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Prof.

Marcos José de Oliveira

RESPONSABILIDADE CIVIL

ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL


O art. 186 do CCB consagra o princípio geral de que a “ninguém se deve lesar”.
Da análise do supracitado artigo pode-se extrair os seguintes os seguintes
elementos ou pressupostos gerais da responsabilidade civil:
a. Conduta humana (positiva ou negativa);
b. Dano ou prejuízo;
c. O nexo de causalidade.

ELEMENTO CULPA
Este elemento, em que pese estar consagrado no artigo 186 deve ser tido por
elemento acidental em vista de que lhe falta a generalidade, características dos
pressupostos.
A responsabilidade sem culpa não foi devidamente desenvolvida no CCB de
1916 que desconhecia as atividades de risco.
Pelo fato de que o atual código trata da responsabilidade sem culpa, não há que
se entender que a culpa é elemento geral e sim específico (acidental) da
responsabilidade civil subjetiva, razão porque não se fará constar dos pressupostos
básicos da responsabilidade civil.

RESPONSABILIDADE CIVIL E IMPUTABILIDADE


Há quem considere a imputabilidade como elemento geral, no entanto, esta
noção se encontra englobada nos elementos já citados, além do fato de que sua análise
se limita a identificar quem é o sujeito responsável, e não se há responsabilidade.
Vejamos o caso de ato praticado por absolutamente incapaz (inimputável), em
que existira a responsabilidade, mas de seu representante.

CONDUTA HUMANA
A responsabilidade civil é a expressão obrigacional mais visível da atividade
humana.
Um fato da natureza pode gerar dano, mas não gera a responsabilização civil.
Apenas o homem, por si ou por meio de pessoa jurídica pode ser civilmente
responsabilizado.
A ação (ou omissão) humana é pressuposto necessário para a configuração da
responsabilidade civil.
Trata-se da conduta humana positiva ou negativa, guiada pela vontade do
agente, que gera o dano ou prejuízo.
Prof. Marcos José de Oliveira

A voluntariedade é o núcleo fundamental da noção de conduta humana, que


resulta na liberdade de escolha do agente imputável, com discernimento para ter
consciência daquilo que faz.
Sem a voluntariedade não há que se falar em ação humana, e, muito menos de
responsabilidade civil.
A voluntariedade é a pedra de toque da noção de conduta humana, não traz em
si mesma a intenção de causar o dano, mas a consciência do que se está fazendo.
Nesta consciência o que se exige é o conhecimento dos atos materiais que
se está praticando, não se exigindo, necessariamente, a consciência subjetiva da
ilicitude do ato.
Ex. a falta de conhecimento da ilicitude de um ato por um incapaz que pratica
dano não isenta seus pais da responsabilidade em indenizar a vítima.

CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA HUMANA


Positiva: pratica de um comportamento ativo, positivo.
Negativa: atuação omissiva ou negativa geradora de dano. No plano jurídico este
comportamento pode gerar dano atribuível ao omitente, que será responsabilizado.
OBS: na conduta negativa a voluntariedade da conduta humana se torna presente e
deve ser levada em conta.
Ex. quem fica paralisado em razão de um choque emocional oriundo de um acidente e
não pode prestar socorro às vítimas, não o faz com a devida voluntariedade.
O CCB também disciplina a responsabilidade indireta, por ato de terceiro ou por
fato do animal e da coisa.

CONDUTA HUMANA E ILICITUDE


Do mesmo modo que a culpa, a ilicitude da conduta humana não se reveste de
caráter generalista, mas sim como regra que comporta exceção.
Há casos em que há responsabilização civil mesmo ausente a ilicitude, ou seja,
haverá necessidade de reparação mesmo diante da prática de um ato lícito. Ex. art.
1.313 e 1.285, ambos do CCB.
Portanto, conclui-se que a ilicitude não acompanha sempre a ação humana
danosa e não se pode querer inseri-la como pressuposto da responsabilidade civil.
OBS: a responsabilização por ato lícito deve ser sempre prevista por lei.

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