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Resumo Suplementação:
Não existe indicação para pessoas saudáveis e bem alimentadas;
Mesmo em determinadas doenças, o nível de evidencia é baixo;
Grande parte da suplementação é feita intravenosa;
Dosagens chegam a 0,5g/kg/dia.
Metabolismo:
A glutamina é um aminoácido não essencial. (1,2) Apenas em situações especificas, a
glutamina é considerada um aminoácido condicionalmente essencial, para os neonatos,
e condicionalmente essencial para os adultos.(3)
E quando comparada a outros aminoácidos, a glutamina pode chegar a níveis até 100x
maior, e por essa razão a glutamina é o aminoácido mais abundante do organismo. (2)
Por outro lado, os tecidos que mais consomem glutamina são: células da mucosa
intestinal, leucócitos e células do túbulo renal – apresentando uma atividade elevada
da enzima glutaminase. (1,2,6) Obs.: em certas condições como na ingestão reduzida
de carboidratos, o fígado também pode se tornar um consumidor de glutamina.(1,6)
Recomendações nutricionais:
Fontes: Carnes vermelhas, ovos, leite, tofu, milho, arroz
Suplementação nutricional:
Forma:
Glutamina livre – Metabolizada principalmente no intestino, não contribuindo para
os estoques corporais.(2)
Glutamina na forma di-peptídica (ligada a outros aminoácidos) – Consegue
alcançar a corrente sanguínea, escapando em grande parte da metabolização
intestinal.(2)
Possíveis aplicações:
Doenças inflamatórias intestinais;
Sepse;
Queimados;
Doenças hipermetabólicas;
Mucosite / Quimioterapia;
Em indivíduos saudáveis, com uma dieta balanceada, a suplementação de glutamina
não aumenta a eficácia do sistema imune e/ou previne doenças.(2)
É importante ressaltar que grande parte dos estudos utiliza a suplementação via
endovenosa, não se obtendo os mesmo resultados quando utilizada a suplementação
oral.
Indivíduos saudáveis:
Não existe um respaldo científico para a suplementação se tratando de seres humanos
saudáveis e bem alimentados.(7,9)
Atletas / desempenho:
A suplementação de glutamina para fins de melhora de rendimento, alteração de
composição corporal ou modificação na degradação proteica associada ao treinamento
de força não apresentou resultados significativos.(4,10,11)
A suplementação antes e depois da prática de exercícios não gerou alterações imunes. (7)
Imunidade: (+)
A suplementação de glutamina não tem efeitos em neutrófilos, linfócitos, e
leucócitos (11)
Glutamina é um fator regulador das bactérias intestinais, por esse motivo se é esperado
profundos impactos na saúde tanto do intestino quanto do organismo como um
todo. (3)
Logo, a glutamina pode ser útil na modulação dessa condição de desbalanço, que
exacerba a inflamação intestinal.(2)
Cognição: (+)
Foi visto que a suplementação dietética de glutamina preveniu a diminuição devido ao
estresse de glutamato e de glutamina, de seus transportadores e da sinalização
glutamatérgica.(12)
Tem se sugerido que a glutamina pode ter um papel neuro protetor contra o
comprometimento cognitivo induzido pelo estresse oxidativo.(12)
Situações hipermetabólicas:
Distúrbios no metabolismo dos aminoácidos ou de seus intermediários, seguidos pela
proteólise do musculo esquelético são características chaves em quadros
hipermetabólicos.(2)
Em outro estudo, foi visto que a suplementação de 18g/dia de glutamina 5 dias antes e
durante o tratamento, reduziu significativamente os efeitos colaterais da quimioterapia
como, permeabilidade intestinal, absorção de nutrientes, diarreia e mucosite intestinal. (2)
Fisiologia:
Fisiologia geral:
A glutamina é o aminoácido mais abundante no sangue e na musculatura esquelética
de seres humanos. (9) Ela representa cerca de 20% do total de aminoácidos livres.(4,7)
Principais funções:
Aminoácido constituinte das proteínas corporais.(9)
