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Tradução:

Artemise/Nix/Isis/Hígia/Gisele/Mahadeva/Inari
Revisão Inicial: Artemise
Revisão Final: Hígia
Leitura Final: Mitra
Formatação: Kytzia/Hígia
Grupo Rhealeza Traduções
04/2022
Estávamos juntos desde os quinze anos, e deveríamos estar para
sempre. Mas às vezes o amor não é suficiente.

Eu não poderia deixá-la ir sem uma última noite, para lembrá-la de


que cada parte de seu corpo e alma ainda me pertencia - ela me
pertencia.

Para o bem e para o mal, ela é minha.


No dia em que fomos ao juiz para oficializar, descubro…

Que ela está grávida.

Tudo o que ela queria era uma família, tudo que eu sempre quis
foi ela.

De jeito nenhum, eu vou perder os dois.


PRÓLOGO
Christian
Presente

— Eu te amo pra caralho, Kinley, e você sabe disso.

— Não se trata de me amar, Christian. Amo você com todo o


meu ser, mas às vezes... simplesmente não é o suficiente. Eu não
posso mais viver assim. Não é justo para nenhum de nós.

— Eu não desisto de nada, Kins. Especialmente de você.

Ela suspirou, baixando a cabeça.

Eu não podia acreditar que estávamos tendo essa discussão no


casamento da minha irmã mais nova. Ela estava se casando com meu
melhor amigo, e esse deveria ser o dia deles. Eu pensei... porra, eu não
sabia mais o que pensava.

Como poderíamos deixar a vida atrapalhar nosso amor um pelo outro?

Estávamos juntos, entre idas e vindas, desde os quinze anos.


Quando reatamos o relacionamento da última vez, tínhamos 24 anos
e eu sabia que era com ela que eu queria passar o resto da minha vida.
Eu não iria arriscar perdê-la novamente por nada, então a pedi em
casamento algumas semanas depois e nunca olhei para trás.

Dez anos atrás, estávamos tão apaixonados.

Tão devotados.

Tão consumidos um com o outro.

Onde foi que nós erramos?


Com a expressão mais sincera e dolorida em seu rosto, ela
persuadiu: — Eu não quero ser apenas mais um desafio ou obstáculo,
algo do que você não desiste, Christian.

— Você está tirando minhas palavras do contexto, Kinley.

— Estou? Não tenho sido sua prioridade há sabe-se lá quanto


tempo.

— Isso é mentira! Estou dentro de você fazendo você gozar


no meu pau...

— Isso não é sobre sexo, Christian! Não tem nada a ver com
isso!

— Que porra é essa? Eu dou tudo a você! O que mais você


quer de mim?

— Você me dá tudo? Você não pode estar falando sério. Você


acha que eu não percebo o quão distante você é de mim porque eu
não posso...

— Não estamos falando sobre isso agora. — Rosnei em um


protesto baixo. Agarrando seu braço, eu a arrastei para a parte de trás
da casa da fazenda na propriedade da minha irmã, onde a cerimônia
e recepção estavam sendo realizadas.

Durante a troca de votos, assistimos ao recomeço de minha


irmã e do meu melhor amigo enquanto meu mundo desabava de
forma devastadora. E tudo que eu podia fazer era ficar sentado lá e
olhar para o rosto de Kinley, tentando desesperadamente me agarrar
aos bons tempos, às memórias de nossa vida juntos.

Eu podia ver em seus olhos verdes brilhantes que eu amava


desde que me lembrava que seus pensamentos refletiam os meus
próprios, relembrando uma época em que éramos nós na frente de
nossos amigos e familiares, jurando estar juntos para melhor ou para
pior. Ela ainda me amava.

Eu ainda a amava.

No entanto, nada disso importava mais.

A vida passou por nós em um piscar de olhos. Não éramos


mais aqueles dois adolescentes malucos que pensavam que poderiam
enfrentar o mundo juntos. Nosso amor foi substituído por raiva,
nossa devoção começou a desmoronar e nossas vidas começaram a
se desintegrar.

Mas vale a pena lutar por qualquer coisa que valha a pena ter, certo?

Ela foi a única mulher que já tocou meu coração, minha alma
e cada fibra do meu ser pertencia a ela.

Eu era dela.

Por dentro e por fora.

No entanto, agora o amor dela parecia uma espada de dois


gumes cravada diretamente em meu coração.

Seus olhos não tinham mais um tom verde vivo e brilhante.


Eles pareciam tristes e vazios, embora eu ainda pudesse ver o amor
que ela tinha por mim escondido atrás das profundezas de sua
incerteza.

Ela se virou para sair e eu agarrei seu braço, virando-a para me


encarar. — Eu te amo, Kinley.

Ela imediatamente fechou os olhos como se doesse olhar para


mim. Então estendi a mão, segurando os lados de seu rosto,
desejando que ela os abrisse para mim.

— Docinho. — Persuadi com ternura.

Eu só a chamava assim quando eu realmente precisava que ela


olhasse para mim, falasse comigo, me ouvisse...

Para me sentir.

— Eu te amo. — Eu respirei perto de seus lábios. — Eu te


amo pra caralho, e você sabe disso, baby. Eu vi seu rosto durante os
votos deles. Você não pode se esconder de mim. Eu sei que você
estava se lembrando do dia do nosso casamento. Como eu olhei para
você quando você estava caminhando pelo corredor. Desde o
momento em que você entrou naquela igreja, você tirou meu fôlego
e dez anos depois, ainda tira. Você não se lembra de como eu
costumava fazer você se sentir, Kins? Por favor, querida, diga-me que
você se lembra de como éramos.

Ela prendeu a respiração enquanto eu enxugava suas lágrimas


com meus polegares. — O que aconteceu conosco? Éramos tão
felizes, tão apaixonados. Você se lembra, não lembra?

Kinley

Eu lamentei: — Claro que me lembro. — Eu nunca seria capaz


de esquecer. Ele estava em minhas veias, em meu sangue, impresso
tão profundamente em meus ossos que eu não sabia onde eu
começava e ele terminava. — Você me protegeu. Você está sempre
me protegendo, Christian, mas você não pode me proteger disso – do
que nos tornamos.

— Eu te amava antes. Eu te amo agora. — Ele beijou a ponta


do meu nariz. — Eu sempre vou te amar.

— Você ama o que éramos antes, não o que somos agora.


Acabou. Você sabe que terminou.
Nós tínhamos que terminar. Eu não podia continuar a permitir
que ele sacrificasse mais do que já tinha por mim. Não era justo o que
eu estava fazendo com ele e o fiz passar todos os meses nos últimos
dois anos. Eu tinha que parar de ser egoísta e colocar suas
necessidades e desejos em primeiro lugar.

Eu o amava o suficiente para deixá-lo ir, sabendo que nunca


poderia dar a ele o que ele realmente ansiava. Eu tentei...

Mas eu estava danificada.

Ele balançou a cabeça. — Não quero isso para nós e sei que
você também não. Ainda estamos aqui, docinho. No fundo, ainda
somos nós.

— Christian, por favor... Eu não estou tentando machucar


você. É o oposto – estou tentando libertar você. Estou exausta de
decepcionar você o tempo todo. Eu não posso mais viver assim.

— Bem, eu não posso viver sem você.

Eu abri meus olhos, revelando nossa vida juntos em minha


expressão devastada. Era o mínimo que eu podia fazer. Isso estava
me matando também. Eu não queria isso, mas não tinha outra
escolha. Eu tinha feito a escolha errada há mais de dez anos, e isso
me custou o amor da minha vida.

— Como eu olho para a mulher que amo e simplesmente me


afasto dela? Como? Por favor, diga-me, Kins, porque eu não tenho a
mínima ideia.

Engoli em seco enquanto mais lágrimas deslizavam pelo meu


rosto. — Eu sei que você me culpa.

— Isso não é verdade.

— Sim, é. Eu posso ver através de você. Sempre vi e sempre


verei. Eu gostaria de poder mudar as coisas. Se eu pudesse voltar
atrás... Porra, simplesmente não consigo mais fazer isso. Passei anos
lamentando o que não posso mudar, e agora vejo isso na maneira
como você olha para mim, na maneira como fala comigo. Você me
culpa, Christian, então pare de fingir que não.

— Eu não me importo mais. Vamos trabalhar nisso.

— Tudo o que você estaria fazendo seria se contentar comigo,


e eu não posso fazer isso com você. Há anos que tentamos fazer com
que isso funcione. Já é o suficiente. Você tem que me deixar ir.

— O caralho que eu vou.

Eu o empurrei. — Pare! Simplesmente pare! Nós


concordamos!

— Que outra escolha você me deu?

— A única escolha que nos resta!

— Essa não é a resposta!

Nossos peitos estavam subindo e descendo em uníssono, que


era a única coisa em sincronia conosco.

— Como você não consegue ver isso? O que você está


fazendo a si mesma, a mim – a nós?

Eu recuei, suas perguntas me deixando sem fôlego. — O que


você quer que eu faça?

— Lute por nós!

— Eu não posso mais do que já tenho, Christian! Eu não


tenho mais forças para lutar! Tudo foi levado embora com cada...
— Eu me parei, incapaz de dizer as palavras.

Doía pra caralho.


— Christian! Eu não quero ficar aqui! Eu preciso ir embora!

— Pelo amor de Deus, Kinley! Você não pode deixar o


casamento da minha irmã!

— Eu não me importo! É sua culpa que ninguém saiba a


verdade, e quanto mais tempo eu fico aqui, mais difícil é não contar
para todo mundo!

Apesar de não querer que ele dissesse as palavras, não havia


como conter a fúria que crescia em seu corpo enquanto ele cuspia:
— Não vamos arruinar o casamento deles porque você quer dizer a
todos que estamos nos divorciando!

— Sim! Eu quero contar a todos! Está na hora! Estamos


escondendo isso há meses! Há anos fingimos ser algo que não somos
e eu não posso mais fazer isso! Por uma vez, você pode apenas me
ouvir? Você pode apenas ver as coisas através dos meus olhos? Você
não pode mais me proteger! Não sou aquela jovem que você
encontrou na floresta! Por que você não consegue ver isso?!

— Você sempre será aquela garota para mim. Você pode ter
se esquecido dela, mas ela nunca saiu do meu lado. Você nunca me
deixou e nunca irá. Entendeu?

— Christian, não somos mais um nós.

— Nós sempre seremos um nós, Kins. Desde a primeira vez


que reivindiquei seus lábios, você era minha.

Ele fez a única coisa que pôde em um momento que parecia


como se estivéssemos nos despedindo. Agarrando minha nuca, ele
bateu seus lábios contra minha boca, me beijando como fez naquela
noite todos aqueles anos atrás. Ele estava tentando desesperadamente
me lembrar de quem éramos.

Exceto que quando nos afastamos, descansando nossas testas


um no outro para nos apoiar, eu chorei. — Eu não quero mais ser
sua... Isso dói muito.

Eu menti.

Não para mim.

Não para nós.

Para ele.

Era a minha vez de protegê-lo...

De mim.

Minha mente foi jogada de volta para aquela noite quando eu


encontrei minha alma gêmea aos quinze anos, na floresta, onde ele
me protegeu, e...

Me fez acreditar no amor à primeira vista.


CAPÍTULO 01
Kinley
Passado

— Você precisa ir mais devagar com o uísque, Kinley, ou vai


passar mal. — Meu melhor amigo Jax advertiu, parado ao meu lado
na floresta.

Eu estava tentando curtir a festa de final de ano. Era onde


todos de várias escolas sempre se reuniam em nossa pequena cidade
de Fort Worth, Texas.

— Jax, é o último dia do nosso primeiro ano do ensino médio!


Somos oficialmente alunos do segundo ano e chegamos a mais um
ano na boa e velha Adams High. Por que você não pode
simplesmente viver um pouco e se divertir?

— Nós dois sabemos que você não está acabando com essa
garrafa porque é o início das férias de verão, Kinley.

Eu revirei meus olhos. — Não vou falar sobre isso.

— Eu sei. Você nunca quer falar sobre sua mãe.

— Isso é porque não há nada para falar.

— Ela quer ver você. Isso não é nada.

— Não tenho nada a dizer a ela.

— Você não a viu ou falou com ela desde que se mudou para
cá com sua tia, quando estávamos no sexto ano.
Eu era originalmente de Ohio antes de minha tia se mudar para
cá, querendo que recomeçássemos. Palavras dela, não minhas. Não
havia recomeço para mim, não com o que minha mãe me fez passar
desde que nasci. Em Ohio, eu não tinha ninguém até que minha tia
se envolveu. Aqui, eu só tinha ela e Jax.

— Você quer dizer quando ela perdeu minha custódia e eu tive


que ir morar com minha tia ou apenas ser mais uma criança
abandonada jogada no sistema?

Ele suspirou profundamente, sabendo que eu estava certa.

Jax não iria ganhar esta discussão. Minha mãe poderia tentar
me encontrar até que ela ficasse exausta, mas eu não iria dar a ela uma
hora do dia. Aos meus olhos, ela estava tão morta quanto o doador
de esperma que era meu pai.

Eu nunca o conheci. Ele nos abandonou depois que ela disse


que estava grávida de mim. Pelo menos era o que ela sempre dizia
quando eu perguntava sobre ele. Embora eu não perguntasse com
frequência. Especialmente quando fiquei mais velha e percebi o que
minha mãe era.

— Ouça. — Jax persuadiu. — Não estou tentando lhe dizer o


que fazer.

— Sério? Porque com certeza parece que você está. Você não
tem ideia do que ela me fez passar.

— Eu sei o suficiente.

— Você não sabe de nada.

Ele tentou pegar a garrafa da minha mão, mas eu engoli outro


gole em vez disso.

— Não gosto de ver você assim, Kinley.


— Ótimo. — Dei de ombros. — Então não olhe.

Antes que ele pudesse responder, eu me afastei dele. Eu estava


furiosa por ele a estar mencionando quando tudo que eu estava
tentando fazer era esquecer o fato de que ela pensava que eu gostaria
de falar com ela, quanto mais vê-la. Ela não significava nada para mim,
e eu estava principalmente chateada por ela estar fazendo Jax e eu
discutirmos. Além de minha tia, ele era a única pessoa com quem eu
podia contar.

Eu o conheci no primeiro dia do sexto ano, que também foi


meu primeiro dia em uma nova escola, e eu juro que ele podia sentir
o cheiro do meu medo. Era uma piada recorrente entre nós. Eu era
muito tímida na época, não estava acostumada a ter amigos. Quando
chegou a hora de escolher um parceiro na aula de ciências, olhei ao
redor da sala em pânico, sem conhecer ninguém.

Até que um menino com olhos bondosos pairou sobre minha


mesa, perguntando se eu queria ser sua parceira pelo resto do ano
letivo. Havia algo nele que me fez sorrir e, naquele momento da
minha vida, não conseguia me lembrar da última vez que tinha
sorrido.

No entanto, os rumores de nossa amizade serviam de base para


as fofocas da escola. Todo mundo pensava que estávamos nos
agarrando atrás das portas fechadas, mas não era verdade. Não
estávamos. Não era assim entre nós. Éramos apenas melhores
amigos. Jax estava no time de futebol e jogava como quarterback
desde os seis anos de idade. Meu melhor amigo era incrivelmente
bonito e não tinha absolutamente nenhum problema em marcar
pontos com as meninas, dentro e fora do campo.

Enquanto eu permanecia solteira, nunca tendo um namorado.

Eu não sentia que precisava de um. Eu tinha Jax, e isso era


bom o suficiente para mim. Ele morava perto da minha casa e, como
minha tia estava constantemente trabalhando no pronto-socorro
como enfermeira, Jax e eu passávamos muito tempo juntos.

Dormíamos na cama um do outro mais vezes do que eu


conseguia me lembrar, e provavelmente era por isso que a fofoca
corria solta por nossos corredores. Não era grande coisa. Eu estava
acostumada com as pessoas falando sobre mim, uma vez que sabiam
que eu morava com minha tia e minha mãe não era presente.

Ninguém sabia o porquê, porém, e isso apenas despertava o


interesse deles em querer continuar a fofocar sobre mim. Minha tia
nos comprou uma bela casa em um bairro agradável que me lembrava
o filme Pleasantville. Não demorei a descobrir que todos se
conheciam nesta cidade. Completamente oposto à agitação de
Cleveland, onde todos se mantinham isolados.

Quando ela decidiu que iriamos nos mudar, escolheu o


primeiro lugar em que seu dedo pousou no mapa. Por sorte, o
hospital em Fort Worth estava procurando uma nova enfermeira
RN1, e ela preencheu os requisitos, trabalhando todos os tipos de
horas malucas, então eu não a via muito.

Mais uma razão pela qual eu era grata por minha amizade com
Jax. Ele também vinha de um lar desfeito. Seus pais se divorciaram
quando ele era mais jovem, e nenhum deles estava muito por perto,
então encontramos uma família um no outro.

Afastando os pensamentos, eu bebia mais enquanto adentrava


na floresta com a qual eu não estava familiarizada. Era quase como se
eu estivesse entrando em um mundo diferente. Árvore após árvore
enchia meu entorno enquanto a floresta ganhava vida com os sons
dos animais. Quando o cheiro de fumaça e maconha começou a
desaparecer, percebi o quão profundamente eu realmente estava no

1
Nos EUA há várias credenciais para categorizar a enfermagem. Uma Enfermeira (RN) é a responsável por
concluir os tratamentos médicos conforme solicitado, além de estar envolvida no processo de diagnóstico.
meio do nada.

— Merda. — Sussurrei para mim mesma, olhando ao redor.


Na esperança de encontrar o sentido de direção de onde eu vim. Devo
ter me perdido, acabando em um buraco.

— Bem, olhe o que temos aqui. — Alguém sussurrou atrás de


mim, fazendo-me tropeçar contra uma árvore enquanto ele me
enjaulava com os braços ao redor da minha cabeça. — Eu nunca vi
você antes. Eu me lembraria de um rosto tão bonito e um corpo tão
incrível. — Ele disse asperamente perto do meu rosto, exalando
cheiro de bebida e maconha. — Qual o seu nome?

Eu não reconheci esse cara, e quanto mais tempo eu ficava ali,


mais rápido meu coração batia em meu peito. — Kinley.
— Respondi, me sentindo muito mais vulnerável do que antes.

— Um nome tão bonito, para uma menina tão bonita. O que


você está fazendo sozinha na floresta, querida? Você não sabe que
pode se deparar com um urso ou um lobo?

— Ummm... certo. Eu preciso voltar. — Eu desviei dele para


sair, mas ele bloqueou meu avanço.

— Você não precisa ir embora. Eu estou aqui agora.

Arregalei meus olhos. — Eu quero ir embora. — Tentei me


mover novamente, mas ele não deixou.

— Não, ainda não terminei com você.

— Entenda uma coisa – não estou interessada.

— Aposto que posso te deixar interessada.

— Se você não me deixar sair, vou gritar.

Ele sorriu. — Vou fazer você gritar direitinho, só que vai ser
meu nome.
Virei meu rosto quando ele se inclinou para me beijar enquanto
o som de outra voz ecoava pela floresta, gritando: — Frank! Deixe-a
em paz! Você está assustando-a, seu idiota!

Nunca fiquei tão aliviada em ouvir a voz de um estranho como


naquele momento. Eu soltei um fôlego profundo que não percebi que
estava segurando quando ele recuou e se virou.

Nós dois olhamos na direção de onde a voz tinha vindo. Havia


um cara alto e forte com cabelo escuro parado a alguns metros de
nós. Eu não conseguia distinguir quem ele era ainda. Estava muito
escuro.

— Cuide da porra da sua vida, Christian. Isso não tem nada a


ver com você.

Christian? Aquele era Christian Troy?

Caminhando em nossa direção, ele sorriu, olhando para mim


antes de acenar com a cabeça para Frank. — Você quer ficar aqui com
ele?

Eu olhei entre um e outro, dizendo. — Umm... não.

Christian riu, sorrindo amplamente.

Era Christian Troy. Ele era um dos caras mais populares da


nossa escola. Eu não pude deixar de sorrir de volta para ele, me
sentindo aliviada por ele estar lá comigo naquele momento. Esta foi
a primeira vez que ele disse uma palavra para mim. Eu pensava que
ele nem sabia que eu existia.

A expressão tranquilizadora em seu rosto continuava me


atraindo. Quando ele me pegou olhando para seus braços definidos e
peito largo, corei e olhei de volta para Frank.

— Oh, entendo. — Frank entrou na conversa. — Você quer


sair com ele em vez disso? É isso? Porque eu vou te dizer agora, ele
não tem namoradas.

Sim, foi o que ouvi dizer.

Christian deu uma risadinha.

— Eu disse isso em voz alta, não disse?

Ele riu novamente antes de acenar para Frank. — Você pode


ir agora.

— Vá se foder, cara. — Com isso, ele girou e saiu, deixando-


me sozinha com Christian.

Agora eu estava nervosa por um motivo totalmente diferente.


Eu sabia tudo que precisava saber sobre ele. Sua reputação o precedia
aonde quer que fosse. Não importava em que região estivéssemos,
todos sabiam quem eram Christian e seu melhor amigo Julian. Tinha
sido assim desde que me mudei para cá no ensino fundamental. Caras
como eles eram todos iguais, cada um deles. Agindo como se eles
fossem os maiorais e donos de todos os lugares que entravam.

