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SUMÁRIO

1. Introdução ..................................................................... 3
2. Estrutura e Metabolismo das Bactérias............. 4
3. Classificação dos Fármacos Antibacterianos .6
4. Resistência Antimicrobiana ................................... 9
5. Tipos e Objetivos do Tratamento
Antimicrobiano................................................................11
6. Escolha do antibiótico ............................................13
7. Principais Classes de Antibióticos.....................16
Referências bibliográficas:.........................................20
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 3

1. INTRODUÇÃO toxicidade seletiva, isto é, devem ser


tóxicos para a bactéria, porém inócu-
Os fármacos antimicrobianos são
os para o hospedeiro humano. Os se-
substâncias químicas de origem natu-
res humanos e as bactérias possuem
ral ou sintética que suprimem o cres-
a mesma matriz — o DNA — e muitos
cimento ou promovem a destruição
processos bioquímicos são comuns a
de microrganismos, incluindo bacté-
ambos. Todavia, existem componen-
rias, fungos, helmintos, protozoários
tes e processos metabólicos na célula
e vírus. O termo antibiótico, elabora-
bacteriana que são suficientemente
do originalmente para descrever um
diferentes daqueles existentes nos
agente químico produzido por um mi-
seres humanos, de forma a tornar-
cro-organismo que matava ou impe-
-se alvos potenciais para os fármacos
dia o crescimento de um outro micro-
antibacterianos.
-organismo, está atualmente incluído
na expressão agente antibacteriano e Tais fármacos também devem ser ca-
muitas vezes é usado como sinônimo. pazes de penetrar nos tecidos huma-
nos para atingir o local da infecção.
Os fármacos antimicrobianos efica-
Os microrganismos podem adquirir
zes possuem certos atributos fun-
resistência aos vários fármacos an-
damentais. Para minimizar os efeitos
timicrobianos e, em seguida, serão
adversos em seres humanos, a maio-
menos afetados por eles, por isso há
ria é projetada para atuar seletiva-
um esforço contínuo para descobrir e
mente em processos que são distin-
desenvolver fármacos que evitem ou
tivos ou únicos para o patógeno-alvo.
superem os mecanismos evolutivos
Tal característica é conhecida como
de resistência.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 4

MAPA MENTAL: FÁRMACOS ANTIBACTERIANOS

Suprimem o
crescimento e/ou
matam as bactérias

Fármacos
Antibacterianos

Substâncias
Toxicidade Seletiva químicas de origem
natural ou sintética

2. ESTRUTURA E METABOLISMO DAS BACTÉRIAS


As bactérias são microrganismos classificados como procarióticos, ou seja, cé-
lulas sem núcleos.

HORA DA REVISÃO! Todos os microrganismos podem ser classificados ou como procari-


óticos, células sem núcleos (p. ex., as bactérias), ou eucarióticos, células com núcleos (p. ex.,
protozoários, fungos, helmintos). Em uma categoria à parte estão os vírus, que necessitam
utilizar a maquinaria metabólica da célula hospedeira para replicar. Ainda restam aqueles
misteriosos agentes proteináceos, os príons, que causam doença, porém resistem a todas as
tentativas de classificação e de tratamento.

Figura 1. Diagrama da estrutura e do metabolismo de uma célula bacteriana típica.


Fonte: Rang & Dale Farmacologia, 2016.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 5

