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John Locke

- Nasceu perto de Bristol, em 29 de Agosto de 1632.

- Tal como Hobbes era contratualista.

- Era um defensor do parlamentarismo e não aceitava a divisa dos reis absolutos


como Jaime I, que defendia: o rei provém de Deus e do rei provém a lei. Por isso
esteve refugiado ou exilado 5 anos na Holanda de onde regressou no barco onde
também vinha Guilherme de Orange, o futuro rei de Inglaterra.

- As suas obras principais são a Carta sobre a Tolerância (1689) e Dois Tratados sobre
o Governo Civil (1690) – que é a principal obra em termos de Ciência Política.

- É considerado um filósofo predecessor ou anunciador do Iluminismo.


Pensamento político-filosófico
- Todos nascem livres e iguais

- No estado de natureza não há poder político nem leis porque cada pessoa segue a
lei natural de acordo com os critérios da razão.

- No estado de natureza não há órgãos de controlo social como os tribunais nem


poder político para regular a liberdade e preservar a propriedade individual.

- No estado de natureza não é possível ao homem fazer a defesa dos seus direitos e isso
acaba por não lhe assegurar nem a liberdade nem a propriedade.

Visão contratualista

- O estado de sociedade surge porque os homens compreendem que não podem ser
juízes em causa própria nem fazer justiça pelas próprias mãos e, por isso,
estabelecem um contrato.

- Só há Estado porque os homens querem e sentem necessidade dele.


- Para ele o poder estava no contrato estabelecido entre governantes e governados,
mas sempre no livre consentimento dos governados. Por isso havia o direito de
insurreição contra a tirania.

- A transferência era uma delegação e não uma alienação.

- O poder político era confiado aos governantes e estes não dispunham de autoridade
paternal.

- Os limites ao poder eram os limites do Direito Natural e os limites dos direitos


individuais dos cidadãos.

- A transferência de poderes individuais a favor do poder político não é ilimitada


porque só se destina a garantir a liberdade e a propriedade de cada um.

- A transferência é apenas a nível da sociedade política e para assegurar o bem


comum ou público. O Estado não pode invadir a vida privada, ou seja, nunca poderá
ser totalitário.

- O poder político desdobra-se em três faculdades:


 Capacidade de fazer as leis – poder legislativo
 Capacidade de aplicar as leis, quer através da Administração Pública, quer
através dos tribunais – poder executivo
 Capacidade de conduzir as relações internacionais – poder federativo.

- O poder legislativo era confiado ao Parlamento e como era o mais importante não
podia ser permanente. Era, por isso, que havia eleições para o Parlamento para o poder
ser descontínuo ou intermitente.

- Os poderes executivo e federativo pertenciam ao rei e ao governo. O poder


executivo podia ser contínuo porque como estava subordinado ao legislativo não se
tornava perigoso e assegurava a continuidade da governação.
- O poder político traduz-se, sobretudo, no poder de fazer leis. Essas leis, como
forma de garantir a propriedade e defender a comunidade, podem estabelecer sanções
que podem chegar à pena de morte.

- As maiorias nem sempre têm razão e, por isso, apesar de terem o direito de
governar não podem destruir as minorias - Locke

Carta Sobre a Tolerância


Alguns pressupostos

1. A tolerância é a essência do cristianismo


- O cristianismo na sua essência é uma religião tolerante porque despreza
tudo aquilo que gera a intolerância religiosa.
- A única coisa que importa no cristianismo é a salvação das almas que
depende unicamente da conduta que os indivíduos levarem.
2. A falsa religião preocupa-se com o supérfluo e ignora o essencial
- A falsa religião confunde o Estado com a Igreja, privilegia as manifestações
externas do culto e despreza o essencial: a conduta virtuosa dos homens. A
religião torna-se num meio usado por magistrados e pelos membros destas
igrejas para esconder o roubo e a violência que exercem sobre os cidadãos.
3. Nenhuma crença pode ser imposta pela força
4. A liberdade de consciência é um direito natural de todos os homens
5. Todos os homens são iguais e nenhum tem mais direitos que outro
6. O Estado e a Igreja estão imutavelmente separados quanto à sua
natureza e finalidade
- O domínio do Estado é o da ordem pública, garantindo, defendendo e
promovendo o desenvolvimento dos interesses particulares. O Estado foi
constituído por mútuo acordo entre homens livres para resolverem os seus
conflitos e protegerem os seus direitos. Está ao serviço dos cidadãos e sob
forma alguma pode atentar contra o seus direitos naturais (liberdade, vida,
propriedade).
- O domínio da Igreja é o culto público a Deus e a exortação dos homens para
que levem uma vida virtuosa. As Igrejas são assembleias livremente
constituídas e qualquer um as pode criar. Nenhuma tem mais autoridade ou se
pode arrogar se ser mais verdadeira que outra.
7. Ninguém deve ser perseguido por motivos religiosos, dado que isso é
contrário aos direitos fundamentais dos seres humanos
8. Nenhuma Igreja tem qualquer jurisdição sobre assuntos terrenos
9. O bem público é a norma e a medida de toda a feitura de leis
- Os magistrados estão limitados à esfera do bem comum e são incompetentes
em matéria de fé.
10. O que é legal para o Estado não pode ser proibido pelo magistrado
em relação à igreja
11. Todo o indivíduo tem o direito de desobedecer às leis se os direitos
fundamentais foram postos em causa pelo magistrado
- É à consciência que se deve primeiro obedecer e só depois às leis.
Limites à tolerância
Existem três limites fundamentais:
- Não se deve tolerar todos aqueles que atentem contra a própria sociedade e
os direitos naturais dos indivíduos pondo assim em causa o bem comum.
- Não de deve tolerar aqueles que a coberto da religião são súbditos de outros
Estados.
- Não se devem tolerar os ateus porque os mesmos não respeitam as
promessas feitas, os contratos e os juramentos que são os laços que unem as
sociedades humanas.

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