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Introdução

O presente trabalho de carácter avaliativo vigorarada pelo magno docente tem como objectivo
principal abordar sobre a violência doméstica concretamente a hegemonia masculina. O tema
visa dar a conhecer os motivos que levam a tal prática no seio da sociedade, e no seio familiar
particularmente; trazer as consequências e formas de como extinguir tal prática.
1. Definição

As definições contemporâneas de violência doméstica incluem todos os atos de abusos físicos,


sexuais, psicológicos e económicos perpetrados por um membro da família ou parceiro íntimo.
Em termos históricos, a violência doméstica estava associada à violência física. No entanto,
termos como “bater na mulher” ou “violência contra a esposa” têm entrado em desuso, uma vez
que o fenómeno da violência doméstica também afeta casais solteiros e casais homossexuais, e
inclui outro tipo de abusos que não físicos e agressões por parte da mulher.

Embora os termos “violência conjugal” ou “violência nas relações de intimidade” sejam muitas
vezes usados como sinónimos de “violência doméstica”, estes termos referem-se especificamente
à violência que ocorre numa relação de intimidade, como casamento, namoro ou união de facto.
Nestes casos, a Organização Mundial de Saúde (OMS), considera também o comportamento
controlador como forma de abuso. A violência conjugal ocorre tanto em relações heterossexuais
como homossexuais. Os agressores tanto podem ser homens como mulheres. “Violência
familiar” é um termo mais amplo, muitas vezes usado para incluir abuso infantil, abuso de idosos
e outros atos de violência contra membros da família.

2. Formas
A violência doméstica pode assumir diversas formas, incluindo ameaças ou agressões físicas
(bater, pontapear, morder, acorrentar, atirar objetos, choques elétricos, etc.), abusos sexuais,
comportamento controlador, intimidação, perseguição contínua, abusos passivos (como
negligência) ou privação económica. Pode ainda incluir outras formas de abuso, como colocar
deliberadamente a pessoa em perigo, coerção, rapto, detenção forçada, invasão de propriedade
etc.

2.1 Abuso físico


Ver artigo principal: Abuso físico
Abuso físico é o abuso que envolve contacto físico com a intenção de infligir medo, dor, outro
tipo de sofrimento físico ou lesões corporais. As dinâmicas de abusos físicos no contexto
familiar são muitas vezes complexas. A violência física pode ser o culminar de outros tipos de
comportamento abusivo, como ameaças, intimidação e limitação da auto-determinação da vítima
através do isolamento forçado, manipulação e outras limitações da liberdade pessoal. A negação
de cuidados de saúde, a privação de sono e a administração forçada de drogas ou álcool são
também consideradas formas de abuso físico. Pode ainda ser considerado abuso físico os atos de
violência física contra outros alvos, como os filhos ou animais de estimação, que tenham por
objetivo causar danos emocionais na vítima.

O estrangulamento no contexto de violência doméstica é uma das formas mais letais de


violência, embora devido à inexistência de lesões externas e à falta de consciencialização médica
e social passe frequentemente despercebido.

A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo, cerca de 38% dos homicídios de
mulheres sejam perpretados por um parceiro intímo. No Canadá, Austrália, África do Sul, Israel
e nos Estados Unidos, entre 40 e 70% das mulheres assassinadas foram mortas por um parceiro
íntimo.

Durante uma gravidez, a mulher encontra-se em maior risco de ser abusada ou da gravidade dos
abusos ser maior, o que tem implicações de saúde negativas tanto para a mãe como para o feto. O
período de maior risco para as mulheres grávidas é o período imediatamente após o parto. Por
outro lado, a gravidez também pode interromper o ciclo de abusos, nos casos em que o abusador
não quer prejudicar a criança ainda por nascer.