Circundando a célula está a parede circunscreve o citoplasma, mas as


celular, composta por peptideoglica- células bacterianas não apresentam
nos em todas as formas de bacté- núcleo; em vez disso, o material ge-
rias, exceto no Mycoplasma. O pep- nético, na forma de um único cro-
tideoglicano é único para as células mossomo contendo toda a informa-
procarióticas e não apresenta uma ção genética, reside no citoplasma
contraparte nas eucarióticas. Dentro sem membrana nuclear circundante.
da parede celular está a membrana Também contrastando com as células
plasmática, que, como nas células eu- eucarióticas, não existem mitocôn-
carióticas, é constituída de dupla ca- drias – a energia celular é gerada por
mada de fosfolipídeos e de proteínas. sistemas enzimáticos localizados na
Ela funciona como uma membrana membrana plasmática.
de permeabilidade seletiva, com me- Algumas bactérias apresentam
canismos de transporte específicos componentes adicionais relevantes
para vários nutrientes. Entretanto, na para a quimioterapia, incluindo uma
bactéria, a membrana plasmática não membrana externa, exteriormente
contém esteróis (p. ex., colesterol), e à parede celular. Isso determina se
isso pode modificar a entrada de al- elas concentram o corante de Gram
gumas substâncias químicas. (“Gram-positivas”) ou não (“Gram-
A parede celular sustenta a mem- -negativas”). Nas bactérias Gram-
brana plasmática subjacente e am- -negativas, essa membrana previ-
bas, em conjunto, formam o envelo- ne a penetração de alguns agentes
pe bacteriano. Tal como nas células antibacterianos.
eucarióticas, a membrana plasmática

MAPA MENTAL: ESTRUTURA E METABOLISMO DAS BACTÉRIAS

Impede a penetração
de alguns agentes Células procariontes:
antibacterianos não têm núcleo!

Algumas podem Parede celular +


conter uma membrana membrana celular +
externa à parede celular ribossomos + DNA

Gram Positivos: não têm Gram Negativos: têm a


a membrana externa membrana externa
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3. CLASSIFICAÇÃO Para que os antibacterianos sejam


DOS FÁRMACOS bactericidas, devem ser administra-
ANTIBACTERIANOS dos na concentração adequada; uma
concentração muito baixa pode tor-
A classificação dos fármacos antibac-
ná-los apenas bacteriostáticos.
terianos é realizada de várias manei-
ras que muitas vezes se sobrepõem. Em segundo lugar, os antibacteria-
nos podem ser agrupados de acordo
Em primeiro lugar, eles podem ser
com os seus mecanismos de ação:
bacteriostáticos ou bactericidas.
Essa categorização depende, em gran- • Inibição da síntese de peptideo-
de parte, da concentração de fármaco glicanos da parede celular bacte-
que pode ser conseguida, com segu- riana ou ativação de enzimas que
rança, no plasma sem causar toxicida- atuam na parede celular. Exem-
de significativa na pessoa que o toma. plos: β-lactâmicos (penicilinas, ce-
falosporinas, monobactâmicos e
Os antibacterianos bacteriostáticos
carbapenêmicos), glicopeptídeos,
inibem o crescimento bacteriano, mas
fosfomicina.
não destroem as bactérias nas con-
centrações plasmáticas que são segu- • Aumento da permeabilidade da
ras para os seres humanos; contudo, membrana de fosfolipídios de cé-
a inibição do crescimento bacteriano lulas bacterianas, levando ao va-
permite que os mecanismos imunes zamento de conteúdos intrace-
do hospedeiro eliminem a bactéria. lulares. Exemplos: polimixinas e
Tais fármacos serão menos eficazes daptomicina.
em indivíduos imunocomprometidos
• Prejuízo à função ribossômica bac-
ou quando as bactérias estiverem
teriana, produzindo inibição rever-
dormentes e não se dividindo.
sível da síntese proteica. Exemplos:
Já os antibacterianos bactericidas aminoglicosídeos, macrolídeos, lin-
matam as bactérias em concentra- cosamidas, tetraciclinas, glicilcicli-
ções plasmáticas seguras para os nas, estreptograminas, oxazolidi-
seres humanos, mas os mecanismos nonas, cloranfenicol.
imunológicos ainda desempenham
um papel na eliminação final das bac- • Bloqueio seletivo de vias metabó-
térias. Alguns fármacos bactericidas licas bacterianas. Exemplos: trime-
são mais eficazes quando as células toprima e sulfonamidas.
bacterianas estão se dividindo ativa- • Interferência no metabolismo de
mente e, portanto, podem ser menos DNA ou RNA bacteriano. Exem-
eficazes se administrados em conjun- plos: fluoroquinolonas, rifamicinas,
to com um fármaco bacteriostático. nitromidazóis, nitrofuranos.
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Figura 2. Mecanismos de ação das principais classes de fármacos antibacterianos.


