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TOP 5: Padrões de

Leucograma
17 de novembro de 2019 por veterinaria
O hemograma é o exame mais básico e comum na rotina de um
clínico veterinário. Ele avalia três partes importantes de uma
amostra de sangue: eritrograma (células vermelhas), leucograma
(células brancas) e plaquetograma (plaquetas).

Após a leitura da amostra na máquina, nossos veterinários analisam


uma lâmina de esfregaço sanguíneo da mesma amostra a fim de
encontrar possíveis alterações morfológicas ou outras
características, confirmar o número de células e então, liberar o
laudo com qualidade e confiança. #máquinanãofazhemograma

Com o resultado em mãos, o médico veterinário deverá avaliar os


números e possíveis alterações morfológicas, juntamente com
histórico clínico, anamnese e exame físico do animal. Lembre-se
sempre que a clínica é soberana e o hemograma é como uma
fotografia. Os resultados podem estar completamente diferentes
conforme a clínica do animal evoluiu, e muitas vezes alterações
ainda não podem ser notadas no hemograma mesmo que o animal
apresente sintomas.

Existem basicamente 5 tipos de padrões que podemos encontrar na


hora de interpretar um leucograma:

Leucograma de Estresse

O “estresse” é caracterizado pelo aumento de cortisol liberado pelas


glândulas adrenais. Esse cortisol pode, secundariamente, alterar
alguns parâmetros e causar: neutrofilia, linfopenia, eosinopenia e
monocitose.

A linfopenia é o fator mais marcante de um leucograma de


estresse. Ela continua acontecendo mesmo após certo tempo,
enquanto a concentração de cortisol esteja alta.
A neutrofilia ocorre através do aumento na liberação de
neutrófilos maduros pela medula óssea e diminuição na
circulação de neutrófilos do sangue para tecidos.

A linfopenia é resultante de uma retenção de linfócitos em


tecidos linfóides e também pela lise de linfócitos.
A eosinopenia é causada pelo aumento na liberação de
eosinófilos pela medula óssea e aumento na lise de eosinófilos
circulantes.

A monocitose em cães acontece pelo movimento de monócitos


para a circulação, enquanto em gatos pode ou não acontecer.
ATENÇÃO: o leucograma de estresse não acontece apenas em
situações de estresse mas também em casos onde o animal
recebeu altas doses de glicocorticóides.

ATENÇÃO 2: uma dose única de glicocorticóides pode alterar o


leucograma por até 24 horas. Quando existe a administração de
glicocorticóides pode mais de 10 dias, essas alterações ainda
podem acontecer 2 a 3 dias após o final do tratamento.

Leucograma de Inflamação

O leucograma de inflamação é caracterizado pela neutrofilia (e em


alguns casos, neutropenia) com ou sem desvio a esquerda. Em um
quadro de inflamação, ocorre a liberação de neutrófilos mediante a
presença de mediadores inflamatórios e o aumento na produção de
neutrófilos pela medula óssea.

O desvio a esquerda indica que neutrófilos imaturos (não


segmentados) foram liberados pela medula na circulação. Enquanto
neutrófilos estão sendo produzidos pela medula, alguns neutrófilos
circulantes são enviados a fonte de inflamação. Por isso, a presença
de neutrofilia ou neutropenia irá depender do balanço entre a
produção x a demanda de neutrófilos em tecidos inflamados.

Algumas doenças inflamatórias bacterianas, fúngicas, virais,


protozoárias, imuno-mediadas e necrose podem causar neutrofilia 2
a 10 vezes maiores do que o parâmetro normal. Outras doenças
isoladas como um abscesso, podem resultar em neutrofilia pois a
medula aumentou a produção, porém o tecido não está consumindo
neutrófilos pois eles não conseguem infiltrar a lesão facilmente.

ATENÇÃO: após a eliminação da fonte de inflamação (por ex: o


tratamento de uma piometra), a neutrofilia ainda pode persistir por
até 5 dias.

Linfocitose Persistente

É normal que ocorra aumento de linfócitos após exercício físico e


excitação. Isso ocorre secundariamente a presença de epinefrina,
por isso, um resultado de leucocitose deve ser sempre conferido
pelo laboratório.

Caso essa linfocitose seja persistente por vários exames, é indicada


a realização de um aspirado de medula para avaliação da morfologia
dos linfócitos.

Além disso, a ocorrência de linfocitose persistente deve sempre ser


motivo de preocupação para casos neoplásicos. Algumas outras
doenças não neoplásicas como Erlichiose, FIV e FELV e Mycoplasma
felis também podem levar a um quadro persistente de linfocitose.

Alguns outros diagnóstico diferenciais são: timoma,


hipoadrenocorticismo, hipertireoidismo (em gatos) e anemia
hemolítica imunomediada.

Neutropenia

A neutropenia é causada pelo aumento no consumo de neutrófilos,


diminuição na sua produção ou destruição imunomediada.
Infecções bacterianas e endotoxemia podem causar o aumento no
consumo de neutrófilos devido ao quadro inflamatório grave. A
diminuição na produção pode acontecer devido a presença de
drogas, toxinas e células neoplásicas que danificam percussores de
neutrófilos da medula.

No caso da parvovirose, a causa da neutropenia pode ser


multifatorial pois o vírus ataca percussores de neutrófilos e também
causa endotoxemia, destruindo as vilosidades do intestino.

Eosinofilia

O aumento na produção de eosinófilos pela medula óssea acontece


principalmente devido a presença de parasitas e alérgenos.
Parasitas que se alojam em tecidos como a Dirofilária,
Aelurostrongylus abstrusus, Toxoxara, Ancylostoma caninum são
causas comuns de eosinofilia. Também reações de
hipersensibilidade secundárias a alergia causada por pulgas podem
causar eosinofilia.

ATENÇÃO: parasitas de células sanguíneas como Mycoplasma e


Babesia e hipersensibilidades como dermatite atópica normalmente
não causam eosinofilia.

Comentários

Carla disse:

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