2.2 Abuso sexual

A mutilação genital feminina concentra-se em cerca de 29 países e está incluída na definição de


violência sexual da OMS. Este mapa de dados composto mostra a percentagem de mulheres com
idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos que foram submetidas a MGF. A fonte é a
UNICEF (2016), e uma série de estudos adicionais para países for a da África (com excepção da
Indonésia) não pesquisados pelo UNICEF. Não há dados para os países a cinzento.
Ver também: Abuso sexual e Violação conjugal
A Organização Mundial de Saúde define abuso sexual como qualquer ato sexual, tentativa de
obter um ato sexual, abordagens ou comentários de cariz sexual indesejados ou tráfico sexual
direcionados contra determinada pessoa por meio de coerção. A definição engloba ainda os testes
de virgindade obrigatórios e mutilação genital feminina. Para além das tentativas de iniciar um
ato sexual por via da força, está-se na presença de abuso sexual nas situações em que a vítima é
incapaz de compreender a natureza do ato, incapaz de recusar a participação ou incapaz de
comunicar consentimento. Isto pode dever-se a imaturidade, menoridade, doença, influência de
álcool ou drogas, intimidação ou pressão da vítima.
Em muitas culturas, as vítimas de violação são consideradas fonte de “desonra” ou “vergonha”
pelas respetivas famílias e são posteriormente vítimas de violência familiar, como é o caso dos
homicídios por “honra”, principalmente nos casos em que a violação resulta numa gravidez.

A OMS define mutilação genital feminina como qualquer procedimento que envolva a remoção
total ou parcial dos órgãos genitais femininos, ou qualquer lesão a esses órgãos por razões que
não médicas. Este procedimento foi realizado a mais de 125 milhões de mulheres vivas e
concentra-se sobretudo em 29 países de África e do Médio Oriente.
O incesto é uma forma de violência sexual familiar, correspondendo ao contacto sexual entre um
adulto e uma criança. Em algumas culturas, são praticadas formas ritualizadas de abusos sexuais
em crianças com o conhecimento e consentimento das famílias, nas quais a criança é induzida a
praticar atos sexuais com adultos em troca de bens ou dinheiro. Por exemplo, em algumas tribos
do Malauí, os pais combinam com um homem mais velho a iniciação sexual das filhas.
A Convenção do Conselho da Europa para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e
os Abusos Sexuais foi o primeiro tratado internacional para combater os abusos sexuais infantis
que ocorram no contexto familiar ou doméstico.
A coerção reprodutiva são ameaças ou atos de violência contra os direitos reprodutivos, saúde e
capacidade de decisão do parceiro sobre esses temas. A forma mais comuns de coerção
reprodutiva são os comportamentos com o objetivo de pressionar ou coagir o parceiro a iniciar
ou terminar uma gravidez. A coerção reprodutiva está associada à violação conjugal, ao medo ou
incapacidade de decidir sobre o uso de contracetivos, ao medo de violência ao recusar atos
sexuais e à interferência abusiva do parceiro no acesso a cuidados de saúde.

Em algumas culturas, o matrimónio pressupõe uma obrigação social das mulheres terem filhos.

A definição de violência sexual da OMS incui casamento forçado, coabitação forçada e gravidez
forçada, incluindo a prática de levirato. O levirato é um tipo de casamento em que uma viúva é
obrigada a casar com o irmão do falecido marido.
A violação conjugal é o contacto sexual não consensual perpretado contra um parceiro ou
cônjuge. Trata-se de uma forma de violência sexual sub-reportada e com poucos casos na justiça,
devido em parte à crença social que ao casar-se a pessoa oferece consenso irrevogável ao
parceiro para atos sexuais sempre que este o deseje.
Durante séculos tolerada ou ignorada pela lei e pela sociedade, a volação conjugal é atualmente
repudiada e combatida por convenções internacionais, sendo em 2006 um crime em pelo menos
104 países.
2.3 Abuso psicológico
Abuso psicológico ou abuso emocional é um padrão de comportamento com o objetivo de
ameaçar, intimidar, desumanizar ou sistematicamente debilitar a auto-estima de outra pessoa. A
Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência Contra as
Mulheres e a Violência Doméstica define violência psicológica como a “intenção de lesar
gravemente a integridade psicológica de uma pessoa por meio de coação ou ameaças”. As
formas mais comuns de abuso psicológico incluem desvalorização, ameaças, isolamento,
humilhação em público, críticas incessantes, obstrução e manipulação psicológica. A
preseguição sistemática é igualmente uma forma de intimidação psicológica, sendo mais comum
entre casais ou antigos casais.
As vítimas geralmente sentem que o parceiro as controla por completo, o que afeta severamente
a dinâmica de poder na relação, dando maior poder ao perpretador e diminuindo o da vítima. Em
muitos casos as vítimas desenvolvem depressão, o que aumenta o risco de distúrbios alimentares,
suicídio, toxicodependência e alcoolismo.

