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Depressão ............................................................................................... 19
Depressão no idoso................................................................................. 23
Osteoporose............................................................................................ 39
1
Avaliação dos doentes
Autores
com hiperlipidémia Hannu Vanhanen
Timo Strandberg
Criado a
16.12.2007
Traduzido e adaptado a
16.06.2009
___________________________
Avaliação dos doentes cujas
concentrações lipídicas indicam 1
Equação de Friedewald, LDL = Colesterol – HDL – 0,45 x Triglicéri-
tratamento dos, em mmol/L. Não é válida se a concentração sérica de triglicé-
ricos for superior a 4 mmol/L. A avaliação lipídica sérica deve ser
Anamnese realizada após 12 h de jejum.
Exame objectivo
• Pressão Arterial
• Auscultação cardíaca e das grandes artérias
• Exame com Doppler das extremidades inferiores, na
suspeita de isquémia periférica
• Exame da pele para detecção de xantelasmas (em
redor dos olhos) e xantomas tendinosos (nos ten-
dões de Aquiles)
• Num doente com suspeita de hiperlipidémia familiar,
a avaliação ecográfica pode revelar xantomas no
tendão de Aquiles.
3
Tratamento da hiperlipidémia:
objectivos e selecção
Autores
Timo Strandberg
Hannu Vanhanen
Produzido a
09.02.2007
Traduzido e adaptado a
16.06.2009
5
Tabela 1. Hipercolesterolémia em doentes com cardiopatia isquémica
Doentes com outras doenças se consideram indicações para intervir deve ter-se
em conta a idade, o sexo e o risco total do doente.
ateroscleróticas (doença cerebrovascular,
(O grupo mais importante é o dos indivíduos profis-
doença arterial periférica) sionalmente activos.) Ver tabela 2.
• Ver acima. • Nos indivíduos assintomáticos de alto risco o valor-
-alvo para a concentração sérica de colesterol total
Indivíduos assintomáticos é inferior a 4,5 mmol/L (≈ 174 mg/dL) (colesterol
LDL inferior a 2,5 mmol/L ≈ 97 mg/dL).
• O alvo geral para os níveis séricos de colesterol total
é inferior a 5,0 mmol/L (≈ 193 mg/dL) (colesterol
LDL abaixo de 3,0 mmol/L ≈ 116 mg/dL). Quando
6,5 – 7,9 5,0 – 6,4 Moderada- Determinar factores de risco e iniciar terapêutica
(≈251-305 mg/dL) (≈193-247 mg/dL) mente pela dieta. Avaliar os níveis de colesterol em
aumentado 2 a 4 meses. Medidas adicionais (farmacoterapia)
conforme o resultado da dieta e outros factores
de risco. As doenças hereditárias do metabolismo
6
Colesterol total Colesterol LDL Risco de
(mmol/L) (mmol/L) progressão Acção
de doença
• Neste grupo etário não existem estudos aleatoriza- i O efeito das estatinas na mortalidade e incidência de eventos co-
dos de prognóstico. ronários na prevenção secundária da cardiopatia isquémica
Sumários de Evidência, 31.07.2007
• A idade biológica e o prognóstico global deverão ser Nível de evidência = A
tidos em conta no momento da decisão de trata-
mento, especialmente naqueles com doença arte- O tratamento com sinvastatina é eficaz na diminuição da incidên-
cia de enfarte agudo do miocárdio não-fatal, necessidade de ci-
rial.
rurgia coronária e mortalidade por cardiopatia isquémica nos
• Os princípios do tratamento são os mesmos que doentes com angina de peito ou enfarte agudo do miocárdio pré-
para doentes mais jovens. vio
Referência:
1
Randomised trial of cholesterol lowering in 4444 patients with coro
naryheart disease: the Scandinavian Simvastatin Survival Study (4S)
Lancet 1994 Nov 19;344(8934):1383-9.
7
Autor
de álcool e drogas
21.09.2009
Traduzido e adaptado a
20.12.2009
Autores da tradução e adaptação
Miguel Julião*
Raquel Ascenção**
Filipa Fareleira***
António Vaz Carneiro****
9
Exames laboratoriais e outros testes • A normalização do VGM é lenta, podendo levar al-
para detecção do risco de uso excessivo guns meses (tempo de semi-vida de 120 dias)
de álcool • Não é considerado um bom indicador para detec-
ção de recaída.
Espirómetro
• Permite a medição da concentração de álcool exa- Transferrina Deficiente em Glícidos (CDT)
lada. É um método eficaz para estabelecer o risco • A concentração sérica aumenta quando o consumo
e o uso excessivo de álcool, assim como a proba- alcoólico diário excede as 50-80 g
bilidade de dependência.
• A sua semi-vida é de 15 dias.
• A concentração sérica de álcool inferior a 0,1% su-
gere consumo de risco. A dependência alcoólica é • Este exame é sensível para o reconhecimento de al-
mais provável se o resultado exceder 0,1%. coolismo (sensibilidade superior a 90%) e pode de-
tectar consumo excessivo nos casos em que a
• Se o resultado exceder 0,15% sem sinais de intoxi- história clínica, VGM e GGT não indicam um diag-
cação, ou se exceder 0,3%, a dependência alcoó- nóstico claro. No consumo excessivo a sensibili-
lica pode ser confirmada (Nível de Evidência A)5. dade é tão baixa como a da GGT (30%).
• O limite superior de referência é 20 U/l nos homens
Testes laboratoriais
e 26 U/l na mulher. Mesmo um pequeno desvio do
• Os testes laboratoriais que indicam indirectamente valor de referência é significativo.
o consumo alcoólico excessivo podem ser utilizados m A disialotransferrina (DST sérica) é uma isoforma
em conjunto com a entrevista clínica e determinação da transferrina que constitui uma porção da
da alcoolémia. A sua sensibilidade é baixa (30-40%), transferrina deficiente em glícidos. O resultado é
especialmente nas fases precoces de consumo ex- expresso como percentagem da transferrina
cessivo (Nível de Evidência A)6,7,8. total. Valores de referência: homem < 1.8%, mu-
lher < 1.6%
Gamaglutamiltransferase (GGT) m O método de determinação para a DST é mais
específico do que o da CDT
• A concentração está aumentada em 70-90% dos
alcoólicos. • Podem ser encontrados valores patológicos na es-
clerose múltipla, cirrose biliar primária e na hepatite
• A sua sensibilidade na detecção de consumidores
crónica agudizada.
excessivos é apenas de 10-30%.
• Pode ser usada como teste de seguimento na de-
sintoxicação alcoólica. Aplicação de entrevista estruturada para
• Os valores normalizam lentamente após abstinência avaliação de dependência de drogas
(tempo de semi-vida de 26 dias).
• Deve ser realizada entrevista sistematizada com
• Concentrações elevadas de GGT são também ob- questões direccionadas ao abuso de substâncias
servadas noutras doenças como patologia hepato-
• Idade do primeiro consumo, sugestão de utilização
-biliar, diabetes mellitus e obesidade.
problemática ou compulsiva, tentativas de abstinên-
• Medicamentos como a amitriptilina, barbitúricos, fe- cia ou tratamento, sucesso das tentativas de ces-
nitoína e varfarina, podem aumentar as concentra- sação do consumo, etc.
ções de GGT.
• A utilização de questionários mais extensos, como
o EuropASI (European Addiction Severity Index) –
Volume Globular Médio (VGM) não validado para a população portuguesa – requer
instruções básicas e treino na respectiva utilização.
• O aumento do VGM verifica-se em 48-90% dos al-
coólicos m O EuropASI é indicado para uma avaliação mais
10
alargada das necessidades dos doentes em ter- • O questionário Pompidou (Pompidou Group of the
mos de tratamento e reabilitação, por exemplo, Council of Europe) é utilizado para recolha da histó-
em unidades de desintoxicação. ria de abuso de drogas e comportamentos de risco
• Existem testes menos extensos, de auto-preenchi- em estudos epidemiológicos. É aplicável em Cuida-
mento em alguns minutos, como por exemplo o dos de Saúde Primários quando o número de indi-
DAST (Drug Abuse Screening Test) e o SDS (Seve- víduos com abuso de drogas for elevado na
rity of Dependence Scale, vide tabela 1). Ambos os população em estudo. Também é utilizado pelo Eu-
testes são aplicáveis em Cuidados de Saúde Primá- ropean Monitoring Centre for Drugs and Drug Ad-
rios. diction.
Pense no seu consumo de álcool ou droga no último ano. Responda às seguintes perguntas acerca da(s)
substância(s) que mais utilizou.
1. Alguma vez pensou que o seu consumo de álcool Nunca (0) Algumas vezes (1) Frequentemente (2)
ou drogas estava fora de controlo? Sempre (3)
2. A ideia de não obter álcool ou drogas tornou-o Nunca (0) Algumas vezes (1)
ansioso ou preocupado? Frequentemente (2) Sempre (3)
3. Sentiu-se preocupado acerca da utilização Nunca (0) Algumas vezes (1) Frequentemente (2)
de álcool ou drogas? Sempre (3)
________________________________ 5
Criteria for the diagnosis of alcoholism. Ann Intern Med 1972
Aug;77(2):249-58.
1
Coulton S, Drummond C, James D, Godfrey C, Bland JM, Parrott 6
Coulton S, Drummond C, James D, Godfrey C, Bland JM, Parrott
S, Peters T, Stepwice Research Team. Opportunistic screening for
S, Peters T, Stepwice Research Team. Opportunistic screening for
alcohol use disorders in primary care: comparative study. BMJ 2006
alcohol use disorders in primary care: comparative study. BMJ 2006
Mar 4;332(7540):511-7.
Mar 4;332(7540):511-7.
2
Aertgeerts B, Buntinx F, Ansoms S, Fevery J. Screening properties 7
Aertgeerts B, Buntinx F, Ansoms S, Fevery J. Screening properties
of questionnaires and laboratory tests for the detection of alcohol
of questionnaires and laboratory tests for the detection of alcohol
abuse or dependence in a general practice population. Br J Gen
abuse or dependence in a general practice population. Br J Gen
Pract 2001 Mar;51(464):206-17.
Pract 2001 Mar;51(464):206-17.