A pior parte era que as garotas se alimentavam de seus papos


furados, sorrisos arrogantes e atitudes presunçosas. Ao longo dos
anos, eu tinha ouvido o suficiente para saber que precisava ficar longe
de Christian, e o fato de que ele estava olhando para mim da maneira
que os caras faziam nos filmes de romance era perturbador. Por mais
que eu não quisesse que ele tivesse um efeito sobre mim, quando um
dos meninos mais populares da nossa escola estava te devorando com
o olhar, você não podia deixar de se sentir afetada.

Com uma sobrancelha arqueada superconfiante, Christian


estreitou seu olhar para mim e eu engoli em seco. Observei enquanto
ele continuava vindo em direção a mim, um passo seguro após o
outro.

Lentamente, lambi meus lábios, minha boca ficando seca de


repente. Do nada, parecia que estava sob algum feitiço que não
conseguia controlar ou começar a entender. Seu olhar imediatamente
seguiu o movimento da minha língua, e me vi dando um passo para
trás enquanto cruzava os braços sobre o peito e tentava me manter
firme.

— Ummm... obrigada. — Eu expressei, querendo quebrar o


silêncio constrangedor. — Você meio que me salvou agora.

— Eu faço o que posso. Kinley, certo?

— Você sabe quem eu sou?

— Claro que sei o nome de uma das garotas mais bonitas da


nossa escola.

Meu coração bateu mais rápido e não pude deixar de notar o


quanto ele se elevava sobre mim. Ele era alto, muito mais alto do que
meus um metro e sessenta e um. Ele provavelmente tinha pouco mais
de um metro e oitenta, cabelos escuros e olhos verdes intensos que
tinham um toque de azul. Seu queixo esculpido e barba por fazer só
aumentavam seu fascínio sexy.

Sem mencionar que ele não parecia ter a idade que tinha. Ele
parecia mais velho. Provavelmente era fácil para ele comprar bebida
ou entrar furtivamente em clubes, o que eu sabia que ele fazia com
Julian. Pelo menos era isso que todos em nossa escola fofocavam.

Christian estava inabalável, parado ali em toda a sua glória


enquanto eu tentava arduamente ignorar sua aparência máscula
enquanto ele me observava.

— Você está flertando comigo? — Eu soltei, me castigando


mentalmente.

A única vez que eu precisava parecer calma e legal, e não


consegui. Não com a maneira como ele estava olhando para mim.
— Você gostaria disso?

— Não.

— Não é isso que seu corpo está me dizendo.

— Bem, você não pode ler minha mente.

Ele me deu um sorriso sexy, fazendo-me revirar os olhos.

— Certo. Experimente.

— Eu não quero envergonhar você mais do que já estou.

— Eu não estou com vergonha. — Eu gritei, limpando minha


garganta, minha voz me denunciando.

— Lembre-se de que você pediu por isso. — Ele deu um


passo em minha direção, não deixando espaço entre nós. — Você
está chocada por eu saber quem você é, o que é engraçado porque eu
realmente perguntei sobre você, mas pelo que ouvi dizer, você está
fodendo seu melhor amigo.

Eu suspirei. — Eu não estou.

— Você não me deixou terminar. Eu não acho que você está


fodendo com o Jax porque você não me parece o tipo de garota que
abre as pernas para um cara que não está fodendo exclusivamente
você, e Jax está em todas.

Ele estava certo. Eu não poderia discutir com ele ali.

— Você não namora. Você nunca teve um namorado. Então


isso me diz que você está esperando pelo Príncipe Encantado ou não
tem interesse em se machucar. O que, vamos encarar, estamos no
ensino médio, e as chances de um cara partir seu coração são muito
altas. Especialmente porque você não tem experiência...

— Eu tenho experiência.
Ele sorriu. — Aposto que você nunca foi beijada.

Meu queixo caiu. — Sim, eu fui.

— Hmmm... — Ele pensou sobre aquilo por um segundo.


— Eu digo que é mentira.

— Eu realmente fui.

— Tudo bem. Então prove isso.

Dei de ombros. — Foi com um cara de outra escola.

— Você quer dizer o cara que você acabou de inventar?

— Eu não estou inventando-o. Seu nome era Joseph, e ele


beijava muito bem. Na verdade, nós curtimos muito. Não podíamos
nos cansar um do outro.

— Certo...

— Pare com os comentários sarcásticos. Eu não estou


mentindo.

— Como eu disse, prove.

— Eu acabei de dizer. Eu disse que o nome dele era...

— Eu disse para provar, não inventar mentiras.

— Como vou provar isso então?

Eu nunca esperei o que saiu de sua boca em seguida. Nunca


em um milhão de anos eu imaginei que um dos caras mais populares
da nossa escola desafiaria...

— Você pode provar isso me deixando beijar você.


CAPÍTULO 02
Christian

— Você é de verdade? — Ela perguntou, completamente pega


de surpresa pelo meu desafio.

Eu sabia que ela estava mentindo. Eu vinha perguntando por


aí sobre Kinley McKenzie desde o ensino médio, quando ela entrou
na minha aula de ciências com uma mochila turquesa. Foi a primeira
coisa que chamou minha atenção nela.

Que garota do sexto ano não tinha uma mochila rosa ou roxa? Então,
naturalmente, fui imediatamente atraído por ela, sendo que turquesa
era minha cor favorita. Eu ia pedir a ela para ser minha parceira nas
aulas, mas aquele filho da puta do Jax se antecipou a mim, e eles eram
inseparáveis desde então. Ele ficava tanto na cola dela que fiquei
surpreso que ele ainda conseguisse conquistar tantas garotas quanto
fazia mensalmente. Supostamente, eles não estavam interessados um
no outro.

Embora eu não pudesse culpá-lo se ele estivesse a fim dela. Ela


nunca havia sido tocada por ninguém, e todos os caras da nossa escola
queriam tentar ficar com ela apenas para dizer que foram os
primeiros. Por outro lado, fui atraído por sua capacidade de ainda
sorrir, apesar de toda a merda que estava passando com sua mãe.

Eu tinha ouvido o suficiente para saber que o passado dela não


era nada que eu tivesse experimentado com meus dois pais amorosos,
mas ainda assim fui afetado por meu melhor amigo Julian passando
por tanta merda na vida. Fazendo com que nós dois crescêssemos
rápido demais. A quantidade de vezes que Julian tinha aparecido na
minha casa depois de ser espancado por um pai adotivo era surreal.
Ver a dor em seus olhos, sabendo que ele estava tentando ser
forte pelos meus pais, que tinham que vê-lo passar por tanto
sofrimento porque ele era parte do sistema. Eles o amavam como um
segundo filho, e meu pai, sendo advogado, teve que se envolver com
os tribunais para mudá-lo constantemente de moradia. Não que isso
importasse. Ele passava de uma situação de merda para a próxima.
Meus pais queriam adotá-lo, mas Julian recusou, dizendo que já
faziam o suficiente por ele.

Minha mãe fez a única coisa que podia. Ela transformou um


dos nossos quartos de hóspedes em seu quarto, apenas para que ele
sentisse que tinha uma casa para onde ir quando precisasse. Eu odiava
ver toda a merda que ele passava. Ele não merecia. Ele era uma boa
pessoa, um grande amigo, alguém com quem eu poderia contar não
importava o que acontecesse. Tínhamos sete anos quando Julian
apareceu pela primeira vez em nossa casa com o nariz sangrando por
causa de seu pai adotivo.

A princípio, não entendi o que havia acontecido ou por que


isso estava acontecendo com ele. Quando eu tinha dez anos, percebi
a gravidade do que ele havia passado e comecei a ter terrores noturnos
de que ele seria espancado até a morte. Eu tive que ir para a terapia.
Julian não sabia disso, entretanto. Meus pais acharam que era o
melhor e, por um tempo, ajudou. Meu terapeuta dizia que eu estava
sofrendo de um trauma associado e que era normal ter os medos que
estava enfrentando.

Daquele momento em diante, fiz o possível para ajudar meu


melhor amigo. Temendo que, se não o fizesse, eu o perderia.

A tristeza nos olhos de Kinley refletia a de Julian, embora ela


estivesse sorrindo para mim. Era como olhar nos olhos do meu
melhor amigo, despertando essa necessidade dentro de mim de querer
estar lá para ela de qualquer maneira que eu pudesse. Foi imediato, o
desejo de querer ajudá-la.
Protegê-la.

No segundo em que a vi começar a caminhar para a floresta


sozinha, meus pés se moveram por conta própria. Eu tinha
desenvolvido um instinto de proteção para cuidar daqueles que eu
amava, e havia uma atração gravitacional para proteger Kinley naquele
momento. Fiquei surpreso que Jax a tivesse deixado sozinha por
tempo suficiente para que ela se perdesse na floresta. Ele estava ao
lado dela o tempo todo. Era realmente irritante pra caralho, e já que
estávamos sozinhos pela primeira vez desde que ela entrou na minha
aula de ciências todos aqueles anos atrás, eu iria usar isso a meu favor
e beijá-la.

Ser o primeiro beijo dela.

Quanto mais tempo ficávamos ali, mais eu ansiava por estar na


vida dela. Era a coisa mais estranha. Eu nunca tinha experimentado
nada parecido antes. Talvez fosse por isso que eu queria beijá-la,
sabendo que com uma garota como ela...

Isso significaria algo.

A verdade é que eu já tinha passado dessa fase e essas coisas


não importavam para mim. Eu tinha aproveitado muitas
oportunidades de ficar com várias garotas aleatórias. Eu nasci e fui
criado nesta pequena cidade onde todos se conheciam. Eu tinha quase
dezesseis anos, mas me sentia muito mais velho. Mais esperto.

— Quer me tocar? — Eu provoquei, sorrindo. — Certificar-


se de que você não está sonhando?

— Então é assim que funciona? — Ela perguntou com


diversão em seu tom. — Você salva garotas de idiotas e depois faz
sua jogada?

— Não ligue para Frank. Ele não é muito cavalheiro.


— E você é?

— Minha mãe me criou bem e eu tenho uma irmã mais nova


que preciso proteger.

— De caras como você?

Coloquei minha mão sobre meu coração. — Ai.

— Oh, por favor... você não me engana com suas respostas


espirituosas e maçãs do rosto incríveis. Eu sei tudo sobre você
também.

— Oh, então você tem perguntado por aí sobre mim, Kinley?

— Dificilmente, mas todo mundo sabe sobre você, Christian.

— Eu não me importo com o que todos sabem. Eu quero


saber o que você sabe.

— Eu sei que você é um dos caras mais populares da nossa


escola.

— Sim, isso não significa nada para mim.

— Acho isso difícil de acreditar.

— Uau. Você deve pensar muito bem de mim?

— Eu não penso nada sobre você.

Toquei meu coração novamente, olhando para minha mão.


— Estou sangrando? Ou você quer cravar esse punhal um pouco
mais fundo?

Ela riu daquele jeito feminino que geralmente me irritava, mas,


vindo dela, não. Foi fofo.

— Então, o que mais você sabe?


— Que você se envolve com um monte de garotas.

— Oh, então você sabe que meu pau é enorme?

Os olhos dela se arregalaram. — Não tão grande quanto o seu


ego!

Eu ri, não pude evitar. Ela era adorável pra caralho. — Quanto
tempo mais você planeja enrolar? Você poderia simplesmente dizer
que estou certo e que você é uma mentirosa, e então não teria que
fingir que não foi afetada pela minha personalidade incrível.

— Eu não estou enrolando. — Ela balançou a cabeça. — Eu


só não tenho que provar nada para você.

— Foi você quem disse que eu não sabia o que você estava
pensando, e acabei de provar que sei. Agora, por exemplo, você está
pensando o quanto quer que eu te beije, mas está preocupada que eu
perceba que é o seu primeiro beijo pela forma como seus lábios se
movem com os meus, então vou acalmar sua mente, já que sou um
cavalheiro, e digo que tudo o que você precisa fazer é seguir minha
liderança. Eu farei todo o trabalho. — Dei uma piscadela. — De
nada.

— Ugh! Você é inacreditável. Você sabe disso?

— Oh, eu sei. Eu sou especialmente inacreditável em beijar, o


que você está prestes a descobrir por si mesma, Kins.

— Kins? Você tem um apelido para mim agora?

— Você prefere que eu te chame de docinho?

Ela arqueou uma sobrancelha. — Docinho?

— Sim, eu sei que você vai ter um gosto tão doce quanto
parece.

— Cara! Você tem uma resposta sagaz para tudo, hein?


— O que posso dizer, menina bonita? Você faz o melhor de
mim vir à tona.

Ela sorriu, um sorriso verdadeiro daquela vez, enquanto


colocava o cabelo atrás da orelha. Eu imediatamente estendi a mão e
o puxei, correndo meus dedos até as pontas, deixando eles roçarem
em sua bochecha.

— Este é um dos seus joguinhos?

— Você quer que seja?

— Não tenho interesse em ser mais uma de suas garotas.

Eu sorri. — Com ciúmes?

— Você gostaria. Eu não sou uma de suas líderes de torcida.

Com um tom severo, respondi: — Isso você não é.

— Por que você quer me beijar, afinal?

— Um amigo não pode simplesmente ajudar outro amigo?

— Agora somos amigos? Quando isso aconteceu? Eu nem


gosto de você.

Fingindo estar magoado, eu estreitei meus olhos para ela.


— Isso realmente dói, Kins.

— Você se acha o máximo.

— E você é linda.

— Não sei se devo ficar ofendida ou lisonjeada por você estar


dando em cima de mim.

— Se eu tivesse que escolher, preferiria o último.

— Bem, então, graças a Deus que você não escolhe.


— Essa sua boquinha atrevida é realmente fofa pra caralho.

Ela era linda. A garota nem precisava se esforçar. Ela era


naturalmente deslumbrante. Eu apenas fiquei lá parado, olhando para
ela com admiração. Havia algo sobre a maneira como ela estava
olhando para mim que realmente fazia minha mente girar ao imaginar
a sensação de seus lábios contra os meus.

— Acho que deixar você me beijar poderia ser um


agradecimento por me salvar.

— Eu não salvei você. Eu te protegi.

— Qual é a diferença?

— Você não precisa ser salva, Kinley. Você é sobrevivente por


conta própria.

Seu rosto empalideceu, entendendo que eu sabia mais do que


ela supunha. Eu não sabia o que era pior. Ela fingindo que não queria
que eu a beijasse, ou ela querendo que eu a beijasse. Não pude deixar
de notar a expressão em seus olhos. Eles falavam muito, me
prendendo, controlando minha mente e não me deixando ir. Eu
estava muito confuso. O efeito que ela estava tendo sobre mim,
considerando que nós tínhamos acabado de nos falar pela primeira
vez.

O que estava acontecendo?

Como se estivesse lendo minha mente, ela mudou de assunto.


— Frank vai falar merda. Você sabe disso, certo?

— Ótimo. Deixe que ele fale. Isso vai manter outros filhos da
puta longe de você também.

— Mas não você?

Incapaz de me conter por mais tempo, persuadi: — Vou beijar


você agora, Kinley.

Esperei alguns segundos para que ela se opusesse e, quando


ela não o fez, inclinei-me para frente, eliminando a pequena distância
entre nós. Querendo tocar sua pele, estendi minhas mãos e segurei
seu rosto. Seu cheiro invadiu meus sentidos enquanto eu suavemente
reclamei seus lábios, colocando minha boca sobre a dela. Com os
olhos bem fechados, ela prendeu a respiração e seus braços caíram
para os lados. Desde o início, eu poderia dizer que ela não tinha ideia
do que estava fazendo.

Seus lábios eram suaves contra os meus, e eu podia sentir seu


coração batendo rápido contra o meu peito. O desejo de arruiná-la
para todos os outros caras era tão real quanto os sentimentos que eu
estava experimentando em relação a ela.

Lentamente, eu separei meus lábios, puxando-a para mais


perto, e ela seguiu minha liderança, combinando o ritmo que eu tinha
estabelecido. Minha língua tocou seus lábios antes que ela fizesse o
mesmo, deixando a sensação mais louca em seu rastro. Eu puxei
minha língua, e ela entendeu o que eu queria, o que eu procurava. Ela
gentilmente deslizou a dela para dentro da minha boca ávida.

Minha língua fez o mesmo que a dela, transformando esse


beijo em algo mais do que eu pensei que seria.

Eu estava me perdendo nela.

Dos lábios aos olhos, aos sons que ela fazia.

Palavras não poderiam descrever o que estava acontecendo


naquele momento entre nós. Os sentimentos que ela despertava a
cada toque de nossas línguas. Sentimentos que eu não pensei que
fossem possíveis de experimentar. Que eu nem pensava que existiam.

Eu não queria parar de beijá-la.


Era surreal.

Consumidor.

E eu queria mais.

Quando outro gemido suave escapou de sua boca, eu beijei


seus lábios uma última vez antes de me afastar gradualmente. Já
sentindo falta de seu toque. Pensamentos incoerentes passaram
rapidamente pela minha mente.

Eu estava sorrindo para ela quando seus olhos se abriram, sem


tirar minhas mãos dos lados de seu rosto. Meu olhar apaixonado não
havia mudado – no mínimo estava pior.

Murmurando contra seus lábios, eu disse. — Como eu falei,


você nunca tinha sido beijada até agora. Até mim.

Seu peito estava subindo e descendo, enquanto ela esperava o


que eu diria a seguir. Surpreendendo a nós dois quando acrescentei...

— Qual outra primeira vez sua eu posso ter a seguir?


CAPÍTULO 03
Kinley
Presente

Seis meses haviam se passado desde o casamento de Julian e


Autumn, e eu não conseguia acreditar como o tempo estava passando
rápido. Eu me senti péssima por arruinar o casamento deles, apesar
de eles alegarem que não.

Christian e eu não sabíamos que eles estavam no celeiro e


ouvindo nossa briga. O constrangimento que senti quando eles nos
confrontaram segundos depois que Christian me beijou era uma
emoção que ainda persistia em minha mente.

— Oh meu Deus! Vocês estão se divorciando? — Autumn exclamou,


correndo em nossa direção.

Nossas expressões chocadas se fixaram em seu olhar preocupado com


Julian bem atrás dela. Ele estava mais calmo e controlado, o que não me
surpreendeu. Eles haviam passado anos transando pelas costas de todos, incluindo
o irmão dela, até que Julian teve que deixar a cidade. Ele não podia continuar a
mentir para uma família que o acolheu como se fosse sua própria família.

Dez anos depois, eles voltaram um para o outro e agora estavam casados.
Seu dia especial agora estava arruinado por nossa causa, fazendo com que eu me
sentisse horrível por isso ser o que eles lembrariam nos anos que viriam.

— Pessoal, por favor, voltem para a sua recepção. Podemos conversar


sobre isso mais tarde. — Eu raciocinei, esperando que eles ouvissem.

— Não, podemos falar sobre isso agora. — Autumn persistiu. — Há


quanto tempo isso vem acontecendo?
— Tempo suficiente para saber que não somos mais adequados um para
o outro. — Eu olhei para Christian em busca de apoio sobre isso, mas era evidente
por sua compostura que ele não iria ceder um centímetro.

— Do que você está falando? Isso é impossível. Vocês estão juntos há


vinte anos.

— Autumn, há muita coisa que você não sabe.

Julian agarrou o braço dela. — Pequena, deixe-os em paz.

— Christian, mamãe e papai sabem?

Ele balançou a cabeça e eu respondi por ele: — Vamos contar a eles.

— Quando?

— Em breve. — Foi tudo que consegui responder.

Julian a puxou para longe. — Venha, vamos voltar para os nossos


convidados. — Eu nunca tinha sido tão grata a ele do que neste momento.

Autumn olhou para nós com hesitação antes de relutantemente ouvir seu
marido. Depois que eles foram embora, eu olhei de volta para Christian.

— Obrigado por nada. — Eu disse. — Você poderia ter me ajudado,


sabe? É assim que vai ser quando contarmos aos seus pais?

— Você precisa se lembrar que é você quem quer o divórcio, Kinley. E


nunca se esqueça disso.

Ele se virou e os seguiu de volta para a recepção enquanto eu


fiquei lá por mais alguns minutos, pensando sobre a bagunça em que
nossas vidas haviam se tornado.

Duas semanas depois, estávamos sentados à mesa deles para


jantar quando Christian se encarregou de anunciar nosso divórcio a
eles, sem discutir o assunto comigo primeiro. Me excluído
completamente, e eu sabia que ele havia feito isso para se vingar.
Anunciando: — Vocês podem parar de fingir que não sabem que estamos
nos divorciando. Tenho certeza que Autumn já contou.

Eles tinham acabado de voltar de sua lua de mel em St. Bart's e essa era
a última coisa que precisávamos discutir.

— Christian. — Autumn persuadiu. — O que eu deveria fazer?


Hum? Eles têm o direito de saber.

Suspirei, intervindo: — Por favor, não discuta por nossa causa.

— Então, é verdade? — Sua mãe perguntou, fazendo-me curvar minha


cabeça.

A vergonha imediatamente me dilacerando.

Durante a hora seguinte, tivemos que ouvir seus pais falando


sobre os altos e baixos do casamento e como era importante
permanecermos conectados, como se já não soubéssemos disso. Eles
estavam inflexíveis de que poderíamos superar isso e sairíamos mais
fortes no final.

Para começar, nunca pensei que estaríamos nessa situação, e


não era como se meu amor por ele tivesse acabado. Ele ainda era tudo
para mim, mas não estávamos mais na mesma página. Tínhamos nos
afastado, nos tornado duas pessoas diferentes em vez de um casal. Já
nem sequer estávamos concordando um com o outro.

