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Superação das Dificuldades de Interpretação da Legislação para a

Nomeação Provisória, Nomeação Definitiva e Nomeação em


Comissão de Serviço de Funcionários e Agentes do Estado do
Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Milange
Pinheiro Afonso Charles1

Resumo

O presente artigo aborda sobre Superação das Dificuldades de Interpretação da Legislação


para a Nomeação Provisória, Nomeação Definitiva e Nomeação em Comissão de Serviço de
Funcionários e Agentes do Estado no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia
de Milange. O objectivo deste artigo é o de propor uma avaliação mediada e assistida focando
os contextos profissionais, familiar, como também a avaliação de leitura e interpretação da
legislação, e de actividades de superação, norteado pelos actos administrativos. De um modo
geral, o estudo pretendeu analisar as dinâmicas de Nomeação Provisória, definitiva e
comissão de serviço de Funcionários e Agentes do Estado. Como metodologia, utilizou-se a
abordagem qualitativa, destacando-se assim, a apresentação dos resultados de pesquisa. Logo,
foi possível concluir que, os técnicos de Repartição de Recursos Humano, Chefe da
Repartição e Agente de Serviço, têm o domínio dos procedimentos para a nomeação
provisória e efectiva pese embora aja algum receio no tempo e benefícios da nomeação.
Também, a questão em estudo mostrou que tem grande influência no desempenho das
actividades e na motivação dos funcionários.

Palavras-Chave: Nomeação, Provisória, Definitiva e Comissão de Serviço.

1Mestrando em Gestão de Recursos Humanos Pela Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade
Católica de Moçambique. Email: pinheiroacharles@gmail.com
2

Abstract
This article deals with Overcoming Difficulties in Interpreting the Legislation for Provisional
Appointment, Definitive Appointment and Appointment in Service Commission of Officials
and State Agents in the District Service of Education, Youth and Technology of Milange. The
purpose of this article is to propose a mediated and assisted assessment focusing on
professional and family contexts, as well as the assessment of reading and interpretation of
legislation, and overcoming activities, guided by administrative acts. In general, the study
aimed to analyze the dynamics of Provisional Appointment, definitive and service
commission of State Officials and Agents. As a methodology, a qualitative approach was
used, highlighting the presentation of research results. Therefore, it was possible to conclude
that the technicians of the Department of Human Resources, Head of Department and Service
Agent, have mastery of the procedures for the provisional and effective appointment, although
there is some fear in the time and benefits of the appointment. Also, the question under study
showed that it has a great influence on the performance of activities and on the motivation of
employees.

Keywords: Appointment, Provisional, Definitive and Service Commission.


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1. Introdução
O presente artigo aborda sobre Superação das Dificuldades de Interpretação da Legislação
para a Nomeação Provisória, Nomeação Definitiva e Nomeação em Comissão de Serviço de
Funcionários e Agentes do Estado no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia
de Milange.
As dinâmicas de provimento das vagas atinentes aos concursos públicos merecem uma
atenção particular. Neste artigo partimos do pressuposto que no Estatuto Geral dos
Funcionários e agentes de Estado buscam profissionalmente uma segurança e a nomeação
definitiva é vista como uma segurança na manutenção do trabalho, senão como um conforto
particular. Findos os dois anos de provimento provisório o funcionário é provido
definitivamente desde que satisfaça os requisitos exigidos na parte final do nº 3 do artigo 15
do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado (EGFAE).
A realização deste trabalho parte da premissa que a função pública é na sua globalidade
aglomerado de funcionários cujo os processos nomeações provisórias e definitivas e comissão
de serviço têm sido aperfeiçoadas dia-a-dia, não obstante problemas estes que se registam,
cujo fluxo perpassa pelo Tribunal Administrativo. Entretanto, buscamos trazer uma
abordagem sobre as dinâmicas do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia.
Objectivo Geral do trabalho é de analisar as dinâmicas de Nomeação Provisória, Definitiva e
Comissão de Serviço de Funcionários e Agentes do Estado do Serviço Distrital de Educação,
Juventude e Tecnologia de Milange. Para garantir as intenções expressas no objectivo geral,
foram traçados os objectivos específicos que consistem em identificar o modelo de avaliação de
desempenho dos funcionários e agentes de estado, descrever a avaliação de desempenho
como factor motivador dos funcionários e agentes do Estado e perceber como a avaliação de
desempenho influencia na motivação dos funcionários e agentes do Estado.
4