3
Aertgeerts B, Buntinx F, Ansoms S, Fevery J. Questionnaires are bet-
ter than laboratory tests to screen for current alcohol abuse or de- 8
Aertgeerts B, Buntinx F, Ansoms S, Fevery J. Questionnaires are bet-
pendence in a male inpatient population. Acta Clin Belg 2002 ter than laboratory tests to screen for current alcohol abuse or de-
Sep-Oct;57(5):241-9. pendence in a male inpatient population. Acta Clin Belg 2002
Sep-Oct;57(5):241-9.
4
Storgaard H, Nielsen SD, Gluud C. The validity of the Michigan Al-
coholism Screening Test (MAST). Alcohol Alcoholism 1994;29:493-
502.
11
Autor
Editores Duodecim
Terapêutica
Medical Publications Ltd
Produzido a
23.7.2008
Estas orientações clínicas foram adaptadas e traduzidas tigação clínica e laboratorial é essencial para o correcto
a partir das Guidelines Duodecim, também elas redigidas diagnóstico. Os padrões de resistência locais devem ser
a partir de guidelines baseadas em evidência. Os núme- sempre considerados antes de qualquer decisão tera-
ros indicam a ordem de prioridade de escolha. A inves- pêutica aplicada ao doente individual.
Amigdalite estreptocócica
13
Fármaco Dosagem Notas
14
Fármaco Dosagem Notas
Gravidez:
pivmecillinam (não repetidamente), nitrofurantoína, cefadroxil e amoxicilina de acordo com antibiograma
5 dias de duração
Homens:
7 dias de duração de tratamento com trimetoprim e fluoroquinolonas
10 dias, PO:
Norfloxacina: 400 mg, 2xdia
1 Fluoroquinolona Ciprofloxacina: 500 mg, 2xdia
Levofloxacina: 250 mg/dia
Ofloxacina: 200 mg, 2xdia
15
Fármaco Dosagem Notas
Mastite
Erisipela
Penicilina benzatínica 1,2-1,5 milhões UI, IM, cada – Intervalo entre administrações
3 a 4 semanas deve ser ajustado de acordo
com resposta
Impetigo em crianças
16
Fármaco Dosagem Notas
– A necessidade de terapêu-
tica antibiótica deve ser
Ciprofloxacina (ou outra 750 mg, 2xdia, 14 dias avaliada caso-a-caso;
fluoroquinolona) as estirpes resistentes
a fluoroquinolonas são
comuns
Gonorreia
EV, endo-venoso; g, grama; mg, IBP, inibidor da bomba de protões; IM, intra-muscular; IR, insuficiência renal; miligrama; MRSA, Stafilococcos
aureus meticilino-resistentes; PO, per os, por via oral; UI, unidades internacionais.
17
Autor
Erkki Isometsä
Depressão
Produzido a
07.06.2007
Traduzido e adaptado a
01.08.2009
19
• O diagnóstico de depressão requer a existência de Aspectos clínicos
quatro sintomas da lista apresentada anteriormente,
num período mínimo de duas semanas. Devem • Frequentemente, o doente não reconhece o seu
estar presentes pelo menos dois dos três primeiros humor depressivo e não consegue caracterizar o
sintomas mencionados. sofrimento como depressão. Analisar os sintomas
organiza as experiências pessoais do doente.
• É frequente que os doentes que procuram os cui-
dados de saúde primários descrevam queixas so- • Muitos doentes deprimidos apresentam discurso
matizadas relacionadas com a depressão, mas não lentificado e dão respostas curtas. A sua aparência
revelem ou escondam as alterações de humor que é triste e pouco expressiva.
vivenciam. • Na depressão psicótica o sentido de realidade está
alterado e, geralmente, com pessimismo pouco rea-
lista. Os doentes podem apresentar-se não comu-
Gravidade dos sintomas e capacidade nicativos, isolados e com má aparência.
funcional dos doentes • Muitos doentes apresentam alteração das funções
• O estabelecimento do diagnóstico de depressão in- cognitivas, queixando-se frequentemente de dificul-
dica que o doente sofre de síndrome depressiva dades com concentração e memória.
grave.
• Os estados de depressão podem ser divididos em Tratamento
categorias, de acordo com a gravidade e a sinto-
• As opções de tratamento para a depressão major
matologia associada.
incluem:
• Depressão ligeira: geralmente 4-5 sintomas
m psicoterapia
m Capacidade laboral mantida
m terapêutica antidepressiva
• Depressão moderada: geralmente 6-7 sintomas
m combinação da terapêutica antidepressiva e psi-
m Capacidade laboral e tarefas diárias comprome- coterapia
tidas, incapacidade temporária para o trabalho
m em alguns casos outras formas de terapia (foto-
geralmente indicada.
terapia ou terapia electroconvulsiva)
• Depressão grave: geralmente 8-10 sintomas
• O tratamento do episódio depressivo agudo está re-
m Necessária vigilância contínua, geralmente em presentado na tabela 1.
meio hospitalar
• Deve realizar-se o seguimento da resposta à tera-
• Depressão psicótica: pêutica e sua possível mudança com intervalos de
m Para além dos sinais e sintomas de depressão poucas semanas, até ausência de sintomas do pa-
grave, o doente apresenta sintomas psicóticos ciente.
(estupor depressivo, delírio, alucinações).
Tabela 1. Gravidade da depressão e opções
Escalas de avaliação terapêuticas na fase aguda
• Várias escalas de sintomas validadas podem ser Tratamento Ligeira Moderada Grave Psicótica
usadas para o diagnóstico de depressão. São
exemplo as seguintes: BDI - Beck Depression In- Psicoterapia + + (+) –
ventory, PHQ-9, HDRS - Hamilton depression rating Antidepressivos + + + +
scale ou MADRS - Montgomery-Åsberg depression
Antipsicóticos – – – +
rating scale.
Terapia
electroconvulsiva – – + +
20
Tratamento do episódio depressivo Tratamento após fase aguda
agudo • Deve manter-se o tratamento farmacológico durante
6 meses após remissão de sintomas.
Farmacoterapia • Avisar os pacientes sobre o risco de recorrência e
• Deve-se considerar se o paciente também neces- informar como pedir assistência médica.
sita de terapêutica ansiolítica ou antipsicótica. • Perante episódios de depressão major recorrentes,
• Monitorização do estado clínico do doente e res- deve considerar-se manutenção de tratamento por
posta ao tratamento a cada 1 ou 2 semanas. vários anos. Alguns doentes necessitam de trata-
mento farmacológico contínuo.
• Informar o paciente e seus familiares acerca da de-
pressão, do seu curso e tratamento. • Devem utilizar-se abordagens psicoterapêuticas nas
consultas de seguimento:
ajudar o doente a clarificar a sua condição de
Psicoterapias m
vida
• As intervenções psicológicas estão particularmente m reforçar a auto-estima do doente
indicadas na depressão ligeira e moderada.
m ajudar no processo de luto
• A variação na sua disponibilidade é um problema.
m ajudar na alteração do pensamento depressivo
• O doente deve ser motivado e estar disponível para
um seguimento semanal regular. m cooperar com a rede social do doente
21
Tabela 2. Seguimento do tratamento na depressão
______________________________
• A referenciação para o hospital, imediata ou invo-
luntária se necessário, deve ser feita perante: 1
Gloaguen V, Cottraux J, Cucherat M, Blackburn IM. A meta-analysis
m incapacidade de auto-cuidados of the effects of cognitive therapy in depressed patients. Journal of
Affective Disorders 1998;49:59-72
m perda de sentido da realidade 2
Brown C, Schulberg H C. The efficacy of psychosocial treatments
m comportamento suicida ou incapacidade de coo- in primary care: a review of randomized clinical trials. General Hos-
peração pital Psychiatry 1995;17:414-424
22
Autor
Tuula Saarela
Depressão no Idoso
Produzido a
29.04.2008
Traduzido e adaptado a
01.07.2009
23
Diagnóstico são quando os sintomas se tornam frequentes e in-
tensos.
• Discutir com o doente os seus sintomas e a sua si-
tuação de vida actual. É importante obter uma visão • Os doentes podem encontrar na fisioterapia uma in-
de como o doente olha para si e para a sua vida. tervenção positiva de suporte. Existem dados váli-
Os familiares/cuidadores podem fornecer informa- dos sobre experiências de grupos de idosos em
ção de grande valor (“ele(a) já não é o(a) mesmo(a)”). ginásios.
24
se dose máxima já atingida, mudar-se para outro __________________
grupo farmacológico.
1
Holsinger T, Deveau J, Boustani M, Williams JW Jr. Does this patient
n O tratamento deve manter-se durante 1-2 sema- have dementia? JAMA 2007 Jun 6;297(21):2391-404
nas depois da recuperação. Se ocorrer recor-
rência, o idoso deverá receber medicação anti- 2
Mahoney FI, Barthel DW. Functional evaluation: The Barthel index.
depressiva durante alguns anos. Maryland State Med J 1965;14(2):61-5
Consultoria e Aconselhamento 4
Wilson KCM, Mottram PG, Vassilas CA. Psychotherapeutic treat-
ments for older depressed people. Cochrane Database Syst Rev.
• Os cuidados ao idoso deprimido podem ser difíceis 2008; (1):CD004853.
e desafiadores para a equipa médica e para as fa-
mílias/cuidadores. O doente pode abandonar a es- 5
Anderson IM, Tomenson BM. Treatment discontinuation with selec-
perança, culpabilizar-se, tornar-se dependente e tive serotonin reuptake inhibitors compared with tricyclic antidepres-
sants: a meta-analysis. BMJ 1995 Jun 3;310(6992):1433-8
emocionalmente lábil.