Discutir com ele na terapia só aumentava a convicção que eu


sentia sobre o fim de nosso casamento. Não podíamos continuar
assim. Não era justo para nenhum de nós, e pela minha vida, eu não
entendia por que ele não conseguia ver isso.

— Christian, isso não é justo! — Eu gritei, olhando para ele no


consultório da nossa terapeuta.

— O que não é justo, Kinley? Porque a única coisa que não é


justa é o fato de que você está nos obrigando a nos divorciarmos!
— Eu não estou nos obrigando a nos divorciarmos! Você
também quer! Você simplesmente não consegue dizer as palavras,
então estou fazendo isso por nós dois!

— Oh, isso é fantástico pra caralho. Você sabe tudo, não é?

— Oh, por favor! Você quer falar sobre egos? O seu é tão
grande que estou surpresa que você consiga passar pelas portas do
consultório da nossa terapeuta!

— Kinley, Christian...

— O quê?! — Nós dois gritamos em uníssono, olhando para


nossa conselheira matrimonial.

Esta pobre mulher.

O número de vezes que ela teve que atuar como mediadora


entre nós no último ano não me passou despercebido. Eu juro que
foi a única coisa que ela fez, tendo que interferir constantemente em
nossas brigas arrastadas. Eu não conseguia me lembrar da última vez
que Christian e eu não estávamos gritando um com o outro.

— Já falamos sobre isso antes. Vocês precisam aprender a


expressar seus sentimentos. Gritar um com o outro não vai resolver
nada.

— Não há nada a resolver, de acordo com minha esposa, Dra.


Webb. Vamos assinar os papéis do divórcio em alguns dias, lembra?

— Eu sei, mas enquanto isso, vocês ainda podem tentar se


expressar de uma forma positiva.

Eu olhei para ele, tentando ouvi-la e fazer o meu melhor para


apaziguar meu tom. — Christian, quando você diz coisas como eu
quero o divórcio e você não, isso realmente me chateia. Sei que, no
fundo, você está tirando o corpo fora e colocando a culpa em mim,
quando ambos sabemos que não somos felizes há muito tempo.
Com uma expressão condescendente no rosto, ele respondeu:
— Kinley... não quero chateá-la, mas quando você diz que também
quero o divórcio, está dizendo uma grande merda. — Ele sorriu
sarcasticamente, olhando para nossa terapeuta. — Eu não tenho uma
expressão para essa merda além do que é: uma grande merda.

— Está vendo, Dra. Webb? — Eu apontei para ele. — Está


vendo com o que eu tenho que lidar? Ele é um idiota!

— Kinley. — Disse ela com aquela voz reconfortante que eu


odiava.

— Certo. — Eu balancei a cabeça, tentando mais uma vez


controlar meu tom. — Ele me subestima e isso o faz parecer um sabe-
tudo arrogante e faz com que eu me sinta como uma criança em vez
de sua esposa.

— Subestimando você? — Ele contestou. — Porque eu não


quero o divórcio, sou um idiota? Bem, já que você quer, Kins, o que
isso faz de você? Porque posso pensar em muitas palavras que são
comparáveis a arrogante e sabe-tudo, e uma que se destaque
especificamente neste momento seria definitivamente egoísta.

— Egoísta? — Estreitei meu olhar aquecido para ele. — Você


está falando sério? Estou muito longe de ser egoísta, Christian. Como
sempre, você não está me ouvindo!

— Oh, isso mesmo! Você está sempre certo e eu sempre


errada. Você é simplesmente perfeito e tudo é minha culpa.

— Eu não disse isso! Está vendo? Você nunca me escuta, e


esse é o nosso maior problema. Você ouve o que quer, e é por isso
que nada se resolve entre nós.

— Você não pode abrir mão de nada. Você se apega a tudo, e


isso vai crescendo e crescendo até que tudo que você faz é me chatear,
quando você poderia apenas ter dito quando algo estava realmente te
incomodando.

— Quando eu devo te dizer? Você nunca está por perto. Você


trabalha o tempo todo! Ou você está no consultório com suas
pacientes ou está no hospital fazendo o parto de seus bebês! Você
fica mais lá do que em casa, então quando devo falar com você,
Christian? Porque eu não sei mais, porra. Preciso marcar uma
consulta com sua secretária ou preciso falar com sua enfermeira, já
que você passa mais tempo com ela do que comigo? Como isso
deveria fazer eu me sentir?

— Pelo amor de Deus! Voltamos a essa merda de novo? Eu


trabalho para você! Trabalho porque sua vida tem sido difícil e quero
torná-la mais fácil para você. Da mesma forma que tenho feito nos
últimos vinte anos. Eu trabalho para lhe dar tudo o que você sempre
quis. Eu trabalho para você ter sua casa grande e bonita e seu carro
de seis dígitos, por suas roupas de grife e saltos caros! Para pagar seu
salão de beleza, suas unhas, para seus almoços com suas amigas, para
a comida que está na maldita mesa todas as noites! Eu trabalho para
tornar sua vida melhor! Agora, o que diabos você faz por mim?

Eu ofeguei. — Eu também trabalho, mas você não me vê


girando minha vida em torno da minha carreira!

— Você é professora de inglês e eu sou ginecologista/obstetra


– é um pouco diferente, não acha?

— Oh! Aí está de novo! Sua carreira é mais importante do que


a minha.

— Eu não disse isso. Mais uma vez, você está apenas


colocando palavras na minha boca.

— Quantas vezes tenho que dizer a você que eu preferiria


muito mais ter você do que qualquer uma dessas coisas?

— Uma merda! Você ama a vida que fiz para você. Eu te dei
tudo! Tudo, Kinley! E você não pode nem me dar a única coisa que
eu quero de você!

Eu balancei a cabeça. — Eu sabia que você me culpava.

— Se você tivesse me ouvido em primeiro lugar, não


estaríamos nesta situação e teríamos a família que ambos queremos.

— Christian. — Dra. Webb interrompeu. — Já conversamos


sobre isso. Você está colocando uma culpa desnecessária em Kinley.
Ela não poderia saber o que aconteceria naquela noite.

— Você tem razão. Eu só estou... — Ele respirou fundo antes


de seus olhos se conectarem com os meus. — Sinto muito, Kinley.
Eu não quis dizer isso.

— Aqui é onde divergimos mais uma vez, Christian. Eu sei


que você quis dizer o que acabou de dizer, e se eu pudesse voltar atrás
e mudar as coisas, você não acha que eu mudaria? Eu daria qualquer
coisa para retomar naquela noite, mas não posso continuar me
culpando por isso. Faço isso há mais de dez anos e tenho que superar.
Eu tenho que superar você também. É a única coisa que posso fazer
para consertar as coisas.

— Isso não torna nada certo. — Disse ele. — Isso só piora as


coisas. Tudo que eu quero é que estejamos juntos, mas estou exausto
de lutar por nós quando você não dá a mínima.

— Isso não é justo!

— Nada sobre isso é justo! Principalmente esse divórcio que


só você quer. Eu ainda nos vejo juntos. Ainda estamos aqui, Kinley.
Não sei como você não consegue ver.

— Não podemos ficar juntos porque às vezes temos um


vislumbre do que e de quem éramos. Isso não é um casamento,
Christian.
Todos os meus argumentos caíram por terra quando ele
acrescentou: — Um casamento tem altos e baixos, fases boas e ruins,
é para os bons e maus momentos, isso é uma porra de um casamento.

Christian

Eu não sabia o que mais eu poderia fazer, o que mais eu


poderia dizer, eu estava perdendo o meu juízo. Não havia como fazê-
la entender. Ela estava decidida a colocar um fim em nós, e eu não
conseguia entender por que não poderíamos resolver isso.

Houve um tempo em que pensávamos que poderíamos


superar qualquer coisa que a vida jogasse em nós.

Superamos nossas histórias tristes...

Mas poderíamos sobreviver ao nosso fim?


CAPÍTULO 04
Kinley
Passado

Um mês se passou desde a última vez que falei com Christian,


e eu estaria mentindo se dissesse que ele não consumiu meus
pensamentos. Cada vez que eu lambia ou tocava meus lábios,
lembrava-me da sensação dos dele contra os meus. A sensação de sua
língua permaneceu em minha boca, especialmente quando eu estava
dormindo. Comecei a sonhar com ele, relembrando suas últimas
palavras para mim antes de ir embora naquela noite.

— Qual outra primeira vez sua eu posso ter a seguir?

Pela expressão sincera em seu rosto, eu sabia que ele estava


falando sério, e isso me assustou mais do que qualquer coisa. Nunca
me preocupei em ter um namorado, mas não conseguia parar de
pensar no que poderia acontecer entre nós se ele continuasse a me
perseguir.

Mas ele não fez isso.

Eu não tinha visto ou ouvido falar dele desde a primeira vez


que conversamos na floresta e ele se tornou meu primeiro beijo. No
entanto, eram férias de verão e ele não sabia onde eu morava ou os
lugares que frequentava. Frequentávamos meios diferentes. Ou talvez
fosse apenas eu dando desculpas para ele.

Se ele gostasse de mim, encontraria uma maneira de entrar em contato,


certo?

Droga! Isso era tão confuso. Eu não queria ser esse tipo garota.
Aquela que fica esperando o cara ligar, aquela que chora quando ele
não liga, aquela que cerca sua vida e pensamentos apenas sobre ele.
Eu odiava aquela garota. Ela era fraca, e eu não era frágil. Para
começar, foi por isso que nunca quis ter um relacionamento. Era mais
seguro assim.

Meu coração já estava despedaçado pela mulher que deveria


me amar mais do que tudo.

Então por que não conseguia parar de pensar nele?

— Eu acho que há uma vaga ali. — Eu disse a Jax, trazendo


meus pensamentos de volta ao presente e não perdidos em minha
própria mente por causa de um garoto de quem eu não tinha tido
notícias.

Apontando para o único espaço disponível no gramado da


festa que iríamos participar, eu sorri quando ele entrou na vaga. O
terreno vazio da casa de James se transformou em nosso
estacionamento privado, e parecia uma pequena concessionária de
automóveis com todos os carros estacionados. Era sábado à noite e
James estava dando uma de suas festas de arromba na casa de seus
pais. Eles estavam fora da cidade e, sempre que não estavam por
perto, ele usava isso a seu favor e dava uma grande festa.

Seu pai trabalhava com imóveis internacionais e, em uma


época, ele estava tendo um caso com sua assistente, o que significava
que sua mãe agora viajava com ele. Estas eram as consequências de
viver em uma pequena cidade...

Todos sabiam da vida de todos, e as fofocas se espalhavam


como um incêndio. Eu tentava não prestar atenção a isso, mas era
difícil ignorar quando a roupa suja de todos era lavada a céu aberto
para que todos pudéssemos ver.

Eu estava honestamente surpresa que mais pessoas não


soubessem sobre meu passado tóxico, mas tinha feito um ótimo
trabalho em fingir que não tinha um.

A casa de James era enorme, e a melhor parte era sua


localização. Uma propriedade privada na orla no Lago Eagle
Mountain, onde havia tanta distância entre as casas que os policiais
nunca foram chamados por perturbação do sossego. Era o lugar
perfeito para se soltar e não ter que se preocupar em arranjar
problemas por beber e ser de menor e nem pelo cheiro persistente de
maconha no ar.

Seus pais nunca descobriram, ou talvez eles simplesmente não


se importassem. Todos festejavam perto do lago, onde música
country tocava alto no caro sistema de alto-falantes. Mais tarde
naquela noite, a festa seria transferida para dentro da casa, e as pessoas
começariam a se agarrar. Os quartos de sua casa tinham visto mais
ação do que um filme pornô, e eu não podia deixar de me perguntar
quantas vezes Christian tinha usado um desses quartos.

Já eram quase sete horas quando Jax estacionou seu jipe, e eu


já estava contando os minutos até que pudesse ir para casa e me enfiar
no livro que estava lendo no momento. Eu realmente adorava ler. Foi
minha fuga por muitos anos, quando eu precisava desesperadamente
de uma, não querendo viver na realidade do meu lar disfuncional.

Se você realmente pudesse chamá-lo de lar. Confie em mim,


estava longe de ser qualquer casa em que você gostaria de viver.
Minha mãe se certificou disso. Eu nunca ficava muito tempo nessas
festas como Jax, e só aparecia porque ele não me deixava ficar em
casa no sábado à noite. Eu esperava até que ele encontrasse alguma
garota aleatória para passar a noite, dizendo a ele que essa era a minha
deixa para ir embora.

Às vezes, ele argumentava e eu tinha que ficar, mas na maioria


das vezes eu ligava para um Uber sem problemas. Ele sempre me
acompanhava até lá fora para tirar uma foto da placa do carro, para
certificar-se de que eu ficaria bem. Ele realmente era um grande
amigo.

O tempo parecia voar nessas festas. Antes que eu percebesse,


já estava lá há algumas horas, bebendo e curtindo com Jax antes que
uma garota com uma saia curta chamasse sua atenção.

— Eu vejo você fodendo-a com os olhos, Jax. Você pode me


deixar agora.

Ele sorriu. — Tem certeza?

— Claro. Quero dizer, quando foi a última vez que você


transou? O quê, uma semana atrás? Isso é como uma vida inteira para
você.

— Muito engraçado, Kinley. — Ele riu. — Você vai voltar


para casa?

— Sim.

— Me mande uma mensagem quando seu Uber chegar, certo?

— Você sabe que eu posso simplesmente tirar uma foto da


placa do carro e enviar uma mensagem para você?

— Mas então eu não posso dizer adeus à minha garota


favorita.

— Sim, Sim, Sim. Guarde suas falas para a sua próxima garota.

— Então. — A garota ronronou, de repente ficando atrás dele.


— É a minha vez de ter uma chance com o famoso Jax Colton? Já
me falaram sobre você e suas habilidades. Quando vou ter a
oportunidade de lhe mostrar as minhas?

Revirei os olhos e ele sorriu largamente.

— Você é um mulherengo e quero ver o porquê de tanto


alvoroço. — Ela ergueu as sobrancelhas. — Oh, me desculpe. Esta é
sua namorada?

— Não. Sou a melhor amiga dele e você pode levá-lo. Estou


acostumada com isso.

— Kinley. — Jax exclamou, piscando para mim.

Ela sugou o lábio inferior e estreitou os olhos, permitindo que


vagassem pelo corpo dele. Com seu rosto inocente, seios perfeitos e
bunda grande, ela era exatamente o tipo preferido dele.

— Vou enviar uma foto para você, Jax. Vá mostrar a ela seus
truques, Casanova.

Ele estendeu o braço e ela o seguiu, entrelaçando os dedos nos


dele.

— Me mande uma mensagem quando chegar em casa


também.

Eu balancei a cabeça, observando enquanto eles caminhavam


de mãos dadas para dentro da casa de James. Em vez de pegar um
Uber, decidi descer até o lago. A água estava deslumbrante nesta
época do ano com as estrelas brilhantes no céu. Encontrei um local
isolado atrás de algumas árvores e me encostei em uma, perdendo-me
na beleza da noite.

Eu ainda podia ouvir um pouco da música soando dos alto-


falantes e fechei os olhos. Inspirando e expirando profundamente,
minha mente começou a vagar, o que nunca era uma coisa boa.

A música e o lago me arrastaram de volta para outro lugar e


tempo onde minha vida consistia em tentar encontrar minha mãe
novamente.

— Mãe! — Gritei a esmo, esperando que ela ouvisse por cima da música
alta que tocava de um carro que eu não reconhecia. Assim que cheguei ao pé da
colina, vi todas as garrafas vazias de licor e cerveja. Balançando minha cabeça,
encarei profundamente seu olhar desfocado e bêbado. — Estou procurando por
você há horas! O que você está fazendo? — Eu finalmente a encontrei perto do
lago, próximo a nossa casa. Normalmente não era um de seus points para encher
a cara.

— Kinley! Bebê! — Ela gritou quando me viu correndo em sua direção.


— Venha dançar!

— Onde estão suas roupas, mãe?

— Esta é sua filha? — Um homem que eu nunca tinha visto antes


questionou, me irritando ainda mais. Deve ter sido ideia dele.

— Sim! Ela não é deslumbrante?! Minha linda bebê!

Peguei sua calça jeans e camisa do chão – ela estava apenas de sutiã e
calcinha. — Mãe, você vai ser presa de novo se não...

— Você é uma estraga-prazeres! Estávamos apenas nadando! Venha


nadar com a gente!

Foi só então que percebi que o cara com o qual ela estava passando a noite
não estava usando nada além de boxers. Empurrando suas roupas em seu peito,
exigi: — Mãe, vamos embora.

— Não! Eu estou me divertindo. Você vai. Eu estarei em casa mais


tarde.

— Não, você vai para casa agora. Você não pode...

— Eu sou a adulta, Kinley. Você não pode mandar em mim.

— Então aja como uma por uma vez!

— Sua filha é uma chata. — O homem aleatório entrou na conversa.


— Estou caindo fora.

— Ótimo! Vá embora, porra! Você não tem nada com ela! Você sabia
que ela está em liberdade condicional...

Ela me empurrou com força e eu tropecei para trás, perdendo o equilíbrio.

— Vá se foder, Kinley! Saia daqui! Você é a única que não tem nada
que estar aqui!

Não fiquei surpresa com suas palavras duras. Aquela não foi a primeira
ou última vez que ela me fazia procurar por ela. Eu odiava quando ela ficava
assim. Já era difícil falar com ela quando não estava bebendo. O álcool se somava
ao interminável problema que era minha mãe.

— Mãe, você está tomando seus remédios...

Antes que eu pudesse terminar minha frase, ela me deu um tapa no rosto
com as costas da mão com tanta força que eu imediatamente vi estrelas. Eu
gostaria de poder dizer que esta era a primeira vez que ela colocava as mãos sobre
mim, mas não era. Na maioria das vezes, ela esquecia que tinha me batido.

Coloquei minha mão imediatamente em meu rosto, sentindo a dor da


batida de seu anel contra minha bochecha. Eu olhei para minha mão, vendo
sangue, e foi só então que ela percebeu o que tinha acabado de fazer.

Lentamente, ela se afastou de mim com os olhos arregalados. — Kinley,


estou tão triste...

— Você está bem, docinho?

Meu olhar disparou, fixando os olhos com o cara que eu


menos esperava. Mais uma vez ele me salvou, exceto que desta vez
foi das minhas memórias.
Christian
Havia algo sobre a maneira como ela estava sentada contra a
árvore com os olhos fechados e seus cabelos soprando ao vento que
realmente me tirou o fôlego. O que nunca tinha acontecido antes, eu
me interessando por alguém fora da minha família e amigos,
especialmente uma garota com quem eu só tive uma conversa. No
entanto, lá estava eu, completamente hipnotizado pela visão diante de
mim como se ela tivesse surgido do nada.

Minha atração por ela era tão forte quanto na noite em que a
beijei pela primeira vez.

Todos os dias, desde que pensei nela – o que ela estava


fazendo, como ela estava se sentindo, quando eu a veria novamente.
As perguntas eram intermináveis, assim como o desejo de sentir sua
boca contra a minha novamente.

Ela era como uma criatura mítica me atraindo para ela. Desde
o momento em que a vi caminhar sozinha até aqui, não havia escolha
a ser feita. Eu a segui, gravitando em sua direção da mesma forma que
fiz naquela noite na floresta. Antes que eu soubesse o que estava
acontecendo, eu estava assistindo uma memória se desenrolar em sua
mente. Sabendo o que quer que ela estivesse se lembrando não era
agradável, eu poderia dizer por seu rosto.

Ela estava chorando. Sua expressão não mostrava nada além


de dor, e eu me encontrei sofrendo junto com ela. Não fazia sentido
a conexão imediata que senti por ela. Tudo que eu sabia era que queria
fazê-la sorrir e rir.

Ao longo dos anos, fiz exatamente isso.

Até que um dia fiz o oposto.

E tudo o que fiz foi fazê-la chorar.


CAPÍTULO 05
Christian

Eu queria melhorar as coisas.

Eu queria que ela ficasse melhor.

— Você está bem, docinho?

Seu olhar se arregalou quando ela percebeu que eu a havia


pegado chorando, e ela imediatamente enxugou as lágrimas,
camuflando sua angústia antes que voltasse à razão. Levantando-se
rapidamente, ela estava prestes a sair, mas eu agarrei seu pulso,
impedindo-a, e por alguma razão desconhecida, ela me deixou.

— Não vá. — Foi tudo o que pude dizer.

Eu não sabia na época, mas essas duas palavras mudaram o


curso de nossas vidas e nos fundiram.

Ela não respondeu. No entanto, seu olhar cauteloso ainda


estava preso ao meu. Nenhum de nós foi capaz de desviar o olhar um
do outro. Era evidente que minha atração por ela era muito
correspondida. Nossos olhares se espelhavam enquanto mais
perguntas atormentavam nossas mentes. Eu queria saber tudo sobre
ela.

O bom.

O ruim.

O desagradável.

Eu sabia que não havia muitas coisas boas em seu passado.


Talvez nem mesmo em seu presente. O futuro dela, porém, eu
poderia tornar melhor, e eu sabia disso quando tinha apenas dezesseis
anos de idade.

— O que está errado? — Eu finalmente perguntei com


sinceridade atada em meu tom. Eu não queria assustá-la, mas tinha
que saber. Eu tinha que consertar aquilo.

Eu tinha que ajudá-la.