Importante substrato energético especialmente para células de rápida divisão. (9)
“Combustível” para o sistema imune.(2)
Principal carreador de nitrogênio no metabolismo proteico entre os órgãos. (1,9)
Carreador de amônia.(1)
Atuação como precursora da ureogênese e da gliconeogênese hepática e de
mediadores, como o GABA e o glutamato. (1)
Papel central na transaminação de aminoácidos; precursor de glutamato.(9)
Doador de nitrogênio para biossíntese de purina e pirimidina.(9)
Substrato-chave para ureagênese hepática e gliconeogênese.(9)
Importante substrato para amoniagênese renal e excreção de ácido.(9)
Destoxificação de amônia(1)
Manutenção do balanço ácido básico(1)
Possível regulação direta da síntese e da degradação proteica.(1)
Atuação no crescimento, no reparo e na diferenciação celular.(1,2)
Promoção e melhora na permeabilidade e na integridade intestinal.(1)
Fornecimento de energia aos fibroblastos, aumentando a síntese de colágeno. (1)
Elevação da resistência às infecções por aumento da função fagocitária. (1)
Enzimas envolvidas:
As duas principais enzimas intracelulares envolvidas no metabolismo da glutamina são
a glutamina sintetase e a glutaminase.(1)
Glutamina e intestino:
Ambos os intestinos são capazes de metabolizar grandes quantidades de glutamina,
seja pela dieta, seja pela corrente sanguínea, sendo ele o principal consumidor de
glutamina do organismo.(1,2) Entretanto, apesar de ser o principal consumidor, as
concentrações de glutamina no tecido são baixas.(2)
Nesse contexto, tem sido visto que a glutamina é capaz de estimular o crescimento da
mucosa do intestino delgado em animais além de melhorar o transporte de íons em
neonatos e em adultos.(3)
Apesar de uma patogênese complexa, é sugerido que em parte, ela pode estar
relacionada a distúrbios no metabolismo da glutamina.(5) Diversos mecanismos tem sido
propostos par a mediação dos benefícios na saúde cardiovascular, dentre eles, o
aumento da liberação do GLP-1, melhora na externalização dos transportadores de
glicose, melhora na liberação de insulina pelas células B-pancreáticas, entre outros.(5)
Além disso, tem sido visto que a razão elevada de glutamina/glutamato é associada a
um menor risco para diabetes mellitus, sendo essa a razão diminuída associada a
resistência à insulina.(5)
O GSH é antioxidante não enzimático, mais importante e mais concentrado nas células
dos mamíferos. Ele pode reagir diretamente com o ROS, gerando GSH oxidado, além
de doar elétrons para a redução do peroxido, catalisado pela enzima glutationa
peroxidase.(2)
Demonstrou-se que essa resposta ocorre após cirurgias, traumas, queimadura, sepse,
diabetes descontrolado e pancreatite.(6) E essa resposta está associada ao aumento da
suscetibilidade a infecções, sendo sugerido que isso se deve parcialmente à diminuição
do fornecimento de glutamina para células imunocompetentes.(6)
Apesar de a glutamina sérica não sofrer alteração, a glutamina local fica reduzida.(14)
Foi visto tanto em ratos quanto in vivo, que o metabolismo de glutamina é alterado na
obesidade, resultando em um aumento da cromatina O-GlcNAcylation e na expressão
de genes nas vias pró-inflamatórias.(14)
Foi visto também que o gene GLUL que codifica a glutamina sintase, que é a única
enzima sintetizadoras conhecida até hoje, fica diminuída em indivíduos obesos. (14)
Referências bibliográficas:
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diferentes fases da vida, na saude e na doença. 2 . Manole; 2020. 1369 p.
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2- Cruzat V, Rogero MM, Keane KN, Curi R, Newsholme P. Glutamine: Metabolism and
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14- Petrus P, Lecoutre S, Dollet L, Wiel C, Sulen A, Gao H, et al. Glutamine Links Obesity
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