Menting JE, Honig A, Verhey FR, Hartmans M, Rozendaal N, de Vet
• Grupos de apoio às equipas médicas e famílias/cui- HC, van Praag HM. Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs)
dadores podem ser úteis. in the treatment of elderly depressed patients: a qualitative analysis
of the literature on their efficacy and side-effects. Int Clin Psychop-
• Deve consultar-se um psiquiatra na presença de harmacol 1996 Sep;11(3):165-75
dúvidas diagnósticas ou quando o doente mantém Mittmann N, Herrmann N, Einarson TR, Busto UE, Lanctôt KL, Liu
depressão apesar do tratamento. Diversos antide- BA, Shulman KI, Silver IL, Narango CA, Shear NH. The efficacy, sa-
pressivos podem ser usados em conjunto em casos fety and tolerability of antidepressants in late life depression: a meta-
analysis. J Affect Disord 1997 Dec;46(3):191-217
de depressão grave. A Terapia Electroconvulsiva
Mottram P, Wilson K, Strobl J. Antidepressants for depressed elderly.
(TEC) é segura e eficaz em casos de depressão Cochrane Database Syst Rev 2006 Jan 25;(1):CD003491.
grave. Wilson K, Mottram P, Sivanranthan A, Nightingale A. Antidepressant
versus placebo for depressed elderly. Cochrane Database Syst Rev
• Doentes com depressão grave com ideias suicidas
2001; (2):CD000561
devem ser tratados em regime de internamento.
25
Tabela 1. Índice de Barthel
Ida ao WC 0 Dependente
1 Necessita ajuda, mas consegue fazer algumas coisas sozinho
2 Independente
Alimentar-se 0 Incapaz
1 Necessita ajuda para cortar, barrar manteiga, etc
2 Independente
Mobilidade 0 Imobilizado
1 Independente na cadeira de rodas, incluindo cantos, > 50 m
2 Anda com ajuda de uma pessoa (verbal ou física) > 50 m
3 Independente 50 m (ajuda de bengala)
Vestir-se 0 Dependente
1 Necessita ajuda, mas faz cerca de metade sem ajuda
2 Independente (incluindo botões, fechos e atacadores)
Escadas 0 Incapaz
1 Necessita ajuda (verbal, física, ajuda carregando)
2 Independente para subir e descer
26
Tabela 2. Escala de Actividades de Vida Diária (adaptada da IADL scale)
Destreza na utilização 1 Manuseia o telefone por iniciativa própria; procura e marca números de telefone, etc
do telefone 1 Marca alguns números de telefone conhecidos
1 Atende o telefone, mas não o usa para fazer chamadas
0 Nunca utiliza o telefone
Meio de transporte 1 Viaja de forma independente em transportes públicos ou conduz o seu carro
1 Utiliza táxi, mas não utiliza outro transporte público
1 Viaja em transporte público se acompanhado
0 Viagens limitadas de táxi ou carro com a assistência de terceiros
0 Não viaja
Capacidade de manutenção 1 Realiza a manutenção de finanças de forma independente (gorjetas, passar cheques,
de finanças pagamento de renda e contas, ida ao banco), tem noção do dinheiro a receber
1 Realiza compras diárias, mas necessita ajuda com o banco e compras maiores, etc
0 Incapaz de realizar a manutenção de finanças
27
Tabela 3. Geriatric Depression Screening Scale (adaptada)
Instruções ao doente:
As seguintes questões dizem respeito ao humor, atitudes e sentimentos.
Por favor, escolha a melhor resposta de como se sentiu na última semana.
Estas perguntas serão lidas e é-lhe pedido que responda “sim” ou “não”.
Sim Não
Está satisfeito com a sua vida? 0 1
Desistiu da maioria das suas actividades ou interesses? 1 0
Sente que a sua vida é vazia? 1 0
Sente-se, frequentemente, aborrecido? 1 0
Sente falta de esperança sobre o futuro? 0 1
Sente-se aborrecido com ideias que não consegue afastar da sua cabeça? 1 0
Sente-se bem-disposto a maioria do seu tempo? 0 1
Tem medo que algo de mau lhe aconteça no futuro? 1 0
Sente-se feliz a maioria do seu tempo? 0 1
Sente-se, frequentemente, sem esperança? 1 0
Sente-se, frequentemente, cansado e tenso? 1 0
Prefere ficar em casa em vez de sair e realizar actividades? 1 0
Preocupa-se, frequentemente, sobre o futuro? 1 0
Sente que tem mais problemas de memória do que os outros? 1 0
Acha que é extraordinário estar vivo neste momento? 0 1
Sente-se, frequentemente, desencorajado e triste? 1 0
Sente-se inútil pela forma como está? 1 0
Preocupa-se bastante com o passado? 1 0
Acha que a vida é muito entusiasmante? 0 1
É difícil para si começar novos projectos? 1 0
Sente-se cheio de energia? 0 1
Sente que a sua situação não tem solução? 1 0
Pensa que existem pessoas que estão melhores do que a sua pessoa? 1 0
Fica, frequentemente, chateado por pormenores? 1 0
Apetece-lhe, frequentemente, chorar? 1 0
Tem dificuldades de concentração? 1 0
Tem prazer em levantar-se de manhã? 0 1
Prefere evitar situações de contacto social? 1 0
É fácil para si tomar decisões? 0 1
A sua mente está clara como antigamente? 0 1
0-10 Normal
Total 11-20 Depressão moderada
21-30 Depressão grave
28
Autor
EBM Guidelines
Tratamento Farmacológico
Produzido a
28.09.2009
Traduzido e adaptado a
da Depressão
20.12.2009
Autores da tradução e adaptação
Miguel Julião*
Raquel Ascenção**
Filipa Fareleira***
29
de Evidência A).9,10 Após três episódios de depres- plasmática é baixa em 30% dos doentes.
são este tratamento é sempre indicado. • Os efeitos adversos anticolinérgicos são os mais fre-
quentes:
Escolha da medicação m Xerostomia
• Deve escolher-se um pequeno número de antide- m Obstipação
pressivos e conhecê-los em profundidade.
m Retenção urinária
• Principais grupos terapêuticos
• Outros efeitos adversos incluem aumento de peso,
m Inibidores Selectivos da Recaptação da Seroto- sedação e hipotensão ortostática.
nina (ISRS) (Nível de Evidência A)11
• Ter atenção:
m Inibidores MAO (Nível de Evidência A)12
m Doenças cardiovasculares
m Tricíclicos
m O uso concomitante de quinino aumenta a con-
m Inibidores de recaptação da serotonina e nora- centração de amitriptilina, clomipramina, nortrip-
drenalina tilina e trimipramina
m Outros antidepressivos m Existe risco ligeiramente aumentado de disritmias
• Os medicamentos antidepressivos diferem nos efei- m Doentes com insuficiência cardíaca compensada
tos adversos (Nível de Evidência A)13 e não de forma podem utilizar antidepressivos tricíclicos
significativa no efeito terapêutico (Nível de Evidência
m O limiar convulsivo é diminuído nos doentes epi-
C).14,15,16,17,18
lépticos.
• Os ISRS são frequentemente o medicamento de
m Na anestesia local, a acção da adrenalina e no-
primeira linha porque a sua utilização é fácil e pos-
radrenalina pode aumentar significativamente.
suem poucos efeitos adversos (especialmente nos
idosos) (Nível de Evidência A).19,20,21,22,23 m A utilização em alcoólicos deve ser evitada pelo
risco de intoxicação.
• A tolerância medicamentosa merece especial aten-
ção nos doentes idosos. Os antidepressivos tricícli- m A sua utilização provavelmente não é teratogé-
cos devem ser prescritos aos idosos apenas como nica, mas deve ser evitada no terceiro trimestre
tratamento alternativo. de gravidez.
30
• Os efeitos adversos mais frequentes são as náu- • Deve ser respeitado um período de “wash out” de,
seas, perda de apetite, diarreia, perturbação do pelo menos, 5 semanas, quando for considerada a
sono e ansiedade. mudança para os inibidores MAO26,27,28.
• A mudança para um inibidor MAO deve ser antece- • Os efeitos adversos são os típicos do grupo tera-
dida de um período de “wash out” de 2 a 5 sema- pêutico: náuseas, vertigens e perturbação do sono.
nas25. • Devem ser aumentadas as concentrações de algu-
mas substâncias metabolizadas pelo fígado como
Citalopram os antidepressivos tricíclicos, carbamazepina, ben-
zodiazepinas de longa acção e valproato.
• Dosagem de 20-60 mg/dia, geralmente de manhã.
A dosagem inicial para os idosos deve ser 10 mg.
Fluvoxamina
• A semi-vida é aproximadamente 36 horas.
• Não existem interacções significativas com outros • A dosagem deve ser 100-200 mg/dia, até 300 mg.
medicamentos, mas quando usados concomitan- • As dosagens que excedam os 150 mg devem ser
temente com neurolépticos, a concentração de ci- divididas em 2 a 3 tomas. O início do tratamento
talopram pode aumentar, sem significado clínico. deve ser realizado de manhã.
• Os efeitos adversos incluem as náuseas, perturba- • O tempo médio de semi-vida é de 20 horas.
ção do sono e edema. • Os efeitos adversos são os típicos do grupo tera-
• Deve ter-se precaução no tratamento de doentes pêutico: náuseas, vómitos, insónia, cefaleias, tremor
epilépticos. e vertigens.
• A fluvoxamina diminui a metabolização hepática de
Escitalopram determinadas substâncias.
• Existem interacções medicamentosas significativas
• Dosagem de 10-20 mg/dia, geralmente de manhã.
com os beta-bloqueantes, haloperidol31 e varfarina.
• A semi-vida é aproximadamente 36 horas.
• A concentração plasmática dos antidepressivos tri-
• Não existem interacções significativas com outros cíclicos pode aumentar com o uso concomitante de
medicamentos, mas pode ocorrer aumento da con- fluvoxamina.
centração de escitalopram quando usado concomi-
• Pode observar-se aumento das transaminases e da
tantemente com neurolépticos.
creatinina.
• Os efeitos adversos incluem as náuseas, perturba-
• Deve ser dada especial atenção ao tratamento de
ção do sono e edema.
doentes com epilepsia pois o risco convulsivo pode
• Deve ter-se precaução no tratamento de doentes estar aumentado.
epilépticos.
Paroxetina
Fluoxetina
• A dosagem inicial deve ser de 20 mg de manhã, de-
• A dosagem utilizada para a depressão deve ser 20- vendo ser aumentada de 10 a 50 mg (máximo de
-40 mg/dia, divididas em 1 a 2 doses de manhã ou 40 mg em doentes com idade superior a 65 anos).
ao longo do dia. A dosagem para a bulimia é 60 A dosagem segura para doentes com insuficiência
mg/dia, geralmente em toma única de manhã. renal ou hepática é de 20 mg/dia.