— Cuide da sua vida, Christian. — Sua voz era uma mistura


igual de raiva e tristeza ao mesmo tempo que franzia a testa, quase
como se ela se arrependesse do que havia acabado de dizer.
Permitindo que suas memórias falassem por si mesmas.

Sua resposta doeu, mas não me chocou. Éramos estranhos e


ela mal me conhecia. Ela só tinha ouvido coisas horríveis a meu
respeito. Eu não podia culpá-la por não querer se abrir. Na verdade,
fiquei feliz que seu primeiro instinto fosse de se proteger.

Sua barreira era alta e espessa, e tudo que eu queria fazer era
romper seu comportamento gelado.

Eu queria que ela me deixasse entrar. Mesmo que apenas por


um segundo, eu aceitaria.

— Estou fazendo disso da minha conta, Kinley, mas vou me


contentar com um sorriso em vez disso.

Ela estreitou os olhos para mim e eu aproveitei a oportunidade


para sentar no mesmo lugar do qual ela havia acabado de se levantar.
Esperando eu não sabia o quê.

Eu fiz a única coisa que pude em um momento que parecia


maior do que nós.

Eu falei com o coração. — Você sabe que todos nós temos


histórias tristes. — Eu compartilhei, me pegando desprevenido. Eu
nunca tinha me aberto a ninguém, mas ela não era qualquer pessoa, e
eu sabia disso na época. — A primeira vez que percebi que coisas
ruins aconteciam a pessoas boas, eu tinha sete anos. — Fora meus
pais e meu terapeuta, nunca admiti isso a ninguém. — A primeira vez
que percebi que não podia fazer nada além de orar para que aquelas
coisas ruins deixassem de existir, eu tinha oito anos.

Eu a senti sentar-se ao meu lado, totalmente ciente de que ela


estava atenta a cada palavra minha. Engoli em seco, nunca me
sentindo tão vulnerável quanto naquele momento.

— A primeira vez que entendi que a oração não era suficiente


para fazer aquelas coisas ruins desaparecerem, eu tinha nove anos.
— Eu olhei para ela, precisando olhar em seus olhos.

A preocupação por mim estava bem clara em seu rosto. Ela,


mais do que ninguém, entendia o que eu estava admitindo.

— Agora, a primeira vez que me sentei no consultório de um


terapeuta, dizendo ao meu médico que estava com medo de que
aquelas coisas ruins fossem levar embora meu melhor amigo, eu tinha
dez anos.

Ela recuou. — Julian?

Eu concordei.

— Eu não fazia ideia.

— Sim, ninguém imagina.

— Mas ele está bem agora, certo?

Eu balancei a cabeça. — Eu não sei se ele vai ficar realmente


bem. A merda que ele viu e passou é do que são feitos os pesadelos,
e isso não desaparece assim. Permanece com você e se torna uma
parte de você, e se você permitir, isso o consumirá.
— Eu sinto muito, Christian. Não consigo imaginar como foi
difícil para você ver seu melhor amigo sofrendo. Às vezes eu acho
que isso é pior, sabe? Ver aqueles que mais amamos sofrendo e não
ser capaz de impedir. Não importa o quanto você tente, o quanto
você chore e lute por eles, no final, tudo o que você está fazendo é
morrer lentamente junto com eles. — Ela fez uma pausa, deixando
suas palavras serem absorvidas. — Há algo que eu possa fazer?

— Sim. Você pode fazer algo por mim.

— O que é?

Não me contive, falando com convicção: — Você pode me


contar sua triste história.

Kinley

Desci até aquele lago para ficar sozinha.

Com meus pensamentos.

Minhas memórias.

Meus traumas.

Por mais que eu odiasse admitir, eu sentia falta da minha mãe.


Vê-la, sentir o cheiro dela, o som de sua voz, a sensação de seu calor,
sua tristeza, sua felicidade, seu amor...

Até mesmo seu ódio.

A familiaridade de tudo isso.

Era reconfortante quando deveria ser aflitivo.


Eu pensei no pedido dele antes de balançar minha cabeça.
— Eu nem saberia por onde começar.

— O começo, Kinley. Eu quero que você me conte tudo.

Olhei nos olhos dele, sentindo como se estivéssemos do


mesmo lado. Nós dois sabíamos o que era orar e não nos sentirmos
ouvidos. Em um piscar de olhos, minha vida mudou da noite para o
dia, e eu não estava mais vivendo sob o mesmo teto que a mulher que
deveria ser minha mãe, mas agia mais como a bêbada que era.

Fechei os olhos, lembrando-me da última vez que a vi.

— Por favor! — Ela gritou alto o suficiente para quebrar o vidro.


— Por favor, não a tire de mim! Ela é tudo que tenho! Ela é tudo que eu tenho,
porra!

— Argh! — Eu agarrei minha cabeça entre minhas mãos.

Aquelas foram as últimas palavras que a ouvi dizer quando


serviço social me arrastou para fora de nossa casa de Section 82. Dia
após dia, vivi e respirei seus demônios até que um dia fui libertada,
mas ainda me sentia como um pássaro enjaulado. Não havia como
fugir de minhas memórias.

Nem antes.

Nem agora.

Eu não tinha percebido que tinha começado a chorar, lágrimas


derramadas sobre o que eu nunca poderia mudar. Não importava o
quanto eu tentasse, o quanto eu chorasse, nada havia mudado.

Não com ela.

2
A Seção 8 da Lei de Habitação de 1937, frequentemente chamada de Seção 8, conforme emendada
repetidamente, autoriza o pagamento de assistência para aluguel de moradias a proprietários privados em
nome de famílias de baixa renda nos Estados Unidos.
Não conosco.

Eu poderia ter sido sua filha, mas ela não era minha mãe, não
das maneiras que importavam.

Uma onda de emoções tomou conta, e quando Christian


agarrou meu pulso para me impedir de sair e sentou-se onde eu estava
sentada antes, eu não poderia ter ido embora mesmo que quisesse.

E a verdade era que eu não queria.

Eu o ouvia com o mesmo anseio que sentia por minha mãe.


Os mesmos pensamentos, os mesmos medos, as mesmas realizações
do que eu não deveria ter experimentado em uma idade tão jovem. A
sinceridade em seu tom me pegou desprevenida, fazendo-me sentir
como se eu fosse a única pessoa com quem ele havia compartilhado
essas confissões, além de seu terapeuta e família.

Nem mesmo Julian.

Pela primeira vez em minha vida, não me sentia tão sozinha.


Ele entendia o que eu passei diariamente, e isso me oprimiu tanto
quanto me acalmou. Eu estava vendo um lado dele que ele não
mostrava a ninguém e não tinha ideia do porquê...

Tudo o que eu sabia era que não queria que aquilo


desaparecesse.

Eu não queria que ele fosse embora.

Assim que senti as costas de seus dedos enxugarem minhas


lágrimas, nós mais uma vez nos olhamos. Algo bem dentro de mim
me disse que eu podia confiar nele, mas a intensidade do que
estávamos experimentando um com o outro não era nada que eu já
tivesse experimentado com alguém antes.

Era emocionante.
Aterrorizante.

Era tudo e muito mais.

Fui a primeira a quebrar o contato visual entre nós, olhando


para trás, em direção ao lago, e tentando absorver minhas emoções
que nunca se foram. Eu ponderei se realmente faria isso. Eu podia
sentir seu olhar no lado do meu rosto, queimando um buraco em
minha pele, e uma parte de mim sabia que ele sentia isso.

O efeito que ele tinha sobre mim.

Olhei para o céu, precisando de um minuto para organizar


meus pensamentos e o que estava acontecendo entre nós. As estrelas
brilhavam intensamente acima de nossas cabeças, iluminando contra
a escuridão do céu com a lua sorrindo largamente como o gato
Cheshire. A brisa do lago trouxe um leve frio ao ar, e eu abracei meus
joelhos contra o peito em um gesto tranquilizador, protegendo-me
para criar um pouco de calor ao meu redor.

Sentei-me ao lado dele, sentindo sua honestidade, seu apoio...

Seu amor?

Respirando fundo, abri minha boca e murmurei: — Esta não


é a primeira vez que ela perdeu a minha custódia. — Apenas alto o
suficiente para ele ouvir. Minhas sobrancelhas levantaram, surpresa
com minha própria revelação. Eu finalmente admiti uma verdade em
voz alta, e foi incrível pra caralho. — Dizem que as pessoas não
conseguem se lembrar de memórias antes dos seis anos, mas eu me
lembro claro como o dia. Como se tivesse acontecido ontem. Minha
mãe me deixou em nosso lixo de carro quando eu tinha apenas quatro
anos. Ainda posso sentir o gosto das minhas lágrimas, ainda posso
ouvir meus gritos e ainda posso sentir o suor escorrendo pelo meu
rosto e corpo. — Hesitei por um momento, revivendo o passado pelo
que parecia ser a centésima vez.
— Quando nosso vizinho me encontrou, eu já havia
desmaiado da exaustão pelo calor. Lembro-me de acordar no hospital
com todos aqueles estranhos ao meu redor, implorando para que
minha mãe viesse me resgatar. — Enxuguei as lágrimas que agora
escorriam pelo meu rosto, uma após a outra. — Que ironia do
caralho, certo? Ela era a única razão pela qual eu estava lá para
começar, e eu ainda queria apenas a ela. Por anos eu só a quis, até que
percebi que ela nunca me quis de verdade. — Cobri meu rosto,
tentando desesperadamente me esconder dele.

Ele não permitiu. Ele puxou minhas mãos e eu virei meu rosto,
não querendo que ele visse através de mim.

— Eu me lembro dela correndo para o hospital, correndo em


minha direção, e antes que ela pudesse me confortar em seus braços,
os policiais a agarraram e a jogaram de bruços no chão. Ela gritou...
ela gritou tão alto que às vezes eu ainda posso ouvi-la enquanto estou
dormindo. Meu mundo inteiro era constantemente destruído, mas eu
ainda a amava. Eu ainda orava por ela. Eu ainda ansiava por ela. Eu
ainda queria minha mãe mais do que qualquer coisa neste mundo.

Eu não conseguia evitar as lágrimas que caíam dos meus olhos,


e eu não queria. Eu as guardei, até a última – cada uma delas era minha
medalha de honra.

— Eu entrei e saí de lares adotivos até que ela cumpriu sua


pena e conseguiu a minha custódia novamente. Me prometendo que
as coisas seriam diferentes, que ela estava limpa, que estava tomando
seus remédios, que estava feliz... E por um tempo ela estava. Minha
mãe poderia ter o melhor e mais alto momento, e depois o pior e o
mais baixo... não havia meio-termo com ela. Ela estava em cima ou
estava em baixo. Ou ela estava frenética, ou estava calma.

— Sua mãe é bipolar.

Nós nos olhamos fixamente novamente.


— Isso é apenas a ponta do iceberg. Minha mãe é muitas
coisas, mas ser mãe não é uma delas. No começo, eu acreditei nela.
Mesmo quando eu passei a entender melhor, ainda acreditava nela. A
mulher que despedaçava minha vida dia após dia foi a mesma que eu
rezava para que me colocasse na cama à noite.

Meu peito estava pesado e meu coração dilacerado enquanto o


olhar de Christian não vacilava. Ele estava sentado ali, ouvindo
pacientemente cada palavra da minha boca, nunca me interrompendo.
Eu imediatamente olhei para baixo quando o senti gentilmente
colocar sua mão em cima da minha na grama antes de uni-las. Foi um
gesto tão reconfortante. Senti-me como se fossemos um só.

Ter uma conexão real com alguém, com um menino que nem
me conhecia, mas que queria saber de tudo, era uma emoção que eu
nunca tinha experimentado antes.

Eu queria contar tudo a ele, especialmente o efeito que ele


estava tendo sobre mim, e por um segundo, pensei sobre isso. Só que
eu percebi que não precisava, ele sabia – ele estava sentindo nossa
conexão profunda também.

Tornando um pouco mais fácil continuar. — Eu estava muito


sozinha. Eu ainda estou muito sozinha. Mais do que deveria estar na
minha idade. Minha tia trabalha no hospital o tempo todo e ela mal
está por perto. Tudo o que tenho é Jax. Acho que estaria perdida sem
ele. Às vezes acho que é mais fácil para minha tia trabalhar e não ter
que olhar para mim. Eu a lembro de minha mãe, sua irmã, e a merda
que ela a fez passar foi semelhante ao que ela fez comigo. Ela não
sabia que sua irmã tinha uma filha. Minha mãe fugiu de casa quando
tinha quinze anos e nunca olhou para trás. Você sabe o que dizem, a
maçã não cai longe do pé. Sua mãe era do mesmo jeito. Venho de
uma longa linhagem de mulheres malucas. — Eu ri, embora odiasse
esse fato.

— Eu não quero ser como elas. Eu nunca vou ser como elas.
Eu me recuso. A única coisa que minha mãe fez por mim foi pedir ao
advogado indicado pelo tribunal para encontrar sua irmã. Ele a
encontrou, e ela veio em meu socorro antes que eu fosse entregue ao
Estado.

Meus olhos estavam fixos em sua mão que nunca deixou a


minha. No escuro, seus dedos ásperos e calejados estavam
descansando confortavelmente sobre os meus, e eu queria virar minha
mão para senti-lo.

Quando ele estendeu a outra mão e roçou levemente o lado da


minha bochecha, seus dedos se moveram para puxar as pontas do
meu cabelo que emolduravam meu rosto. Os nós dos dedos dele
roçaram minha bochecha e eu nervosamente lambi meus lábios,
olhando para ele através dos meus cílios.

— Não foi você, Kinley. Ela apenas está doente.

— Eu sei. Ela se automedicava com tudo o que tivesse em


mãos – principalmente bebida alcoólica. Dormi em almofadas do sofá
a maior parte da minha vida e entrávamos e saíamos de abrigos. Às
vezes vivíamos em seu carro. Quando era pequena, ela fez disso um
jogo. De quantas pessoas poderíamos conseguir dinheiro parando em
um cruzamento? Quanto mais velha eu ficava, mais eu não queria
jogar seus jogos. Não falo com ela ou a vejo há três anos e meio. Ela
quer me ver, e uma pequena parte de mim quer vê-la também.
— Franzi minha testa. — Isso é normal, certo? Ou eu sou apenas
realmente estúpida?

— Não é estúpida. — Lentamente, ele beijou minhas lágrimas


até que seus lábios estivessem perto da minha boca.

Foi a sensação mais louca de toda a minha vida. Ele me beijou


novamente. Só que desta vez...

Parecia que estávamos respirando um ao outro.


CAPÍTULO 06
Christian
Presente

Entrei na casa que costumava ser nossa, com caixas nas mãos.
Hoje era o dia em que eu oficialmente me mudaria. Tudo foi resolvido
com nossos advogados. Eu daria a Kinley a casa e seu carro.
Dividiríamos nossas economias e venderíamos nossas duas casas de
férias, uma em St. Thomas e a outra no Colorado. Como não
tínhamos filhos, nosso acordo era simples.

Em três dias, assinaríamos os papéis do divórcio e, em seguida,


nossos advogados marcariam o dia no tribunal para que o juiz
assinasse e oficializasse.

Não éramos mais casados.

Nossa última sessão de terapia foi há dois dias, e nada foi


resolvido ou corrigido entre nós, nenhuma maldita coisa. Não
tínhamos falado, o que era de longe o pior silêncio. Quando
deliberadamente não queríamos falar um com o outro, era pior do
que quando estávamos discutindo. Pelo menos então parecia que
estávamos lutando por algo.

Porém, neste ponto, eu não sabia o que dizer, o que sentir,


porra...

Durante as últimas semanas, eu estava hospedado na fazenda


de Julian e Autumn, precisando sair desta casa e de todas as memórias
que ela guardava. Eu não conseguia acompanhar a turbulência de
tudo isso e ainda tinha um negócio para administrar e pacientes para
cuidar.

Eu tinha perdido...

Nosso casamento.

Nosso amor.

Ela.

Eu perdi tudo o que sempre foi importante para mim, e parecia


que minha vida estava desmoronando e girando fora de controle. Eu
não aguentava mais, nem meus pensamentos, ou minhas perguntas,
ou minha maldita paciência. Durante anos, rezei para que fosse
apenas uma fase, outro capítulo em nossas vidas, algo que
resolveríamos e contaríamos aos nossos filhos um dia.

Eu estava errado.

Agora eu estava enfrentando nossos fracassos de frente. Com


um buraco no coração, caminhei por nossa casa que ela havia
transformado em um lar. Lembrando cada momento que
compartilhamos dentro dessas paredes pintadas.

Do primeiro ao último, eles brincavam na minha frente. Para


onde quer que eu olhasse, havia uma memória ou marco que
tínhamos vivido juntos.

— O que você acha? — Kinley apontou para as três amostras de tinta


na parede da sala de estar. — Qual cor?

— Todas parecem iguais para mim.

— Christian, são três cores muito distintas.

— Elas são todas brancas, Kins.

— Um é branco neve, o outro é branco gelo e aquele branco acetinado.


Você consegue ver a diferença agora?
Eu balancei minha cabeça, rindo. — Não.

Ela brincou: — Você é daltônico?

Eu sorri, puxando-a para mim. — A única coisa pela qual sou cego é
por você, docinho.

Meus dedos deslizaram ao longo da ilha em nossa cozinha,


lembrando a primeira vez que a utilizamos depois de fechar nossa
casa. Estávamos tão felizes, tão apaixonados, tão consumidos um
pelo outro.

Eu agarrei sua bunda e a levantei para a ilha. Abrindo suas pernas,


deslizei entre elas para beijar seu pescoço.

— Christian! — Ela deu uma risadinha. — Preciso guardar os


mantimentos, e então tenho que preparar o jantar.

— A única coisa que está me deixando faminto é você.

Ela riu de novo, fazendo meu pau estremecer com o som.

— Não vamos ter nada para comer!

— Baby... — Depositei uma trilha de beijos descendo por seu corpo


perfeito até que eu estava de joelhos na frente dela, deslizando para baixo sua
calcinha. — Estou pronto para saborear agora.

Ela riu, jogando a cabeça para trás. Era um dos meus sons favoritos.
Assim que sentiu minha língua em seu clitóris, ela gemeu alto e eu me fartei do
que queria para o jantar.

Passo a passo, fui caminhado por nossa casa.

Ouvindo suas risadas.

Vendo seus sorrisos.

Sentindo nosso amor.


Começando pela porta da frente, por onde entrei carregando-
a, às escadas onde fiz amor com ela por horas a fio, até o piso de
travertino pelo qual passamos muito tempo na Lowe's3. Cada canto
desta casa guardava uma memória de nossa vida juntos.

Não havia como escapar delas...

As boas.

As ruins.

— Christian! — Ela gritou. — Você não está me ouvindo!

— Como posso, quando tudo o que você faz é gritar comigo? Pelo amor
de Deus! Acabei de chegar de um dia de trabalho de quatorze horas, e você me
cumprimenta com nada além de suas besteiras!

— É o único tempo que tenho antes de você voltar correndo para o hospital
para fazer o parto de outro bebê!

— Bem, pelo menos alguém está tendo bebês por aqui!

Ao longo dos anos, nós dois dissemos coisas que não


queríamos dizer. Deixar nossa raiva falar por si mesma nunca foi uma
coisa boa. Foi uma das razões pelas quais tentamos terapia, pensando
que poderia ajudar, que poderia consertar o que estava danificado
entre nós. Ou, pelo menos, ajudar-nos a falar um com o outro sem
gritar.

No início, pensei que estava funcionando, até que nossos


problemas se tornaram maiores do que nosso amor. Em algum lugar
ao longo do caminho, perdemos o respeito um pelo outro, e tudo era
um jogo aberto quando se tratava de machucar um ao outro.

Palavras têm o poder de ferir, e estávamos usando nossas


3
A Lowe's Companies Inc. é uma empresa americana do ramo de materiais de construção com sede em
North Wilkesboro, Carolina do Norte, com mais de 1.850 lojas nos Estados Unidos, Canadá e México, a
Lowe's é a segunda maior empresa do ramo no mundo, atrás somente da também americana The Home
Depot.
línguas como facas de açougueiro nos últimos anos.

Nem sempre foi assim. Fomos até entrevistados na Home and


Gardens – o médico bem-sucedido e sua bela esposa, professora.
Muito tempo e dedicação foram colocados em cada detalhe desta
casa, até nas almofadas dos sofás e nos acessórios que ela combinou
perfeitamente com os tons da sala. Eu não tive nenhuma participação
naquilo – foi tudo Kinley.

Dizendo que era a primeira casa que ela tinha.

— Oh! Você não pode usar esse cobertor, Christian. É apenas para
decoração.

Eu sorri. — Você comprou um cobertor que não podemos usar?

Ela sorriu. — Mas veja como fica bonito.

Eu a olhei de cima a baixo. Ela estava vestindo uma camisola rosa claro.
— Eu não quero olhar para o cobertor, docinho. Venha aqui.

— Espere um pouco. Vou pegar meu robe. Estou com frio.

Antes que ela pudesse se virar para sair, agarrei seu pulso e a sentei no
meu colo. — Não se preocupe, baby. — Deslizando meus dedos em sua calcinha,
eu disse asperamente. — Farei você incendiar muito em breve.

Sob toda a dor, os insultos e as coisas que nunca poderíamos


retirar, eu ainda sentia nosso profundo amor nesta casa.