2. Metodologia
Na visão de (Marconi; Lakatos, 2017):
Metodologia é a maneira correcta e sistemática que descreve os métodos e ou
caminhos necessários e percorridos na busca de um conjunto de conhecimentos
científicos, através da interpretação dos fenómenos e ou factos existentes na natureza
identificando para tal os seus procedimentos indispensáveis. Isto significa que a
metodologia representa o caminho pelo qual o pesquisador deve seguir para chegar a
um determinado resultado de uma pesquisa.
A metodologia assumida para o presente artigo foi a pesquisa qualitativa “pode ser entendida
como uma pesquisa qualitativa que busca entender o contexto pela percepção de seus
participantes, mas que não abre mão da segurança oferecida pela pesquisa quantitativa e o
direito de generalizar seus resultados.” Freire (2013, p. 53).
A preocupação desta pesquisa é estudar o problema e verificar como ele se manifesta no
desempenho dos colaboradores.

3. Problematização
É o que também apontam Marconi e Lakatos (2009):
formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e
operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos
resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características (Marconi e
Lakatos, 2009, p.127).
O Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Milange tem sido palco de
“ordem” sobretudo nos processos de admissão, nomeações provisórias e definitivas, sendo
actos administrativos. Assim, nota-se flexibilidade nas nomeações dos funcionários e agentes
do Estado sobre o fluxo do seguimento dos processos de nomeações.
Segundo Carvalho (2014, p.54), na maioria das vezes, as pessoas têm objectivos e interesses
distintos. As diferenças de objectivos e de interesses individuais, dentro das organizações,
podem produzir algumas espécies de conflitos, afectando o desempenho organizacional.
Assim sendo a pesquisa pretende saber: Em que medida o processo de nomeação provisória,
definitiva e Comissão de Serviço dos Funcionários e Agentes do Estado garantem um bom
funcionamento no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Milange?
5

4. Revisão da literatura
4.1. Acto na Administração Pública
Antes de discorrermos sobre eles, consideramos essencial mencionar em que consiste a
Administração Pública2, enquanto aparelho do Estado ordenado para a realização das
necessidades da comunidade. Inserida num Estado de direito, com a preponderante separação
de poderes, princípio fundamental da democracia - composto pelo poder legislativo; poder
judicial e poder executivo – e integrando este último, é a Administração Pública quem pratica
os actos administrativos, essenciais para um normal funcionamento da comunidade. Nos
termos do nº 1 do artigo 15 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agente do Estado aplica-se
este a “todos os órgãos da Administração Pública que, no desempenho da actividade
administrativa de gestão pública, estabeleçam relações com particulares, bem como aos actos
em matéria administrativa praticados pelos órgãos do Estado que, embora não integrados na
Administração Pública, desenvolvam funções materialmente administrativas.”
No disposto do nº 1 do artigo 45 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agente do Estado, O
quadro de pessoal é um instrumento de planificação controlo dos recursos humanos que
indica o número de unidades por funções de direcção, chefia e confiança, e por carreiras ou
categorias profissionais necessárias para a prossecução das atribuições dos órgãos e
instituições da Administração Pública.
Em relação ao desenvolvimento de Recursos Humanos, Chiavenato (1999, p. 413) afirma que,
“os recursos humanos apresentam uma incrível aptidão para o desenvolvimento, que é a
capacidade de aprender novas habilidades, obtendo novos conhecimentos e modificar atitudes
e comportamentos”. Assim, a área de RH necessita de um maior dinamismo, flexibilidade e
agilidade para atender as demandas das empresas relativas à qualificação do seu pessoal.
4.2. Administração Pública
A administração é definida por Amaral (2001, p.56) da seguinte forma: “é a actividade típica
dos organismos e indivíduos que, sob a direcção ou fiscalização do poder político,
desempenham em nome da colectividade a tarefa de prover à satisfação regular e contínua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar económico e social, estabelecidas
pela legislação aplicável e sob o controlo dos tribunais competentes.”
Marcelo Rebelo de Sousa (2007, p. 606) menciona que a administração pública em
sentido orgânico é “o conjunto de pessoas colectivas que exercem a título principal a
função administrativa. A administração pública em sentido material “corresponde à
actividade concreta em que se traduz o exercício da função administrativa do Estado,
ou seja, a Administração Pública”.

2Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes de Estado (E.G.F.A.E) Lei n°4/2022 de 11 de Fevereiro.
6

Segundo Caetano (2007), o acto administrativo consiste na “conduta voluntária de um órgão


da administração que, no exercício de um poder público e para a prossecução de interesses
postos por lei a seu cargo, produza efeitos jurídicos num caso concreto (p.606).
Oliveira (2003), caracteriza assim, o acto administrativo, quanto ao seu efeito constitutivo, “o
seu de Procedimento Administrativo (p.927).
Para a realização de uma pesquisa, tem que se ter bases em que a mesma se fundamentará, se
referem a abordagens de vários autores relacionadas ao tema de pesquisa. Se buscam ideias de
diferentes autores que trataram conteúdos similares e que no entender de Lakatos & Marconi
(2001, p. 39), a fundamentação teórica, refere-se “ a revisão bibliográfica que você irá adoptar
para tratar o tema e o problema de pesquisa”. Assim o autor vai se basear em abordagens de
alguns autores que desenvolveram assuntos relativos a nomeação, leis, artigos e EGFAE.

Para melhor perceber o assunto central do tema a pesquisar, urge avançar definições de alguns
conceitos tratados no tema.

4.3.Funcionário
Para (Viana 2007 citado em Caetano, 1999, p. 13) o Funcionário Público é “o agente
administrativo provido por nomeação vitalícia voluntariamente aceite ou por contrato
indefinidamente renovável, para servir por tempo completo em determinado lugar criado por
lei com carácter permanente, segundo o regime legal próprio da função pública”.
Segundo estabelecido no n.º 1 do artigo 3 da Lei n. º 4/2022, de 11 de Fevereiro, Lei
que aprova o Estatuto Geral dos Funcionário e Agentes do Estado estatui que, “são
funcionários públicos os cidadãos nomeados para lugares do quadro do pessoal que
exercem actividades nos órgãos centrais e locais do Estado”.

Entretanto na asserção dos autores em alusão, o conceito que vai ao encontro do estudo, o
artigo 16 da Lei n°4/2022 de 11 de Fevereiro, Conjugado pelo Decreto n.º 28/2022, de 17 de Junho, quando
estabelece que, os Funcionários Públicos são os cidadãos nomeados para lugares do quadro do
pessoal que exercem actividades nos órgãos centrais e locais do Estado.
4.4.A Profissionalização da Administração Pública
De acordo com Farias e Gaetani (2012), a profissionalização da Administração Pública é um
tema clássico em Políticas de Reforma da Gestão Pública, uma vez que a construção e o
aperfeiçoamento permanente de um serviço público profissional é um desafio perene para
todos os governos, em todos os níveis, e constitui um tópico extremamente importante para os
formuladores da Reforma do Estado.
Neste novo contexto a profissionalização no serviço público passar a ser uma função de um
conjunto variado de factores, nomeadamente:
7

 Em primeiro lugar a profissionalização cresce em importância na medida em que se


estabelece como prioridade o aumento da produtividade do trabalho no sector público
de modo a aumentar sua qualidade, diminuir seus custos relativos e ampliar sua
abrangência.
 Segundo, a profissionalização depende de investimentos continuados ao longo do
tempo tanto na construção de capacidades institucionais como na qualificação de
pessoas.
 Terceiro, a profissionalização do Executivo requer a construção de uma nova base
técnica (ex: especialistas de alto nível) e tecnológica (ex: pacotes de software) a partir
da qual o serviço público opere.

