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SENTENÇA 3

Trata-se de ação de indenizatória ajuizada por Cecília Musk em face do Estado


do Rio de Janeiro e de Jairo da Silva objetivando a condenação solidária dos
réus ao pagamento de R$ 545.000,00, a título de danos materiais, e de R$
80.000,00, a título de danos morais, por toda a situação vivenciada.

Inicialmente, rejeito a preliminar de ausência de legitimidade, suscitada pelo


Estado do Rio de Janeiro, dado que em consonância com a teoria da asserção,
há de se analisar a pertinência subjetiva da lide tomando-se por base as
alegações apresentadas em tese pela parte autora, as quais, no presente caso,
guardam relação com o demandado.

Incumbe destacar que é objetiva a responsabilidade da Administração pelos atos


praticados por seus agentes nessa qualidade. É o que estabelece o art. 37, §6º
da CRFB/88:

“Art. 37. (...). § 6º. - As pessoas jurídicas de direito público e as


de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.”

Na hipótese em tela, o Estado responde, objetivamente, por atos praticados pelo


leiloeiro público que, no exercício de suas funções, apropriou-se indevidamente
dos recursos oferecidos pelo apelado para arrematar dois lotes em hasta pública,
assentado o direito de regresso contra o agente.

Assim, não há que se falar em fato de terceiro. O leiloeiro é agente público. E,


tampouco há que se falar em culpa exclusiva da vítima. Apropriou-se o leiloeiro
de sua oferta à arrematação. Este se valeu de sua função pública para
enriquecer-se ilicitamente.

Isso posto, é inegável que tal conduta acabou por gerar dano moral ao autor,
uma vez que apropriação indevida de recursos pelo agente é causa de dor,
sofrimento e angústia, capaz de ensejar a compensação por danos morais.
Nesses casos, o dano ocorre in re ipsa, sendo dispensáveis maiores provas do
prejuízo causado.

O valor da indenização deve ser apurado segundo o prudente arbítrio do


magistrado, através de critérios de razoabilidade e proporcionalidade, de modo
a ensejar uma compensação pelo dano produzido, mas também uma punição, e
deve a indenização se revestir de um caráter pedagógico e profilático, de tal
monta que iniba o ofensor de repetir seu comportamento.

Considerados todos os elementos acima, atentando-se aos princípios da


proporcionalidade e razoabilidade, fixo a indenização pelo dano moral em R$
20.000,00 (vinte mil reais). Ressalto que a condenação em montante inferior ao
pleiteado na inicial não gera sucumbência da parte autora, nos termos da Súmula
326 do C. Superior Tribunal de Justiça.

Diante disso, julgo procedente o pedido do autor, na forma do Art. 487, I do CPC,
para:

a) Condenar os Réus ao pagamento de R$ 545.000,00 (quinhentos e


quarenta e cinco mil reais), a título de danos materiais;
b) Condenar os Réus ao pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a
título de danos morais;

Condeno os Réus ao pagamento de custas e honorários advocatícios a parte


autora, estes arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.

Local, data.

Assinatura do Juiz

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