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DIGESTIVO

Informativo de: OUT.2018

TERAPÊUTICA Indicação Modo de usar

DA PANCREATITE desta doença, tais como: idade avançada, obesidade, hiperlipi-


O pâncreas é conhecido como uma glândula mista, uma vez demia, hipotiroidismo, Diabetes mellitus, hiperadrenocorticis-
que atua tanto na secreção de enzimas digestivas através de mo, trauma abdominal, uso de fármacos como azatioprina,
sua porção exócrina, quanto na secreção de insulina e gluca- corticosteroides (controverso), brometo de potássio isolado ou
gon pela porção endócrina. Envolvendo a porção exócrina, a associado ao fenobarbital, alguns pesticidas, zinco (intoxicação)
principal alteração evidenciada é a pancreatite, enquanto que e raças pré-dispostas (Schnauzer miniatura, Pastor Alemão,
no pâncreas endócrino a principal moléstia é o Diabetes Pastor de Shetland, Yorkshire Terrier, Poodle miniatura,
mellitus. Todavia, o pâncreas pode ser acometido por diversas Bichon Frise, Cavalier King Charles Spaniel, Collie, Boxer e
patologias, dentre elas neoplasias, processos isquêmicos, Cocker Spaniel entre os cães e gatos Siameses).
parasitológicos, traumas ou ainda por doenças idiopáticas. O tratamento deve ser baseado em terapia de suporte, porém,
A pancreatite refere-se à inflamação do pâncreas exócrino, e é tendo como principais objetivos a correção da desidratação,
a doença pancreática exócrina mais comum em cães e gatos. analgesia e a reposição de enzimas pancreáticas aliado ao
Os sinais clínicos mais frequentemente reportados são: ano- manejo nutricional. E como terapia adjuvante antibióticos,
rexia, fraqueza, letargia, vômito, diarreia, perda de peso, dor inibidores de secreção gástrica e vitaminas lipossolúveis,
abdominal, poliúria e polidipsia. Outros sintomas, como obtendo resultados satisfatórios.
anomalias neurológicas, melena, hematêmese e hemato- PANCREATINA
quézia podem também estar presentes, embora com menos Auxiliar da digestão e das deficiências pancreáticas nos casos
frequência. Importante sublinhar que muitos dos casos de de insuficiência enzimática pancreática, dispepsia, pancreatite
pancreatite felina, apresentam apenas anorexia e letargia, e e esteatorréia. Trata-se de uma associação de enzimas
nem sempre sintomas gastrointestinais, deparando-se geral- pancreáticas (protease, lipase e amilase) responsáveis pela
mente, com sinais de menor severidade que os cães, pelo fato quebra de proteínas, gorduras e carboidratos da dieta. No
de terem com maior frequência doença na forma leve ou Brasil, normalmente são extraídas de pâncreas bovino ou
crônica. suíno e são expressas em unidades de atividade padronizada
As várias apresentações clínicas, etiologias associadas e graus pela U.S. Pharmacopeia (USP) como extrato com não menos
de severidade tornam-na uma doença imprevisível e difícil de que 25.000 unidades USP para protease, 2.000 unidades USP
reconhecer, aliado ao fato de não existir um meio de diagnós- para lipase e 25.000 unidades USP para amilase por grama de
tico definitivo, sensível e específico, que permita conduzir a um pancreatina.
diagnóstico seguro e precoce desta doença. A sua elevada A pancreatina 3NF comercializada pela DrogaVET fornece,
importância clínica, tanto no cão como no gato, tem levado a no mínimo, o triplo de atividade/grama, sendo: 75.000 unida-
um grande esforço no desenvolvimento de meios de diagnós- des USP para protease, 6.000 unidades USP para lipase e
tico confiáveis, de uma classificação universal, de um trata- 75.000 unidades USP para amilase. Em cães e gatos, uma
mento ideal e à investigação de indicadores de prognóstico. dose inicial de 280 mg/kg por refeição geralmente é recomen-
Por ser considerada, na maioria dos casos, um diagnóstico de dada até a resolução dos sinais clínicos de má absorção e
exclusão e classificada clinicamente como aguda ou crônica, o esteatorréia, passando então para a metade da dose para
tratamento continua a ser principalmente sintomático, basea- manter a remissão clínica. O suco gástrico pode inativar as
do na apresentação clínica individual, severidade da doença, enzimas, no entanto, o uso de cápsulas entéricas pode não ser
complicações associadas e ao estado metabólico do animal, tão efetivo quanto o pó misturado com o alimento, pois uma
havendo também algum desacordo entre os vários artigos vez que o pH do duodeno pode estar ácido em decorrência da
pesquisados. É ainda de salientar, a importância da pesquisa pancreatite isso faz com que a cápsula não liberte as enzimas
de outras enfermidades frequentemente associadas à pancre- ativas no local desejado.
atite, como colangite/colangiohepatite, doença inflamatória Para contornar isso, alguns pesquisadores indicam misturar a
intestinal, lipidose hepática, Diabetes mellitus, insuficiência pancreatina ao alimento e fazer o uso concomitante de
pancreática exócrina e enterite, sendo o tratamento destas antagonistas dos receptores H2 (ex: cimetidina, famotidina,
muito importante, associado ao tratamento da primeira. A ranitidina) ou inibidores da bomba de prótons (ex: lansoprazol,
insuficiência pancreática exócrina (IPE) geralmente é observa- omeprazol, pantoprazol) para aumentar a quantidade de
da de forma secundária à pancreatite crônica. enzimas ativas no duodeno. Por outro lado, vale ressaltar que
Neste sentido, é essencial que o índice de suspeita de pancre- o uso de antiácidos como hidróxido de magnésio e carbonato
atite seja cada vez maior, permitindo um diagnóstico e institui- de cálcio podem diminuir a eficácia da pancreatina.
ção terapêutica no tempo certo, facultando assim as melhores Sangramento oral pode ocorrer com uso de doses elevadas de
opções aos pacientes. Fatores de risco podem ser um indício pancreatina. Este efeito pode ser reduzido umedecendo a
que auxilie na investigação, como possíveis desencadeadores mistura (pancreatina-alimento) com água ou molhos ou ainda
substituindo a ração seca pela úmida. A dose deve ser
administrada durante cada refeição, sendo misturada a o

