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DOR E CULTURA

A dor pode ocorrer sem lesão tecidular real e a sua intensidade pode não se relacionar com a gravidade da lesão
observada.

A dor acompanhou a humanidade desde sempre, sendo aceite e entendida de diferentes formas ao longo da história.
Todos sentimos dor, mas não a sentimos e percecionámos da mesma forma.

A dor é muito mais que a componente física, a dor abrange vertentes afetivas, cognitivas, psicossociais,
comportamentais e morais que contribuem para tornar o fenómeno tão complexo.

A dor é uma experiência subjetiva e complexa em que para além da sensação desagradável, é uma vivência impregnada
de motivações pessoais, sociais e culturais que condicionam a maneira como é sentida, aceite e comunicada aos outros.

A dor é considerado um problema grave para saúde pública, uma vez que constitui um problema específico de saúde,
pode ser considerada como uma doença clínica independente.

CIPE:

“Perceção com as características específicas: aumento de sensação corporal desconfortável, referência subjetiva de
sofrimento, com expressão facial característica, alteração do tónus muscular, comportamento de autoproteção,
limitação do foco de atenção, alteração da perceção do tempo, fuga do contacto social, compromisso do processo de
pensamento, comportamento de distração, inquietação e perda de apetite.

DOR E PATOGÉNESE:

A patogénese refere-se ao modo como os agentes etiopatogénicos agridem o nosso organismo e os sistemas naturais
de defesa reagem, surgindo lesões e disfunções das células e tecidos agredidos, produzindo-se a doença.

A dor nociceptiva consiste no modelo da dor aguda em que a lesão tecidular estimula diretamente os recetores da dor,
pode ser:

1) Dor somática: Descrita como uma picada ou aperto, podendo ser superficial (pele) ou profunda (músculos ou
osso).

2) Dor visceral: De difícil localização, podendo ainda ser irradiada e responde bem a analgésicos.

A dor neuropática resulta de uma lesão no sistema nervoso e o impulso doloroso origina-se nas vias nervosas em vez
de nas terminações nervosas (recetores).

A dor psicossomática é um transtorno psiquiátrico em que a pessoa apresenta múltiplas queixas físicas, mas estas não
são explicadas por nenhuma doença ou alteração orgânica.

ELEMENTOS DA DOR:

1) Deteção da lesão tecidular;


2) Perceção da dor a partir dos estímulos dolorosos;
3) Sofrimento ou dor psicológica (resposta negativa induzida pela dor);
4) Condutas de dor (o que o indivíduo faz e deixa de fazer).
TIPOS DE DOR:

Dor aguda: Dor crónica:


Curta duração Mal localizada e mal definida
Delimitada no tempo Prolongada
Bem localizada Desgastante
Descrita com clareza pelo doente. Multifatorial (pode resultar de um estímulo
nociceptivo persistente, de uma lesão no sistema
nervosos ou de uma patologia psicológica ou
interligação entres estas causas)

DOR E STRESS:

A dor pode ser complicada por fatores de distress psicológicos inerentes à própria experiência da dor e associada com
medo e desamparo que precipitam distúrbios depressivos e da ansiedade.

A interação entre dor e ansiedade pode ocorrer a nível emocional, cognitivo e comportamental.

FATORES DA SUSCEPTIBILIDADE À DOR:

A forma como cada pessoa se encontra mais ou menos suscetível à dor, ou apresenta uma maior ou menor dificuldade
em expressar a dor sentida depende de variados fatores relacionados com o valor que cada cultura coloca na expressão
emocional e na resposta à doença e à dor.

As reações semelhantes à dor manifestada por membros de diferentes grupos étnicos e culturais não refletem,
necessariamente, atitudes semelhantes em relação à dor.

Os padrões de reação semelhantes nas formas de manifestação podem ter funções diferentes e servir a propósitos
distintos nas diversas culturas.

DOR E INICIAÇÃO:

A dor não constitui apenas uma prova de resistência pessoal cujo sucesso garante a aprovação social, mas a lesão que
dela restou institui uma pertença social.

O jovem passa a fazer parte do grupo, a nele reconhecer-se e por ele ser reconhecido. São essas as funções do rito de
iniciação, configurando uma educação, que vai do grupo ao indivíduo.

As cicatrizes são uma marca social. A força que impulsiona o jovem a aguentar a dor e a forma como ele a experimenta
não são o resultado de “um impulso masoquista, mas de um desejo de fidelidade à lei, a vontade de ser, sem tirar nem
por, igual aos outros iniciados”

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