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Sheille
Carlos Soaresde
Meneses deSousa
FreitasSantos
Carlos Meneses de Sousa Santos
Nas
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frestas
da
dahistória
história
provocações
provocaçõesdedegênero
gênero
nono
último meio
último meioséculo
século
(Oeste dodo
(Oeste Paraná)
Paraná)
Coleção
Coleção Tempos
Tempos Históricos
Históricos
Volume
Volume 2424
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Sheille Soares de Freitas
Carlos Meneses de Sousa Santos
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Volume 24
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da capa: @freepik / Freepik.com
Revisão: Os Autores
Bibliografia
ISBN Coleção Digital 978-65-251-2190-1
ISBN Coleção Físico 978-65-251-2674-6
ISBN Digital 978-65-251-3100-9
ISBN Físico 978-65-251-3103-0
DOI 10.24824/978652513103.0
2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Adriane Piovezan (Faculdades Integradas Espírita)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Alexandre Pierezan (UFMS)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Andre Eduardo Ribeiro da Silva (IFSP)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Antonio Jose Teixeira Guerra (UFRJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Antonio Nivaldo Hespanhol (UNESP)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Carlos de Castro Neves Neto (UNESP)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Carlos Federico Dominguez Avila (UNIEURO)
Celso Conti (UFSCar) Edilson Soares de Souza (FABAPAR)
Cesar Gerónimo Tello (Univer .Nacional Eduardo Pimentel Menezes (UERJ)
Três de Febrero – Argentina) Euripedes Falcao Vieira (IHGRRGS)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG) Fabio Eduardo Cressoni (UNILAB)
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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO������������������������������������������������������������������������9
CAPÍTULO I
LIBERTINAS, VALENTINAS... E A ATIVAÇÃO SOCIAL DE
CONFLITOS MORAIS: discutindo modos de viver e a urdidura
de valores������������������������������������������������������������������������������������15
CAPÍTULO II
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
HISTÓRIAS ENTREABERTAS...����������������������������������������������91
REFERÊNCIAS��������������������������������������������������������������������������97
ÍNDICE REMISSIVO���������������������������������������������������������������113
SOBRE OS AUTORES������������������������������������������������������������115
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APRESENTAÇÃO
Conversas iniciais
A
pós aproximadamente duas décadas de envolvimento
com pesquisas que se ativeram aos mais variados aspec-
tos acerca da vida de trabalhadoras e trabalhadores na
sociedade brasileira e nos atentando à temporalidade transcorrida
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nas últimas sete décadas – ora dirigida a esse, ora àquele trecho
do território nacional (com os quais nos mantivemos ligados e
sempre buscando ter os pés rente ao chão); indagamo-nos agora
se nas muitas circunstâncias em que empregamos a substantiva-
ção trabalhadores, definida indistintamente, na maior parte das
vezes por essa associação direta de gênero (qual seja, masculino),
estávamos mantendo o seu devido equilíbrio histórico, a despeito
do teor pretensamente generalista atribuído ao termo1.
Uma questão que reconhecemos como incômoda, já que
tal formulação se acomodou em negligenciar condutas ligadas
Boa leitura!!!
CAPÍTULO I
LIBERTINAS, VALENTINAS...
E A ATIVAÇÃO SOCIAL DE
CONFLITOS MORAIS: discutindo
modos de viver e a urdidura de valores
A
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6 Os nomes mencionados nos autos foram alterados, assim como certos indicativos que
favorecessem sua identificação. A intenção foi manter em todas as fontes o anonimato e o
uso de pseudônimos, procurando focar nas pautas e relações expressas nos documentos
em análise.
18
7 Destacamos aqui um conjunto expressivo desse debate, com ênfase para certos contornos
historiográficos acerca de investigações sobre os modos de evidenciar e conduzir o trato
de crimes sexuais e das tensões envolvendo condutas morais. Em particular, relações
envoltas nos propalados crimes de sedução (presentes nos códigos penais de 1890 e
de 1940, bem como suas decorrentes adequações posteriores). Sobre esse empenho
analítico ver: Araújo (2000), Bessa (1994), Campos (2009), Duarte (1999), Esteves (1993),
Reichert (2012), Rodrigues (2007) e Soihet (2000).