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alimento umedecido para colocar as enzimas em contato
direto com as partículas dos alimentos, deixando em repouso, 4- Calda antioxidante hepatoprotetora
à temperatura ambiente, por 15-20 minutos antes da alimenta- SAMe (S-Adenosil-L-Metionina) 200 mg/ml
ção. Altas doses de pancreatina também podem causar Vitamina C 100 mg/ml
diarreia, cólica ou vômito, mas esses efeitos são temporários.
Não usar em pacientes alérgicos à proteína animal (bovina e Vitamina B12 100 mcg/ml
suína). Fornecer alimentação em pequenas quantidades várias Calda de morango qsp 30 ml
vezes ao dia. Fornecer dieta de alta digestibilidade, restrita
em fibras e rica em triglicerídeos de cadeia média. Redução do estresse oxidativo, hepatoprotetor e alívio da
dor abdominal, causados pelos mediadores inflamatórios
SUGESTÕES DE FÓRMULAS: e radicais livres liberados na progressão da pancreatite.
1- Pancreatina em sachê Além disso, a suplementação de vitamina B12 é necessá-
Cães: 0,5-6 g/animal ria em casos de hipocobalaminemia muito comum em
Pancreatina
Gatos: 0,5-2 g/animal pacientes com insuficiência pancreática exócrina, doença
Sabor carne qsp 90 unidades inflamatória intestinal e/ou supercrescimento bacteriano
intestinal.
Associação de enzimas pancreáticas (lipase, amilase e
Dar 1ml para cães de 10kg ou gatos de 3-5kg de peso
protease) para terapia de reposição da insuficiência pan-
corpóreo via oral em jejum, ideal 1 hora antes da principal
creática exógena.
refeição para melhor absorção.
Misturar o conteúdo de 1 sachê ao alimento úmido cerca
5- Molho de alta digestibilidade
de 20 minutos antes de cada refeição.
Ômega 3 150 mg/ml
2- Pancreatina em pó com vitaminas lipossolúveis
TCM 250 mg/ml
Vitamina A 1000 UI/2,8 g
Vitamina A 500 UI/ml
Vitamina D3 100 UI/2,8 g
Vitamina B12 25 mcg/ml
Vitamina E 10 UI/2,8 g
Vitamina D3 50 UI/ml
Pancreatina sabor frango qsp 500 g
Vitamina E 5 UI/ml
Auxílio digestivo, fortificado com vitaminas lipossolúveis A, Molho sabor salmão qsp 50 ml
D e E, em terapia de reposição onde a digestão de proteí-
nas, carboidratos e gorduras é inadequada devido à insufi- Associação de antioxidantes, triglicerídeos de cadeia
ciência pancreática exócrina e o metabolismo destas média e vitaminas deficientes em casos de pancreatites.
vitaminas essenciais é insuficiente. Melhora o aporte energético, visto que contém carboidra-
(Cães e gatos 280 mg/kg): Misturar ao alimento úmido tos, proteínas e lipídeos provenientes da fórmula do
cerca de 20 minutos antes de cada refeição: 1 colher de molho, oferecendo uma dieta de alta digestibilidade,
chá ou colher medida (5 ml = 2,8 g) para animais de 10kg isenta de fibras. Aumenta a umidade do alimento seco
ou 1/2 colher de chá ou colher medida (2,5 ml = 1,4 g) para para incubação da pancreatina e combate a hipocobala-
animais de 5kg. minemia.
Misturar ração + pancreatina + molho e deixar descansar
3- Pancreatina em xarope diet
por 20 minutos antes de oferecer a alimentação ao
Pancreatina 250 mg/ml animal. Fornecer esta mistura 2 a 3x ao dia na seguinte
Xarope diet sabor banana qsp 30 ml quantidade de molho: 2ml para cães de 10kg ou 1ml para
gatos de 3-5kg de peso corpóreo. A quantidade de
Associação de enzimas pancreáticas (lipase, amilase e pancreatina deve ser ajustada conforme a necessidade de
protease) para terapia de reposição da insuficiência cada paciente. Adicionar mais água ao alimento, caso a
pancreática exógena em aves e coelhos e para ajudar no quantidade de molho não tenha sido suficiente para
tratamento de tricobezoares gástricos (bolas de pelo) e umedecer toda a quantidade de alimento administrada.
estase gastrointestinal em coelhos. O xarope diet não
6- Filme oral de mirtazapina
contém proteínas, carboidratos ou lipídeos que possam
prejudicar a ação da pancreatina no organismo do animal Mirtazapina Cães: 0,6 mg/kg/filme
Gatos: 1,9 mg/animal/filme
e fornece um pH ideal para garantir sua estabilidade
química até o final do prazo de validade do produto. Filme oral sabor queijo qsp 10 unidades