2.4 Abuso económico


Abuso económico é uma forma de abuso em que um dos parceiros íntimos controla o acesso do
outro parceiro a recursos económicos ou aos bens matrimoniais. As formas de abuso económico
mais comuns são impedir um cônjuge de adquirir recursos, limitando aquilo que a vítima pode
comprar ou usar, ou explorar os recuros económicos da vítima. São também formas de abuso
económico forçar ou pressionar um membro da família a assinar documentos, a vender bens ou a
alterar um testamento.

O abuso económico dominui a capacidade de sustento da vítima, tornando-a dependente do


perpretador para aceder ao ensino, emprego, progressão na carreira e aquisição de bens. O
perpretador pode fazer com que a vítima fique dependente de uma mesada, o que lhe permite
controlar quanto dinheiro gasta ou impedir gastos sem o seu consentimento. Em alguns casos, a
vítima acumula uma dívida económica para com o perpetrador e em outros o perpetrador esgota
as poupanças da vítima. Em muitos casos, a discordância da vítima com a forma como o
dinheiro é gasto pode resultar em retaliação com abusos físicos, sexuais ou psicológicos. Nas
regiões do mundo em que as mulheres dependem do rendimento do marido para sobreviver,
devido à falta de oportunidades e de segurança social, o abuso económico pode ter
consequências muito graves e está associado a má nutrição entre as mulheres e crianças.
3 Por género
As diferenças de gênero no contexto da violência doméstica são alvo de debate entre a
comunidade científica. A investigação atual é limitada por vários factores. Os inquiridos
apresentam frequentemente relutância em reportar situações. Algumas metodologias, como as
quantitativas que utilizam a escala de tácticas de conflicto, não levam em conta a motivação, as
consequências e o contexto em que a violência ocorre. E as qualitativas que usam entrevistas em
profundidade, possuem em sua maioria amostras compostas apenas por mulheres já previamente
identificadas como vítimas, o que pode inflar os números. Entre os vários estudos há
disparidades de amostragem e operacionalização. Além disso, a normalização da violência em
vítimas de abusos dissimulados, vítimas de abusos por parte de vários parceiros ou vítimas de
abusos durante um longo período de tempo faz com que seja difícil reconhecerem e reportarem
episódios de violência doméstica.

A violência conjugal como forma coerciva de controlo é usada tanto por homens como por
mulheres. No entanto, homens e mulheres diferem nas motivações para recorrer a violência
doméstica nas relações. As mulheres recorrem à violência como resposta a abusos anteriores,
citando como principais motivações vingança e retaliação. As mulheres usam o controlo para
ganhar autonomia em relações abusivas, enquanto os homens usam o controlo para demonstrar
autoridade. Uma revisão sistemática da literatura realizada em 2010 concluiu que, em casais
heterossexuais, o recurso a violência conjugal por parte das mulheres ocorre como resposta à
violência do parceiro, quer em auto-defesa, quer em retaliação, e não como forma de controlo.
Muitas mulheres alegam também recorrer a violência doméstica como expressão de raiva por se
sentirem ignoradas.

Uma revisão de 2011 verificou que homens e mulheres perpretavam episódios menores de
violência conjugal em proporção idêntica. No entanto, verificou também que são os homens, de
longe, os principais perpretadores de episódios graves de violência conjugal. A mesma revisão
verificou que os homens são mais propensos a bater, sufocar ou estrangular as parceiras,
enquanto as mulheres eram mais propensas a arremessar objetos, esbofetear, pontapear, morder
ou atingir o parceiro com um objeto.

Uma revisão de 2012 verificou que homens e mulheres respondiam de forma diferente à
violência conjugal. As mulheres são significativamente mais afetadas pela violência, sobretudo a
nível de lesões físicas, sensação de medo e stresse pós-traumático. A mesma revisão verificou
que num estudo, 70% das vítimas mulheres se sentiam “muito assustadas” em resposta à
violência dos parceiros, enquanto 85% das vítimas homens alegaram não sentir qualquer medo.
A mesma revisão verificou ainda que a violência conjugal influenciava a satisfação das mulheres
com a relação, mas não a dos homens.