Fazia meses que eu não entrava em nosso quarto e, assim que


entrei no espaço que costumávamos dividir, uma moldura brilhante
chamou minha atenção no canto do cômodo. De repente, eu estava
caminhando em direção às fotos que não via sabe-se lá há quanto
tempo.

Ela acabou de pendurar isso?

Alcançando a moldura, tirei as fotos para segurá-las em minha


mão. Eram as fotos que tínhamos tirado na cabine de fotos no final
do festival de verão, anos atrás. Tínhamos dezesseis anos e
parecíamos tão jovens. Seus olhos brilhavam contra o sol entrando
pela janela atrás de mim, revelando apenas seu sorriso contagiante e
delicadas feições enquanto seu cabelo fluía ao redor de seu rosto
deslumbrante.

Lembrei-me daquela noite como se fosse ontem.

— Porra, Kinley. — Suspirei para mim mesmo. — Onde foi


que nós erramos?

— Eu me pergunto isso todos os dias, Christian.

Eu me virei e nossos olhos se encontraram. Ela estava parada


na porta, olhando para mim com incerteza e tristeza.

— Se isso fosse verdade, não estaríamos nos divorciando.

— O quê? Agora você acha que eu não te amo? Você não


poderia estar mais errado. Você é a única família que tenho. Você
alguma vez pensou nisso? Você já pensou em como isso é difícil para
mim? Você se importa com o que eu sinto?

— Claro que me importo.

— Você não é o único que está sofrendo, Christian.

— Bem, você é a única que está nos machucando, Kinley.

— Você quer um bebê. Uma família. E você merece isso. Não


é justo que eu não possa te dar um.

— Você não sabe disso. Foi há anos, e se você deixasse meu


colega dar uma olhada em você...

— Christian, pare! Apenas pare!

— Apenas me diga, porra, como faço para deixar de amar


você?

Kinley

— Eu não sei, Christian! Porque também não sei como deixar


de te amar! Estou tão cansada de não ser capaz de dizer as coisas
certas para você. Estou exausta de ter que pisar em ovos quando
estamos juntos para não brigarmos. Eu me pergunto todos os dias o
que aconteceu conosco. Você é meu melhor amigo...

— Eu não sou o Jax, Kinley, então vamos deixar isso claro.

— Oh meu Deus! Estamos de volta a isso agora? Jax nem está


aqui. Ele está em Miami. É a temporada de futebol.

Jax era o quarterback do Miami há doze anos. Ele era a estrela,


o G.O.A.T.4 (o maior de todos os tempos). Ao sair da faculdade, ele
rapidamente se tornou uma sensação da noite para o dia no mundo.
Intitulado um dos solteiros mais cobiçados pela Forbes. Ele era um
eterno solteirão, mas ainda éramos próximos. Ele estava na minha
vida desde que eu tinha 12 anos, Christian e ele constantemente ainda
disputavam por minha atenção.

Era de se pensar que eles teriam encontrado um meio-termo


depois de todos esses anos.

Eles não encontraram.

Embora estivesse melhor do que quando éramos mais jovens.

4
Abreviação de Greatest Of All Time: usado para se referir a ou descrever a pessoa que teve um
desempenho melhor do que qualquer outra pessoa, especialmente em um esporte:
— Não estamos mais no colégio. Por que você se preocupa
com bobagens? — Eu questionei, balançando minha cabeça. — Você
vê a vida dele. Ele tem uma garota diferente em sua cama todas as
noites.

— Eu não dou a mínima para quem ele tem em sua cama,


Kinley. Contanto que não seja você.

— Nós nunca sequer nos beijamos! Eu não vou ter essa


conversa com você. É inútil e estúpida. Você está apenas tentando
encontrar algo para discutir.

— Pelo menos você está falando comigo.

— O que você gostaria que eu dissesse? Qualquer coisa que eu


diga para você se transforma em outra briga, e eu não posso mais
fazer isso. Eu passei dessa fase!

— É tão fácil para você, não é? Esquecer-se de mim, de nós.

— Eu não disse isso!

— Você não precisava dizer! Não se preocupe, estou


arrumando minhas coisas. Eu estarei fora de sua vida em breve. Você
vai ter a casa só para você, exatamente como você deseja.

— O quê? — Eu me afastei. — Eu nem quero esta casa! Você


foi quem insistiu para que eu ficasse com ela.

— Eu construí esta casa para você, Kinley. Nunca foi minha.

— Não! Você construiu esta casa para a família que não temos.
Aquela que eu não posso...

— Talvez você possa fazer Jax se mudar, já que ele está sempre
aqui para juntar os pedaços para você.

— Vá se foder!
Ele não hesitou, rasgando nossas fotos da cabine fotográfica
em suas mãos.

— Nãaaao...

Ele as jogou no chão entre nós e elas se espalharam no chão.

— Eu não posso acreditar que você fez isso. Essas são as


primeiras fotos que tiramos juntos, Christian. Como você pôde fazer
isso?

Ele ficou bem na minha cara, me apoiando contra a parede.


— Da mesma forma como você pôde simplesmente destruir nosso
casamento e depois jogá-lo fora como se ele não significasse nada.

Lágrimas escorreram pelos lados do meu rosto, e ele olhou


uma última vez para mim, vociferando: — Você queria isso. Lembre-
se disso. Você não tem ninguém para culpar a não ser a si mesma,
docinho.

Eu estremeci. Era a primeira vez que ele usava meu apelido


carinhoso de uma forma tão dolorosa. Meu peito subia e descia,
fazendo eu me sentir como se fosse desabar no chão a qualquer
segundo.

— Saia. — Eu sibilei, não querendo mais ver seu rosto.

— Com prazer. — Ele se virou e saiu.

Eu sacudi quando ouvi a porta da frente bater antes que meus


pés se movessem por conta própria, como se eu estivesse sendo
puxada por uma corda. Caindo de joelhos, peguei todos os pedaços
de nossas fotos da cabine de fotos daquela noite.

Eu não podia acreditar que ele tinha destruído nosso passado.

Mas eu estava destruindo nosso futuro.

Não deixei de perceber a ironia.


Segurando as fotos rasgadas em minhas mãos, eu tremia
enquanto tentava juntá-las de volta no tapete. Exceto que agora, elas
não eram perfeitas e bonitas. A que mais me chamou a atenção foi a
foto em que estávamos nos beijando. Tinha um rasgo enorme no
meio de nossos rostos.

Simbolizando como realmente estávamos destruídos.

Pedaço por pedaço.

Aos poucos.

Éramos invenção de quem éramos.

Atirando-me de volta para aquela noite.

Quando ele mais uma vez costurou meu coração de volta, sem
se importar que eu fosse a única que estava destroçada.
CAPÍTULO 07
Kinley
Passado

Era o festival anual de volta às aulas em Fort Worth, e todos


da nossa pequena cidade estavam lá para celebrar o fim do verão.
Normalmente, eu evitava essa feira como uma praga, mas Christian
insistia em que fôssemos e não aceitava não como resposta. Desde
aquela noite no lago, há dois meses, passamos quase todos os dias
juntos quando eu não estava com Jax.

Eu poderia dizer imediatamente que Christian não gostava de


nossa amizade, não que eu pudesse culpá-lo. Éramos melhores
amigos e, com todos os rumores sobre nós, eu sabia que ele tinha
preocupações, mas ainda não as havia mencionado. Mas eu estava
ciente de que isso estava por vir.

Christian e eu estávamos nos aproximando, e quanto mais


tempo eu passava com Jax, mais áspero seu tom se tornava quando
ele me chamava para sair. No segundo em que dizia que estava com
Jax, era como noite e dia com sua voz. Ele estava mordendo a língua,
esperando a hora de trazer isso à tona, e eu estaria mentindo se
dissesse que não estava fazendo o mesmo quando se tratava de
perguntar a ele o que estávamos fazendo e para onde isso estava indo.

Era a primeira vez que eu tinha esses sentimentos profundos


e intensos por um cara. Não me entenda mal, eu amava Jax, mas não
era assim entre nós. Era como se uma irmã amasse um irmão, e o
sentimento era mútuo. Mas você não pensaria assim com a maneira
como Christian e Jax tratavam um ao outro.
Jax era tão protetor comigo quanto Christian era. Ele já tinha
me avisado sobre Christian, dizendo que ele ia me machucar.
Christian tinha a pior reputação com as garotas, e todos sabiam disso.

Ele era um grande galinha, e Jax estava simplesmente sendo


um bom amigo, querendo que eu me mantivesse longe dele. Por mais
que eu estivesse preocupada que ele pudesse me machucar, eu não
conseguia ficar longe dele. Havia algo sobre a maneira como Christian
olhava para mim, falava comigo, que me fazia sentir que eu não podia
ignorar ou me afastar.

Ele me fazia feliz, provocando borboletas em meu estômago


toda vez que estávamos juntos. Nunca queria que nosso tempo
chegasse ao fim. Estava ficando mais difícil esconder meus
verdadeiros sentimentos por ele, e uma grande parte de mim sabia
que ele estava ciente do efeito que estava tendo sobre mim.

Assim que desci da caminhonete de Christian na feira, ele


estava esperando por mim perto do reboque da caminhonete,
estendendo a mão quando cheguei perto dele. Inclinei minha cabeça
para o lado, levantando uma sobrancelha. Ele ia segurar minha mão
em público e, como sempre estávamos sozinhos quando saíamos, fui
pega de surpresa por seu gesto. Isso só me confundia ainda mais a
respeito do rumo que nosso relacionamento estava tomando. Quanto
mais tempo passávamos juntos, mais eu percebia quão romântico ele
realmente era.

— Vamos mostrar minha garota, hein? — Ele sorriu quando


eu agarrei sua mão.

Tentei manter minha expressão descontraída para mim mesma


enquanto ele me puxava em sua direção. Entramos de mãos dadas na
feira, passando por todos os brinquedos até chegarmos perto da água.
A feira ficava ao lado da Eagle Mountain Marina, e ele nos conduziu
até o cais.
Christian amava os barcos. Ele estava sempre falando sobre
eles, dizendo o quanto queria um dia ter um iate. Quando chegamos
ao final da rampa para os barcos, ele passou por cima do guarda-corpo
de um lindo iate.

— Ei. Eu não estou preparada para invadir e entrar.

Ele sorriu novamente. — Você não confia em mim?

— Não se formos presos por invasão de propriedade.

Ele riu, acenando com a cabeça para a frente do barco. Só


então percebi que havia um cobertor estendido na proa. Ele piscou,
puxando-me para o iate.

— Uau. — Foi tudo o que consegui dizer enquanto me virava


lentamente em círculo, observando tudo ao meu redor.

O sol tinha acabado de se pôr e cada estrela brilhava


intensamente acima da água. Peguei o cobertor e a cesta de
piquenique que estavam perfeitamente colocados no centro da proa.

— Este é outro de seus joguinhos? Você traz todas as suas


meninas aqui? Consigo entender por que você transa tanto. — Eu ri
sem sucesso, observando sua expressão severa. — O quê?

— Docinho, vamos deixar uma coisa bem clara, certo? — Ele


colocou o dedo sob meu queixo para que eu olhasse para ele, e eu o
fiz, esperando ansiosamente pelo que ele diria.

— Sempre que fazemos coisas juntos, é a primeira vez para


mim também.

Eu sorri timidamente, suas palavras aquecendo meu coração.


Fazendo-me sentir péssima pelo que eu disse antes.

— Se há algo importante que você precisa saber sobre mim, é


que eu não faço nada que não queira. Mas com você... Não sei como
explicar, Kinley. Me senti atraído por você desde o primeiro dia em
que você entrou na minha aula de ciências no sexto ano.

— O quê? — Eu me afastei. — Você lembra disso?

Ele sorriu. — A garota com a mochila turquesa.

Arregalei meus olhos. — Turquesa é minha cor favorita.

— É a minha também.

— Eu não sabia que você sabia quem eu era naquela época.

— Claro que eu sabia. Eu ia te pedir para ser minha parceira


de laboratório, mas seu melhor amigo chegou antes de mim.

— Oh.

— Oh? É tudo o que você pode dizer?

— Depende. Você vai dizer algo maldoso sobre Jax? — Eu


soltei, incapaz de me conter.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Então você notou que eu não


me importo com ele?

— Quer dizer, sempre que digo que estou com ele, seu tom
fica imediatamente áspero. — Dei de ombros. — Você não gosta
dele?

— Vou responder a essa pergunta depois que você me disser


o que ele pensa sobre nós sairmos juntos.

Eu engoli em seco.

— Acho que você tem sua própria resposta construída em sua


pergunta, Kins.

— Somos melhores amigos.


— Já ouvi falar.

— Ele está apenas tentando me proteger. Você não tem a


melhor reputação, Christian.

— Jax precisa cuidar da merda da própria vida antes que eu


faça isso por ele.

— Uau. — Eu levantei minhas mãos. — De onde veio isso?


— Franzi minhas sobrancelhas, confusa com a virada dos eventos.
Instintivamente, olhei para o piquenique improvisado que ele tinha
feito para nós...

Para mim.

— Eu não quero brigar. Especialmente depois que você


planejou esse lindo piquenique. Eu ainda não sei se vamos ser presos,
mas você sabe, o que vale é a intenção.

Ele riu, jogando a cabeça para trás, e aproveitei a oportunidade


para acalmar sua mente.

— Você não tem nada com que se preocupar quando se trata


de Jax. Eu juro. Mas se você queria me conhecer no sexto ano, por
que esperou até agora?

— Você está sempre com Jax.

— Então?

— Eu não gosto de compartilhar.

— Então, por que agora?

— Honestamente... eu não sei, porra. Eu vi você na festa da


fogueira e você parecia chateada ao entrar na floresta sozinha. Eu te
segui antes mesmo de perceber o que estava fazendo. É o efeito que
você tem sobre mim. Eu perco todo o senso de controle quando se
trata de você.
Eu sorri e meu peito apertou. Ele costumava expressar as
coisas mais doces. Ainda assim, eu não poderia simplesmente abrir
minha boca e ser sincera com ele, dizer a ele o que sentia, porque cada
última insegurança que eu tinha guardada profundamente dentro de
mim iria me consumir, quase no ponto de dor.

A verdade é que eu estava me apaixonando por ele. Eu tinha


apenas dezesseis anos, mas me sentia muito mais velha. Mais madura
do que a idade que eu tinha. Sempre foi assim para mim, tendo que
crescer rápido e principalmente sozinha. Você não percebe o quanto
da sua infância influencia na pessoa que você se torna, a pessoa que
você é. Como as memórias moldam sua vida, seus sentimentos e, o
mais importante, seu amor.

— Você quer dizer isso? — Eu perguntei, meu coração


batendo rápido.

— Aqui está outra coisa que você precisa saber sobre mim,
Kinley. Eu não digo nada que não queira dizer. Desde que
começamos a sair, me vejo fazendo todo tipo de merda que nunca
tinha feito antes e não quero que acabe.

— Você não quer?

— Você quer?

Eu balancei minha cabeça.

— Palavras, docinho. Preciso ouvir você dizê-las.

Respirei fundo, admitindo: — Também gosto de estar com


você, Christian. Embora eu não possa dizer que notei você na aula de
ciências do sexto ano. Eu estava uma bagunça naquela época. Eu não
percebi muitas coisas. É por isso que Jax é meu melhor amigo. Ele foi
a primeira pessoa que quis me conhecer, e aprendi muito sobre mim
mesma por meio de nossa amizade.
— O quê?

— Tenho dificuldade em deixar as pessoas entrarem e, quando


chega a hora, eu as afasto. Acho que foi como sobrevivi à minha mãe.
Você sabe?

— Eu sei. — Ele estava pesando suas palavras. Eu poderia


dizer pela expressão em seu rosto.

— Apenas me pergunte, Christian.

— Tudo bem. Bem, e quanto a mim? Você quer me afastar


também?

— Sim... não... eu não sei. Não quero me machucar e sei que


você definitivamente parte corações, mas, ao mesmo tempo, gosto de
estar perto de você. Esses dois últimos meses têm sido divertidos e
eu gosto de você. Bastante.

Ele sorriu largamente. — Eu gosto muito de você também.

Ouvi-lo dizer essas seis palavras significou tudo para mim. Eu


podia sentir minha guarda baixando cada vez mais com ele, e para
alguém que havia sofrido tantos abusos como eu, era algo difícil de
aceitar

— Que tal eu prometer que não vou te machucar. Se você me


prometer que você e Jax não terão mais nenhuma festa do pijama.
Combinado?

— Você já ouviu falar sobre isso?

— Entre outras coisas.

— Posso assegurar-lhe que a maioria são mentiras. Nunca nos


beijamos, nunca nem demos as mãos. Claro, nós dormimos juntos,
mas ele fica do lado dele na cama e eu faço o mesmo. Não nos
abraçamos, se é isso que você está imaginando. Não é assim entre
nós. Não sinto por Jax o que sinto por você quando estamos juntos.
O amor que tenho por ele é apenas fraterno.

Meu coração parou quando ele recuou bruscamente, e a


expressão em seu rosto rapidamente ficou sombria, então ele disse
com raiva...

— Você o ama?
CAPÍTULO 08
Christian

Olhei para ela com ceticismo.


— Você sabe que há uma diferença entre amar alguém e estar
apaixonado por essa pessoa, certo? Eu amo Jax, mas não estou
apaixonada por ele, Christian.

Passaram-se três meses desde que Kinley virou meu mundo de


cabeça para baixo e dois meses desde que começamos a sair.

Eu segurei sua mão.

Eu beijei seus lábios.

Eu ouvi tudo que saiu de sua boca como se ela me contasse os


maiores segredos do mundo.

Eu não tentei tocá-la intimamente ou fodê-la. Eu nem mesmo


tentei fazer ela ficar comigo. Estar perto dela era o suficiente. Era
tudo que eu queria. Estar com alguém, estar realmente com ela em
um nível diferente do físico, era algo que eu nunca tinha
experimentado antes. Algo que nunca tive e não queria.

As conversas.

As emoções.

Os altos e baixos.

No entanto, lá estava eu, oficialmente chicoteado por uma


boceta sem absolutamente nenhuma boceta e ostentando o pior caso
de bolas azuis conhecido pelo maldito homem. Não conseguia me
lembrar da última vez que me masturbei tanto quanto nos últimos
três meses. Principalmente nos dois últimos.

Depois de nossa primeira conversa na floresta, eu sai com


algumas garotas, tentando esquecer Kinley sem sucesso. Eu não
conseguia parar de pensar nela, e sempre que uma garota tentava me
beijar, eu imediatamente virava o rosto. Sentia que estava traindo
Kinley, o que não fazia sentido.

Até aquele momento, tínhamos tido uma conversa, mas


parecia a conexão mais profunda que eu já tive com alguém em toda
a minha vida. Eu não entendia nada disso. A necessidade de estar
perto dessa garota estava me deixando fora de ordem. Eu pensava
nela constantemente – na próxima vez que a veria, falaria com ela, a
abraçaria...

A lista era interminável.

Nossa conexão era fácil, não precisávamos nos esforçar para


isso. Não era um fardo ou uma luta estar com ela como às vezes era
com outras garotas. Eu costumava ficar entediado no minuto em que
o sexo acabava, passando para a próxima.

Mas não com Kinley. Eu queria mais. Nossa dinâmica fluía


perfeitamente, nossas conversas, nossa química, nossa amizade. Outra
coisa que era nova para mim, ser amigo de uma garota com quem eu
estava saindo. Nunca me importei em conhecê-las. Elas eram um
meio para atingir um fim.

Era simples.

Agora eu estava em uma dinâmica da qual não me cansava.


Uma das coisas que eu mais adorava nela eram os olhares sutis que
ela me dava quando achava que eu não estava olhando.

Ela entrou na minha vida como uma lufada de ar fresco, e eu


a inspirei como um homem que de repente estava no corredor da
morte. Incapaz de lutar contra sua atração. Sempre que eu estava com
ela, me perdia em nós. Eu nunca esperei me apaixonar por ela. Eu
nem estava procurando por ninguém, mas lá estava ela, essa garota
tão forte, tão determinada. Foi tão poderoso que eu nunca tive uma
chance.

Cada vez que eu dizia a mim mesmo que hoje seria o momento
em que eu daria um passo à frente, e passaríamos por essa merda de
amizade inocente, eu não conseguia fazer isso. Ela não era apenas
mais uma garota que eu poderia pegar.

Não era sobre transar.

Pelo menos não com ela.

Julian achava isso hilário, rindo do cara que eu tinha me


tornado no espaço de três meses. Dizendo que se eu estava assim
agora, ele não poderia imaginar no que eu me transformaria quanto
mais estivéssemos juntos.

— Você ouviu o que eu disse, Christian? — Ela questionou,


me trazendo de volta ao presente. Quando ela tinha acabado de me
dizer que amava outro cara.

O maldito Jax.

— Eu ouvi você.

— Você acredita em mim?

— Você não me deu uma razão para não acreditar. Não quero
mais falar sobre Jax.

— Ótimo. — Ela sorriu, e isso iluminou todo o seu rosto.


— Estou morrendo de fome.

Durante a hora seguinte, jantamos na proa e não conversamos


sobre nada em particular.
Observei a maneira como seus lábios se moviam.

A maneira como seu cabelo balançava ao vento, emoldurando


seu rosto.

A maneira como ela ria com todo o corpo, sentindo isso no


fundo dos meus ossos.

Eu observei especialmente a maneira como ela olhou para mim


enquanto eu afastava o cabelo de seu rosto. Ela não disse uma palavra,
mas seus olhos falavam por ela. A maneira como ela afetou minha
mente e coração era aterrorizante, mas era muito real.