Dar 1ml/kg de peso corpóreo via oral antes de cada Antiemético e estimulante do apetite em casos de
refeição (0,1ml para cada 100g de peso corporal). vômitos e perda de apetite em pacientes com pancreatite
crônica.
Administrar 1 unidade a cada 24h quando necessário.

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7- Gel transdérmico de famotidina

Famotidina Cães: 0,5-1 mg/kg/dose


Gatos: 0,5 mg/kg/dose
Administrar por sonda esofágica 1/2 dose (2,5 ml) a cada
Gel transdérmico qsp 120 doses
12h, podendo iniciar com 1/4 da dose (1,25 ml) nos dois
Antagonista dos receptores H2, útil na redução da acidez primeiros dias, que vai sendo aumentada lentamente
gástrica. Recomendado em pacientes com pancreatite para permitir a adaptação do animal anorético ao volume
aguda, em que a integridade da mucosa gástrica esteja e aumento da proteína.
comprometida e para reduzir a destruição das enzimas
pelo ácido gástrico em pacientes que façam uso de 10- Sugestões de antibióticos em caso de supercrescimento
bacteriano intestinal decorrente da pancreatite
pancreatina pó misturada ao alimento (este último perma-
nece controverso entre alguns pesquisadores). Cães
Aplicar 1 dose 1-2x/dia nas regiões com poucos pelos das Metronidazol 10-20 mg/kg q24h VO por 7-14 dias
(1ª escolha) ou Tetraciclina 20 mg/kg q8h VO
orelhas.
por 21 dias ou Tilosina 20-30 mg/kg q24h VO
8- Pasta oral de tramadol
Gatos
Tramadol Cães: 2-10 mg/kg/dose
Gatos: 1-4 mg/kg/dose Enrofloxacina 5 mg/kg q12h VO