Uma revisão de 2013 verificou que quanto menor é a igualdade de género entre a população de
um país, maior é a prevalência de violência doméstica. A mesma revisão conclui que quando se
leva em conta a frequência e gravidade das lesões físicas, a sensação de medo e os problemas
psicológicos que decorrem da violência doméstica, as mulheres são as principais vítimas.

Várias organizações têm vindo a adotar o uso de termos neutros ao refirirem-se a perpretadores e
vítimas. Por exemplo, usando termos como “violência conjugal” em vez de “violência contra
mulheres”.

A aceitação social e a legislação sobre violência doméstica diferem de país para país. Embora
seja crime em maior parte do mundo ocidental, tal não acontece países em vias de
desenvolvimento. Da mesma forma, enquanto a maior parte da população dos países
desenvolvidos não tolera a violência doméstica, em muitas regiões do mundo a violência é
aceite, tolerada ou incentivada.

3.1 Mulheres

Nível de segurança física das mulheres por país em 2011


A violência contra mulheres e crianças é uma das mais prevalentes violações dos direitos
humanos em todo o mundo. Uma em cada três mulheres será, em determinado momento da vida,
vítima de abuso físico ou sexual. A violência contra mulheres tende a ser menos prevalente nos
países desenvolvidos ocidentais e normalizada nos países em vias de desenvolvimento.

Embora a percentagem exata seja discutível, as mulheres são significativamente mais sujeitas a
violência doméstica do que os homens. Há ainda um amplo consenso de que as mulheres são as
principais vítimas das formas de abuso mais graves e o grupo com maior probabilidade de ser
magoado por um parceiro abusivo, e que esta probabilidade aumenta em função da dependência
económica ou social em relação ao parceiro.
A Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres da ONU afirma que a
violência contra mulheres é uma manifestação da desigualdade histórica na relação de poder
entre homens e mulheres e classifica-a em três categorias: a que ocorre na família, a que ocorre
na comuniade e a que é perpretada ou tolerada pelo Estado. A definição do Protocolo de Maputo
é mais ampla, definindo violência contra a mulher como qualquer ato perpretado contra a mulher
que cause ou possa causar danos físicos, sexuais, psciológicos ou económicos, incluindo a
ameaça de tais atos, ou a imposição de restrições arbitrárias ou privação de liberdades
fundamentais.

A percentagem de mulheres vítimas de abuso físico por parte de um cônjuge varia entre 10% e
69%, dependendo do país. Nos Estados Unidos, estima-se que a violência conjugal esteja na
origem de 15% dos crimes violentos. e que mais de metade dos homicídios de mulheres tenham
sido perpretados pelo cônjuge.

Femicídio é geralmente definido como o homício de mulheres por homens por motivos
associados ao género, embora as definições precisas variem. O femicídio ocorre muitas vezes no
contexto de violência doméstica, como é o caso do homicídio de “honra” ou por dote. Em termos
estatísticos, o femicídio é muitas vezes definido como qualquer homicídio de uma mulher. Os
países com maior taxa de femicídio são El Salvador, Jamaica, Guatemala, África do Sul e Rússia
(dados de 2004–09). No entanto, em El Salvador e na Colômbia, ambos com elevada taxa de
femicídio, apenas 3% dos femicídios são perpetrados por um parceiro íntimo, enquanto em
Chipre, França e Portugal os parceiros íntimos, presentes ou anteriores, são responsáveis por
mais de 80% dos casos de femicídio.

3.2 Homens
As formas mais comuns de violência doméstica contra homens incluem abusos físicos,
emocionais e sexuais, incluindo violência mútua. As vítimas masculinas de violência doméstica
demonstram relutância em procurar auxílio por diversos motivos. Um estudo verificou que
existiam poucas probabilidades de a polícia prender as mulheres agressoras, por presumir que o
homem se poderia defender por si próprio e que a violência por parte da mulher só seria perigosa
for a do contexto conjugal. Outro estudo concluiu que existem algumas evidências que os
tribunais podem ver as mulheres perpetradoras de violência doméstica mais como vítimas do que
como agressoras.
Existe um consenso na literatura científica de que a maioria das mulheres presas por violência
conjugal contra parceiros masculinos são elas próprias vítimas de violência que resistem e se
defendem contra o agressor.