Fonte: Farmacologia Médica e Terapêutica, 2019.

Em terceiro lugar, os antibacte- contra bactérias, sendo limitado (fár-


rianos podem ser classificados de macos de curto espectro) ou extenso
acordo com o seu espectro de ação (fármacos de amplo espectro).
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 8

MAPA MENTAL: CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBACTERIANOS POR MECANISMOS DE AÇÃO

ATB: ATB’s que afetam a síntese Formada principalmente por


antibiótico do peptideoglicano: fosfolipídeos e proteínas,
penicilina, cefalosporinas, sendo em geral similar MP
vancomicina, das células humanas. As
monobactâmicos, polimixinas exercem efeito
carbapenêmicos e tóxico seletivo sobre as MPs
ciclosserina. bacterianas.

Parede celular Membrana plasmática (MP)

Síntese de proteínas

Membrana externa O ribossomo bacteriano


possui uma subunidade
30S e uma 50S, sendo um
bom alvo, uma vez que é
Faz parte da parede
diferente do ribossomo
celular apenas nas bactérias
humano, que possui
Gram-negativas.
Genoma bacteriano subunidade 60S e 40S. A
síntese proteica é inibida
por aminoglicosídeos,
O metabolismo, a replicação cloranfenicol, eritromicina,
Metabolismo de nucleotídeos e a transcrição do DNA e tetraciclinas e puromicina.
do RNA são, em muitos
aspectos, similares aos dos
seres humanos. Entretanto, a
O ácido fólico é necessário para a síntese
topoisomerase II bacteriana
de nucleotídeos. Diferente dos humanos,
é diferente, sendo um bom
as bactérias precisam sintetizar seu próprio
alvo para fármacos como as
ácido fólico a partir do PABA. Esse processo
fluoroquinolonas. Existem
proporciona bons alvos para fármacos,
também inibidores específicos
como as sulfonamidas e a trimetoprima.
da RNA polimerase bacteriana
(rifampicina).
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 9

4. RESISTÊNCIA bombas de efluxo de Staphylococ-


ANTIMICROBIANA cus aureus frente às quinolonas;
A resistência antimicrobiana é a ca- • Alteração estrutural na molécula-
pacidade que os micróbios possuem -alvo para o fármaco antibacteria-
para crescer na presença de um fár- no; como exemplos, têm-se proteí-
maco que normalmente os matariam nas de ligação à penicilina mutantes
ou limitariam seu crescimento. A re- em enterococos resistentes que
sistência aos fármacos antibacte- têm baixa afinidade pela ligação
rianos pode ser intrínseca à bactéria às cefalosporinas, e di-hidrofolato
(resistência inata) ou adquirida por redutase mutada que não é inibida
modificação de sua estrutura genéti- pela trimetoprima.
ca (resistência adquirida).
Existem 4 processos gerais pelos
quais uma bactéria pode adquirir
resistência aos fármacos antibac-
terianos. São eles:
• Modificação da bactéria, de modo
a produzir enzimas que inativam o
fármaco; os exemplos são as en-
zimas β-lactamases, que inativam
algumas penicilinas, e enzimas
Figura 3. Mecanismos de resistência dos microrganis-
que acetilam e, consequentemen- mos a antibacterianos.
te, inativam os aminoglicosídeos; Fonte: Farmacologia clínica, 2017.

• Modificação da bactéria para que


a penetração do fármaco seja re- Os principais mecanismos pelos
duzida; um exemplo é a ausência quais as bactérias desenvolvem re-
da proteína de membrana porina sistência adquirida aos fármacos
D2 em Pseudomonas aeruginosa antibacterianos são: mutação es-
resistente, que previne a penetra- pontânea, conjugação, transdução
ção do antibacteriano β-lactâmico e transformação.
Imipenem;
Uma mutação genética simples em
• Expressão de bombas de efluxo uma população bacteriana leva aos
que removem o antibacteriano da organismos resistentes que sobre-
célula mais rapidamente do que vivem e crescem seletivamente en-
sua entrada; um exemplo são as quanto bactérias sensíveis são mor-
tas por um fármaco antibacteriano.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 10