Pasta oral sabor picanha qsp 30 doses


11- Sugestões de hipoglicemiantes orais em caso de diabetes
Analgésico de ação central para o controle da dor abdomi- mellitus não dependente de insulina
nal em animais com pancreatite.
Cães Gatos
Administrar oralmente 1 dose a cada 6-8h em cães e a Clorpropamida 10-40 mg/kg q24h VO após a alimentação
cada 8-12h em gatos. O tramadol também pode ser feito 15-25 mg/kg q12h VO
em gel transdérmico. 2-10 mg/kg
Metformina ou 500-1700 mg/animal
q12h VO
9- Suplemento nutricional para Lipidose Hepática Felina dividido em 2 tomadas

Vitamina A 1045 UI
Vitamina B1 50 mg
Vitamina B6 1 mg
Vitamina B12 2 mcg
Vitamina D3 240 UI REFERÊNCIAS
Ácido Nicotínico 2 mg ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008.
CARDOSO, C. F. B. G. Abordagem da pancreatite canina e felina: do diagnóstico clínico ao
Cálcio 0,676 mg diagnóstico histopatológico. 2015, 125f. Dissertação (Mestrado), Orientador Prof. Dr. Rui
Ferreira de Almeida, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, 2015.
Potássio 0,41 mg KUMAR, P; REKHA, R.R; KUMAR, M; KUMAR, S; CHAKRABARTI, A. Current practice and
research updates on diabetes mellitus in canine. Veterinary World (2014) 7(11): 952-959.
Ferro 0,53 mg JOHNSTON, C. A; DICKINSON, V. S. M; ALCORN, J; GAUNT, M. C. Pharmacokinetics and oral
bioavailability of metformin hydrochloride in healthy mixed-breed dogs. American Journal of
Magnésio 0,42 mg Veterinary Research, October 2017, Vol. 78, No. 10 , Pages 1193-1199.
MADDISON, J. E.; PAGE, S. W.; CHURCH, D. B. Farmacologia clínica de pequenos animais. 2
Ácido Fólico 0,2 mg ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MOREIRA, T. A; GUNDIM, L. F; MEDEIROS-RONCHI, A. A. Patologias pancreáticas em cães:
Taurina 500 mg revisão de literatura. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 20, n. 2, p. 109-115,
abr./jun. 2017.
Arginina 1000 mg PAPICH, M.G. Manual Saunders terapia veterinária: pequenos e grandes animais. 3.ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2012.
L-Carnitina 250 mg OLIVEIRA, V. S. Insuficiência pancreática exócrina em cães – revisão bibliográfica. 2017,
57f. Dissertação (TCC) – Universidade de Brasília, Orientadora Prof. Christine Souza Martins,
Zinco 7 mg Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, 2017.
PLUMB, D. C. Plumb’s Veterinary Drug Handbook. 7th ed. Ames, Iowa: Wiley-Blackwell, 2011.
Vitamina E 200 mg RODRIGUES, E. M. G. S. Estudo retrospectivo de diagnóstico post mortem de felinos
portadores de pancreatite atendidos no hospital de clínicas veterinárias da Universidade
Veículo qsp 5 ml Federal do Rio Grande do Sul. 2017, 48f. Dissertação (TCC) – UFRGS, Orientadora Prof.
Anelise Bonilla Trindade Gerardi, Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio
Hepatopatia felina caracterizada por acúmulo exagerado Grande do Sul, 2017.
VIANA, F. A. B. Guia terapêutico veterinário. 3.ed. Lagoa Santa: CEM, 2014.
de lipídeos no fígado. A lipidose hepática tem sido
frequentemente associada a pancreatite felina.

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