20
Ensino Médio
Valentina 21 anos Limpeza ½ salário
incompleto
P
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20 A menção à política habitacional diz respeito ao Programa “Minha Casa, Minha Vida”
(PMCMV), implementado em 2009, quando essa iniciativa passou a integrar o Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), estruturalmente alinhavado dois anos antes, em
2007, por iniciativa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores.
A formulação do programa habitacional em questão, em que pese suas muitas variáveis
e progressivas reformulações, instituiu a Caixa Econômica Federal como gestora dos
fundos financiadores que proveriam governos locais, empresas construtoras e mesmo
os beneficiários diretos com as devidas modalidades monetárias que poderiam atuar
na execução de projetos de construção de habitações. Nesse enredo, muitos pedreiros
que se empregavam mediante empreita de serviços, diárias e/ou através de contratos
com médias e grandes construtoras passaram a ter como expectativa a produção e
comercialização das habitações que construíam; onde, apesar de manejarem recursos
limitados, eventualmente conseguiam, graças ao impulso desses possíveis financiamentos,
capitalizarem-se para essas pequenas operações. Esse era o espaço de atuação sondado
pelo marido de Salete. Sobre algumas das análises do escopo estrutural mais amplo do
programa, ver, entre outros Moreira (2017) e Oliveira (2017).
21 Acerca das controvérsias que compõem essa arena de tensão entre os arranjos familia-
res de trabalhadoras e trabalhadores e as possíveis leituras feitas sobre essa questão,
destacamos a dissertação de Giselle Santos (2010). A autora propõe discutir a complexa
gama de relações de poder estabelecidas em “famílias de grupos populares” a partir do
que situou como “Antropologia Feminista” e “perspectiva das relações de gênero”. Ela
NAS FRESTAS DA HISTÓRIA: provocações de gênero
no último meio século (Oeste do Paraná) 51
Algo que nos registros feitos por Salete, em uma das tantas
páginas sem datação, escritas no caderno correspondente ao ano
de 2010, parecia razoavelmente assentada na sua leitura dessa
relação de poder; onde, aquele inquietante sentimento de tristeza
e insatisfação, provocador de seu envolvimento com essa que
era uma de suas novas ocupações, se não ficou definitivamente
para trás, ao menos já alternava momentos dignos de agrade-
cimento. Pelo menos, foi essa a sensação que tivemos ao ler a
prece formulada por ela em ocasião do “1º dia da novena dos
Arcanjos (Miguel, Gabriel e Rafael)”. Nela, deparamo-nos com
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o seguinte registro,
destaca que perante o desemprego masculino e limitada contribuição com a renda familiar
“há [o] enfraquecimento do papel de provedor do homem”; ainda assim, ressalta como
esses homens “se apresentam como ‘homens ativos’, que estão sempre em probabili-
dade de conseguir rendimentos” e, portanto, muitos deles declaram que, mesmo nessas
circunstâncias, disputam as relações de poder familiares e “ainda cantam de galo”. Com
isso, insinua em sua análise o campo de tensão explícito no convívio familiar, pois ainda
que reconheçam certa vulnerabilidade de suas condições nessas relações de poder é
possível que muitos desses homens intensifiquem certas práticas de domínio procurando
sobrepor essa ação à falta de controle e contribuição com as finanças e o que essa
condição significa no conjunto das relações estabelecidas em casa.
52
22 Como proposição mais conhecida e emblemática desse procedimento, ver Ginzburg (2006).
54
23 Para além da posição sustentada por Ginzburg, Negro (1997) ofereceu uma instigante
visão sobre o caráter indiciário dos fragmentos investigados nos diferentes projetos his-
toriográficos emergidos da micro-história italiana e sua relação com uma história social
renovada, menos apegada a elementos seriais ou quantitativos.
