona as
incoerências. 
 
8.Deve-se levar o cliente a ter consciência de sua vivência desesperada, mostrar a ele como sua
luta é vazia e a aceitar sua originalidade. 
 
Temos várias necessidades ao mesmo tempo e pessoa saudável deve entender qual a prioridade.
O foco nas emoções é prioritário para descobrir se são escolhas próprias ou impróprias (geram
angústia). A neurose ocorre a partir da não identificação das catexes -Catexia: impulso de
aproximar ou não do objeto- , fuga neurótica, contato neurótico, falta de concentração etc.
Da Cibele querida:

Ciência da religião – Como as pessoas tem percebido que se faz ciência em cima de um objeto
de estudo que é a religião.

Primeiro cuidado do psicólogo ao trabalhar com religião é o entendimento que na psicologia


como em qualquer ciência nós tratamos a existência de seres extrafísicos como verdade
subjetiva e como verdade cultural, mas não como verdade objetiva. Isso significa que nenhuma
ciência pode afirmar a existência real de seres extrafísicos. Se isso está sendo afirmado não
estamos falando mais de ciência, não estamos falando de psicologia. Outro cuidado é o de não
misturarmos estudo aplicação da psicologia e proselitismo religioso, o que significa que tanto
na prática profissional como na prática profissional de pesquisa o psicólogo não pode basear a
sua ação nos dogmas de sua religião, ou nos ensinamentos de sua religião. Isso não significa
que psicólogo seja neutro a respeito desse tema..

Proselitismo religioso – acontece quando ficamos engrandecendo nossa própria religião,


tentando convencer o outro de nossa religião na pratica clínica, pesquisa ou psicoeducação.
Proibido na pesquisa, atuação, prática psicoeducativa.

Na fenomenologia não acreditamos neutralidade. Tudo que fazemos fazemos de forma


posicionada, ou seja, a posição que ocupamos no mundo direciona em partes o nosso fazer. O
fato de não acreditar na neutralidade não permite fazer proselitismo.

O que pode? É permitido que psicólogo tenha alguma religião, e nem é um problema na
fenomenologia que contemos para as pessoas as quais trabalhamos qual a nossa religião. Na
prática de pesquisa inclusive se você vai escrever sobre religião em fenomenologia é
obrigatório inclusive que você conte para o seu leitor qual a sua religião. Você faz isso para que
seu leitor tenha direito de saber sobre qual ponto de vista você fala, qual o seu lugar de fala.
Existem duas outras posturas que existem em outras metodologias, mas não na
fenomenologia:

1ª proposta * Neutralidade – Eu tenho que ser o mais neutro possível, logo não conto nada
sobre minha crença, não pesquiso minha própria crença, não trabalho com pessoas que são da
minha linha religiosa, pois tenho que ser o mais neutro possível. Essa postura está ligada
metodologicamente ao ateísmo religioso.

* Ateísmo metodológico - Você não poder estudar a própria religião. Não poder estudar uma
prática religiosa que você também tenha. Essa mesma lógica aplicada a psicoterapia e
psicoeducação que a pessoa não contasse qual a sua religião, se liga a forma mais neutra de
trabalhar. Acredita na neutralidade.

2ª proposta jeito metodológico fenomenologia – Obrigatoriamente se posiciona e ao mesmo


tempo não faz proselitismo religioso.

3ª proposta - Existe outra linha que vai dizer que em termos de pesquisa você só pode estudar
a sua religião. Porque a visão de dentro seria indispensável para você conhecer aquilo e
traduzir o que as pessoas te contam a respeito daquilo (minoritária). No terceiro tipo você se
posiciona e só pesquisa a sua religião e dá preferência a atender a quem é da sua religião.
Mesmo esse grupo não pode fazer proselitismo.
Mesmas regras sobre quando genuinidade pode ser colocada vale para o tema religião, você
não vai contar do nada! Precisa seguir grade de análise para permitir que terapeuta seja
genuíno.

Obs.: No que diz respeito a não atender pessoas de outra religião professor destaca que se
você não consegue, por exemplo, ter aceitação incondicional, dentro da fenomenologia está
dentro da postura ética. Você não pode atender gente que você não consiga estabelecer
relação terapêutica. Se temos dificuldade de estabelecer relação terapêutica com um arco
muito grande de pessoas precisamos na nossa própria terapia nos trabalhar para que
possamos dar conta, mas enquanto não damos não podemos atender. Destaque para o fato de
situações que não queremos mesmo por nossos valores, ex.: torturador que continua
torturando, alguém que comete crime grave após atendimento professor dá exemplo de algo
que não quer atender e não trabalha em terapia por isso.