• O tempo de semi-vida é 2 a 4 dias e o tempo de • O tempo de semi-vida é de 24 horas, mas varia in-
semi-vida dos metabolitos activos é mais longa. dividualmente.
• A insuficiência renal ou hepática pode aumentar a • Os efeitos adversos mais comuns incluem as náu-
semi-vida da fluoxetina. seas, sudorese e distúrbios do sono. Nos homens
31
pode ocorrer diminuição da líbido e alterações da tratamento (o efeito activador pode causar insó-
ejaculação. nia).
• Existem interacções medicamentosas com os anti- m Não deve ser utilizado em combinação com os
depressivos tricíclicos, neurolépticos fenotiazídicos, inibidores da recaptação da serotonina, com
varfarina, cimetidina, antiarrítmicos da classe IA e analgésicos como tramadol ou petidina, com me-
IC, fenitoína e outros anticonvulsivantes. dicamento anti-parkinsónicos (selegilina e rosa-
gilina), com triptanos utilizados para a enxaqueca
Sertralina ou com a bupropiona para a cessação tabágica.
m É necessário um período de “wash out” de, pelo
• A dosagem é de 50 mg, de manhã ou à noite. Se
menos, 2 semanas quando for efectuada a mu-
necessário esta pode ser aumentada gradualmente
dança de um inibidor selectivo da serotonina para
no período de várias semanas até 200 mg (Nível de
a moclobemida, não sendo necessário para
Evidência B)29.
nenhum outro antidepressivo.
• O tempo médio de semi-vida é de 36 horas.
m Pode aumentar e prolongar o efeito de medica-
• Não existe nenhum efeito psico-motor particular, mentos simpaticomiméticos administrados siste-
contudo, os doentes devem ser alertados para a micamente.
condução de veículos ou maquinaria pesada.
• Os efeitos adversos incluem cefaleias, náuseas, dis-
túrbios do sono, vertigens e xerostomia. Outros Antidepressivos
• Não existe efeito significativo sobre a metabolização Agomelatina
hepática de outros medicamentos.
• Medicamento com propriedades crono-biológicas
• Podem verificar-se interacções minor com alguns
que estimula os receptores MT1 e MT2 da melato-
medicamentos. Por exemplo, a dosagem de lítio
nina e inibe os receptores 5-HT2C da serotonina.
deve manter-se a mais reduzida possível e o valor
de INR deve ser monitorizado pois pode aumentar. • A dosagem inicial para o tratamento da depressão
é de 25 mg à noite. Após 2 semanas a dosagem
• Deve ser dada especial atenção no tratamento de
pode ser aumentada para 50 mg se o estado clínico
doentes com epilepsia.
não tiver melhorado.
• O medicamento não é recomendado para doentes
Inibidores Selectivos MAO-A com idade inferior a 18 anos. É necessária precau-
ção nos doentes com idade superior a 65 anos.
Moclobemida
• A avaliação da função hepática deve ser realizada
• Inibidor selectivo MAO-A que pode ser utilizado sem no início do tratamento e às 6, 12 e 24 semanas de
restrição dietética. utilização do medicamento. O uso de agomelatina
• É usado em todas as formas de depressão. tem que ser descontinuado se se verificar um au-
mento das transaminases para o triplo do valor de
• A dosagem inicial é de 150 mg, duas vezes ao dia. referência e a normalização destas deve ser moni-
• Deve ser considerado que: torizada.
m Trata-se de um medicamento bem tolerado. • Não existem interacções com medicamentos que
m Trata-se de um medicamento activador. inibem as enzimas CYP1A2 e CYP2C9/19. A utili-
zação de agomelatina está especialmente contra-
m Trata-se de um medicamento indicado para ido-
-indicada com os inibidores potentes da CYP1A2
sos.
(fluvoxamina e ciprofloxacina). Deve ser tomada pre-
m Pode ser combinado com ansiolíticos e antipsi- caução em doentes alcoólicos pelo risco aumen-
cóticos, se necessário. A combinação com ben- tado de lesão hepática.
zodiazepinas pode estar indicada no início do
32
• Os efeitos adversos incluem náuseas, vertigens, • Não há registo de intoxicação mortal.
tonturas e ansiedade. • Quanto aos efeitos adversos:
• Os efeitos adversos que são típicos para outros an- m Foram reportados casos de depressão medular
tidepressivos, como por exemplo, disfunção sexual, (agranulocitose e granulocitopénia), pelo que os
aumento de peso ou alterações cardiovasculares doentes devem recorrer aos seus médicos assim
não foram observados com a agomelatina. que existir qualquer sinal de infecção. As reco-
mendações apontam para contagem leucocitária
Duloxetina à 4.ª e 6.ª semanas após o início do tratamento.
33
os idosos é a mesma dos adultos, mas a resposta Trazodona
e os possíveis efeitos adversos devem merecer mo-
nitorização mais apertada. • Medicamento indicado para doentes com depres-
são ligeira a moderada, com contra-indicação para
• A resposta terapêutica será melhor quando existi- o uso de antidepressivos tricíclicos.
rem sintomas somáticos depressivos como anedo-
nia, inibição psicomotora, distúrbios do sono, perda • Os efeitos cardiovasculares são mais moderados
de interesse, ideias suicidas e humor depressivo quando comparados com os dos antidepressivos
mais marcado no período vespertino (Nível de Evi- tricíclicos.
dência A)30. • Os efeitos adversos incluem hipotensão ortostática
• A Mirtazapina pode potenciar os efeitos do álcool e e priapismo.
das benzodiazepinas. • A dosagem máxima é 600 mg/dia, dividida em três
• O uso concomitante com os inibidores MAO está tomas.
desaconselhado.
• Os efeitos adversos incluem aumento do apetite e Venlafaxina
peso, fadiga, hipotensão ortostática, mania, convul-
• A venlafaxina deve ser iniciada com a menor dosa-
sões, tremor, mioclonias, edema, depressão medu-
gem possível, usualmente 37,5 mg, duas vezes por
lar aguda, aumento das transaminases e exantema.
dia (75 mg/dia). Se necessário a dosagem pode ser
aumentada para 225 mg/dia (quatro administrações
Reboxetina de 75 mg) ou 375 mg/dia em doentes com depres-
são grave. A dosagem máxima recomendada por
• A reboxetina é um potente inibidor da recaptação administração é de 125 mg, três vezes por dia.
da noradrenalina, actuando também como um ini- Deve ser tida especial precaução no tratamento em
bidor fraco da recaptação da serotonina. idosos.
• A dosagem inicial para adultos é 4 mg, duas vezes • O tratamento deve ser retirado com precaução, re-
ao dia. A dose diária pode ser aumentada até 10 duzindo a dosagem progressivamente num período
mg, após 3 a 4 semanas, com dosagem diária má- de 2 semanas. Os sintomas de privação incluem
xima de 12 mg. Este medicamento não é indicado náuseas, vertigens, cefaleias, distúrbios do sono,
para idosos. mal-estar geral, ansiedade e espasmos musculares.
• A reboxetina é activadora e não hipnótica. • A utilização concomitante com inibidores MAO está
• Os efeitos adversos incluem xerostomia, obstipa- contra-indicada.
ção, insónia e hiperhidrose. • Os doentes medicados com Venlafaxina devem
• A reboxetina não está indicada nos doentes com avaliar regularmente a pressão arterial pois é espe-
epilepsia. Deve ser tomada especial atenção em rado que esta se eleve durante o tratamento.
doentes com hiperplasia benigna da próstrata, glau- • Deve ser tida especial precaução em doentes com
coma e doenças cardíacas. patologia cardíaca.
• A reboxetina deve ser utilizada com precaução jun- • São necessárias avaliações regulares de saúde em
tamente com medicamentos metabolizados por en- doentes com distúrbios da micção, glaucoma de
zimas que não a CYP2D6. ângulo fechado, pressão intra-ocular aumentada, hi-
• A utilização concomitante com inibidores MAO não potensão ou queixas do foro cardíaco. O período
deve ser realizada. depressivo da psicose maníaco-depressiva pode
• O tratamento durante a gravidez e amamentação transformar-se em mania durante o tratamento com
não está indicado. venlafaxina.
• Os efeitos adversos possíveis incluem vertigens, in-
sónia, tonturas, ansiedade, sintomas gastro-intesti-
34
nais, cefaleias, hipertensão, aumento do apetite e com um antidepressivo, isto é, perfenazina, risperi-
peso, sintomas do sistema nervoso central, pertur- dona, olanzapina em doentes com delírio ou aluci-
bações da acomodação visual, polaquiúria, pertur- nações.
bações sexuais, sudorese e fraqueza. • O lítio pode ser combinado a um antidepressivo tri-
• A venlafaxina deve ser interrompida pelo menos 1 cíclico se a resposta terapêutica for inadequada. Se,
semana antes da mudança para um inibidor MAO. ainda assim, a resposta clínica se mantiver inade-
• Existem interacções com vários medicamentos me- quada, podem adicionar-se lentamente doses bai-
tabolizados no fígado como a paroxetina, cetoco- xas de hormonas tiroideias, sendo o efeito esperado
nazol, eritromicina, verapamil e cimetidina. em algumas semanas.
• Os antidepressivos tricíclicos podem ser combina-
dos com os inibidores selectivos da recaptação da
Sulpirida serotonina e vice-versa.
• A sulpirida é um neuroléptico com efeito antidepres- • Os antidepressivos, com excepção dos inibidores
sivo. da MAO, podem cautelosamente ser combinados
• A dosagem de adulto mais eficaz é de 50 a 400 com antidepressivos sedativos em doentes com de-
mg/dia, administrada de manhã ou à tarde, pois se pressão e distúrbios do sono. O risco de síndroma
administrada à noite pode conduzir a distúrbios do serotoninérgico deve ser lembrado e o doente deve
sono. descontinuar o tratamento, contactar o seu médico
ou recorrer a um serviço de urgência se ocorrerem
• Os efeitos adversos incluem galactorreia (por esti-
sinais ou sintomas como sudorese profusa, ataxia,
mulação de secreção da prolactina), aumento de
agitação, vertigens, hiperreflexia, mioclonias, tremor,
apetite e peso e acatisia.
diarreia, alterações de coordenação motora, hiper-
• A discinésia tardia pode desenvolver-se com o tra- termia, alterações do estado de consciência e hipo-
tamento prolongado, particularmente em idosos e mania.
o primeiro sinal encontrado é a protrusão da língua.