24 Sobre essa pretensão teórica e metodológica, ver, além dos textos já indicados, Freitas
e Santos (2021a, 2021b).
NAS FRESTAS DA HISTÓRIA: provocações de gênero
no último meio século (Oeste do Paraná) 55
25 Entre tantas obras e inserções analíticas que indicam a presença literal ou implícita de
sua inspiração, ver: Pedro (2003), Costa e Soihet (2008).
56
26 Tendo em vista o profuso e diversificado espectro dessas produções, ver, entre outros:
Barroso (2011); Bessa (1994); Corrêa (1983); Duarte (2000); Esteves (1989); Ribeiro
(1997); Santos (2009b).
58
27 Sobre os distintos caminhos firmados nos embates e possibilidades abertas nesse contro-
vertido debate, para além das citações já indicadas nesta reflexão, ver também: Caldwell
(2000); Coelho (2009); Pedro (2005); Rago (2000; 2007; 2008); Scott (1994; 1998; 2005);
Tilly (1994); Wolff (2008).
62
28 Entre outros, Costa (1998), Dias (1984), Hall (2013), Hill (1995), Perrot (1989), Scott (1998),
Soihet (1998), Sorj e Goldenberg (1998), Thompson (1993) e Tilly (1994) permitem que
sejam delineados os pontos estruturantes de um arco de problemáticas que envolvem
valências de um repertório reflexivo que incluíram e articularam certos supostos teórico-
-metodológicos, espaços de atuações profissionais e posições políticas, que se tornaram
pautas recorrentes no debate que, apesar de exponencialmente ampliado e robustecido,
ainda se mantêm claramente ativo e em disputa. Nele, as autoras extrapolaram os intrica-
dos embates pelo reconhecimento do mérito acadêmico, expressando, com suas atuações,
os nexos de uma historicidade que expôs os veios da presença feminina nos lugares
sociais que postulavam. Por esse entendimento, em que pese a avaliação que fazemos de
suas produções, entendemos que a leitura de suas obras, tomadas como indícios de suas
trajetórias, apontam para aspectos expressivos do problema historiográfico em análise.
29 Para além de parte expressiva do universo de referências já mencionadas neste texto, que
têm nas notas de pé de página anteriores um bom índice de consulta sobre encaminha-
mentos dessa natureza, podemos indicar, ainda, como expressão desse procedimento, o
apreço que Atayde (2007) acabou demonstrando pela própria história da documentação
NAS FRESTAS DA HISTÓRIA: provocações de gênero
no último meio século (Oeste do Paraná) 65
Tal como parece ter sido a opção assumida por Wadi e Ramão
(2006), que, apesar de se desvencilharem das marcações da “histó-
ria da colonização do Oeste do Paraná” (atendo-se, antes, a esfor-
ços que passaram, de forma importante, a penetrar a evidenciação
de histórias na constituição do Oeste paranaense), dirigiram suas
atenções para “o funcionamento do Sistema de Justiça Criminal
Brasileiro nos referidos crimes [da paixão], que configuram vio-
lências de gênero”; onde, empenharam-se na compreensão de
que abordou; quando chegou ao ponto de dar a entender que suas escolhas teriam se
tornado reféns do material que manejou em sua história sobre “Mulheres infanticidas” e “o
crime de infanticídio na cidade de Fortaleza na primeira metade do século XX”; onde, não
por acaso, parece claramente ter depreendido de suas fontes, quase de modo heurístico,
tanto as delimitações temáticas quanto temporais.
66
30 Tem destaque aqui, os inspiradores trabalhos de Corrêa (1983) e Esteves (1989), que
desde suas produções, ainda na década de 1980, vêm sendo recorrentemente citados
pelos mais diversos pesquisadores interessados na problemática das relações de poder
vividas pelas mulheres na sociedade brasileira. Para além de suas sínteses interpretativas,
postas ao exame dos mais variados crivos analíticos, sobressai o evidente fôlego investi-
gativo, talvez um referencial de qualidade assumido por iniciativas que se tornavam cada
vez mais presentes no expansivo universo acadêmico dos emergentes e/ou consolidados
Programas de Pós-Graduação em História nas Universidades Públicas Brasileiras.