4 Por grupo etário

4.1 Adolescentes e jovens adultos (Violência no namoro)

A literatura científica sobre violência no namoro indica que rapazes e raparigas em relações
heterossexuais alegam ser vítimas de violência na intimidade em igual proporção, mas que é
mais provável que sejam as raparigas a reportar situações de violência. Ao contrário da violência
doméstica em geral, em que a mulher é a principal vítima, esta proporção semelhante na
adolescência deve-se provavelmente à própria adolescência, um período de desenvolvimento
com características sexuais diferentes das da idade adulta, e em que há uma maior igualdade a
nível físico.

No entanto, embora a proporção de perpetradores de violência no namoro seja idêntica em


ambos os sexos, as raparigas recorrem em geral a formas menos violentas, como empurrões,
bofetadas, arranhões ou pontapés, enquanto os rapazes apresentam maior probabilidade de
esmurrar, estrangular, espancar, queimar ou ameaçar a parceira com armas de fogo. As agressões
sexuais são também mais comuns entre os homens, embora a probabilidade de pressionar o
parceiro para atos sexuais seja idêntica em ambos os sexos. Para além disso, as mulheres
apresentam uma probabilidade quatro vezes superior de reportar uma situação de violação e
maior probabilidade de sofrer lesões graves por parte do parceiro ou de necessitar de apoio
psicológico na sequência dos abusos. Há também uma maior probabilidade entre as mulheres de
considerar a violência no namoro um problema grave, ao contrário dos homens, em que há maior
probabilidade de tolerar a violência.

Para além das formas, os motivos para a violência também variam por sexo. As mulheres
apresentam uma maior probabilidade de recorrer a violência no contexto de auto-defesa,
enquanto os homens apresentam maior probabilidade de recorrer a violência para obter poder ou
controlo sobre a parceira. Os rapazes que tenham sido vítimas de abuso doméstico durante a
infância são mais propensos a se tornarem eles próprios perpetradores de violência íntima,
enquanto que as raparigas abusadas durante a infância são mais propensas a menor empatia e
autoeficácia.
A investigação da violência no namoro tem-se focado principalmente na população caucasiana
heterossexual.

4.2 Crianças (Abuso infantil)

Países em que os castigos corporais em ambiente doméstico são proibidos por lei.
Existe uma forte relação entre violência doméstica e abuso infantil. Uma vez que a violência
doméstica é um padrão de comportamento, o recurso à violência tem tendência a ser cada vez
mais frequente e violento, o que faz aumentar a probabilidade de as próprias crianças se tornarem
vítimas. Estima-se que em entre 30 a 50% dos casos de violência doméstica ocorram também
abusos infantis.

As perspetivas sobre castigos corporais em crianças por parte dos pais variam de país para país.
Em 2016, era proibida qualquer forma de castigo corporal em 51 países, a maior parte dos quais
na Europa e na América do Sul. Por outro lado, na maior parte dos países os castigos corporais
aplicados pelos pais não são considerados uma forma de violência doméstica, exceto em casos
excessivos.

5 Relações homossexuais
Ver artigo principal: violência doméstica em relações homossexuais
A violência doméstica ocorre também em relações homossexuais. No entanto, é difícil avaliar a
real extensão do fenómeno neste grupo devido à reduzida amostragem de inquiridos nos estudos.

Em 1999, uma análise de 19 estudos concluiu que as evidências sugerem que a probabilidade de
violência doméstica entre casais homossexuais poderia ser idêntica à de casais heterossexuais.
No entanto, embora alguns estudos afirmem que a frequência é idêntica à dos casais
heterossexuais, outros estudos sugerem que a violência doméstica entre gays, lésbicas e
bissexuais possa ser superior e que esses grupos apresentam menor probabilidade de reportar
situações abusivas.

A homossexualidade é em si um fator de risco que potencia casos de abuso.[26] Nos países em


que a homossexualidade é proibida por lei, os homossexuais não têm praticamente nenhuma
proteção legal contra a violência doméstica[ e são desencorajados de procurar auxílio em casos
de abuso devido à perseguição das próprias autoridades.