Isso é chamado evolução vertical. Os


outros 3 mecanismos envolvem aqui-
sição de material genético de outros
organismos resistentes, conferindo,
assim, resistência. Isso é chamado
evolução horizontal.
A conjugação se dá pelo contato di-
reto célula a célula e, geralmente, en-
volve a transferência de fragmentos
circulares autorreplicantes de DNA Legenda:
(plasmídeos), que podem conter múl- 1 – DNA cromossômico
tiplos genes de resistência. Um trans- 2 – Plasmídeo
póson (uma sequência de DNA que 3 - Pilus
pode mudar sua posição relativa den-
tro do genoma) pode facilitar a trans- Figura 4. Conjugação bacteriana.

ferência de seções de DNA de um Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-


-2-Desenho-esquematico-da-conjugacao-bacteriana-
organismo para outro, saltando para -1-DNA-cromossomico-2_fig2_316841484
DNA de plasmídeo. A transferência
do plasmídeo ocorre através de uma
estrutura de conexão chamada pilus. As bactérias são susceptíveis à in-
O plasmídeo pode permanecer fora fecção por vírus conhecidos como
do genoma da bactéria ou pode ser bacteriófagos. Durante a replicação
incorporado nele, quando é mais es- dos bacteriófagos, o DNA das cé-
tável, porém menos transmissível. A lulas bacterianas hospedeiras (con-
conjugação é, de longe, a fonte mais tendo genes de resistência) pode ser
importante de transferência extrínse- replicado juntamente com o DNA do
ca de DNA entre bactérias. bacteriófago e levado ao vírus. O fago
que transporta os genes de resistên-
cia pode, então, infectar outras células
bacterianas e espalhar a resistência
(transdução). Esse método de resis-
tência adquirida é raro.
A transformação consiste na incor-
poração de DNA de bactérias mortas
por bactérias vivas que podem espa-
lhar genes de resistência.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 11

MAPA MENTAL: RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Processos de Resistência Mecanismos de Resistência

Produção de enzimas que


Mutação genética
inativam o fármaco

Modificação da bactéria para que a OCORREM


Conjugação
penetração do fármaco seja reduzida DEVIDO A:

Expressão de bombas de efluxo


Transdução
que removem o fármaco da célula

Alteração estrutural na
Transformação
molécula-alvo para o fármaco

infecções oportunistas em pacientes


5. TIPOS E OBJETIVOS imunossuprimidos, como nos pacien-
DO TRATAMENTO tes com HIV-Aids e com contagem
ANTIMICROBIANO de linfócitos CD4+ menor que 200
Considerando o momento ao longo da li- células/mm³.
nha de progressão da doença em que o O tratamento preventivo é usado
tratamento é iniciado, este pode ser pode como substituto à profilaxia univer-
ser profilático, antecipatório ou preventi- sal e como tratamento precoce diri-
vo, empírico, definitivo ou supressor. gido aos pacientes de alto risco que
A profilaxia consiste em tratar pacien- já tenham indícios laboratoriais ou
tes que ainda não estão infectados ou outro teste indicando que um pa-
não desenvolveram a doença. O ob- ciente assintomático se tomou infec-
jetivo é evitar a infecção ou impedir o tado. O princípio desse tratamento é
desenvolvimento de uma doença po- que sua administração antes do de-
tencialmente perigosa em indivíduos senvolvimento dos sinais e dos sin-
que já têm evidências de infecção. Em tomas (pré-sintomático) erradica a
condições ideais, um único fármaco doença iminente. Deve ter duração
eficaz e atóxico consegue evitar a in- curta e pré-definida. Um exemplo da
fecção por um microrganismo espe- utilização deste tipo de tratamento
cífico ou erradicar a infecção em fase é para evitar a doença causada por
inicial. Um exemplo é a profilaxia das citomegalovírus (CMV) depois dos
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 12