• Os inibidores selectivos da MAO-A não podem ser
Se este persistir por um período longo pode tornar-
combinados com outros antidepressivos pelo risco
-se permanente. É geralmente reversível após des-
de síndroma serotoninérgico.
continuação imediata do fármaco.
• A fluoxetina, a fluvoxamina e a paroxetina podem
duplicar a concentração plasmática dos antidepres-
Plantas Medicinais sivos tricíclicos por diminuirem a metabolização he-
pática.
Erva de São João
• O extracto de hipericão (Erva de São João) é mais
eficaz do que o placebo e parece apresentar eficá- Bibliografia
cia comparável aos antidepressivos utilizados para 1
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36
Autor
Editores EBM Guidelines
Produzido a
Exame Objectivo 04/08/2009
Traduzido e adaptado a
da Articulação do Ombro
17/01/2010
Autores da tradução e adaptação
Raquel Ascenção*
Manuel Rodrigues Pereira**
Miguel Julião***
Filipa Fareleira****
António Vaz Carneiro*****
• A ecografia pode confirmar a rotura da coifa dos ro- • Palpação dos tendões
tadores nos casos em que a apresentação clínica • Compressão do espaço subacromial (teste da
sugira a necessidade de intervenção cirúrgica (Nível bursa): com uma mão no ombro e outra por baixo
de Evidência B). A ecografia é tão fiável quanto a do cotovelo, o úmero é comprimido contra a bursa.
ressonância magnética, mas menos dispendiosa, • Testes de provocação da articulação acromio-clavi-
na detecção da rotura da coifa. A ressonância mag- cular (hiperabudção e teste dos braços cruzados).
nética também pode ser utilizada.
• Se a dor persistir por um longo período de tempo, Critérios de Diagnóstico
a radiografia do ombro é o exame de segunda linha
mais importante. • Capsulite adesiva do ombro (ombro congelado)
m A amplitude dos movimentos activos e passivos
da articulação do ombro está significativamente
Exame Objectivo
reduzida e
• Inspecção do pescoço e ombro: atrofia (sugere m Dor nocturna e
lesão de nervo ou tendão)
m Dor com o movimento (particularmente movi-
m Mais comum na região do supraespinhoso e in- mentos súbitos e em posições extremas).
fraespinhoso.
• Síndrome da coifa dos rotadores
• Movimentos activos de abdução, flexão, rotação
m História apropriada da dor (a dor irradia até me-
(dor, restrição)
tade do braço, em redor da inserção do deltóide)
m Examinar a mobilidade passiva nos casos em e
que o raio de movimentos activos estiver dimi-
m Pelo menos um teste de resistência isométrica
nuído (isto é, se a função activa do ombro estiver
positivo e
comprometida ou se existir rigidez articular, por
exemplo, ombro congelado) m Síndrome do Arco Doloroso.
• Síndrome do arco doloroso aos 60º-120º (tendão • Síndrome de Conflito Sub-Acromial
do supraespinhoso, bursa subacromial) m História apropriada da dor
m Avaliar também os movimentos da escápula. No m Teste de resistência isométrica positivo (rotação
37
interna) e testes clínicos sugestivos de conflito Diagnóstico diferencial
sub-acromial
• O teste de compressão axial é realizado pressio-
n Teste de Neer: o examinador eleva e flecte ante- nando o topo da cabeça do doente enquanto este
riormente, de forma passiva, o ombro – dor na se encontra sentado;
flexão completa sugere conflito entre o tendão do
supra-espinhoso e a face anterior do acrómio. • Testes para o “síndrome do desfiladeiro torácico”
38
Autor
Osteoporose
Criado a
15.05.2008
Traduzido e adaptado a
20.09.2009
Circunstância clínica
1 História de fractura de baixo impacto com suspeita de etiologia osteoporótica. Este grupo apresenta um risco particular-
mente elevado de novas fracturas, as quais podem ser prevenidas com terapêutica farmacológica adequada.
2 O indivíduo é uma mulher com mais de 65 anos de idade com factores de risco:
• fractura da anca na geração anterior (mãe)
• estilo de vida sedentário, imobilização prolongada (por exemplo, após AVC)
• hábitos tabágicos pesados
• baixo aporte de cálcio
• baixo peso
3 O indivíduo apresenta outras doenças e factores que aumentam o risco de osteoporose tais como:
• menopausa precoce sem terapêutica com estrogénios
• hipogonadismo
• terapêutica prolongada com glicocorticóides sistémicos (> 3 meses)
• deficiência de vitamina D
• transplante de órgãos com tratamento farmacológico associado
• insuficiência renal crónica
• síndrome de Cushing
39
• hiperparatiroidismo
• hipertiroidismo
• doenças gastrointestinais: doença celíaca, colite ulcerosa, doença de Crohn, status pós-gastrectomia,
e intolerância grave à lactose excepto na presença de suplementação com cálcio
• doença hepática grave
• artrite reumatóide e doenças relacionadas
• medicamentos: fenitoína, carbamazepina, tiroxina em doses altas na neoplasia da tiróide (já não utilizado),
terapêutica prolongada com heparina, inibidores da aromatase
• castração cirúrgica ou médica no cancro da próstata
4 Suspeita de osteoporose baseada numa radiografia (alterações numa vértebra ou aparente diminuição da concentração
de cálcio). Nos doentes com fractura vertebral, a determinação da DMO não é indispensável para iniciar terapêutica.
40
m Em particular, os idosos institucionalizados com m A imobilização (doentes acamados) conduz a
mobilidade mantida devem receber suplementa- uma rápida perda mineral no osso trabecular.
ção com vitamina D (800 UI/dia) e cálcio. A vita- • A calcitonina e os bisfosfonatos assim como o ralo-
mina D também reduz as quedas em pessoas xifeno (Nível de Evidência A) podem ser utilizados
idosas (Nível de Evidência A) através da melhoria nos indivíduos não medicados com estrogénios. Foi
da capacidade muscular. Nos mais idosos, o demonstrado que os bisfosfonatos aumentam a
efeito da luz solar é insignificante. DMO e previnem fracturas. O tratamento preventivo
m A suplementação com vitamina D e cálcio reco- deve ser sempre considerado nos doentes sob cor-
menda-se igualmente nos doentes sob cortico- ticoterapia de longa duração (Nível de Evidência A)
terapia de longa duração (Nível de Evidência B). em adição à terapêutica básica (cálcio e vitamina D)
Estes necessitam, muitas vezes, de terapêutica (Nível de Evidência B).
adicional com bisfosfonatos.
m A concentração sérica de 25-hidroxivitamina D Substituição Hormonal Pós-menopausa
varia consideravelmente com a exposição solar.
Uma concentração inferior a 40 nmol/L sugere • A terapêutica hormonal de substituição (THS) utili-
deficiência e inferior a 20 nmol/L uma grave defi- zada para o tratamento dos sintomas associados à
ciência. O nível-alvo situa-se entre os 40 e 80 menopausa também previne a osteoporose (Nível
nmol/L. de Evidência B), especialmente durante os primeiros
m A transformação de vitamina D em calcitriol bio- 10 anos. Após este período a THS mantém efeitos
logicamente activo tem lugar no rim e pode estar benéficos e reduz, pelo menos, a taxa de fracturas
reduzida nas doenças renais e também nos ido- vertebrais. Nos doentes com idade inferior a 75-80
sos. anos é igualmente provável a redução da ocorrência
de fracturas no fémur proximal.
m A deficiência em vitamina D e cálcio resulta em
hiperparatiroidismo secundário. • No entanto, devido ao risco de cancro da mama e
tromboembolismo, a THS não está indicada na pre-
• O exercício físico2 é uma medida preventiva eficaz
venção ou tratamento da osteoporose em mulheres
na osteoporose (Nível de Evidência A).
que não precisam de THS por sintomas relaciona-
m É suficiente a realização de trinta minutos de mar- dos com a menopausa.
cha ou outro exercício em carga (por exemplo,
• O raloxifeno tem um efeito estrogénio-like no osso
aeróbica) três vezes por semana.
mas não tem efeito sobre o hipotálamo, útero ou
m O exercício é necessário na infância e adolescên- mama. Foi demonstrado que reduz o risco de can-
cia; contudo, é ainda possível aumentar a DMO cro da mama3.
aos 40 anos de idade.
1) 40 IU = 1 µg
2) O aumento no aporte diário de cálcio até 500-1000mg pode ter algum efeito na prevenção da osteoporose no sexo feminino.
41
Determinação da DMO mes. Nas situações problemáticas, a tomografia
computorizada poderá esclarecer a anatomia da
• O diagnóstico precoce de osteoporose, antes da coluna vertebral.
ocorrência de fractura, é possível apenas com a de-
terminação da DMO. Os métodos recomendados n A DXA da anca não apresenta fontes de erro
são baseados na radiação de Raio-X de baixa ener- significativas; a DXA do fémur proximal é mais
gia (Densitometria Óssea / “Dual Energy X-Ray Ab- adequada para a determinação da osteopo-
sorptiometry”, “DXA”). Estes métodos são utilizados rose da anca em pessoas idosas.
na determinação da DMO no fémur proximal e co- m A dose de radiação envolvida numa DXA é pe-
luna lombar. quena e dependendo do equipamento corres-
m Os resultados são comparados com os valores ponde, no máximo, à radiação do meio natural
de DMO de indivíduos saudáveis entre os 20 e durante duas semanas. A dose é muito inferior à
40 anos de idade (valor máximo, T score). de uma radiografia da mesma região.