Existem simultaneamente semelhanças e diferenças entre a violência doméstica em relações


homossexuais e heterossexuais. Entre as semelhanças estão a frequência (cerca de um em cada
quatro casais) as manifestações (psicológicas, físicas, económicas), consequências (desemprego,
toxocidependência, baixa auto-estima), reações da vítima (medo, impotência, hipervigilância) e
razões para se manter na relação abusiva (amor, promessas de mudança, negação). No entanto,
existem para além destes características únicas na violência doméstica entre casais
homossexuais: recusa das autoridades e dos serviços sociais em atuar, falta de apoio da
comunidade, medo de embraraçar a comunidade gay, medo de ver revelada em público a sua
orientação sexual, necessidade de acompanhar um parceiro com sida e serviços de apoio
orientados exclusivamente para mulheres homossexuais.

6 Subnotificação

A violência doméstica é um dos crimes menos notificados às autoriedades em todo o mundo,


tanto por homens como por mulheres. Os homens tendem a subnotificar a sua própria
perpetração de violência doméstica, enquanto as mulheres tendem a subnotificar as situações de
que são vítimas, ao mesmo tempo que sobre-estimam a sua própria perpetração de violência. Na
União Europeia, em 2013 apenas 14% das mulheres vítimas notificaram à polícia os episódios
mais graves de violência conjugal.

A probabilidade de uma mulher notificar episódios de violência diminui em função da


dependência em relação ao familiar agressor, à normalização da violência no seio da família e do
nível de auto-culpabilização. Entre os homens, a probabilidade de notificar diminui em função
do medo de consequências legais, a tendência de culpar o cônjuge e de uma narrativa que se foca
nas suas próprias necessidades e emoções. Os homens vítimas enfrentam ainda o estigma social
relativo à vitimização masculina e maior probabilidade de serem ignorados pelos prestadores de
cuidados de saúde.

7 Causas
Um dos mais relevantes fatores na origem da violência doméstica é a crença de que o abuso, seja
físico ou verbal, é aceitável. Entre outros fatores estão os abuso de:

 substâncias,
 desemprego,
 problemas de saúde mental,
 incapacidade de enfrentar situações,
 isolamento e excessiva
 dependencia do agressor.

8 Ciclos de violência
Uma característica comum entre os agressores de violência doméstica é o facto de terem sido
testemunhas de abuso durante a infância, reproduzindo esse comportamento na idade adulta. Em
termos técnicos, diz-se que são participantes em ciclos de violência intergeracional.
Compreender e quebrar este ciclo tem mais impacto na diminuição da violência doméstica do
que as medidas para gerir os abusos.
Alguns estudos sugerem que as experiências adquiridas ao longo da vida influenciam a tendência
de uma pessoa se envolver em violência doméstica, tanto no papel de vítima como de agressor.
Os investigadores que apoiam esta teoria indicam três fontes de violência doméstica:
socialização durante a infância, experiências anteriores em relacionamentos durante a
adolescência e níveis de pressão no momento presente. As pessoas que testemunharam abusos
entre os pais ou que foram elas próprias abusadas, podem em adultos adotar o mesmo tipo de
comportamento nos seus relacionamentos.

Os castigos corporais recebidos durante a infância estão associados a uma maior probabilidade
de essa pessoa, quando atinge a idade adulta, agir de forma violenta em relação a familiares ou
parceiros íntimos, de achar normal bater num parceiro, de estar na origem de conflitos
matrimoniais e de manifestar irritação generalizada. Embora esta associação não prove que são a
causa de violência doméstica, existem vários estudos longituinais que sugerem que receber
castigos físicos tem um efeito causal direto em padrões posteriores de comportamento agressivo
e anti-social.

Em algumas sociedades patrilineares, após o matrimónio a noiva passa a viver com a família do
marido. Isto faz com que tenha o estatuto social mais baixo entre o agregado familiar, sendo
frequentemente sujeita a abusos por parte dos sogros. Este sistema familiar tende a criar um ciclo
de violência intergeracional, em que a mulher perpetua os abusos a que foi sujeita enquanto
noiva assim que ela própria se torna sogra.