Quarto, a expansão contínua das bases das competências de organizações e profissionais


passar a ser uma exigência permanente de um processo virtuoso de profissionalização do
Executivo.

5. Modalidades de nomeação
5.1. Nomeação
O vocábulo nomeação, derivado do latim nominatio, de nominare3 (chamar, designar pelo
nome) “é aplicado na linguagem jurídica, como expressão técnica, para significar o acto pelo
qual uma pessoa é designada (…) para desempenhar um cargo ou exercer uma função,
investindo-se, por essa forma, dos poderes indispensáveis ao exercício da missão (…).”
O acto de nomeação de um funcionário público é um acto unilateral, não é um
contrato; como tal fica perfeito pela declaração de vontade da administração pública.
A aceitação do interessado é necessária, isso sim, como condição de eficácia da
nomeação - ou seja, é necessária para que a nomeação produza os seus efeitos típicos,
mas a nomeação, em si, existe como acto perfeito, independentemente de o particular
declarar que aceita ou não. Se aceitar, ela torna-se eficaz, mas nem por isso deixou de
ser uma nomeação.” Amaral (2007, p.13)
Sousa e Matos (2010, p.23) referem que o acto administrativo “abrange um grupo de condutas
administrativas dotadas de características essenciais idênticas e por isso sujeitas a um regime
jurídico comum”.
A aceitação, traduzida na posse, opera como condição suspensiva da eficácia do acto
administrativo. Antes de expressa a vontade do nomeado, este ainda não é agente
administrativo, só a partir da posse adquire tal qualidade, com todos os direitos, poderes e
deveres correspondentes. O acto de nomeação, só por si, produz um único efeito, o de

3Caetano,Marcello – Manual de Direito Administrativo. Volume II. 9ª Edição, 2ª Reimpressão. Coimbra:


Almedina, 1983, P. 820 [s. ISBN] p. 654
8

habilitar a pessoa designada a manifestar a vontade de aceitar a investidura no lugar para que
é designada”.4
“A nomeação está (…) dependente da vontade do funcionário, o que leva a concluir pela
existência dum verdadeiro acto colectivo, não um acto unilateral onde só conta a vontade do
Estado”. Tavares (2010, p.412).
O Estado fixa unilateralmente a situação jurídica dos funcionários públicos nomeados e pode
alterá-la independentemente da vontade destes. A nomeação é o acto condição da investidura
de funções públicas, Oliveira (1984, p.34).
Sendo a nomeação um acto unilateral, não resulta, em si mesmo, da vontade concordante de
dois ou mais sujeitos de direito, mas tão só da vontade manifestada por um: a Administração5.
Segundo, Caetano (1956), a nomeação é um acto unilateral da administração pelo que – se
preenche um lugar do quadro e se visa assegurar, de modo profissionalizado, o exercício de
funções próprias do serviço público que registam carácter de permanência. A nomeação, cuja
eficácia depende da aceitação do nomeado, confere a estes a qualidade de funcionário (p.430).
Sabe – se que para um funcionário beneficiar – se das carreiras, promoções e escalões deve
ser aquele por norma tem um vínculo com Estado/ nomeação.
A relação jurídica de emprego na administração constituía-se com base numa nomeação ou
num contrato.