Consumidora.

Ela também sentia isso. Isso eu sabia.

Quebrando a forte conexão que nos mantinha presos, limpei


minha garganta e me levantei, trazendo-a junto comigo. Algo passou
pela minha mente, e peguei meu telefone do bolso para ligar minha
lista de reprodução. Assim que encontrei a música que queria,
coloquei-o no chão ao lado do nosso piquenique improvisado, que
tinha feito apenas para ela.

Com a música, o barco balançando suavemente e a lua


brilhante, iluminando acima de nossas cabeças, eu a puxei em meus
braços antes de segurá-la perto do meu peito. Pegando uma de suas
mãos, coloquei em meu ombro, em seguida, entrelacei a outra com a
minha, colocando-a perto do meu coração.

Seu rosto transmitia inúmeras emoções em questão de


segundos, e prestei atenção em cada uma delas. Ela colocou o lado de
seu rosto em meu peito, e eu sabia o que ela estava tentando fazer,
mas isso não importava porque eu já sentia tudo que ela estava
tentando esconder.

— Diga-me algo que você nunca disse a ninguém. — Ela disse


do nada.

Eu pensei sobre isso por um segundo. — Eu quero ser


médico.

— O quê? — Ela olhou para mim. — Sério?

— Mmm-hmm.

— Uau. Você é cheio de surpresas, hein?

Eu olhei profundamente em seus olhos. — Docinho, você não


tem ideia.

Kinley

Depois de limparmos o barco que eu descobri que era na


verdade de seus pais, Christian agarrou minha mão e nos levou de
volta para a feira, onde parecia que todos os nossos colegas de classe
estavam presentes. As garotas estavam olhando para nós, mais como
lançando olhares feios em todos os lugares que íamos. Eu estava na
feira com Christian Troy, e era um grande acontecimento por si só.

Lá estávamos nós, de mãos dadas durante toda a feira, e ele


não fazia isso. Ele não era esse cara que estava ganhando bichos de
pelúcia e beijando meus lábios sempre que tinha uma chance.

Foi um choque tanto para mim quanto para nossos colegas, o


carinho aberto que ele estava demonstrando por mim. Ele não estava
tentando esconder o fato de que estávamos saindo juntos.

Quando meus olhos se voltaram para a cabine de fotos perto


das árvores, Christian não hesitou em me levar até lá.
Eu sorri, sabendo que ele estava fazendo isso por mim.

— Venha aqui. — Ele ordenou, sentando-me em seu colo


assim que a cortina foi fechada e ninguém podia nos ver. Nós dois
estávamos olhando para a câmera à nossa frente.

— Você fica bem em cima de mim, docinho.

Meu coração acelerou. Esta era a primeira vez que estávamos


tão perto, e eu senti seu pau através de sua calça jeans na minha bunda.
Quer dizer, tínhamos nos beijado, mas foi só isso. O que era outra
coisa que me confundia. Christian não se limitava a beijar. Ele era um
cara do tipo que partia para o ataque e não ficava esperando para fazer
sexo com garotas.

Elas se jogavam nele. Ele não precisava tentar, mas comigo,


ele nunca pressionou por nada além de beijar. Como se apenas passar
um tempo comigo fosse o suficiente para ele.

— Achei que você não gostasse de tirar fotos? — Eu


perguntei, tentando acalmar meu coração acelerado.

— Eu não gosto. — Ele sussurrou em meu ouvido atrás de


mim. — Estou fazendo isso por você.

Eu sorri largamente, meu estômago vibrando.

Tiramos cinco fotos em posições diferentes. A primeira foi


conosco de frente para a câmera. Seus braços estavam ao redor da
minha cintura e seu rosto estava aninhado no meu pescoço. Eu podia
sentir sua respiração em minha pele, provocando arrepios na minha
espinha.

Na seguinte, ele começou a me fazer cócegas, nós dois rindo


como idiotas enquanto a câmera clicava para outra foto. A terceira
foto era engraçada, em que ambos colocamos a língua para fora. A
quarta foto me pegou de surpresa, quando Christian me girou de
modo que ficamos um de frente para o outro.

Eu ofeguei quando percebi que estava montada em sua cintura,


fazendo-o sorrir. Puxando meu cabelo para trás, ele beijou meus
lábios, e as duas imagens seguintes foram apenas de nós dois nos
beijando.

Ele murmurou contra meus lábios. — Eu vou gostar de tirar


fotos com você.

Tudo estava perfeito.

Ele era perfeito.

— Vamos. — Ele nos levantou. — Vamos à roda gigante. É


meu brinquedo favorito. Você consegue ver a cidade inteira do alto,
e não há nada igual.

Minhas emoções passaram de animadas a ansiosas em questão


de segundos. Achei que poderia fazer isso por ele, mas assim que foi
a nossa vez de subir, comecei a pirar internamente. Sentindo que teria
um ataque de pânico a qualquer momento.

— Mãe, por favor, levante-se. Por favor, mãe. Eu preciso que você se
levante. Não faça isso comigo.

— Docinho. — Christian interrompeu minha memória. — O


que está errado?

Eu balancei minha cabeça freneticamente. — Eu não quero


subir aí.

— O quê? — Ele sorriu. — Você tem medo de altura?

A ansiedade estava rasgando cada centímetro do meu corpo.


— Não. Por favor. Eu não quero continuar.

— Ei... — Ele persuadiu, puxando-me em sua direção.


— Você está tremendo. O que está acontecendo?
— Só não quero ir lá. — Eu me afastei dele e tudo que pude
fazer foi fugir.

Entre fazer nossa primeira aparição juntos na feira, tudo o que


ele compartilhou, e agora ter que ir neste brinquedo. Era demais,
porra.

Eu fugi.

De minhas memórias.

Meus sentimentos.

Dele.

Ele rapidamente me alcançou, agarrando minha cintura para


me girar e encará-lo. — Kinley, fale comigo. O que está errado?

Era como um vômito de palavras, não havia como parar o que


eu disse a seguir. — O que estamos fazendo?

— O que você quer dizer? Estávamos indo na roda-gigante.

— Não, quero dizer, o que estamos fazendo juntos?

— É disso que se trata?

— Sim. Não. Talvez? — Eu balancei minha cabeça. — Eu não


sei.

— Acho que você sabe.

— Temos passado muito tempo juntos, e agora você me traz


aqui, onde toda a nossa escola está presente e todos estão olhando
para nós.

— Então deixe-os olhar. Quem se importa?

— Eu me importo! Estou me apaixonando por você.


Seus olhos se arregalaram. — Você o quê?

— Oh, merda. Não acredito que acabei de dizer isso. Eu não


quis dizer isso.

Eu não tinha certeza do que era pior, sua expressão de antes


ou a que ele estava me dando naquele momento.

Ele franziu a testa. — Você não quis dizer isso?

— Não. Quero dizer sim. Quer dizer... eu não sei.

— Kins, você está falando em círculos e é difícil acompanhar.

— Eu sei. Sinto muito. É apenas este lugar, todas essas


pessoas, você e agora a roda-gigante... Estou simplesmente
sobrecarregada.

— Por causa de um brinquedo?

— Não é apenas um brinquedo para mim.

— Como assim?

— Eu não posso...

Ele agarrou minha mão e nos levou até uma área isolada onde
não havia ninguém por perto. Somente nós. Ainda segurando minha
mão, ele me puxou para o chão.

— Docinho, fale comigo. O que está acontecendo?

Eu podia ver a roda-gigante de onde estávamos sentados, e


tudo que pude imaginar foi a última vez que estive em uma. Não
adiantava esconder dele. Eu já tinha feito papel de boba.

— Era meu décimo aniversário e minha mãe me levou a um


parque de diversões que estava em Columbus. Eu estava muito
animada. Ela nunca tinha comemorado meu aniversário. Eu nunca
tive um bolo de aniversário ou cantei parabéns. Eu odeio meu
aniversário. Ela encontrou uma maneira de arruinar cada um deles.

— Oh, baby...

Eu poderia estar com Christian, mas minha mente estava de


volta àquela noite com ela.

— Eu só queria entrar na roda-gigante e esperamos horas na


fila até que finalmente chegasse a nossa vez. Minha mãe estava
bêbada, ela sempre estava muito bêbada. Crianças da escola estavam
lá e viram o péssimo estado que ela estava. No momento em que
entramos na cabine, ela estava tão bêbada que desmaiou e eu não
consegui levantá-la. Tentei durante todo o tempo que estivemos lá,
mas não consegui fazer com que ela abrisse os olhos. — Fiz uma
pausa, tentando afastar a expressão nos rostos dos pais quando a
viram, sabendo que eles se sentiam mal por mim.

Eu odiava isso mais do que tudo. A simpatia deles foi outra


faca em meu coração. Eu só queria curtir meu aniversário. Uma
celebração que ela não estragasse. Uma memória que eu poderia olhar
para trás com ela e sentir que ela estava lá para mim. Mesmo que fosse
apenas uma vez, eu teria algo.

Nada.

— Eles tiveram que chamar a ambulância para vir buscá-la e


fazer uma lavagem estomacal. Passei o resto do meu aniversário na
sala de espera do pronto-socorro, chorando por ela ter arruinado mais
um dia para mim. Quando voltei para a escola, todos falavam sobre
isso. Eu não conseguia fugir disso. Os serviços sociais foram
chamados e eles apareceram em nossa casa novamente. Foi terrível.
Tudo com ela era sempre horrível demais.

Lágrimas encheram meus olhos e eu estava mais do que


exausta de chorar por ela. O olhar de Christian me disse tudo que eu
não queria ver.

— Por favor, não se sinta mal por mim. Sua piedade é a última
coisa que quero. Você planejou este dia incrível, e agora estou
estragando com minhas tolices. Ugh! Sinto muito, estou muito
arrependida.

Ele não disse uma palavra. Ele simplesmente agarrou minha


mão novamente e me levantou com ele. Meu coração estava batendo
a mil por hora enquanto ele nos levava de volta à roda gigante,
acenando para o atendente nos deixar passar. Ele reconheceu que
estávamos na fila e nos deixou passar.

Christian encontrou a primeira cadeira vazia e me sentei com


ele antes que ele puxasse a barra de segurança para baixo. Era um
daqueles assentos onde não dava para ver nada além de nossas
cabeças, e nossos corpos eram cercados por metal.

Quanto mais tempo ele ficava em silêncio, mais nervosa eu


ficava.

Ele estava bravo? Chateado? Eu estraguei isso também?

Pergunta após pergunta invadiu minha mente até que o passeio


começou, e assim nós fomos. Uma vez que estávamos lá em cima,
Christian se virou para mim. Prendendo uma mecha do meu cabelo
atrás da orelha, ele olhou profundamente nos meus olhos. Eu podia
dizer que ele estava perdido em seus próprios pensamentos, e eu
nunca quis saber o que ele estava pensando mais do que naquele
momento.

Abri minha boca para dizer algo, mas nada saiu. Não tive que
esperar muito até que ele beijasse meus lábios, tentando me acalmar.
Sua boca estava diferente desta vez. Era suave, terna, carinhosa. Eu
não sei por quanto tempo nós nos beijamos. Tudo que eu sabia era
que meus pensamentos impulsivos estavam se desvanecendo e eu
estava consumida pela maneira como ele era capaz de me trazer paz.

Ele beijou meus lábios uma última vez antes de perguntar


contra meus lábios: — Você confia em mim?

Eu balancei a cabeça, incapaz de formar palavras.

Ele enfiou sua outra mão entre minhas pernas, perguntando


novamente: — Ainda confia em mim?

Eu balancei a cabeça novamente.

— Palavras, Kinley. Eu preciso ouvir você dizer isso.

— Sim. — Eu suspirei, me segurando por um fio.

Eu estava usando um vestido e tudo o que ele fez foi colocar


os dedos em cima da minha calcinha de seda. Engoli em seco quando
o senti começar a me esfregar ali. Eu tremi e minha boca ficou seca
enquanto fechava os olhos.

— Os olhos ficam em mim, docinho. Vou substituir a


lembrança ruim e fazer você se sentir bem pra caralho.

Eu os abri e seus dedos se moveram lentamente no início. Com


cada respiração intensa que escapava dos meus lábios, ele os movia
mais rápido e mais precisamente, me levando a um frenesi de luxúria
e emoções.

— Você é tão linda. — Ele gemeu. — Deixe-me cuidar de


você.

— Christian. — Eu murmurei, sentindo sua mão exigente até


que tudo que eu podia sentir era uma onda urgente de liberação.

Eu nunca tinha sentido nada parecido antes. Foi mágico e me


fez ver estrelas. Ele beijou meus lábios, sufocando meus gemidos em
sua boca quando gozei rápido e forte. Eu nunca esqueceria as palavras
que saíram de sua boca em seguida. Elas ficariam comigo para
sempre.

Foi a primeira vez que ele professou: — Estou me


apaixonando por você também, Kinley. Sempre substituirei suas
lembranças ruins pelo meu amor por você.
CAPÍTULO 09
Kinley
Presente

— Eu não posso acreditar que você voou até aqui por mim,
Jax.

Ele estava sentado na ilha da minha cozinha enquanto eu


preparava um café para ele.

— Claro que vim por você. Você estava aos prantos no


telefone ontem à noite. Onde mais eu estaria?

Ele não estava exagerando. Fazia dois dias desde a última vez
que eu tinha visto Christian, e eu estava péssima. Incapaz de esquecer
que ele rasgou as fotos de uma noite que eu guardava com tanto
carinho em meu coração.

Balançando a cabeça, respondi: — Não sei como chegamos


aqui. É como se tivéssemos nos tornado duas pessoas diferentes que
não reconheço mais, e tudo que eu quero é que isso acabe.

— Você assina os papéis em quê? Três dias?

— Não estamos oficialmente divorciados até irmos perante o


juiz, e nossos advogados não podem agendar isso até assinarmos os
papéis. Mas não é sobre nosso divórcio, Jax. É sobre quem nos
tornamos nestes últimos anos. Você estava lá desde o início de nosso
relacionamento. Você viu nosso amor. Ele costumava me fazer feliz
e sorrir. Tudo entre nós costumava ser fácil. Nós funcionávamos bem
juntos. Não entendo onde as coisas mudaram para nós.
Ele desviou os olhos.

— O quê?

— Nada.

— Oh, vamos lá, não me venha com essa. Diga-me.

— Eu não quero falar sobre o passado. É inútil.

— Eu quero saber o que você está pensando. Por favor, diga.

Jax suspirou profundamente. — Escute, eu não sei nada sobre


como fazer um relacionamento funcionar, muito menos um
casamento. Eu poderia estar completamente enganado aqui, mas um
dos meus colegas recentemente se divorciou de sua esposa.

— E?

— Kinley, não me faça dizer isso.

— Jax...

— Tudo bem, mas lembre-se de que você me fez dizer isso.

— Jesus, o quê?

— Eles não conseguiam ter um filho.

Eu fiz uma careta.

— Viu? O que eu disse? É por isso que eu não queria


mencionar isso.

Eu precisava saber. — Por quanto tempo eles tentaram?

— Anos, como vocês. Exceto que ela fez todos os tratamentos


de fertilidade e ele disse que isso piorou o casamento deles. Ela ficava
mal humorada, e eles até agendavam o sexo, culpando um ao outro a
cada mês que o teste dava negativo. Kinley, eles gastaram centenas de
milhares de dólares tentando conceber e, no final, tudo que isso fez
foi arruinar o casamento deles.

— Então o que você está tentando dizer? É o mesmo para


nós?

— Eu não estou dizendo merda nenhuma. Você está falando


com um cara que nunca sequer teve namorada. Sou a última pessoa a
quem você precisa pedir conselhos.

— Eu acho que ele me culpa. Na verdade, eu sei que ele me


culpa.

Eu não tinha que expressar em palavras. Jax sabia a que eu


estava me referindo.

— Kinley, você não sabia o que aconteceria naquela noite.

— Como eu não poderia? Você sabia. Christian sabia. Eu não


dei ouvidos a nenhum de vocês, e olhe o que aconteceu.

Ele encolheu os ombros. — Todos nós cometemos erros.

— Eu deveria ter escutado. Se eu tivesse, não estaríamos nos


divorciando agora.

— Você não sabe disso.

— Você acabou de dizer que seu colega de equipe...

— Eu sei o que eu disse, mas o que diabos eu sei? Eu não vou


além do primeiro encontro.

— Ele quer uma família, Jax, e eu não posso dar uma a ele.

— Mais uma vez, você não sabe disso. Seu marido é um


médico de boceta. Deixe-o examinar você. Você se preocupar e se
culpar não vai ajudar nesta situação. Fique tranquila. Pelo menos para
o futuro.
— Eu não preciso de um médico para me dizer o que eu sei.
Além disso, eu já...

— Isso foi há mais de dez anos, Kinley. A medicina já


percorreu um longo caminho desde então.

— Não vai mudar nada.

— Isso é besteira, e você sabe disso. Vocês ainda se amam,


qualquer um pode ver isso.

— Às vezes, o amor não é suficiente.

— Eu não gosto dele de jeito nenhum, nunca gostei, mas em


uma época, ele te fez muito feliz, e isso era tudo que importava para
mim. Eu odeio ver você assim, e só vai piorar quando você assinar
aqueles malditos papéis.

— Estou totalmente ciente de que você não gosta dele. Eu


praticamente tive que implorar para você vir ao nosso casamento,
lembra?

— Foi durante a temporada. Você sabe que o futebol sempre


vem em primeiro lugar.

— Por falar nisso. O que você está fazendo aqui? Você ainda
está na temporada.

— Eu vou pegar o voo noturno de volta. — Ele piscou.


— Minha garota precisava de mim, então estou aqui. O futebol pode
vir em primeiro lugar na minha vida, mas você vem logo em seguida.

— Vou me lembrar disso da próxima vez que implorar para


você fazer algo que você não quer.

— Você está se divorciando. Não há mais razão para me


implorar por nada.

Suspirei, mudando de assunto. — Então, quem é a garota da


vez?

— É época de futebol. Você sabe que eu não fodo durante a


temporada.

— Você ainda está fazendo isso?

— Me faz jogar melhor.

— Certo... toda aquela agressão reprimida, Sr. Superstar. Você


vai ganhar o Super Bowl mais uma vez?

— Eu não seria Jax Colton se não ganhasse.

— Você não parece muito animado com isso. Você será um


jogador livre em dois anos, e eu digo que você deveria vir jogar pelo
Dallas.

— Estamos de volta a isso?

— Sim! Você pode jogar pelo seu estado. Você pode imaginar
a imprensa? Eles falariam maravilhas e as pessoas embarcariam nisso.
Sua base de fãs aumentaria aos milhões.

— Eu não preciso de mais ninguém beijando meus pés,


Kinley.

— Eu sei.

— E eu não poderia me importar menos com a imprensa hoje


em dia. Na maioria das vezes, quero quebrar as malditas câmeras
deles.

— Sim, eles estão ficando piores. Eu não posso acreditar como


eles perseguem você. Você está em todos os programas de fofocas e
revistas.

— Essas fofocas são uma grande merda. Você tem ideia de


quantos processos eu tenho com eles? As merdas que eles inventam
diariamente para visualizações e vendas. Eu praticamente pago suas
contas.

— Bem, talvez se você não dormisse com cada modelo em um


raio de oito quilômetros, eles não teriam nada a relatar sobre você.

Ele sorriu. — Mais como em cada raio de um quilômetro, mas


quem está contando?

— Obviamente você.

Ele riu. — Para alguém que está se divorciando, você está


muito animada.

— Meu melhor amigo está na cidade. Claro que estou


animada. Não te via há meses. Eu sinto sua falta, e por razões
completamente egoístas eu adoraria que você voltasse para Dallas.

— Vou pensar sobre isso.

— Bom. — Eu sorri. — Como estão seus pais?

— Minha mãe ainda pede dinheiro sempre que pode, e meu


pai vende histórias que nunca aconteceram à imprensa. Fora isso, eles
são uns "santinhos".

— Lamento que você tenha que lidar com isso.

— Lamento que você tenha que lidar com Christian. Há algo


que eu possa fazer? Você quer que eu dê uma surra dele? Porque você
sabe que eu adoraria. Tenho vontade de acabar com ele desde o seu
aniversário de dezessete anos, quando ele me deu um soco.

— Oh Deus, não me lembre. — Eu me virei, pegando seu café


da minha máquina de café expresso. Eu não queria pensar sobre isso
agora. Eu tinha o suficiente para lidar. — Você ainda toma preto, com
açúcar?

— Sim.
Peguei a lata onde havia açúcar, mas estava vazia. Pegando o
banquinho da despensa, coloquei-o na frente do armário onde tinha
açúcar guardado e pisei nele. O chão ainda estava úmido de quando
eu o esfreguei naquela manhã, e ele escorregou sob mim.

— Merda! — Eu gritei, mas Jax foi rápido, me pegando em


seus braços antes que minha bunda batesse no chão.

Eu abri minha boca para agradecê-lo, mas fui interrompida. A


porta que dava para a garagem se abriu e nossos olhares se voltaram
para lá. Meu coração parou, indo para o fundo do meu estômago. Eu
olhei fixamente para o homem que menos esperava ver.

Seu olhar furioso foi de mim para Jax, que ainda estava me
segurando perto de seu peito. De alguém de fora, parecia que ele havia
nos pego em um momento íntimo. No entanto, não poderia estar
mais longe da verdade.