9 Consequências

9.1 Físicas
Entre as consequências físicas mais comuns de episódios agudos de violência doméstica que
requerem cuidados médicos estão ferimentos, ossos partidos, lesões na cabeça, lacerações e
hemorragias internas. As mulheres grávidas vítimas de violência doméstica apresentam maior
risco de aborto espontâneo, parto pré-termo e lesões ou morte do feto.

A exposição a violência doméstica ou qualquer outra forma de abusos está fortemente associada
a uma maior incidência de doenças crónicas, de comportamentos de risco e menor esperança de
vida. Entre as consequências físicas mais comuns a longo prazo de vítimas de abuso prolongado
estão a artrite, síndrome do cólon irritável, dor crónica, dor pélvica, úlceras e dores de cabeça.

As mulheres em relacionamentos abusivos apresentam ainda um risco significativamente


superior de contrair VIH/SIDA, devido à dificuldade em dialogar com o agressor sobre sexo
seguro, à dificuldade em convencer o parceiro a realizar exames quando suspeitam de VIH e ao
facto de serem muitas vezes forçadas a ter relações sexuais contra a sua vontade.

9.2 Psicológicas
Em muitos casos de violência doméstica, os agressores induzem as vítimas a sentirem-se
culpadas pela violência, sujeitam-nas a críticas constantes e fazem com que se sintam inúteis.
Este padrão faz com que a depressão e o risco de suicídio sejam comuns entre as vítimas.
Estima-se que cerca de 60% das vítimas de violência doméstica cumpram os critérios de
diagnóstico de depressão nervosa. Em muitos casos, as sequelas psicológicas e o risco de
suicídio persistem durante muito tempo, mesmo após a relação abusiva ter terminado, pelo que
se recomenda à vítima recorrer a psicoterapia.

Para além da depressão, as vítimas de violência doméstica manifestam a longo prazo ansiedade e
pânico, sendo provável que cumpram os critérios de diagnóstico para perturbação de ansiedade e
perturbação de pânico. A sequela psicológica mais comum da violência doméstica é a
perturbação de stress pós-traumático. Esta condição é caracterizada por flashbacks, imagens
intrusivas, reações de alarme, pesadelos e evasão dos estímulos associados ao abuso.

9.3 Financeiras
Em muitas relações abusivas, o agressor limita o acesso da vítima a oportunidades de emprego
com o intuito de a tornar economicamente dependente de si. Nos casos em que a vítima trabalha,
a violência doméstica interere no desempenho laboral da vítima e na sua relação com os colegas
de trabalho.

Nos casos de abuso económico, quando a vítima se afasta da relação com o agressor, é comum
sentir-se chocada com a dimensão da autonomia que perdeu durante o abuso. A vítima
geralmente possui muito poucos recursos económicos próprios e poucas pessoas a quem pode
pedir ajuda. Esta realidade é não só um dos pincipais obstáculos que enfrentam as vítimas, mas
também o principal factor que as faz ter receio de ser afastar do agressor. Em muitos casos, os
sobreviventes de violência doméstica também não possuem a formação, competências ou
experiência necessárias para encontrar emprego suficientemente remunerado. Este factor é ainda
mais grave nos casos em que têm filhos a seu cargo e existe um risco significativo de se verem
obrigadas a viver na rua. Embora em muitos países existam abrigos e redes de apoio a vítimas de
violência doméstica, em muitos casos a lista de espera é significativa e não têm capacidade de
resposta para a procura.

9.4 Familiares
As crianças expostas a abusos domésticos durante a infância apresentam um risco acrescido de
vir a desenvolver problemas psicológicos e comportamentais. Assistir a violência doméstica
também tem geralmente impacto negativo no desenvolvimento emocional, social,
comportamental e cognitivo da criança. Em alguns casos, o agressor agride deliberadamente o
cônjuge na presença dos filhos de modo a antingir duas vítimas em simultâneo. As crianças que
intervêm quando assistem a violência extrema contra um dos pais apresentam maior risco de
lesões ou morte. As crianças que testemunham agressões à mãe têm maior probabilidade de
manifestar sintomas de stresse pós-traumático. As consequências são ainda mais graves quando a
mãe agredida manifesta ela própria stresse pós-traumático e não procura tratamento devido à
dificuldade em lidar com a situação.