Obs.: Nas atividades o juízo de valor e o proselitismo religioso por serem bem parecidos não
podem ser usados os dois

Obs: Enteropatia – forma de entender / Genuinidade – tem a ver com expressar

RELIGIÃO – Conceito de Pedro Ribeiro e Flavio Senra – “Religião é um fenômeno de


organização humana e portanto cultural. Conjunto dos modos de crer e compreender a vida e
as relações sociais que comportam as Instituições, o corpo doutrinário, visão de mundo,
sentido moral, práticas, rituais e bens simbólicos”. Tem a ver como jeito de ver o mundo com
dogmas rituais mas também com hierarquia, locais como templos. Podem ser estudados por
qualquer ciência inclusive pela psicológica, problemas ligados a religião podem ser trabalhados
na terapia como qualquer outro ex: não aceitação religiosa também precisa ser trabalhada. Na
fenomenologia clínica não usamos psicoeducação, mas em grupos podemos trabalhar isso, por
exemplo, grupo adolescente uso de camisinha (psicologia escolar). Não pode ser diretivo.

ESPIRITUALIDADE – É a busca e/ou a construção pelo seu sentido vivencial

RELIGIOSIDADE – Quando essa busca e/ou construção de sentido se dá através de vivências


religiosas. Na religiosidade busca por sentido passa pela religião. Sentido da vida buscado pela
via religiosa que inclui pertencimento a uma religião e crença em ideias religiosas.

Na fenomenologia temos duas maneiras de entender a diferença entre espiritualidade e


religiosidade.

Muitas pessoas não dividem os conceitos.

Vitor Frankl não diferencia religiosidade de espiriitualidade. Completa dizendo que pessoas
atéias podem ter tanto ou mais espiritualidade que pessoas que fazem parte de alguma
religião. Sentido da vida direciona pessoa para saúde, por meio da autotranscendência. Se for
pela religião não faz diferença. Usa só termo religiosidade.

Professor diferencia religiosidade de espiritualidade – religião tem vivência comunitária


(vínculo emocional para ser comunidade), e ritual.

Algumas pessoas na busca de sentido pode não usar religiosidade. Ele fala religiosidade, mas
está se referindo as duas coisas porque a via precisa passar pela autotranscendência que é ter
ações em prol de algo ou alguém diferente de você mesma (capitulo 11 do livro logoterapia e
análise existencial).
Na psicologia falamos mais de espiritualidade, mesmo m situações onde a prática espiritual é
fortíssima ex: pesquisa de campo com 8 pessoas que disseram que vivência religiosa foi
fundamental na forma com que eles lidaram com o câncer, pessoa não falou em nenhum
momento sobre qual religião. Pessoa narra que ser ungida pelo espirito santo fez diferença
(pessoa escreve transcendência). Professor entende que isso tem a ver com briga de poder
histórica entre psicologia e religião.

Nosso conselho em 2013 elaborou documento onde se coloca contra qualquer tentativa de
imposição de dogma religioso. Explicita a inadequação da utilização de saberes religiosos como
guia norteadores de práticas psicológicas. Separação entre ciência e religião e laicidade.
Proibição da utilização da religião como guia de ações como psicólogo. Não pode trabalhando
como psicólogo fazer oração com cliente, pedir que leia a bíblia e acredite no que está escrito.
Não pode pautar o trabalho psicológico. Pessoa pode ser pastor e psicólogo, pai de santo e
psicólogo. Terapeuta de cristais e psicólogo. O que não pode é fazer uma coisa como se fosse
outra.

Laicidade a brasileira – pode ter símbolo

Laicidade a francesa – não pode ter nenhum símbolo pelo menos em ambiente público (não se
aplica ao meu consultório)

Teóricos não fenomenológicos sobre religião – Característica que vale para psicologia como
um todo no que diz respeito a religião. Teorias isonômicas a respeito das religiões. Mesmo as
que tem visão negativa trata de todas as religiões. Os que dizem que tende a saúde também
fala de todas as religiões. Não tem psicologia falando que alguma religiões tendem a saúde
nem que outras tendem a doença. Temos alguns com olhar negativo sobre a religião. Freud
aproxima religião de transtornos obsessivos e também acredita que pessoas usam delírio
(quem não tem ciência nem arte tem religião - Freud) No behaviorismo radical a religião é vista
como tipo de fenômeno que se aproxima de fenômeno supersticioso.

Jung visão positiva da religião.

SEM CHANCE TER RESUMO DA AULA DE HILÉTICA E NOÉTICA KKKK

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