— Eu vou te matar, porra! — Foi a primeira coisa que ouvi


Christian dizer desde que ele rasgou nossas fotos da cabine de fotos.

Christian

Eles se afastaram um do outro enquanto eu me lançava em


direção a Jax ao mesmo tempo.

— Não é o que você pensa!

Antes que a última palavra saísse de sua boca, meu punho


estava acertando sua mandíbula. Kinley arfou ruidosamente quando
a cabeça dele chicoteou para trás, levando metade de seu corpo com
ela. Ele cambaleou, tentando se equilibrar enquanto encontrava
minha raiva intensa.
Suas mãos rapidamente se fecharam em punhos.

— Que porra ele está fazendo aqui?! — Eu rosnei com a


mandíbula cerrada. — Esta ainda é minha casa.

— Você precisa se acalmar! — Kinley exigiu.

— Acalmar?! Você quer que eu me acalme quando acabei de


encontrar minha esposa nos braços de seu melhor amigo?

Eu fui em direção a Jax novamente, mas ela entrou na minha


frente.

— Não!

— Kinley, saia da minha frente!

— Sim, Kinley! Saia da frente dele. Eu adoraria finalmente


acabar com ele!

— Jax! — Ela se irritou. — Pare com isso! Você não está


ajudando.

— Ele está apenas tentando tirar vantagem de você. Como


você pode não ver isso?

— Ele não está! Eu estava pegando açúcar para ele e o banco


escorregou. Ele me pegou antes que eu caísse no chão. Você deveria
estar agradecendo a ele. Eu poderia estar no pronto-socorro se não
fosse por Jax.

— Vai ser um dia frio no inferno antes de eu agradecê-lo por


qualquer coisa.

— Christian, por favor...

— Kinley, ele está tentando nos separar.

— Não, idiota. — Ele vomitou. — Você fez isso sozinho.


— Oh meu Deus. Pare com isso! Por favor! — O olhar de
pânico dela foi dele para mim e de volta para ele. — Eu tenho ficado
entre vocês dois nos últimos vinte anos, e cansei disso. Vocês são
homens crescidos, então parem de agir como crianças.

— Ele que se foda! — Eu rugi, meu sangue fervendo.


— Fique longe da minha esposa e dê o fora da minha casa!

— Ela não será sua esposa daqui a alguns dias.

— Seu filho da puta. É isso que você quer, não é? É o que você
sempre quis: ela para você e eu fora de cena.

— Você está se ouvindo, Christian? Isso não poderia estar


mais longe da verdade, e você sabe disso! Ele tem sido apenas um
bom amigo para mim todos esses anos. Por que você não consegue
ver isso?

— Talvez seja hora de ela saber o que um homem de verdade


pode fazer.

— Jax! — Ela gritou, olhando para ele. — De onde diabos saiu


isso? Você só está piorando as coisas!

Eu mais uma vez me lancei contra ele, e ela agarrou meu braço,
me segurando firme.

— Ele não é uma criança, Kinley. Deixe-o vir para mim como
um homem. — Jax provocou, e se ela não estivesse entre nós, eu
limparia o chão com sua bunda.

— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei, exigindo


saber.

— Que porra você acha que estou fazendo aqui? Estou aqui
por ela. — Ele acenou com a cabeça para Kinley. — Ela estava aos
prantos por sua causa na noite passada.
— Ela estava? — Fiquei surpreso.

Depois do que fiz com nossas primeiras fotos, fiquei surpreso


que ela não estivesse nada além de irritada. Era uma das razões pelas
quais eu estava lá. Eu queria me desculpar.

Eu tinha estragado tudo e parecia que ultimamente era a única


coisa que eu sabia fazer quando se tratava dela.

Jax leu minha mente, vomitando. — Sim. Quantas vezes você


pode tratá-la como uma merda e depois se desculpar por isso, hein?
Você tem sorte de eu não te socar por todas as vezes que você a fez
chorar só durante o último ano.

— Vá se foder, Jax. Você não tem que se envolver em nosso


casamento. Você fode todas as garotas, então não me venha com suas
besteiras de mártir. Mas o que você pode fazer... — Apontei para a
porta — É dar o fora da minha casa.

— Não é mais sua casa, é dela.

Eu não apenas recuei com sua declaração. Eu cambaleei.

Devo ter sido uma visão e tanto, considerando que Kinley


persuadiu. — Christian...

Nossos olhares se encontraram por alguns segundos, e eu


podia ver e sentir fisicamente sua luta interna sobre o que ele acabara
de dizer. Ela abriu a boca para dizer algo e eu prendi a respiração.

Diga a ele que ele está errado, docinho.

Ela não fez isso.

Silêncio.

Fumegando de raiva, eu lentamente balancei a cabeça e recuei.


Não havia mais nada para mim aqui, nem mesmo ela.
Tudo que pude fazer foi lembrá-la: — Ainda não assinamos os
papéis. Esta ainda é minha casa. Mas vejo que não sou mais bem-
vindo aqui, então vou facilitar as coisas para você, Kinley. Eu vou
embora. Eu odiaria que você tomasse a decisão errada de escolhê-lo
em vez de mim.

Ela estremeceu, apenas alimentando meu fogo pelo que eu iria


adicionar maliciosamente...

— Todos nós sabemos o que aconteceu da última vez que


você não me escolheu.
CAPÍTULO 10
Christian
Passado

Um ano passou em um piscar de olhos, levando todos os


nossos novos primeiros com ele. Passei o máximo de tempo que pude
com Kinley. Ela estava na minha casa o tempo todo, e minha família
a amava. Eu nunca esqueceria a expressão no rosto da minha irmã
mais nova quando a apresentei como minha namorada algumas
semanas depois da feira.

— Uau. — Autumn expressou com os olhos arregalados. — Christian


nunca veio para casa com uma namorada antes. Você deve ser super especial.

Kinley riu. — E você deve ser a Autumn.

— Eu sou a irmã mais nova. — Autumn acenou com a cabeça. — Meu


aniversário foi na semana passada. Eu tenho dez agora.

— Eu sei. — Kinley sorriu. — Fui com Christian escolher o seu


presente.

Autumn sorriu largamente. — Você foi? Como você sabia que eu amava
o Littlest Pet Shops?

— E quem não ama? Eles também são meus favoritos.

— Sério? Talvez pudéssemos brincar com os meus.

— Eu adoraria.

— Christian. — Mamãe entrou na conversa, trazendo nossa atenção


para ela. Ela estava parada ao lado do meu pai, parecendo tão cativada quanto
eu pela minha garota. — Ela é absolutamente linda.

— Obrigada, Sra. Troy.

— Oh, por favor, me chame de Emma.

— Sim, e você pode me chamar de Steven. — Papai estendeu a mão.

Pelo resto da noite, nós agimos como uma família, e eu poderia dizer que
Kinley gostava de estar perto deles. Achei que era a primeira vez que ela vivia
uma dinâmica como a nossa.

Mais tarde naquela noite, ela provou minha teoria.

Eu estava sentado no sofá e com a cabeça dela no meu colo, brincando com
seu cabelo enquanto assistíamos a um filme.

Ela virou o rosto para olhar para mim. — Eu me diverti muito esta
noite. Obrigada por me apresentar a eles.

Eu sorri. — Docinho, você não tem que me agradecer por apresentá-la à


minha família. Eles estavam morrendo de vontade de conhecê-la.

— Sério?

— Claro. Todos eles queriam conhecer a garota que agora é dona das
minhas bolas.

Ela me deu um tapa no peito. — Christian!

— O quê? — Eu sorri, provocando. — Você sabe que estou brincando


com você. Só eu mando nas minhas bolas, baby. Mas você... — Eu pisquei para
ela. — Você pode definitivamente ser dona do meu pau.

O queixo dela caiu. — E quanto ao seu coração?

— Bem, isso também.

— Christian. — Autumn anunciou, me trazendo de volta ao


presente. — Acho que você deveria dar a ela um bolo de aniversário
turquesa, já que essa é a cor favorita dela.

Eu concordei. — Acho que você está certa.

— Jesus, porra. — Exclamou Julian. — Para onde foram suas


bolas, cara? Você acabou de entregá-las a ela?

Autumn deu uma risadinha. — Meu irmão ama Kinley. Ela é


sua alma gêmea. Você acha que tem uma alma gêmea, Julian?

— Não, eu não fui feito para isso, pequena.

— Talvez você já a conheça. — Ela deu de ombros. — E você


simplesmente não sabe ainda.

— Eu não conheço muitas garotas.

— Mentira. — Eu ri. — Você conhece todas as garotas daqui


até Dallas.

— Eu brinquei com todas as garotas daqui até Dallas. Não


significa que as conheço.

Autumn coçou a cabeça. — Qual brincadeira?

Eu o acertei no peito, olhando apenas para ela. — Uma que


faz as garotas gritarem.

— Acho que eu não gostaria de brincar então. — Ela


comentou. — Não parece muito bom.

Julian riu profundamente e eu resisti ao desejo de acertá-lo


novamente. Eu juro que ele esquecia que minha irmã tinha apenas
onze anos, ela ainda era uma criança, e eu queria mantê-la assim
enquanto eu pudesse.

Autumn era linda, mesmo quando era um bebê. Eu sabia que


chegaria um momento em que algum merdinha estaria batendo na
nossa porta para levá-la para um encontro, e eu teria que ameaçar
acabar com sua vida se ele não mantivesse seu pau dentro da calça.

— Christian, você brinca disso? Kinley brinca?

Eu olhei para Julian, que estava suprimindo outra risada.

— Por que não deixamos seu irmão pagar pelo bolo de


aniversário turquesa.

— Não é meu, seu idiota. É para o décimo sétimo aniversário


da Kinley.

— Se você diz. — Ele acenou com a cabeça para Autumn


antes de se ajoelhar para ela pular em suas costas. — Nos
encontraremos lá fora.

— Não a perca de vista.

— Ele está me levando de cavalinho! Eu acho que isso conta,


certo?

— Isso conta, pequena.

Eu os observei sair antes de pegar uma caixa de preservativos.


Não tínhamos feito sexo ainda. Eu poderia dizer que Kinley estava
ficando impaciente, esperando que eu tomasse uma atitude em breve,
então achei que era melhor estar preparado para o caso. Eu não sabia
por que estava me segurando, quando tínhamos feito todo o resto.
Eu só queria que fosse especial para ela.

Porra, eu realmente me transformei em um maricas.

Balançando a cabeça, paguei pelas minhas coisas e, em seguida,


deixei Autumn e Julian em nossa casa. Julian ficou cuidando de
Autumn pelo resto do dia, enquanto meus pais estavam no trabalho.

Eu iria surpreender Kinley com balões, presentes e um bolo


de aniversário. Sabendo que seria a primeira vez que ela
experimentaria algo assim.
Quando cheguei em sua casa, já passava das três, e bati em sua
porta.

Sendo pego completamente e surpresa...

Quando Jax a abriu.

Kinley

— Christian! — Meus olhos se iluminaram, observando sua


enorme quantidade de balões de aniversário. — Nossa, você deixou
algum na loja?

— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou, acenando


com a cabeça para Jax.

Merda.

— É o aniversário da minha melhor amiga, Christian. Onde


mais eu estaria do que com minha garota?

Christian se aproximou dele, e Jax não hesitou, endireitando


sua postura. Não recuando.

— Ela não é sua garota, idiota.

— Uau! — Eu me coloquei entre eles. Esta era eu durante o


último ano, tendo que constantemente fazer o papel de árbitro
quando eles estavam perto um do outro. — É meu aniversário! Vocês
não podem querer me disputar hoje.

Seus olhares nunca vacilaram um do outro.

— Entre. — Eu disse a Christian, abrindo mais a porta para


ele passar e me certificando de que Jax ainda estava atrás de mim.
Não era como se Jax não pudesse dar conta de Christian. Eu
não queria que isso chegasse ao ponto em que socos estivessem sendo
trocados.

Assim que todos nós entramos na cozinha, os olhos de


Christian dispararam para o bolo turquesa meio comido que Jax tinha
me trazido naquela manhã com as velas apagadas ao lado dele.

— O quê? — Eu perguntei, percebendo sua súbita expressão


severa.

Seu olhar foi para Jax. — Você sabia que ela nunca teve isso?
— Antes que seu olhar se fixasse em mim. — Porque se ele sabia,
então isso não foi apenas uma coincidência. Ele está tentando ser
melhor que eu.

— Christian, ele é meu melhor amigo.

— Eu deveria ser seu melhor amigo.

Eu estremeci. — Por favor, não seja assim.

— Se você sabia que ela nunca comemorou seu aniversário,


então por que agora? — Ele acusou Jax. — Hein? Vocês foram
melhores amigos nos últimos cinco anos. Por que diabos agora? A menos
que você esteja tentando provar um ponto para mim?

Jax sorriu maliciosamente. — Eu não tenho que provar merda


nenhuma. Eu sei onde estou na vida dela. Você pode dizer o mesmo,
namorado?

— Já chega! — Eu intervim. — Estou cansada de ter que


escolher um lado com vocês dois. Isto é ridículo. Todos podemos
comemorar juntos.

— Por que agora?! — Christian rugiu.

— Eu não gostava de comemorar o meu aniversário antes


deste ano! — Eu declarei por Jax. — Você mudou isso em mim. Toda
a sua família mudou. Eu queria comemorar meu aniversário pela
primeira vez com vocês dois. Essa é uma resposta boa o suficiente
para você?

— Eu não posso acreditar que você não vê o que ele está


realmente fazendo, Kinley. É obvio, porra.

— Eu não estou fazendo merda nenhuma. — Argumentou


Jax. — Antes de me perguntar se eu sabia, o que eu sabia, venho
tentando fazer com que ela comemore seu aniversário desde que a
conheci. Mas o que você deveria estar se perguntando é por que está
tão inseguro sobre isso.

Aconteceu antes mesmo de eu perceber. Eu juro que pisquei,


e o punho de Christian estava acertando a mandíbula de Jax.

— Não!

Jax voou para trás, parando na ilha da cozinha.

Com os olhos arregalados, minhas mãos voaram para o meu


rosto. Isso não ia acabar bem, disso eu sabia. Eu me lancei em direção
a Jax para ajudá-lo, mas Christian agarrou meu braço, me impedindo.

— Que porra é essa? Você está indo até ele?

Eu me virei abruptamente. — Foi você quem bateu nele!

— Não brinca, e farei de novo.

Com a mão em sua mandíbula, Jax a moveu, carrancudo.


— Eu gostaria de ver você tentar.

— Eu acabei de bater!

— Você me deu um soco de merda, seu maricas!

— Por favor, pare! — Eu implorei. Meu coração estava


batendo muito rápido. Duas das pessoas mais importantes da minha
vida se odiavam com o mesmo amor que eu sentia por ambas.

Essa era a última coisa que eu queria que acontecesse em um


dia normal, muito menos no meu aniversário.

— Dê o fora! — Jax ordenou. — Você não é bem-vindo aqui!

Meu olhar voou para Jax. — O quê?! Eu o quero aqui!

— Você quer a mim ou a ele, Kinley?

— Christian! — Exclamei, olhando para ele agora. — Isso não


é justo!

— Você quer saber o que não é justo, Kinley? Que ele está
fazendo isso de propósito para nos fazer brigar, e você não enxerga
isso!

— Não, ele não está. — Eu afirmei. — Você não o conhece


como eu. Você está apenas sendo injusto.

— Tudo bem. — Christian disse. — Eu vou embora, porra.


— Sua expressão cruel se voltou para Jax, lançando a ele um olhar
que eu nunca tinha visto antes dele. — Mas nem por um segundo
pense que terminamos aqui. Só estou indo embora porque a amo e,
se não fizer isso, vou perdê-la...

Suas palavras seguintes me deixaram sem palavras e partiram


meu coração ao mesmo tempo.

— Por você. Exatamente do jeito que você quer.


CAPÍTULO 11
Christian
Presente

Tomei um gole da garrafa de Jack enquanto seguia para o


banheiro do bar. O líquido ardente desceu queimando e tudo que eu
queria fazer era esquecer. Amanhã assinaríamos os papéis do divórcio
e, apesar de saber que ainda precisávamos comparecer perante o juiz
para oficializar, isso não importava.

Nosso casamento tinha acabado. O resto era simplesmente


burocracia.

Então, para que foram os últimos vinte anos?

Eu salvei a garota perdida apenas para que ela me destruísse


no final.

Eu tentei me enganar ao acreditar que desejava que os últimos


fodidos vinte anos não tivessem acontecido, mas isso era uma
mentira, porque lá estava eu, pensando apenas nela.

Minha esposa.

A única mulher que já amei.

Eu queria imaginar que não via o rosto dela na minha frente,


o mesmo rosto com o qual eu acordava todas as manhãs e adormecia
todas as noites. Ela ficava deitada em meu braço enquanto eu
brincava com seu cabelo até ela dormir.

Era a melhor parte do meu dia. Tê-la em meus braços era o


que eu mais esperava. Eu a observava dormir, contemplado sua
beleza.

No entanto, se eu soubesse que a última vez que fiz amor com


ela teria sido a última vez que sentiria sua boca contra a minha, seu
coração batendo em sincronia com o meu, seu corpo embaixo de mim
com meu pau dentro dela...

Eu teria levado mais tempo para ouvir seus gemidos, fazê-la


gozar, arruinado-a para qualquer outro homem em seu futuro. O
mero pensamento acendeu uma fúria intensa que eu nunca havia
sentido antes. Um tormento sombrio se instalou em minha mente.
Ele percorria minhas veias, bombeando meu sangue enquanto eu
olhava longamente para o espelho, não reconhecendo mais o homem
olhando para mim.

Quem era ele sem Kinley?

Estávamos juntos há tanto tempo que tudo que eu sabia era


como amá-la.

Protegê-la.

Tê-la ao meu lado.

Nos bons e maus momentos, não importava mais. Nossos


votos agora eram apenas palavras sem significado.

Sem valor.

Sem moral.

O vazio em meu coração se espalhou como fogo selvagem em


meus ossos, profundamente no âmago do meu ser.

Eu não conseguia impedir as memórias de seu cabelo


bagunçado e rebelde cobrindo parcialmente seu rosto quando eu
acordava todas as manhãs com seus lábios carnudos, que geralmente
estavam inchados do meu ataque implacável e insaciável em sua boca
na noite anterior.

Seu rosto corado.

Sua pele descoberta e nua.

Tudo isso um lembrete de quantas vezes eu havia feito amor


com ela.

O cheiro de sexo costumava sempre pairar pesado em nosso


quarto. Eu nunca conseguia me fartar dela, e houve um tempo em
que ela também não conseguia se fartar de mim. Apenas alimentando
minhas memórias de como éramos perfeitos juntos.

Nós dois mantidos cativos por nosso amor um pelo outro.

Eu fui um bastardo sortudo. Ter Kinley era tudo o que


importava.

Como faço para deixar de amá-la? Como faço para que a porra da dor
desapareça? Como faço para viver sem ela?

Meu coração doeu ao pensar em todas as perguntas que


constantemente me perseguiam. O fogo dentro de mim pertenceria
apenas a ela. Meu coração apertou ao pensar na paixão que uma vez
tivemos um pelo outro.

Quanto mais tempo eu olhava para mim no espelho, mais o


banheiro começava a desmoronar sobre mim, e eu estava achando
difícil respirar, porra.

As paredes se apertaram ao meu redor, agitando aquela dor


penetrante que parecia que eu a carregaria comigo pelo resto da minha
vida. Agora era uma parte de mim, como ela sempre seria.

Junto com a culpa pelo que eu poderia ter feito de forma


diferente.

As memórias de onde erramos.


Os demônios que não poderíamos vencer e os novos que
estávamos enfrentando.

Não importava o quanto tentássemos ou quanta terapia


fizéssemos, nada mudava o resultado de não podermos ter um bebê.

Ela estava certa. Eu queria uma família mais do que tudo neste
mundo, mas não a queria mais do que a queria. Ela não acreditava em
mim, e eu sabia que ela ainda carregava o trauma de sua mãe.

Pensar naquela mulher fez meu sangue ferver.

Queimar.

Queimando minha pele de dentro para fora.

Eu tinha certeza de uma coisa e apenas uma coisa – quando eu


assinasse aqueles papéis amanhã, estaria levando o amor dela comigo.

Eu fiquei ali lutando contra o desejo de voltar para casa com


ela, totalmente ciente de que não era mais minha casa. Ela deixou isso
perfeitamente claro da última vez que a vi com Jax, de todas as
malditas pessoas. Cada emoção me atingiu na cara, repetidamente. Me
provocando. Tocando-me como se fosse um maldito violino.
Fazendo-me sentir que não era nada mais do que um pedaço de
merda.

E seu futuro ex-marido.

A verdade me atingiu, minha adrenalina me impulsionando a


entrar em ação. Eu podia sentir o suor acumulando em minha
têmpora enquanto saía do banheiro. Bebendo da garrafa de uísque já
meio vazia em minhas mãos.

— Dr. Troy. — Uma voz familiar chamou.

Virei-me para encontrar uma jovem morena caminhando em


minha direção com luxúria em seus olhos. Como se ela tivesse
acabado de ganhar um prêmio. E sem mais nem menos, desapareceu.
Eu poderia respirar.

Era isso que eu precisava para seguir em frente oficialmente?

Ela riu. — Você não se lembra de mim, não é? Bem, acho que
faz sentido, considerando que você geralmente está olhando para
minha boceta.