Entre os problemas emocionais e comportamentais que resultam da exposição a violência


doméstica durante a infância estão o aumento da agressividade, ansiedade e perturbações na
forma como a criança socializa com os amigos, família e figuras de autoridade. As experiências
traumáticas durante a infância podem estar na origem de depressão, insegurança emocional e
perturbações mentais. Na escola, a criança pode começar a menifestar pronblemas de atitude e de
cognição, a par de incapacidade em resolver problemas. A exposição a abusos e negligência
durante a infância está correlacionada com a prática de violência doméstica e abuso sexual em
adulto.

10 Combate e prevenção
O combate à violência doméstica é feito mediante a prestação de cuidados médicos, pela
aplicação de leis que protejam a vítima, aconselhamento psicológico e outras formas de
prevenção e intervenção. É comum que os participantes em episódios de violência doméstica
necessitem de tratamento médico, quer primário quer de urgência.

Uma das principais formas de prevenção é a existência de legislação que assegure a proteção das
vítimas. A Organização Mundial de Saúde salienta que em muitos países são necessárias
reformas no sentido de revogar leis que discriminam as mulheres. Nos países em que a lei
permite ao marido disciplinar a mulher, qualquer programa de sensibilização para a violência
terá pouco impacto. A OMS salienta ainda que na prevenção de violência doméstica é essencial
que as leis permitam à mulher entrar e sair livremente de um casamento, obter crédito financeiro
e possuir e administrar bens. A ONU Mulheres salienta a importância de abolir a prática de dote
e de compra da esposa, de modo a que o agressor não possa usar o valor que pagou como defesa
contra acusações de violência doméstica.

Outra das principais estratégias de prevenção de violência doméstica é a promoção de


relacionamentos não violentos e com base no respeito mútuo. As normas sociais que promovem
a inferioridade as mulheres podem levar ao abuso das mulheres pelo cônjuge. A OMS salienta
que a abolição de normas sociais de género baseadas na desigualdade e no controlo do homem
sobre a mulher é um contributo essencial para prevenir violência sexual e íntima. As crianças que
crescem em lares violentos tendem a acreditar que a violência doméstica é uma situação normal
na vida, pelo que se recomenda desde muito cedo contrariar este quadro de pensamento. Uma
medida de prevenção eficaz são os programas de intervenção precoce, como os que são
implementados nas escolas para prevenir a violência no namoro.
Muitas vítimas de violência doméstica desvalorizam ou não têm consciência da gravidade da
situação em que se encontram. O aconselhamento psicológico das vítimas permite avaliar a
presença, dimensão e tipos de abuso. A avaliação da perceção de letalidade pode ajudar a
determinar o melhor tratamento e ajudar a vítima a reconhecer comportamentos perigosos e
formas mais subtis de abuso na sua relação. O aconselhamento permite ainda elaborar um plano
de segurança, que permite à vítima antever e lidar com situações potencialmente perigosas. O
aconselhamento psicológico pode ainda ajudar os agressores a diminuir o risco de incorrerem
novamente em violência doméstica. Em vários países, os condenados por crimes de violência
doméstica frequentam programas de terapia comportamental e educação psicológica, embora
exista um debate sobre a eficácia destes programas.

Conclusão
Após feito o trabalho foi concluído que violência doméstica incluem todos os atos de abusos
físicos, sexuais, psicológicos e económicos perpetrados por um membro da família ou parceiro
íntimo e que a violência doméstica pode assumir diversas formas, incluindo ameaças ou
agressões físicas bater, pontapear, morder, acorrentar, atirar objetos, choques elétricos entre
outros e por fim, que a melhor forma de prevenção de violência doméstica é a promoção de
relacionamentos não violentos e com base no respeito mútuo eu
Referências
McQuigg, Ronagh J. A. (6 de abril de 2011). «Potential problems for the effectiveness of
international human rights law as regards domestic violence». International Human Rights Law
and Domestic Violence: The Effectiveness of International Human Rights Law (em inglês).
Shipway, Lyn (2004). Domestic violence: a handbook for health professionals. London New
York: Routledge

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