68
31 Os nomes mencionados nos autos foram alterados assim como certos indicativos que
favorecessem a sua identificação. A intenção foi manter em todas as fontes o anonimato
e o uso de pseudônimos.
NAS FRESTAS DA HISTÓRIA: provocações de gênero
no último meio século (Oeste do Paraná) 69
Entretanto,
37 Sobre o conjunto das reflexões indicadas pela autora, sujeitas a juízos distintos do aqui
destacado, ver: Hoerlle (2013, p. 7).
84
S
abemos que a incursão realizada nessas páginas nos levou
a confrontar nuances por vezes minimizadas, ou mesmo
equacionadas de forma apressada em outras pesquisas,
inclusive nossas. Contudo, trouxemos aqui apenas alguns pon-
tos de inquirição que se mantiveram no nosso foco, outros ultra-
passarão a esteira de discussões apresentadas até o momento,
mirando-nos para inquietações que tornam ainda mais complexas
tais relações de poder, laços afetivos e condutas morais.
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
são ações que fazem parte da sociedade (não sendo uma ação à parte), não conseguimos
visualizar a potência social dessas pessoas, mas um invólucro teórico de boas intenções
que parece tornar-se mais substancial e relevante para os autores do que tratar das visões,
práticas e significados de quem experimenta tais relações e condições. Se esse não era
o propósito desde o início, então reforçamos aqui o que tentamos indicar durante todo o
livro, que há pontos a avançar na forma de comunicar e explicitar nossas questões, para
que haja melhores concatenações sobre as provocações de gênero do último meio século.
Ainda que muitos estejam voltados a não segmentar e almejem problematizar a dinâmica
dessas relações de poder, denunciando as intencionalidades expressas no tenso convívio
social, será preciso a materialidade histórica dessas experiências para fazer valer nossa
intenção de nos aproximar e compreender quem, como e por que protagoniza tais histórias.
NAS FRESTAS DA HISTÓRIA: provocações de gênero
no último meio século (Oeste do Paraná) 95
Fontes
Autos Processuais
Cadernos de Orações
Meios de Comunicação
A
Assistência social 9, 14, 36, 37, 38, 90
Autoridade judiciária 22, 34, 58
C
Colonização 52, 53, 56, 87
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F
Feministas 13, 55, 74, 85, 88, 89
Forças sociais 9, 14, 28, 68, 76
H
História das mulheres no Brasil 79, 82, 86, 88
História social 9, 11, 12, 13, 14, 48, 71, 84, 85, 88, 93
Historicidade 12, 13, 17, 23, 26, 27, 44, 54, 56, 58, 62, 67, 73, 74
Historiografia brasileira 20, 48, 50
Homens e mulheres 9, 12, 14, 24, 56, 58, 66, 67, 68, 73, 75
L
Libertinas 7, 17
M
Memórias e linguagens 9, 13, 82, 93
Modos de vida 20, 21, 67
114
O
Oeste do Paraná 7, 9, 13, 15, 17, 18, 25, 26, 36, 38, 43, 48, 51,
54, 56, 58, 65, 72, 73, 74, 79, 80, 82, 83, 84, 86, 87, 89
R
Relações de gênero 11, 12, 45, 51, 53, 69, 80, 85, 88
Relações de poder 13, 17, 21, 22, 24, 28, 30, 45, 46, 51, 53, 54,
58, 67, 72, 73, 75, 76, 77, 78, 85
V
Valores 7, 9, 11, 14, 17, 20, 21, 27, 35, 40, 49, 65, 73, 77
SOBRE OS AUTORES
SOBRE O LIVRO
Tiragem: Não comercializada
Formato: 14 x 21 cm
Mancha: 10,3 x 17,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5/11,5/13/16/18
Arial 8/8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)