transplantes de células-tronco hema- um patógeno é isolado e os resulta-


topoiéticas e órgãos sólidos. dos dos testes de sensibilidade estão
O tratamento empírico consiste na disponíveis. O tratamento com um
iniciação do tratamento baseado na único fármaco é preferível para redu-
apresentação clínica, que pode suge- zir os riscos de toxicidade e seleção
rir o microrganismo específico, assim de patógenos resistentes, embora
como no conhecimento dos microrga- haja situações especiais nas quais há
nismos mais prováveis de causarem evidências inequívocas a favor do tra-
infecções específicas em determina- tamento combinado. A duração deve
dos hospedeiros, antes da confirma- ser a menor possível. Os princípios da
ção laboratorial da própria infecção e utilização de terapia combinada são:
do patógeno. Sempre deve ser ava- evitar resistência, acelerar a rapidez
liado se o tratamento está realmente da atividade microbicida, aumentar a
indicado. Com algumas doenças, o eficácia terapêutica ou ampliar a ativi-
custo de esperar alguns dias por indí- dade microbicida e reduzir a toxicida-
cios microbiológicos de infecção é pe- de (como nos casos em que a eficácia
queno. Em outro grupo de pacientes, plena de um antibacteriano pode ser
os riscos de esperar são altos, tendo conseguida apenas com doses tóxi-
como base o estado imune do indiví- cas e a administração de um segundo
duo ou outros fatores de risco que re- fármaco produz efeitos aditivos).
conhecidamente agravam o prognós- O tratamento supressor consiste no
tico. Existem técnicas laboratoriais tratamento mantido com dose mais
simples e rápidas para auxiliar nessa baixa após o controle da doença ini-
decisão, como o exame de secreção cial com o antimicrobiano. O objetivo
e líquidos corporais infectados com o é mais propriamente de profilaxia se-
corante de Gram. Esses exames au- cundária. Isso ocorre porque, nesses
xiliam a reduzir a lista de patógenos casos, a infecção não foi completa-
possíveis e permitem a escolha mais mente erradicada e a anormalidade
racional do tratamento inicial. Antes anatômica ou imune que causou a in-
de iniciar o tratamento empírico, de- fecção original ainda persiste. Isso é
ve-se sempre obter os materiais para comum, por exemplo, nos pacientes
as culturas apropriadas. com Aids e nos transplantados.
O tratamento definitivo consiste no
tratamento individualizado com anti-
biótico específico empregado quando
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 13

FLUXOGRAMA: LINHA DE PROGRESSÃO DA DOENÇA/TRATAMENTO ANTIMICROBIANO

Progressão
da doença

Ausência de infecção Profilaxia

Infecção

Preventivo

Sintomas

Empírico

Isolamento do patógeno Definitivo

Regressão Supressor

6. ESCOLHA DO à coloração de gram ou por cultura di-


ANTIBIÓTICO reta. A cultura é utilizada para deter-
Para selecionar o fármaco de esco- minar a quais agentes farmacológicos
lha no tratamento de uma infecção, o microrganismo é suscetível.
vários fatores devem ser levados em FATORES A SEREM CONSIDERADOS
consideração, incluindo fatores dos NA SELEÇÃO DE UM ANTIBIÓTICO

microrganismos, fatores do hospedei- Identificação do


microrganismo
ro e fatores relacionados ao próprio Fatores dos
microrganismos Suscetibilidade (CIM,
fármaco. O microrganismo deve ser
CBM)
identificado, sempre que possível, uti-
lizando microscopia óptica associada
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 14