Quando são tomadas decisões acerca do trata- m A osteoporose diagnosticada por medição no
mento, a DMO do indivíduo é comparada com calcâneo periférico (P-DXA), constitui um factor
valores de referência para a respectiva idade (Z de risco significativo para osteoporose central
score). numa mulher com idade superior a 50 anos. A P-
m Os resultados são considerados significativos DXA é adequada para o rastreio do risco de frac-
para osteoporose quando a DMO é inferior a 2,5 tura. Um resultado anormal deve geralmente ser
desvios padrão (DP) (aproximadamente 25%) confirmado com uma determinação da DMO por
abaixo do valor máximo. A diminuição da DMO DXA central.
constitui um factor de risco independente para • A medição ecográfica do calcâneo (Nível de Evidên-
fracturas. A determinação da diminuição de 1 DP cia C) é um método de rastreio rápido que não en-
(osteopénia) no colo femoral aumenta o risco de volve radiação ionizante. Não é uma determinação
fractura para mais do dobro (Nível de Evidência da DMO e não substitui a DXA. A correlação com a
B). DMO é moderada e melhor em mulheres mais ido-
m A osteoporose é considerada grave se a DMO for sas. A ecografia avalia também outros factores e
superior a 2,5 desvios padrão abaixo do valor pode ter implicações na avaliação do risco de frac-
máximo e o doente apresentar uma complicação tura.
da osteoporose (fractura).
m A DXA da coluna lombar é fiável em indivíduos jo- Indicações para determinação da DMO
vens e de meia-idade que não apresentem alte-
• Deve ser dirigida a grupos de risco que beneficiarão
rações que interfiram com o exame. Com o
de tratamento (Tabela 1).
avançar da idade, alterações como calcificações
aórticas, osteofitos, alterações degenerativas das • Indivíduos com fractura provocada por lesão de
superfícies articulares, fracturas osteoporóticas e baixa energia
diminuição da altura dos espaços intervertebrais m A terapêutica farmacológica para a osteoporose
começam a interferir com a determinação da pode ser iniciada sem determinação prévia da
DMO nos corpos vertebrais. Num idoso, um DMO nos doentes idosos (idade superior a 80
score baixo na DXA é fiável mas um indivíduo anos) que sofreram uma fractura desse tipo.
com um score normal pode apresentar osteopo-
• Mulheres com idade superior a 65 anos de idade e
rose mais grave devido a fontes de erro.
três ou mais factores de risco para osteoporose ou
m A radiografia simples da coluna vertebral pode re- com apenas um factor de risco significativo, por
velar fontes de erro nos casos em que surjam dú- exemplo, história familiar, fractura anterior ou
vidas. A diversidade destas fontes exige um doença ou terapêutica que predisponha a osteopo-
profissional com conhecimento e prática clínica rose.
especiais na interpretação e relatório destes exa-
• Doentes com idade inferior a 65 anos com períodos
42
Tabela 3. Critérios de diagnóstico para osteoporose. Diferentes aparelhos fornecem estimativas
discretamente diferentes para osteoporose/osteopénia.
Classificação Critérios
Normal Massa óssea/DMO situa-se no intervalo que corresponde à DMO média numa
pessoa saudável com idade entre 20 e 40 anos (pico de DMO) ± 1 DP.
Osteoporose Grave Adicionalmente aos critérios de osteoporose, o doente apresenta uma ou mais
fracturas osteoporóticas.
prolongados (> 3-6 meses) ou repetidos de cortico- • Investigação laboratorial primária (após o diagnós-
terapia oral. tico de osteoporose)
• Foram desenvolvidos diferentes índices locais para m Velocidade de sedimentação, hemograma, cálcio
a determinação do risco de fracturas osteoporóticas sérico, cálcio em urina de 24 horas, fosfatase al-
e necessidade de terapêutica farmacológica. calina sérica e nos homens testosterona sérica.
m Dependendo da situação: TSH sérica, teste de
Rastreio da DMO supressão com 1,5 mg de dexametasona, elec-
troforese das proteínas séricas e urinárias, anti-
• Não se justifica a determinação não seleccionada corpos anti-transglutaminase, 25-hidroxi-vitamina
da DMO (Nível de Evidência: B). A osteoporose pe- D.
riférica (diagnosticada com P-DXA) deve ser geral-
mente confirmada por DXA antes de qualquer • A diminuição da calcémia está frequentemente as-
decisão terapêutica. sociada à diminuição da albuminémia numa pessoa
idosa e doente (nesse caso, o cálcio ionizado é mais
• As determinações da DMO realizam-se com o ob- fidedigno).
jectivo de avaliar o risco individual de fractura em
doentes com um ou vários factores de risco quando • Valores normais ou diminuídos de calcémia junta-
se considera um tratamento prolongado. O aparelho mente com níveis diminuídos de fosfatémia sugerem
utilizado para seguimento deve ser o mesmo utili- má absorção e osteomalácia. Nestas circunstân-
zado para diagnóstico. cias, os níveis de fosfatase alcalina óssea sérica
estão elevados e, secundariamente, os da hormona
da paratiroideia (PTH) também. O nível de fosfatase
Avaliação Laboratorial na suspeita alcalina total sérica não é útil no diagnóstico de os-
de osteoporose teoporose primária.
• Actualmente não existem testes laboratoriais dispo- • Os testes laboratoriais para a detecção de osteo-
níveis para o diagnóstico de osteoporose primária. porose secundária são escolhidos tendo em conta
Os testes laboratoriais têm como objectivo revelar a anamnese e exame objectivo (hipertiroidismo, hi-
osteoporose secundária, osteomalácia e excluir ou- perparatiroidismo, deficiência de vitamina D, sín-
tras causas de dor óssea. No homem e mulher pré- drome de Cushing, urémia, doença celíaca,
-menopausa, a osteoporose é na maioria dos casos intolerância à lactose, mieloma, artrite reumatóide,
secundária e frequentemente necessita de consulta possível terapêutica hormonal para cancro da prós-
especializada. tata).
43
• Quando há suspeita de hiperparatiroidismo primá- Tratamento da Osteoporose
rio
m As concentrações séricas de PTH e cálcio estão Objectivos
aumentadas; os níveis séricos de creatinina e al- • O objectivo do tratamento da osteoporose é a pre-
bumina são normais. O aumento secundário da venção de fracturas ósseas – em particular as ver-
PTH é comum na doença celíaca, deficiência em tebrais e da anca – de um modo custo-efectivo. A
cálcio e vitamina D e insuficiência renal. terapêutica farmacológica deve ser dirigida a doen-
• Quando há suspeita de deficiência de Vitamina D tes de alto risco e idosos que apresentem uma mul-
tiplicidade de factores de risco para fractura quando
m O nível sérico de 25-hidroxi-vitamina D está dimi-
comparados com os jovens.
nuído. A concentração de fosfatase alcalina está
aumentada, a calcémia está diminuída ou pró- • O tratamento de um doente com fractura tem como
ximo do normal, a concentração de cálcio na objectivo adicional o alívio da dor. A calcitonina
urina de 24 horas está diminuída e a concentra- actua também como analgésico no tratamento das
ção de PTH pode estar secundariamente aumen- fracturas vertebrais.
tada. • A base do tratamento para a osteoporose consiste
m A deficiência de vitamina D é comum nos mais nas medidas já descritas para a prevenção – aporte
idosos e causa frequentemente um aumento dis- de cálcio e vitamina D em quantidade suficiente,
creto na concentração sérica de fosfatase alca- exercício físico e evicção dos hábitos tabágicos.
lina. • A osteoporose diagnosticada por DXA nem sempre
m A concentração sérica de vitamina D depende obriga a terapêutica farmacológica. Esta decisão
em grande parte da estação do ano e da quanti- deve ser baseada na determinação do risco total de
dade de luz solar nos jovens, complicando a in- fractura.
terpretação de resultados, uma vez que o
intervalo de referência é abrangente. Nos mais
idosos, o efeito da luz solar é insignificante ou
mesmo inexistente. Os valores de referência en- Terapêutica Farmacológica
contram-se entre 20 e 105 nmol/L. No entanto,
Base para as decisões terapêuticas
valores entre 20 e 40 nmol/L já sugerem deficiên-
cia. O limite inferior seguro situa-se por volta dos • A diminuição da DMO em 1 DP aumenta duas a três
40 nmol/L; nesta concentração, previne-se o au- vezes o risco de fractura.
mento da concentração de PTH. • Uma história de fractura prevê uma nova fractura in-
m Em crianças, a deficiência de vitamina D causa dependentemente da DMO2 como foi demonstrado
raquitismo; nos adultos, osteomalácia. em doentes com fracturas prévias a nível vertebral,
• Radiografia punho ou anca. O risco de nova fractura aumenta
em particular logo após a primeira fractura. No ano
m A interpretação da presença de osteoporose li- após uma primeira fractura vertebral, uma em cada
geira é difícil e reflecte apenas uma sugestão ou cinco mulheres pós-menopausa regista uma nova
probabilidade para este diagnóstico. Uma frac- fractura vertebral.
tura vertebral diagnosticada por radiografia não
pode ser interpretada como osteoporótica até • A idade é um factor de risco independente para
que sejam excluídas outras patologias. fractura óssea, não dependendo da DMO. O risco
de fractura duplica a cada 10 anos de idade.
• O tratamento da osteoporose ao nível da coluna
vertebral é mais custo-efectivo (isto é, tem de ser
tratado um número inferior de doentes para prevenir
uma nova fractura) quando é dirigido a doentes com
história de fractura vertebral em comparação com
44
aqueles que apresentam apenas uma DMO baixa. Bisfosfonatos
Uma DMO baixa não significa que o tratamento da
osteoporose seja custo-efectivo. • Os bisfosfonatos são os fármacos de primeira linha
no tratamento da osteoporose.
• Nos ensaios clínicos, a prevenção da fractura da
anca foi bem sucedida em doentes que apresenta- • Dos bifosfonatos, o alendronato (Nível de Evidência
vam apenas DMO baixa. O custo-efectividade do A) (70 mg/semana) e o risedronato (Nível de Evidên-
tratamento foi melhorado quando dirigido a doentes cia B) (35 mg/semana) demonstraram ser eficazes
que, para além de DMO baixa, também apresenta- na melhoria da osteoporose e prevenção da ocor-
vam fractura vertebral prévia. Para ser custo-efec- rência de fracturas no fémur proximal e coluna ver-
tiva, a terapêutica farmacológica para a prevenção tebral.
da fractura da anca deve ser dirigida a indivíduos • O etidronato (utilização intermitente, 400 mg uma
suficientemente idosos, com DMO baixa e fractura vez por dia durante duas semanas a cada 3
prévia. A terapêutica farmacológica deve ser consi- meses) (Nível de Evidência B) e o clodronato de-
derada apenas em indivíduos que deambulam de monstraram prevenir fracturas osteoporóticas da
forma independente. coluna vertebral.
