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THE INDISPENSABILITY OF INTERNAL JUSTIFICATION

Chisholm, R. M.
Juliomar M. Silva

1- Introdução:

- Disputa entre Externalismo vs. Internalismo.

- Segundo Chisholm, aqueles que defendem o conhecimento e a justificação como um


externalista estão fugindo da questão clássica da epistemologia. O questionamento clássico da
epistemologia diz respeito ao sujeito, as perguntas de Sócrates eram assim: “O que posso
conhecer? ”, “Como sei que minhas crenças estão justificadas? ”, “ Como posso melhorar meu
conjunto de crenças? ”.

- Questão do artigo: A justificação epistêmica deve ser analisada de modo internista ou


externalista?

2- O que é o Internalismo?

- O internalismo assume que apenas refletindo sobre nossos próprios estados mentais
podemos formular princípios epistêmicos. Estes princípios nos permitem dizer se uma crença
que temos é ou não justificada e se estamos ou não justificados em ter aquela crença.

- Segundo essa concepção internista não há conexão lógica entre justificação e verdade.
Alguém pode estar plenamente justificado e a sua crença ser falsa.

- Para uma concepção externista de justificação essa conexão lógica é necessária. Se alguém
está justificado em ter uma crença é porque essa crença deve ser verdadeira.

- Para Chisholm, só há dois tipos de teorias externistas de justificação. Ou elas são teorias
vazias, ou são fruto de combinação entre com conceitos internistas. Elas são vazias quando
apenas reduzem a justificação à mera crença verdadeira, assim não explicam nada.

- Argumento de Chisholm, se são vazias não dizem nada. Se combinam elementos internistas
(e não há evidência de que conceitos internistas possam ser intercambiáveis com conceitos
externistas) elas são inadequadas.

3- Não-teorias ou teorias vazias.

- (N) “S está externamente justificado em crer que p, se p for verdadeiro e S for um sujeito
pensante”

- Essa definição é vazia, pois, simplesmente identifica a justificação com a verdade. Não
distingue entre crenças verdadeiras e crenças que estamos justificados em tê-las.

-As teorias que não fazem essa identificação da justificação com a verdade são; teorias
confiabilistas ou teorias causais.

4- Teorias (externistas) confiabilistas.

- Primeira definição (R1) “S está externamente justificado em crer que p, se o processo que
levou S a acreditar em p é confiável”

- A primeira dificuldade dessa definição é que podemos dizer que mesmo quando uma pessoa
não acredita em p que ela está justificada em acreditar em p.
-A maior dificuldade, porém, está em interpretar “processo confiável”. Se entendermos por
processo confiável tudo o que nos leva a ter crenças verdadeiras então essa definição se iguala
a definição vazia. R1 igual a N.

- Segunda definição (R2) “S está externamente justificado em crer que p, se o processo que
levou S a acreditar em p é um processo que geralmente nos leva a crenças verdadeiras”

- R2 é uma variação de R1 e não parece acrescentar nada na definição. Como consequência de


R2 podemos formular variação de R2 (e) “S tem uma crença em p através de um processo
formador de crenças tal que, não importa quando S tenha essa crença se essa for uma crença
formada por aquele processo, ela será uma crença verdadeira”

- Se essa definição for verdadeira, qualquer que seja a crença que S tenha, se ela for formada
um processo único assim, ela será verdadeira. Mas daí podemos dizer que qualquer processo
formador de crença tem esse tipo de sucesso, e que as crenças justificadas de S são todas as
crenças verdadeiras que S tem. (Exemplo da Disjunção).

-Isso sugeri que a justificação epistêmica não pode ser definida meramente através de
processos formadores de crenças.

- Terceira definição (R3) “S está externamente justificado em crer que p, se o processo que
levou S a crer em p é um processo em que é evidente para S que aquele processo geralmente
leva a crenças verdadeiras”

- Se por “evidente” entendermos algum tipo internista de conceito epistêmico então essa
definição combina conceitos externistas com conceitos internistas.

- Quarta definição (R4) “S está externamente justificado em crer que p, se o processo que
levou S a crer em p é um processo que provavelmente leva a crenças verdadeiras”

- Essa definição apenas desloca o problema da evidência para o problema da probabilidade.


Podemos entender a probabilidade no sentido estatístico e no sentido relacional (p é
confirmado por q).

- Se entendermos “provável” no sentido estatístico, usando R3 um processo provável é aquele


que é 100% provável. Assim, R4 seria igual a N.

- Se entendermos “provável” no sentido relacional (a crença p é confirmada pelo processo q).


Assim, poderíamos dizer que alguma proposição confirma a crença de S em p? Assim,
poderíamos trazer de volta a proposição (e) “S tem uma crença em p através de um processo
formador de crenças tal que, não importa quando S tenha essa crença se essa for uma crença
formada por aquele processo, ela será uma crença verdadeira”

- Essa interpretação cairá novamente no conceito internista de “evidência”

5- Teorias (externistas) causais.

- Outro modo de associar a justificação epistêmica a verdade são as teorias causais. Nossas
crenças são causadas pelo fato de que as proposições (que formam as crenças) são
verdadeiras.

-Só há dois modelos causais de definição da justificação. 1º modelo (A causa B) 2º modelo (A


contribui ou é um fator que causa B).
- Primeira definição causal (C1) “S está externamente justificado em crer que p, se S crê em p e
p sendo verdadeiro é causa da crença de S em p”

- Essa definição é claramente falsa porque é muito difícil um único evento ser causa de outro.
Em geral os eventos são causados por diversos fatores. Apenas em contexto muito restrito e
raro essa definição seria verdadeira.

- Segunda definição causal (C2) “S está externamente justificado em crer que p, se S crê em p e
p sendo verdadeiro contribui causalmente para a crença de S em p”

- Essa definição sofre com contra-exemplos. Há casos em que alguém crê em p, p é verdadeiro,
mas não contribui causalmente para o fato de que S crê em p.

- Variação da segunda definição (C3) “S está externamente justificado em crer que p, se S crê
em p, e p sendo verdadeiro contribui causalmente para a crença de S em p, e é evidente para S
que p sendo verdadeiro contribui causalmente para sua crença em p”

- Novamente essa definição combina com o conceito internista de evidência, ela é igual a R3

6- Conclusão.

- Todas essas explicações externistas da justificação epistêmica ou são vazias ou combinam


conceitos internistas. Mas, não há indicação de que conceitos internistas possam ser
substituídos por conceitos externistas.

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