5.2. Nomeação provisória


De acordo com nº 1 do artigo 19, A nomeação para o ingresso na Administração Pública é
provisória e tem a duração de dois anos de exercício de actividades6.
Todavia, o nº 1 do artigo 20 do EGFAE, a nomeação provisória para as categorias e carreiras
profissionais no aparelho do Estado, bem como a contratação, implicam o dever de assinatura
do termo de início de funções, onde o funcionário ou agente do Estado o direito de receber o
vencimento e contagem de tempo para efeitos de aposentação.
Nomeação provisória só pode ser constituída nos casos de exercício das actividades que
referimos no ponto anterior, no entanto, enquanto na nomeação definitiva estamos na
presença de um vínculo estável de emprego público, na nomeação provisória o vínculo é
precário, numa relação jurídica temporária. Como referiu Moura (2002 p.25), a “nomeação
passa a poder revestir uma natureza precária, passando a ter-se nomeações a termo resolutivo
certo ou incerto, o que seguramente representa uma clara revolução em termos de conceitos
jurídicos.”

4
Navarro, Luiz Lopes - Funcionários Públicos. Lisboa: Editora Gráfica Portuguesa, 1940, P.358 [s. ISBN] p.84
5
Oliveira, Mário Esteves de – ob. cit. p. 376
6
Lei n°4/2022, de 11 de Fevereiro.
9

5.2.1. Requisitos Gerais Para Nomeação Provisória


1. São requisitos gerais de nomeação para lugares de quadro pessoal do aparelho do estado7:
a) Nacionalidade moçambicana;
b) Número Único de Identificação Tributária (NUIT);
c) Idade igual ou superior a 18 anos desde que permita completar no mínimo 180
contribuições para efeitos de aposentação;
d) Sanidade mental e capacidade física compatível com a actividade que vai exercer na
Administração Pública;
e) Não ter sido aposentado;
f) Habilitações literárias mínimas de educação básica do Sistema Nacional de Educação
ou equivalente, ou habilitações especificamente exigidas no respectivo qualificador
profissional.
5.3. Nomeação Definitiva
A nomeação definitiva, vinculo laboral público portador de uma maior estabilidade no
emprego, como afirmou Luiz Lopes & Navarro (1940), “a noção de funcionário público
implica determinada estabilidade, certa permanência no exercício de funções susceptíveis de
conduzir a uma verdadeira profissionalização.

5.3.1. Critérios da Nomeação Definitiva

O artigo 22 da Lei n°4/2022 de 11 de Fevereiro, Obedece os seguintes Critérios da Nomeação


Definitiva:
1. Observado o período de nomeação provisória, o funcionário com avaliação de
desempenho não inferior a Bom é nomeado definitivamente.
2. A nomeação definitiva está sujeita à anotação pelo tribunal administrativo competente e
implica tomada de posse.
3. Nos casos em que a nomeação é precedida de contrato ou nomeação interina, o tempo de
serviço prestado conta para efeitos de nomeação definitiva.

5.3.2. Processo de Nomeação Definitiva no Aparelho do Estado


A nomeação para um lugar do quadro de pessoal do Estado confere ao nomeado a qualidade
de funcionário do Estado, produzindo efeitos legais a partir da data do Visto do Tribunal
Administrativo (nº 1 e 2 do artigo 14 da Lei nº 4/2022 de 11 de Fevereiro).