• Os bisfosfonatos são prescritos como profilaxia nos
Indicações para terapêutica doentes de alto risco que iniciem corticoterapia de
farmacológica longa duração ou em doses elevadas.
• O ibandronato é o bisfosfonato mais recente e é ad-
• A terapêutica farmacológica, adicionalmente ao tra-
ministrado uma vez por mês por via oral6.
tamento básico, é iniciada quando o doente apre-
sentar uma fractura osteoporótica (Tabela 4). • Pode considerar-se a utilização de zoledronato nas
situações em que outros fármacos se mostraram
• Nos doentes com fractura vertebral ou da anca, a
inadequados ou não foram realizados por má ade-
terapêutica farmacológica pode ser iniciada sem de-
são terapêutica.
terminação da DMO após exclusão de neoplasia ou
outras causas de osteoporose secundária. m O zoledronato é administrado anualmente numa
perfusão endovenosa curta de 4-5 mg. A osteo-
• Em doentes com outras fracturas (por exemplo,
porose foi introduzida na lista de indicações tera-
punho ou antebraço), a osteoporose é confirmada
pêuticas após ter sido inicialmente utilizado no
com determinação da DMO antes do início da tera-
tratamento das metástases ósseas e da doença
pêutica.
de Paget.
• Nos casos em que a decisão de iniciar terapêutica
m Durante um seguimento de 3 anos, o zoledronato
seja baseada apenas num valor de DMO que indica
demonstrou reduzir o risco relativo de fracturas
osteoporose (T score ≤ - 2,5 DP), os factores a
vertebrais em 70% e de fracturas do colo do
considerar incluem: a gravidade da osteoporose de
fémur em 41% (Nível de Evidência A).
acordo com a determinação da DMO, a idade do
doente (maior idade favorece tratamento), história m Nos três dias subsequentes à perfusão do fár-
familiar de osteoporose, estado geral do doente, co- maco, cerca de 15% dos doentes desenvolve
morbilidades e terapêutica farmacológica concomi- sintomas gripais; também pode ocorrer febre e
tante, nomeadamente corticoterapia. dores musculares.
• Se o doente não apresentar história prévia de frac- m De forma semelhante aos outros bisfosfonatos, a
tura, factores de risco ou história familiar de osteo- terapêutica com zoledronato requer boa função
porose recomenda-se adiar a determinação da renal e a utilização concomitante de cálcio e vita-
DMO até aos 70-75 anos de idade para evitar tra- mina D.
tamentos pouco custo-efectivos. Nesta altura, a
idade por si só é factor de risco.
45
Tabela 4. Prevenção e tratamento da osteoporose
Intervenção Implementação
Terapêutica Farmacológica
Estrogénios • Estradiol oral 1-2 mg/dia ou sistema transdérmico com libertação de 25-50 µg de
estradiol/dia ou gel com 0,5-1,5 mg de estradiol aplicado na pele uma vez por dia
• Deve ser adicionado um progestagénio contínuo ou cíclico de acordo com o status de me-
nopausa; o progestagénio é desnecessário nos casos de histerectomia prévia
Bisfosfonatos • Alendronato 70 mg uma vez por semana de manhã meia hora antes do pequeno-almoço
com bastante água; o doente deve permanecer em posição erecta durante essa meia hora
• Ibandronato 150 mg uma vez por mês de manhã, de forma semelhante ao alendronato, ou
3 mg por via endovenosa a cada 3 meses
Calcitonina • 200 UI diariamente por via intranasal; para alívio da dor nas fracturas vertebrais pode ser su-
ficiente uma dose inferior
Teriparatida • 20 µg por injecção subcutânea uma vez por dia durante 18 meses
Ranelato de Estrôncio • 2 g por via oral uma vez por dia 2 horas após uma refeição, preferencialmente ao deitar
46
Calcitonina terapêutica farmacológica como profilaxia ou trata-
mento de osteoporose incipiente.
• A calcitonina foi um dos primeiros fármacos dispo-
níveis antes dos bisfosfonatos. É menos potente do • O alendronato inibe a destruição óssea. Como raro
que os últimos. Pode estar indicada se os bifosfo- efeito adverso, pode impedir a formação óssea e
natos se mostrarem inadequados. A calcitonina tem paradoxalmente aumentar o risco de fracturas ou
poucos efeitos adversos. atrasar a recuperação de uma fractura em doentes
com múltiplas patologias.
• As fracturas osteoporóticas com dor são uma indi-
cação especial para calcitonina. A duração do tra- • A eficácia óssea dos bisfosfonatos mantém-se du-
tamento é geralmente um a dois meses. rante vários anos. Deste modo, a terapêutica deve
ter uma duração fixa de, por exemplo, 5 anos.
• A calcitonina demonstrou melhorar a DMO do osso
esponjoso na coluna vertebral e diminuir o risco de • Determinar a DMO por DXA 2 a 3 anos após o fim
novas fracturas vertebrais em mulheres pós-meno- do tratamento.
pausa1. É aplicada numa dose intranasal de 200 UI. • De acordo com o conhecimento actual, não é ne-
m A calcitonina melhora ligeiramente a DMO. O cessário interromper o tratamento durante a recu-
efeito é mediado através da melhoria da quali- peração de uma fractura ou convalescença após
dade do osso, a qual é difícil de medir. artroplastia de substituição.
47
• As tiazidas diminuem a excreção urinária do cálcio • A redução do risco de fractura tem sido mais difícil
e protegem contra a osteoporose (Nível de Evidên- de demonstrar do que o efeito na DMO. Ainda
cia C), o que deve ser tido em conta na escolha da assim, uma DMO reduzida constitui um factor de
terapêutica na hipertensão e insuficiência cardíaca. risco para fractura e por isso uma indicação tera-
• O ranelato de estrôncio é fármaco com efeito ana- pêutica. O problema essencial na prevenção primá-
bolizante. O efeito assemelha-se ao da teriparatida ria é identificar os doentes que necessitam de
mas o preço é muito inferior. determinação da DMO e tratamento.
48
• Se necessário, o NTX urinário ou o CTX sérico cor- Referências Bibliográficas
respondente são avaliados antes do início do trata-
1
Chesnut CH 3rd, Silverman S, Andriano K, et al. A randomized trial
mento e novamente após 3 meses: uma diminuição
of nasal spray salmon calcitonin in postmenopausal women with
de 50% a 60% indica boa resposta à terapêutica.
establi-shed osteoporosis: the prevent recurrence of osteoporotic
• Determinações para controlo da DMO no trata- fractures study. PROOF Study Group. Am J Med 2000;109(4):267-
mento farmacológico da osteoporose 76
49
Autor
Aila Tiitinen
• Os sintomas urogenitais são tratados com agentes m registar pressão arterial e peso;
tópicos (Nível de Evidência: A). m determinar a presença de eventuais contraindi-
cações (não esquecer a história familiar).
Início do Tratamento
• A terapêutica com estrogénios não deve ser intro- Contraindicações para a Terapêutica
duzida prematuramente mas apenas, preferencial- Hormonal de Substituição
mente, depois dos ciclos menstruais se tornarem
• Cancro da mama;
raros, ou terem mesmo cessado, e quando a utente
51
m Nas mulheres que sobreviveram a cancro da mento dos sintomas decorrentes da menopausa. O
mama, a instituição da terapêutica hormonal de seguimento é feito de acordo com a resposta clí-
substituição deve ser feita com precaução. No nica; geralmente o doseamento de estrogénio não
ensaio clínico aleatorizado HABITS, a terapêutica traz benefícios.
combinada com estrogénios e progestagénios • O tratamento tópico com cremes ou pessários é a
realizada durante dois anos aumentou significati- melhor escolha na presença isolada de sintomas
vamente o risco de recidiva do cancro da mama. urogenitais (Nível de Evidência: A). Nas utentes mais
No entanto, o ensaio clínico de Estocolmo não idosas, incapazes de auto-administrar agentes tó-
demonstrou um aumento do risco de recidiva picos, pode ser considerado um anel vaginal liber-
(Nível de Evidência: C). O estudo LIBERATE de- tador de estrogénio. Não é necessário combinar o
monstrou que também a tibolona aumenta o tratamento tópico com estrogénios com um proges-
risco de recidiva. tagénio cíclico (Nível de Evidência: B). Deve ser es-
• História de trombose venosa profunda, embolia pul- clarecida a etiologia de qualquer hemorragia uterina.
monar ou doença da coagulação (relativa);
• Carcinoma do endométrio (relativa, é necessária Progestagénios
avaliação por ginecologista);
• A administração de progestagénios pode ser oral,
• Patologia cardíaca de difícil controlo; transdérmica (combinada com estrogénio) e tópica
• Doença hepática grave; (dispositivo intra-uterino com libertação hormonal).
• Hipertensão arterial resistente ao tratamento (os fár- • Os efeitos adversos subjectivos dos diferentes pro-
macos anti-hipertensores, por si só, não constituem gestagénios são variáveis.
contra-indicação); • Os efeitos dos diferentes progestagénios no tecido
• Lúpus eritematoso sistémico (LES) quando anticor- mamário são variáveis. A progesterona natural e a
pos antifosfolipídicos estão presentes (risco de didrogesterona provavelmente têm menos efeitos
trombose); adversos do que os outros progestagénios.
• Hemorragia vaginal de etiologia não esclarecida. A • Os 19-norprogestagénios têm um maior efeito anti-
terapêutica hormonal pode ser iniciada quando for proliferativo sobre o endométrio do que a progeste-
excluída a presença de neoplasia maligna. rona natural, a didrogesterona, ou derivados da
17-alfa-hidroxiprogesterona; são por isso eficazes
em perturbações hemorrágicas (menorragia) mas
Selecção do Regime Terapêutico devem ser utilizados em doses diárias mais eleva-
e Modo de Administração das (5 a 10 mg de noretisterona diariamente durante
12 dias por ciclo).
