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Centro de Ciências Sociais e Humanas

Departamento de Filosofia
Curso de Licenciatura em Filosofia
Professor Carlos Augusto Sartori

Vítor Albieiro Brasil


Matrícula: 201910222

ENSAIO SOBRE EPISTEMOLOGIA DA EDUCAÇÃO

A validação epistemológica para a posse de conhecimento deve explorar os possíveis


conhecimentos em testemunhos de grupos que alegam sofrer injustiça epistêmica,
devido ao preconceito e aos ataques direcionados a esses grupos durante uma parcela da
história. A injustiça epistêmica em grupos vitimados ocorre pela violação de critérios
que o próprio, chamamos “projeto”, assegura em suas exigências e, que esses grupos
oferecem. Através de uma investigação mais profunda, podemos identificar e apresentar
essas exigências nas realidades vividas por cada grupo vitimado, em seus contextos. A
questão é: de fato, conseguimos identificar e levar a justiça epistêmica para ser pautada.
Contudo, os participantes que detém maior poder ou influência para julgar essa pauta
não estão profundamente influenciados pelos legados dos preconceitos epistêmicos?
Caso sim, a negativa da posse de conhecimento se dará, nesses julgamentos, ao não
cumprimento das exigências básicas. Diante disso, podemos constatar a presença de
uma incoerência no julgamento, devido a influência da absorção de preconceito
epistêmico. Não se trataria do entendimento de posse de exigências nos testemunhos
para o reconhecimento, e sim, das convicções de crença para o reconhecimento de posse
de conhecimento, dada pelo repertório adquirido pelo sujeito que julga, ao longo da sua
vida até esse momento. Repertório esse, formado pelo acumulo de conhecimento
através dos contatos teóricos, dos contatos práticos e da influência do meio social, que
já possui uma carga de crenças.
Como a expansão da posse de conhecimento por parte de grupos vitimados deve ser
oferecida as pessoas, considerando que todas as pessoas sofrem influencias do meio
social e acabam possuindo fortes incoerências em seus julgamentos? Através do
instrumento que oferece contato de conhecimentos as pessoas, desde o início do trajeto
etário até a sua metade. A Educação.
Preconceitos são morais e criados através de diferentes contextos de diferentes
sociedades. Podemos pautar uma Escola Política para afastarmos a ideia de Escola Sem
Partido. Mas, a Escola com alguma ideologia política não contém valores morais em sua
ideologia? Como estabelecer valores morais em uma escola? É muito inseguro
estabelecer valores morais que sejam diferentes a cada sociedade. Se buscarmos valores
morais universais, temos que investigar quais seriam os direitos naturais de todos os
seres humanos. A Epistemologia Moral é uma alternativa para utilizarmos na
sintetização de valores morais universais. Ainda mais, porque existem diferentes linhas
de epistemologia moral. Mesmo que buscássemos recorrer as pesquisas dos seus
estudos, nos depararíamos com diferentes valores morais universais, dependendo de
quem os pensou. As diferentes linhas deveriam ser analisadas para englobarmos valores
universais que reforcem a democracia, e que estão presentes em algumas doutrinas e em
outras, não.
Podemos pensar que o projeto epistemológico já oferece critérios de aprovação para
validação de conhecimentos, e que, esses critérios possam ser o ponto de partida para
pensarmos os próprios valores morais. De maneira que, se pensarmos na gama de
testemunhos que alegam injustiça epistêmica, com seus diferentes contextos, iremos
traçar valores que abranjam as diferentes ideias que fortalecem a democracia.
Ainda assim, temos que considerar o uso dessa Política em diferentes escolas. A escola,
mais precisamente, seus membros, irão julgar os valores traçados por essa Política,
conforme o seu repertório de critérios para a posse de conhecimento e de seus valores
morais. Mesmo que os critérios sejam um passo anterior ao regramento dos valores, eles
estão sujeitos a interpretação por parte de quem os contata. Os valores morais, ainda
mais. Não teríamos como vigiar e assegurar, com base na força do Estado, que essa
Política fosse praticada de forma não interpretativa ou, melhor dizendo, com um
entendimento em comum.
A margem interpretativa, vitimada pela carga de influência social, oferece riscos
perigosos a uma implementação de uma escola cada vez mais democrática. Não
podemos contar com ela para nos assegurarmos. Sua presença é fundamental, mas
insuficiente. Temos que expandir o projeto epistêmico para garantirmos, cada vez mais,
a inclusão de conhecimentos epistêmicos em posse de grupos injustiçados.
Conhecimentos epistêmicos esses, que não se compreendem a partir de uma
generalização. Traçar um regramento que sirva para consulta e estabelecimento de
validação, exclui os conhecimentos de grupos sociais injustiçados, pois a realidade
desses grupos sociais não é compreendida, devido aos preconceitos e aos erros de
julgamento epistêmico dos sujeitos. O entendimento do projeto não é suficientemente
forte para assegurarmos o progresso em busca de uma escola democrática.

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