7
Decreto n.º 28/2022 de 17 de Junho.
10

5.3.3. Benefícios de Nomeação


O artigo 14 da Lei nº 4/2022, de 11 de Fevereiro, Conjugado pelo Decreto nº 28/2022, de 17
de Junho, consagra os benefícios da nomeação, nos moldes seguintes:
1. A nomeação para o quadro de pessoal do aparelho do estado confere a qualidade de
funcionário.
2. A nomeação produz efeitos a partir da data do visto do tribunal administrativo
competente.
3. A nomeação para o ingresso é provisória e tem carácter probatório, durante os dois
primeiros anos de exercício de funções.
4. Completado o tempo previsto no nº 3, a nomeação converte automaticamente em
definitiva, salvo se ao longo dos primeiros dois anos houver manifestação em
contrário ou a obtenção de avaliação de desempenho de classificação inferior a
regular.
5. A nomeação definitiva não carece de visto de tribunal administrativo competente,
estando sujeita à anotação.
6. Nos casos em que a nomeação é precedida de contrato ou nomeação interna, o tempo
de serviço prestado nestas situações conta para efeitos de nomeação definitiva.
7. A nomeação para o quadro de pessoal do aparelho do Estado é por tempo
indeterminado.
5.4. Nomeação em Comissão de Serviço
Conforme refere8, a comissão de serviço teve a sua génese em situações em que um
funcionário era chamado a exercer funções transitórias fora do quadro a que pertencia. Esta
figura foi depois utilizada para abranger as situações de funcionários «com provimento
definitivo colocados em lugares vagos com diferente provimento».
Note-se que regime de comissão de serviço, nos termos do nº 1 do Artigo 41 do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes de Estado, consiste na nomeação do funcionário para
exercer cargos de direcção, chefia ou de confiança.
De acordo com artigo 29, O regime de destacamento tem a duração de até 5 anos, renováveis
uma vez, por igual período, e renovação aludida deve ser sempre no interesse e iniciativa da
Administração Pública.

8Menezes Cordeiro “Da constitucionalidade das comissões de serviços laborais”, Revista de Direito e de
Estudos Sociais”, ano XXXIII-1991 (VI da 2ª Série), página 129 e seguintes (Pareceres).
11

5.4.1. Da cessação da Comissão de serviço


A comissão de serviço caracteriza-se, como vimos, pela transitoriedade e pela
«provisoriedade reclamada pelo tipo de funções a desempenhar»9. Permite-se, por esta via, a
satisfação de «necessidades específicas e razoáveis», designadamente, o provimento
temporário de determinados lugares que não podem ter natureza vitalícia, tal como sucede
com os cargos dirigentes e com «certas posições que postulam uma ligação de tipo pessoal»10.
O nº 4 do artigo 41, da Lei nº 4/2022 de, 11 de Fevereiro, diz que a cessação da comissão de
serviço, o Estado pode com fundamento na conveniência de serviço, dar por findo o exercício
de funções do funcionário, a qualquer momento.
Findas as situações referidas nos artigos anteriores, o funcionário retoma a plenitude os seus
direitos ao reiniciar as funções, (nº 4 do artigo 50).
Nesse contexto a Cessação de comissão de serviço, o Artigo 163, do Código de Trabalho11,
consagrava a regra da cessação das comissões de serviço, nos moldes seguintes:
1. Qualquer das partes pode pôr termo à comissão de serviço, mediante aviso prévio por
escrito, com a antecedência mínima de 30 ou 60 dias, consoante aquela tenha durado,
respectivamente, até dois anos ou período superior;
2. A falta de aviso prévio não obsta à cessação da comissão de serviço, constituindo a parte
faltosa na obrigação de indemnizar a contraparte nos termos do artigo 401.
5.4.2. Efeitos da cessação da comissão de serviço
1. Cessando a comissão de serviço, o trabalhador tem direito:
a) Caso se mantenha ao serviço da empresa, a exercer a actividade desempenhada antes da
comissão de serviço, ou a correspondente à categoria a que tenha sido promovido ou,
ainda, a actividade prevista no acordo a que se refere a alínea c) ou d) do n.º 3 do artigo
162;
2. Os prazos previstos no artigo anterior e o valor da indemnização a que se referem as
alíneas b) e c) do n.º 1 podem ser aumentados por instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho ou contrato de trabalho.