Estrogénios
• O estradiol é o estrogénio mais frequentemente Princípios do Tratamento
utilizado, podendo ser administrado por via oral,
• A terapêutica isolada com estrogénio deve ser utili-
sistema transdérmico ou gel. O modo de adminis-
zada apenas em mulheres histerectomizadas. Nas
tração deve ser decidido de acordo com a conve-
restantes, deve ser sempre adicionado progestagé-
niência.
nio para impedir a hiperplasia endometrial (Nível de
• A administração transdérmica é mais vantajosa nas Evidência: A).
doentes com tendência ou história familiar de pato-
• O tratamento é iniciado com uma preparação cíclica
logia trombótica (Nível de Evidência: A). Também
combinada de estrogénio/progestagénio ou com
pode trazer mais vantagens nas utentes com enxa-
estrogénio fornecido continuamente e progestagé-
queca, diabetes mellitus e sob terapêutica anti-epi-
nio nos primeiros 12-14 dias de cada mês do ca-
léptica.
lendário.
• Deve ser prescrita a dose mínima eficaz no trata-
52
• Se a mulher não pretender hemorragia uterina incomodativos ou persistirem por um período supe-
podem ser utilizados esquemas combinados contí- rior a 3 meses.
nuos em que os estrogénios e progestagénios são • As formas de reduzir os efeitos adversos progesta-
fornecidos diariamente. No entanto, recomenda-se génicos incluem a utilização da dose mínima eficaz
que este regime terapêutico não seja prescrito até e a alteração do modo de administração para apli-
que estejam completos 12 meses após a meno- cação transdérmica ou sistema intra-uterino.
pausa, quando a terapêutica cíclica tiver reduzido a
hemorragia uterina. • A terapêutica hormonal de substituição com estro-
génio aumenta até um terço a necessidade de
m A terapêutica é iniciada com uma dose baixa de tiroxina nas mulheres sob terapêutica por hipotiroi-
estrogénio, por exemplo estradiol 1 mg ou sis- dismo.
tema transdérmico de 25 µg, combinada com
uma dose baixa de progestagénio ou com um
dispositivo intra-uterino libertador de progestagé- Hemorragia Uterina
nio. As doses podem ser ajustadas posterior- • Pretende-se que a hemorragia uterina ocorra du-
mente de acordo com a resposta e eventuais rante a semana livre de tratamento ou após o fim da
efeitos adversos. fase com progestagénio no tratamento cíclico. A
• A tibolona pode ser utilizada como método de tra- quantidade e duração da hemorragia deve ser nor-
tamento livre de hemorragia (apenas 12 meses após mal. Após vários anos de terapêutica, a quantidade
o último período menstrual). Foi demonstrado que de sangue perdido diminuirá ou até cessará em
a tibolona reduz a ocorrência de fracturas vertebrais muitas mulheres.
osteoporóticas. Em mulheres saudáveis com idade • Nos regimes livres de hemorragia, esta deve cessar
superior a 60 anos, a tibolona reduziu a ocorrência totalmente 4 a 6 meses após o início do tratamento.
de fracturas e cancro da mama mas aumentou o
• Na presença de perdas hemáticas irregulares deve
risco de acidente vascular cerebral.
ser considerada a necessidade de investigação (ci-
• Os inibidores selectivos da recaptação da seroto- tologia ginecológica, ecografia ginecológica, biopsia
nina e os mais recentes inibidores da recaptação da endometrial).
noradrenalina parecem ter algum efeito nos afron-
• A ecografia por via endovaginal é um bom método
tamentos e podem ser considerados nas mulheres
para detecção de hiperplasia endometrial, miomas
nas quais a terapêutica com estrogénios é inade-
submucosos e pólipos. A presença de espessa-
quada (Nível de Evidência B).
mentos anormais do endométrio exige a realização
m Ex.: venlafaxina 37,5-75 mg (libertação prolon- de exame histológico.
gada), paroxetina 20 mg, citalopram 10-20 mg
• A biópsia endometrial é fácil de obter durante uma
m Gabapentina 900 mg por dia é uma alternativa. consulta habitual sendo a curetagem raramente ne-
cessária.
Efeitos Adversos da Terapêutica
Hormonal de Substituição Seguimento do Tratamento
• Recomenda-se a realização de uma consulta de se-
• Durante os primeiros meses de THS são comuns
guimento 12 meses após o início da TSH.
efeitos adversos como edema ou tensão mamária.
• Durante o primeiro ano deve ser dada atenção ao
• Não há evidência de que a THS resulte em aumento
desaparecimento ou persistência de sintomas,
ponderal (Nível de Evidência: A).
ocorrência de quaisquer efeitos adversos e satisfa-
• Os efeitos adversos progestagénicos incluem cefa- ção das utentes com o tratamento.
leias e sintomas psicogénicos.
• Durante a consulta anual de seguimento deve ser
• A preparação progestagénica deve ser alterada ou registada a pressão arterial e realizado exame gine-
reduzida se os efeitos adversos subjectivos forem cológico e mamário.
53
• A cada dois anos é recomendada mamografia e ci- depressivo menopáusico (Nível de Evidência: C),
tologia ginecológica (recordar a calendarização dos mas não melhora a função cognitiva em mulheres
programas de rastreio). assintomáticas (Nível de Evidência: A).
• Durante a consulta de seguimento deve ser ponde- • Quer a terapêutica isolada com estrogénios quer a
rada uma eventual diminuição da dose ou descon- combinada com estrogénios e progestagénios
tinuação do tratamento. estão associadas a um aumento do risco de trom-
boembolismo venoso (Nível de Evidência: A). Cal-
cula-se que o risco adicional anual seja 1 em cada
Vantagens e Desvantagens 10 000 utilizadoras de estrogénios entre os 50 e os
da Terapêutica Hormonal 59 anos de idade sendo que o risco de morte por
de Susbtituição embolia pulmonar é estimado em 1 por cada
100 000. O risco aumenta com a idade. O risco de
• Os benefícios da THS no tratamento dos sintomas tromboembolismo parece ser máximo no início do
decorrentes da menopausa estão bem estabeleci- tratamento (Nível de Evidência: A). A introdução da
dos (Nível de Evidência: A). THS deve ter em consideração a história familiar,
• A THS reduz claramente a atrofia e a inflamação da episódios tromboembólicos prévios, obesidade
área urogenital. grave e imobilização.
• O tratamento com estrogénios previne o desenvol- • As desvantagens da THS são a ocorrência de efei-
vimento da osteoporose relacionada com a meno- tos adversos hormonais e hemorragia vaginal. A
pausa, assim como a ocorrência de fracturas THS aumenta o risco de cancro da mama (Nível de
osteoporóticas (Nível de Evidência: A). Evidência: A), em menor dimensão quando são uti-
lizados estrogénios isolados em comparação com
• Os estrogénios têm efeitos directos e indirectos (lí-
a terapêutica combinada com estrogénios e proges-
pidos) no sistema vascular. O efeito da terapêutica
tagénios (Nível de Evidência: B).
com estrogénios e combinada estrogénio/proges-
tagénio no risco de doença cardíaca coronária de- m De acordo com o resultado de meta-análises, o
pende da idade e da fase relativamente à risco relativo de cancro da mama é de 1,35 nas
menopausa aquando do início da terapêutica. mulheres que utilizaram THS por pelo menos 5
anos. Entre os 50 e os 65 anos de idade, a inci-
m Estudos epidemiológicos sugerem que a THS, se
dência cumulativa de cancro da mama é de 45
iniciada numa mulher saudável menos de 10
por cada 1000 mulheres que nunca fizeram THS.
anos após a menopausa, tem um efeito protector
A utilização de THS durante 10 anos causa um
relativamente a eventos cardíacos. A terapêutica
risco adicional (risco atribuído) de 6 casos por
combinada em mulheres assintomáticas com
1000 mulheres (intervalo de confiança, 3-9). De
idade média de 63 anos de idade promove um
acordo com o estudo WHI, a utilização isolada de
discreto aumento do risco cardiovascular a 5
estrogénios em mulheres histerectomizadas se-
anos (Nível de Evidência: A).
guidas pelo menos durante 7 anos não parece
m No entanto, num estudo controlado (o estudo aumentar o risco de cancro da mama (Nível de
HERS) no qual a combinação de estrogénios e Evidência: B).
progestagénios foi usada para prevenção secun-
• De acordo com estudos epidemiológicos, a tera-
dária da doença cardíaca coronária, verificou-se
pêutica prolongada (> 10 anos) com estrogénios
que o número de eventos cardiovasculares au-
pode estar associada a um aumento do risco de
mentou durante os primeiros 12 meses mas di-
cancro do ovário (Nível de Evidência: B). O risco
minuiu até ao final do período de seguimento no
está aumentado quer na terapêutica isolada com
grupo do tratamento (Nível de Evidência: B).
estrogénios quer na combinada com estrogénios e
m A THS está associada a um risco aumentado de progestagénios. O risco não é influenciado pela via
AVC isquémico (Nível de Evidência: A). de administração.
• A THS pode ser benéfica no tratamento do humor • Se for adicionada uma dose suficiente de proges-
54
tagénio à terapêutica não se verifica um aumento Bibliografia
do risco de cancro do endométrio (Nível de Evidên-
1
Petri M, Kim MY, Kalunian KC et al; OC-SELENA Trial. Combined
cia: A).
oral contraceptives in women with systemic lupus erythematosus.
• A combinação de estrogénios e progestagénios N Engl J Med 2005 Dec 15;353(24):2550-8.
reduz o risco de cancro do cólon (Nível de Evidên- 2
Anderson GL, Limacher M, Assaf AR et al; Women's Health Ini-
cia: A), mas estes podem ser mais avançados nas tiative Steering Committee. Effects of conjugated equine estrogen
utilizadoras de THS, o que de certo modo anula o in postmenopausal women with hysterectomy: the Women's
Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004 Apr
benefício.
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Identificação do Artigo: ebm00550 (025.051)
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