FATORES A SEREM CONSIDERADOS concentrações plasmáticas obtidas


NA SELEÇÃO DE UM ANTIBIÓTICO em esquemas posológicos factíveis
Alergia ao fármaco e não tóxicos, afirmando-se que há
Variabilidades far-
sensibilidade quando a CIM for infe-
macêuticas (efeito
da alimentação na
rior a tais concentrações. Usualmen-
absorção do fár- te, bactérias são consideradas sensí-
maco, doenças que veis quando a CIM situa-se abaixo de
afetam a absorção
1 μg/mL. Pode apresentar variações
do fármaco, impacto
de outros fárma- em decorrência da prevalência de uso
Fatores dos hospedeiros
cos que alterem a dos antimicrobianos em diferentes
biotransformação) instituições e áreas geográficas.
Função hepática/
renal A concentração bactericida mínima
Gravidez/lactação (CBM) corresponde à menor concen-
Sítio da infecção tração do fármaco, in vitro, capaz de
Sinais e sintomas destruir culturas de microrganismos.
(febre, mal-estar, Para os antibacterianos bacteriostá-
leucocitose, drena-
ticos, as CIMs do fármaco são bem
gem purulenta, etc)
menores que as CBMs. Essa classifi-
Econômicos
cação é controversa, podendo alguns
Penetração tecidual
agentes bacteriostáticos ser bacteri-
Toxicidade do
Fatores dos fármacos
fármaco cidas, dependendo do patógeno em
Prevenção da questão, da dose e da concentração
resistência do fármaco no local de infecção. Em
Tabela 1. Fatores a serem considerados na seleção de situações em que o sistema imune
um antibiótico.
do paciente esteja comprometido, os
Fonte: Kester et al., 2008
agentes bactericidas devem ser pre-
feridos aos bacteriostáticos. Em al-
A concentração inibitória mínima (CIM) guns casos, as altas concentrações
corresponde à menor concentração necessárias para a ação antibacte-
do fármaco capaz de inibir a multipli- riana impossibilitam seu uso clínico,
cação de determinada cepa bacteria- dada a toxicidade do fármaco ao pa-
na. A CIM está correlacionada com as ciente. Nesse caso, as bactérias são
consideradas resistentes às doses
usuais dos antimicrobianos.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 15

Figura 5. Microbiota normal do ser humano.


Fonte: https://aia1317.fandom.com/pt-br/wiki/Microbiota_e_o_Corpo_Humano_-_Microbiota_Normal_e_sua_Fun%-
C3%A7%C3%A3o
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 16

SE LIGA! Antes de prescrever um anti- oxazolidinonas, os anfenicóis, as lin-


biótico, o médico deve responder às se-
guintes perguntas:
cosaminas, algumas polimixinas e a
tigeciclina.
É indicado o uso de antibiótico?
Foi obtido material para exame laborato- Os β-lactâmicos atuam inibindo a sín-
rial e cultura? tese da parece celular e são represen-
Quais são as bactérias mais prováveis tados pela penicilinas, cefalosporinas,
no caso em questão? carbapenêmicos, monobactâmicos e
Se houver diversos antibióticos disponí- inibidores de β-lactamases.
veis, qual o melhor?
Os glicopeptídeos também atuam
A associação de antibióticos é
adequada?
inibindo a síntese da parede celular,
sendo bacteriostáticos contra Ente-
Quais são os importantes fatores refe-
rentes ao paciente? roccus e sem atividade contra Gram
Qual a melhor via para administração do
negativos. São representados pela
antibiótico? Vancomicina e Teicoplanina.
Qual a dose apropriada? Os Aminoglicosídeos inibem a síntese
O tratamento inicial precisa ser modifi- proteica através da ligação ao RNAm,
cado, após o conhecimento dos resulta- produzindo proteínas defeituosas (in-
dos da cultura?
clusive as da membrana plasmática),
Qual a duração do tratamento, e há pos-
levando a lise celular. São representa-
sibilidade de aparecimento de resistên-
cia durante tratamento prolongado? dos pela Estreptomicina, Gentamicina
e Amicacina.
As Quinolonas agem bloqueando a
7. PRINCIPAIS CLASSES
atividade das topoisomerases e são
DE ANTIBIÓTICOS
representadas pelo Ácido Nalidíxico,
Como já abordado anteriormente, os Norfloxacino, Ciprofloxacino, Levoflo-
antibióticos podem ser divididos em xacino e Moxifloxacino.
dois grandes grupos: bactericidas e As Polimixinas têm ação sobre a
bacteriostáticos. Dentro desses gru- membrana plasmática de bactérias
pos, existem algumas classes de an- Gram negativo, ligando-se aos LPSs
tibióticos que possuem mecanismos da membrana externa e se integran-
de ação e indicações diversas. do à estrutura fosfolipídica da mem-
O grupo dos bactericidas é compost brana plasmática, gerando desconti-
pelos β-lactâmicos, glicopeptídeos, nuidades letais à célula.
aminoglicosídeos, quinolonas e poli- Os Macrolídeos inibem a síntese pro-
mixinas. Já dentro do grupo dos bac- teica, por meio da ligação à subunidade
teriostáticos, temos os macrolídeos, 50s do RNAr. São representados pela
as tetraciclinas, as sulfonamidas, as
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 17