9
Neste sentido, cfr. Jorge Leite, “Comissão de serviço”, Questões Laborais, ano VII – 2000, p. 152 e seguintes.
10
Menezes Cordeiro, obra citada, pp 137-138.
11
Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro
12

6. Recomendações Finais
Findos os dois anos de provimento provisório o funcionário é provido definitivamente desde
que satisfaça os requisitos exigidos na parte final do nº 3 do artigo 15 do Estatuto Geral dos
Funcionários do Estado. Todavia, por questões estruturais nota-se uma flexibilidade neste
processo.
Apesar de a nomeação ser um acto constitutivo de efeitos favoráveis. A par das autorizações
do Tribunal Administrativo, “as admissões são actos administrativos que investem os seus
destinatários numa posição ou status jurídico, composto por um complexo de direitos e
deveres que não podem ser gozados ou impostos em separado: todos os funcionários que
gozam mais de 2 anos com categoria provisória. As nomeações têm sido um dos maiores
constrangimentos na perspectiva de gestão estratégica de recursos humanos. Não obstante que
o acto administrativo de nomeação seja um vínculo de emprego público por excelência. A
nomeação, enquanto “acto unilateral de um órgão da administração pública cuja eficácia é
condicionada pela aceitação do indivíduo a ser nomeado, é, pois, o acto que provê um
indivíduo na qualidade de agente, mas ficando a investidura nas funções dependente de
posterior aceitação do nomeado. Porém, a aceitação da nomeação não é representado
legalmente como uma declaração de vontade constitutivas do efeito jurídico produzido, em
conformidade com a declaração de vontade da Administração, o que sucede é que a lei toma o
efeito jurídico produzido unilateralmente pela administração dependente, quanto à sua
eficácia perante o destinatário, de uma aceitação após o Visto dos tribunais Administrativo.
Todavia, com a flexibilidade nos processos de nomeação definitiva, obedecendo
rigorosamente o tempo de trabalho em contrapartida com as dinâmicas de cabimento
orçamental, os técnicos criem outros mecanicismos para motivar os funcionários, visto que a
nomeação não é única forma de motivar e funcionários e agente de serviço tenha mais
domínio dos procedimentos através de leitura ou capacitações.
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7. Referência Bibliográfica
 Marconi, M. A.; lakatos, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
 Marconi, M. A. ; Lakatos, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6ª. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
 Carvalho, Maria Madalena Felipe. (2014) Gestão de Conflitos – um estudo de caso em
uma empresa familiar do sector metalúrgico. Monografia (Especialização Gestão
Publica). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2014.
 Farias, P. C. L. de & Gaetani, F. (2012). A Política de Recursos Humanos e a
Profissionalização da Administração Pública no Brasil do Século XXI: Um balanço
provisório. Brasil. Editora CLAD.
 Sousa, M. R. de; M, A. S. (2010). Direito Administrativo Geral. Introdução e
Princípios fundamentais. Tomo I, (2ª Edição) Lisboa: Dom Quixote, 2006. p 245
ISBN 978-972-20-3242-1 p. 44.
 Amaral, D. F. (2008). Curso de Direito Administrativo. Volume II, 8ª Reimpressão da
Edição, Coimbra: Almedina, 2008. p 667 ISBN 978-972-40-1539-2 p 202 – 225.
 Amaral. D. (2007). Curso de Direito Administrativo. (3ª Edição) Coimbra. Almedina.
 Caetano M. (2007). Manual de Direito Administrativo: (10ª Edição), Almedina,
Coimbra.
 Marcello – Manual de Direito Administrativo. Volume II. 9ª Edição, 2ª Reimpressão.
Coimbra: Almedina, 2007.
 Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2009). Metodologia de Trabalho Científico, (7ª
Edição) São Paulo: Editora Atlas.
 Navarro, Luiz Lopes - Funcionários Públicos. Lisboa: Editora Gráfica Portuguesa,
1940.
 Tavares P, (2010). Introdução à Teoria Geral da Administração, (3ª ed.), São Paulo
 9.Viana, C. (2007). Revista de Estudos Politécnicos. Disponível em:cviana@ipca.pt,
consultado no dia 7 de Setembro de 2022, pelas 11h:45m.
Legislação:
1. Lei n°4/2022 de 11 de Fevereiro, que aprova Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes
de Estado.
2. Decreto n.º 28/2022 de 17 de Junho, que aprova Regulamento do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes de Estado.
3. Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, que aprova Código de Trabalho.

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