Azitromicina, Claritromicina, Eritromi- As Oxazolidinonas inibem a síntese


cina, Roxitromicina e Telitromicina. proteica através da ligação à subu-
As Tetraciclinas inibem a síntese pro- nidade 50s. São representadas pela
teica, impedindo a ligação do RNAt ao Linezolida e indicadas, principalmen-
ribossomo. São representadas pela te, para Gram positivos resistentes a
Tetraciclina, Doxiciclina e Minociclina. β-lactâmicos e glicopeptídeos.
As Sulfonamidas agem inibindo a Cada classe será abordada com
síntese dos ácidos nucleicos e são maiores detalhes em aulas e Super
representadas pela Sulfadiazina e Materiais próprios.
Sulfametoxazol.
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 18

MAPA MENTAL: PRINCIPAIS CLASSES DE ANTIBIÓTICOS

BACTERICIDAS BACTERIOSTÁTICOS

β-lactâmicos: penicilinas, cefalosporinas, Macrolídeos: azitromicina, claritromicina,


carbapenêmicos, monobactâmicos,
inibidores de betalactamases eritromicina, roxitromicina, telitromicina

Tetraciclinas: tetraciclina,
Glicopeptídeos: vancomicina e teicoplanina
doxiciclina, minociclina

Aminoglicosídeos: estreptomicina,
Sulfonamidas: sulfadiazina, sulfametoxazol
gentamicina, amicacina

Quinolonas: ácido nalidíxico, norfloxacino,


Oxazolidinonas: linezolida
ciprofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino

Polimixinas Anfenicóis: cloranfenicol, tianfenicol

Lincosaminas: clindamicina

Polimixinas: polimixina B, polimixina E


INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 19

MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA

Substâncias químicas de Mecanismos de Resistência:


Toxicidade Seletiva
origem natural ou sintética mutação genética,
conjugação, transdução,
transformação

Fármacos
Antibacterianos OCORREM
DEVIDO A:

Bacterióstaticos: Bactericidas:
Processos de Resistência
suprimem o crescimento matam as bactérias

β-lactâmicos: penicilinas, Macrolídeos: azitromicina,


cefalosporinas, carbapenê- Produção de enzimas que
claritromicina, eritromicina,
micos, monobactâmicos, inativam o fármaco
inibidores de betalactamases roxitromicina, telitromicina

Modificação da bactéria
Glicopeptídeos: Tetraciclinas: tetraciclina,
para que a penetração do
vancomicina e teicoplanina doxiciclina, minociclina
fármaco seja reduzida

Aminoglicosídeos: Expressão de bombas


Sulfonamidas: sulfadiazina,
estreptomicina, gentamicina, de efluxo que removem o
sulfametoxazol
amicacina fármaco da célula

Quinolonas: ácido nalidíxico, Alteração estrutural


norfloxacino, ciprofloxacino, Oxazolidinonas: linezolida na molécula-alvo
levofloxacino, moxifloxacino para o fármaco

Anfenicóis: cloranfenicol,
Polimixinas
tianfenicol

Lincosaminas: clindamicina

Polimixinas: polimixina B,
polimixina E
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 20

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
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Brunton, Laurence L. Chabner, Bruce A. Knollmann, Bjorn C. As bases farmacológicas da
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Silva, Penildon. Farmacologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013
INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA 21

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