Eu acabei de ouvi-la bem ou estava completamente chapado?

Eu estava acostumado com as mulheres se atirando em mim,


mas esta era descarada com suas palavras e ações. Eu não parecia com
um ginecologista/obstetra normal. Eu estava coberto de tatuagens,
cobrindo meus dois braços. Quando era adolescente, eu adorava
tatuagens, e no segundo que fiz dezoito anos, passei em um estúdio
de tatuagem, fazendo a primeira.

Kinley estava ao meu lado quando tatuei nossa data de


aniversário em meu peito em algarismos romanos. Havia várias
tatuagens em meu corpo que simbolizavam minha esposa.

Que porra eu faço com elas agora?

A mulher se inclinou para mim, jogando os braços em volta do


meu pescoço. — Você parece tão solitário, Dr. Troy. Mas você está
com sorte! Eu sou uma ótima companhia.

Era a primeira vez em duas décadas que outra mulher estava


me tocando tão intimamente, e tudo em que eu conseguia pensar era
em Kinley.

Mesmo em meu estado de embriaguez, percebi que a mulher


se atirando em mim parecia jovem.

— Quantos anos você tem?

— Velha o suficiente. — Ela disse, olhando para mim através


de seus cílios longos e escuros. — Eu poderia ajudá-lo a esquecer sua
ex-mulher.

Não me surpreendeu que ela soubesse do nosso divórcio –


éramos o assunto da nossa pequena cidade.

Tirei seus braços do meu pescoço. — Ela ainda é minha


esposa.

— Meu nome é...

— Não me interessa qual é o seu nome.

Ela ignorou minha resposta, afirmando: — Vamos para a


minha casa da irmandade.

— Vá se foder. — Eu disse, mas ela interpretou mal minha


resposta.

— Eu adoraria.

— Não. — Eu balancei minha cabeça. — Eu preciso ir...

— Siiiim! Vamos dançar!

Pisquei através da minha névoa, e de repente estávamos na


pista de dança, sua bunda se esfregando em meu pau enquanto ela me
encostava em uma parede. Os rostos de todos estavam se misturando
e eu mal conseguia ver um pé na minha frente. Antes que eu
percebesse, estava de volta ao banheiro, só que desta vez estava em
uma das cabines.

O som do meu zíper me arrancou de qualquer entorpecimento


alcoólico em que eu estivesse. Olhando para o chão, me afastei e
fechei o zíper da calça.

— Que porra é essa?

— Que porra é essa mesmo! — A mulher reclamou. — Por


que você não fica comigo? Tenho tentado a noite toda e tudo o que
você faz é me dispensar! Qual o problema com você? Seu pau nem
estava duro quando eu estava dançando e me esfregando em você!

Eu não tinha tempo para essa besteira, ansiando por minha


esposa. Eu a deixei lá, de joelhos, gritando obscenidades, e saí.

Quando percebi onde estava, estava um pouco mais sóbrio e


entrando na casa que antes era a minha. Em meio ao meu estado de
embriaguez, entrei e meus pés se moveram no piloto automático até
que abri a porta do nosso quarto, pegando Kinley de surpresa.

Ela arfou, girando para me encarar com os braços sobre os


seios nus. — Jesus, Christian! Você me assustou, porra!

Pela primeira vez em eu não sei quanto tempo, eu sorri,


enquanto segurava a maçaneta da porta. Inclinando minha cabeça
para o lado, observei seu lindo corpo molhado do chuveiro. Ela
parecia melhor do que eu me lembrava.

E acredite em mim, eu me masturbei com a visão daqueles


seios muitas vezes.

— Christian, o que você está fazendo aqui?

Acenei com a cabeça para os seios dela. — Eu já os vi, baby.


Já os chupei, gozei e já os fodi. Você se lembra, não é? Porque eu não
tenho nenhum problema em lembrá-la novamente, docinho.

Seus olhos se arregalaram, percebendo minha postura


dominante. — Você está bêbado.

— E você é linda pra caralho.

Ela rejeitou meu elogio. — Você dirigiu até aqui? — Pegando


seu robe de seda da cama, ela o vestiu e eu gemi, querendo mantê-la
nua e molhada.
Kinley olhou para a entrada através da porta deslizante da
sacada contra a qual fiz amor com ela repetidas vezes.

— Oh meu Deus! Você dirigiu mesmo até aqui! O que você


estava pensando?

— Eu não estava.

Ela saltou quando percebeu que eu estava parado atrás dela, e


eu a virei para me encarar.

Só que ela afastou minhas mãos. — Vou fazer um café para


você. Eu não posso acreditar que você dirigiu até aqui assim. Se você
for parado, pode perder tudo.

— Já perdi tudo. Graças a você.

— Isso não é justo.

— Como você apaga isso, Kinley? Como você simplesmente


deixa de me amar? Eu preciso que você me diga. Você me deve isso.

Ela se desviou de mim, mas quando ela deu um passo, agarrei


seu braço e a puxei contra meu peito.

Instantaneamente, seu rosto empalideceu quando ela colocou


as mãos em meus ombros. — Você cheira a uísque e perfume de
mulher. — A expressão em seu rosto se tornou letal quando ela
limpou algo do meu pescoço, mostrando o batom vermelho em seus
dedos. — Oh. Meu. Deus. Você estava transando com alguém antes
de vir aqui, Christian?

— Kins. — Eu sorri maliciosamente. — Você perdeu o


direito de me perguntar quem eu estou fodendo quando decidiu que
não queria mais que eu fodesse você.

Ela arfou, recuando. — Eu não posso acreditar que você veio


aqui depois de estar com outra mulher! Seu idiota de merda! Como
você ousa?! — Ela ergueu a mão para me dar um tapa no rosto, mas
eu peguei seu pulso no ar.

Usando seu impulso, girei-a e pressionei a frente de seu corpo


contra a porta deslizante da sacada. Suas costas estavam agora contra
o meu peito.

— Você se lembra da primeira vez que te fodi contra esta


porta?

Sua respiração acelerou.

— Você estava molhada do banho, assim como você está


agora, e eu não pude me conter. Eu nunca pude com você. Você sabe
disso, certo? O efeito que você sempre teve sobre mim?

Sua respiração tornou-se irregular e começou a embaçar o


vidro do lado de seu rosto. — Você disse isso para a prostituta com
quem estava esta noite? Eu sei como você era antes de mim, então só
posso imaginar o quão vadia ela era.

— Se você quer saber. — Eu ri maliciosamente. — Ela era


uma garota da irmandade.

— Seu desgraçado sem vergonha!

Empurrando meu pau duro em sua bunda, ela arfou alto


novamente.

— Você está com ciúmes, docinho?

— Seu idiota de merda! É por isso que você veio aqui,


Christian? Para jogar sua prostituta na minha cara?

— Hmmm... — Eu gemi na lateral de seu pescoço,


respirando-a. — Nua e molhada sempre foi minha Kinley favorita.

— Vá se foder, Christian.
Eu sorri coniventemente. — Eu prefiro muito mais foder
você, bebê. Eu não estava com outra mulher esta noite. Não
conseguia parar de pensar em seus seios perfeitos, sua bunda deliciosa
e essa boceta apertada que eu amo tanto.

— Quão nobre da sua parte. — Ela rangeu por uma


mandíbula cerrada. — Eu não sou idiota. Você está com o batom dela
no pescoço e cheira a perfume barato.

— Nada aconteceu.

— Eu não acredito em você.

— Eu não minto para você, Kinley. Você sabe disso como


sabe meu nome.

— Não importa. Depois de amanhã você pode foder qualquer


coisa que ande.

— Você quer dizer como seu melhor amigo faz? — Eu


zombei, tendo que lembrá-la sobre a verdade de quem eu era. — Eu
mudei por você, docinho. Eu me tornei o homem que você precisava
que eu fosse. Depois que te conheci, desisti de quem eu era. Por você.
Como você pode pensar que eu poderia simplesmente foder outra
pessoa depois de tudo isso? Eu nem conheço mais aquele homem.
Não sei quem sou sem você, Kinley Troy.

Ela fechou os olhos, sentindo a sinceridade de minhas palavras


queimando em sua pele. — Eu nunca pedi para você fazer isso.

— Você não precisava pedir. Quer saber por quê?

— Por que você está fazendo isto comigo?

Não hesitei em contar a ela outro fato: — Porque isso... é tudo


que me resta de você.

— Tudo bem, Christian. Você venceu, ok? Eu sou a vilã da


história. Sou fodida! Isso é tudo minha culpa! É isso que você precisa
ouvir?

— Você não ouviu nada do que eu disse, então vou facilitar


para você. Eu te amo pra caralho! Você está me ouvindo, Kinley?
— Não hesitei em adicionar...

— Não há um eu sem você.

Kinley

Eu fiz a única coisa que pude em um momento em que


precisava que ele me soltasse. Mesmo que eu não quisesse dizer isso,
eu cuspi: — Sabe de uma coisa, Christian?

— O quê, baby?

— Você estar com sua garota da fraternidade esta noite só me


fez perceber que não te amo mais, ok? Pronto! Você conseguiu o que
veio buscar. Agora vá embora!

Ele rosnou enquanto meu coração batia forte em meus


ouvidos. Eu não podia acreditar que tinha acabado de dizer isso. A
mentira tinha gosto de vinagre em minha língua, como ácido em meu
coração, como uma faca em minha alma.

Nunca esperei o que aconteceu a seguir. Ele abruptamente me


virou para olhar para ele, batendo minhas costas contra a porta
deslizante. Eu fiz uma careta por seu ataque violento.

Mas, ao mesmo tempo, eu aceitei isso.

Repetindo: — Eu não amo vo...


Exceto que desta vez ele me interrompeu.

Batendo sua boca contra a minha.


CAPÍTULO 12
Kinley

Suas mãos se emaranharam em meu cabelo.

Foi intenso.

Forte.

Exigente.

Enquanto sua língua devorava minha boca.

Minhas memórias não se comparavam a isso e ao que estava


acontecendo inesperadamente entre nós. Eu deveria tê-lo impedido.
Eu deveria tê-lo afastado e o chutado para fora da minha casa. Eu
deveria ter feito qualquer coisa além de agarrar a frente de sua camisa,
abrindo-a. Botões voaram em todas as direções, caindo em cascata no
chão de ladrilhos.

Querendo-o mais perto, como se ele já não estivesse perto o


suficiente, eu ansiava por nos moldar em uma só pessoa. Beijando-o
de volta como se minha vida dependesse disso. Gemi em sua boca,
perdendo-me em sua língua e lábios habilidosos. Fazia muito tempo
que não experimentávamos isso.

A paixão.

As emoções.

Não conseguia me lembrar da última vez em que nos


consumimos assim.

— Porra... — Ele gemeu em minha boca. — Você tem ideia


do quanto eu sinto falta disso? Quanto eu sinto sua falta?

Com uma força tomando conta de mim, de repente o


empurrei. Não querendo ouvir outra história triste. Nossas vidas já
estavam cheias delas.

Todos os erros e arrependimentos.

Toda a dor e devastação.

Todas as desculpas e “eu te amo”.

Os altos e baixos.

Eles eram infinitos.

Eternos.

Destruindo nós dois no processo.

Ele se aproximou de mim e, assim que senti seus braços


envolverem minha cintura, empurrei-o o mais forte que pude. Suas
costas bateram na porta de vidro com um baque forte, e eu não
vacilei.

Eu fui atrás dele.

— Por que você não pode simplesmente me deixar ir?! — Eu


bati nele, em todo o rosto e corpo. Em qualquer lugar que eu pudesse.

Ele bloqueou cada investida, apenas me provocando a bater


mais forte e com mais determinação. Superando cada gota de
frustração e amor que ainda sentia por ele.

Todos os anos de raiva reprimida.

Todas as vezes que íamos para a cama com raiva.

Todas as coisas que dissemos para nos machucar, quando na


realidade... nos matava dizê-las.
— Kinley, acalme-se, porra! — Ele ordenou, tentando agarrar
meus pulsos.

— Não! — Eu gritei, golpeando e empurrando-o, quanto mais


ele tentava se aproximar de mim. — Você não pode ver que isso está
me matando! É minha culpa estarmos nesta situação, Christian! Sou
eu que não posso te dar bebês! — Lágrimas quentes escorreram de
meus olhos. — Estou danificada, porra! Sempre estive danificada e
estou tão cansada de você tentando me recompor! Não é justo com
você! Eu nunca fui a pessoa certa para você!

Pensando na noite que mudou drasticamente o curso de nossas


vidas, gritei: — Eu deveria ter ouvido você! Por que eu simplesmente
não o escutei?! O que há de errado comigo?!

Em meu estado de derrota, eu não era forte o suficiente para


segurá-lo por mais tempo. Em um instante, ele me virou, agarrou
meus pulsos e os segurou acima da minha cabeça, prendendo-me
contra a porta de vidro.

— Você tem ideia de quantas noites eu fiquei acordado


pensando exatamente nessa questão?! Por que você não pôde apenas
me ouvir?! Meses após meses de testes negativos! Lá estava! Essa
mesma maldita pergunta! Passei anos pensando naquela noite! Eu
poderia ter perdido você também! — Ele rugiu, seu corpo tremendo.
— Você não consegue enxergar. Eu não me importo! Estou cego por
você! Estou louco por você! Estou doendo por você! Por que você
não consegue ver que tudo que eu quero é você, Kinley?! Por que isso
é tão difícil para você perceber?

Essas palavras profundas foram o suficiente para eu perder o


controle.

Eu bati minha boca na dele, mordendo seu lábio inferior até


sentir o gosto de sangue.
Ele imediatamente recuou, segurando meus pulsos com uma
mão enquanto a outra puxava meu cabelo pelo canto do pescoço. Eu
ofeguei, tentando freneticamente me orientar em seu aperto
possessivo. Ambos os nossos corpos tremiam com um fogo inegável.

Cada parte de nossa determinação estava se desfazendo ao


nosso redor.

Rompendo.

Acabando.

Tornando difícil enxergar, quanto mais ficar de pé.

Eu não sabia se eram nossas verdades e mentiras, ou o fato de


que eu estava em seus braços que me fazia sentir viva pra caralho.

Prosperando.

Vivendo.

Com a boca do meu marido contra a minha.

Fracamente, eu me debati, ignorando a dor em minha cabeça


e a pulsação no meu coração. Os danos que eu causei a nós dois
enquanto arfávamos por ar.

Frustrados.

Sobrecarregados.

Frenéticos um com o outro.

Fechando meus olhos, tentei estabilizar minha respiração,


meus pensamentos, a porra do meu coração. Estava destruído.
Partido em um milhão de pedaços.

Ele afrouxou o aperto, roçando lentamente seus lábios contra


os meus e me fazendo abrir os olhos. Eu vi todas as nossas memórias
passando através de seu olhar, uma após a outra.

A primeira vez que conversamos.

A primeira vez que ele me beijou.

Tocou-me.

Fez-me dele.

Eu nasci para ser dele...

Quando seu olhar aquecido e atormentado se tornou demais


para mim, eu virei meu rosto, mas ele agarrou meu queixo e me forçou
a olhar para ele novamente.

— Você não pode se esconder de mim, Sra. Troy.

Eu fiz uma careta, essas duas palavras me matando lentamente.

Ficamos olhando um para o outro pelo que pareceram horas,


ambos perdidos em nossa própria escuridão.

Em nossos próprios demônios.

Em nosso passado.

Nas coisas que não podíamos mudar, mas queríamos


desesperadamente, e nas coisas que podíamos mudar, mas não
sabíamos como.

Nosso futuro.

Nossas desculpas.

Nosso amor.

Estava bem ali, nos separando. Peça por peça, pouco a pouco,
estávamos sangrando um pelo outro. Ele lambeu o sangue de seus
lábios, e eu silenciosamente desejei estar fazendo isso por ele. Meus
olhos seguiram o movimento de sua língua, fazendo uma onda de
adrenalina percorrer minhas veias.

— Eu te amo! Eu te amo pra caralho! — Eu gritei, e ele me


soltou, mas apenas para mais uma vez bater sua boca na minha.

Ele rosnou, separando os lábios. Suas mãos foram para a faixa


do meu robe de seda, abrindo-o. Fazendo-me choramingar, ele caiu
de joelhos entre as minhas pernas e lambeu da minha abertura ao meu
clitóris.

— Porra... — Eu gemi, desmoronando.

Quando ele colocou minha coxa em seu ombro, minhas mãos


imediatamente agarraram seu cabelo, puxando-o ao ponto da agonia.

Eu queria que ele sentisse o que eu estava sentindo.

O prazer e a dor.

Balançando meus quadris para frente, senti sua língua


empurrar em minha abertura enquanto ele olhava para mim com um
olhar predatório. Seus olhos estavam escuros e dilatados. Sua mão
apertou meu seio enquanto ele sugava meu clitóris, movendo
imediatamente a cabeça de um lado para o outro, para frente e para
trás.

— Ah! — Eu assobiei.

Minha respiração estava pesada e minha boca se abriu com a


manipulação precisa de seu ataque ao meu núcleo. Sua boca estava
literalmente me comendo viva. Eu assisti com olhos semicerrados
quando ele deslizou dois dedos em minha boceta encharcada, fazendo
minhas pernas tremerem e meu corpo estremecer.

O que só fez com que ele me fodesse com mais força, me


lambesse mais rápido, querendo que eu gozasse em sua boca.
Ele me lambeu uma última vez, e então o filho da puta parou
e eu gemi em recusa.

Eu estava quase lá.

Tão perto.

— Por favor... — Implorei descaradamente, querendo isso


para mim.

Christian foi o único homem que me tocou, me beijou, me fez


dele. Eu não conhecia nada além dele. Ele conhecia meu corpo
melhor do que eu, conhecendo-o e memorizando-o por horas a fio.

— Você acha que outro homem vai fazer você implorar pelo
que sempre foi meu?

Eu ofeguei profusamente, meu peito subindo e descendo com


a respiração rasa.

— Diga-me. Diga as palavras, Kinley.

Não precisei ser perguntada duas vezes. — Eu sou sua,


Christian. Eu sempre serei sua.

Ele rosnou e voltou a lamber minha boceta, me deixando louca


de necessidade. Em segundos, eu estava desmoronando, rápido e
forte. Tremendo o tempo todo. Eu me entreguei ao meu orgasmo
contra sua boca antes que ele soltasse meu clitóris com um estalo.

Não se preocupando em limpar meus fluidos de seu rosto, ele


atacou minha boca com a mão plantada firmemente na minha nuca,
me mantendo travada no lugar. Próxima a ele, exatamente onde eu
queria estar.

Senti meu gosto em seus lábios e língua, incapaz de obter o


suficiente do que só ele poderia trazer de mim. Segurando minha
bunda, ele me levantou para me colocar em sua cintura e empurrou
minhas costas contra a porta deslizante novamente.

O vidro tremeu, ecoando no quarto.

— Você se lembra da primeira vez que eu te fodi contra esta


porta? — Ele agarrou um punhado do meu cabelo. — Você já era
minha. Exatamente como você é agora. Não importa o que aconteça,
Kinley Troy. Estou correndo em seu sangue.

Nossas bocas colidiram enquanto eu desafivelava seu cinto.


Trabalhando o botão e o zíper de sua calça, incapaz de abri-la rápido
o suficiente. Eu puxei seu pau duro e o acariciei agressivamente em
um movimento para cima e para baixo.

Ele não era o único que me conhecia por dentro e por fora.
Eu o conhecia também, e Christian amava as coisas de forma
selvagem.

Sua mão foi para a minha garganta e a outra ficou no meu


quadril, segurando com força e aplicando ampla pressão em ambas.
Ele queria marcar meu corpo, me lembrar a quem eu pertencia...

E Deus me ajude, eu queria que ele fizesse isso.

— Por favor, Christian... foda-me como você costumava fazer.

Era tudo o que ele precisava ouvir.

Em um impulso rápido e forte, ele estava profundamente


dentro de mim.

— Porra. — Ele gemeu em voz alta contra a minha boca


entreaberta enquanto eu assobiava na dele, gritando, mas sem dizer
uma palavra.

Não fazíamos amor há sabe-se lá quanto tempo, e eu tinha


esquecido o quão grande ele era. Cravando seus dedos em minha
bunda, ele moveu meus quadris para que eu o fodesse mais forte e
mais rápido. Não havia nada de suave no que estávamos fazendo um
com o outro.

Estávamos fodendo com muita raiva, e eu queria que isso


nunca mais parasse.

Ele investiu impiedosamente em mim. — É isso que você


quer, Kinley? Que eu a foda assim? — O som de tapas do nosso
contato pele a pele ecoou em nosso quarto. — Você quer que eu te
foda como se você fosse minha?

— Sim...

— É isso aí, baby... aperte meu pau com sua pequena boceta
apertada que eu nunca me farto. Bem desse jeito. Eu quero sentir você
gozar no meu pau.

Com cada impulso dentro de mim, eu sentia a força do


movimento de seu corpo me pressionando um pouco mais no vidro.
Eu saboreei a sensação de seu pau me invadindo. Eu sabia que não
seria capaz de andar pela manhã sem senti-lo ali.

Minha boceta latejava contra seu eixo enquanto meu ponto G


pulsava ao longo da cabeça de seu pau. Uma e outra vez.

— Eu vou gozar. — Eu disse asperamente.

Nossos corpos famintos e a raiva assumiram o controle.


Minhas costas batiam contra a porta repetidamente. Estávamos
ambos saindo de controle em um frenesi com a sensação de nossas
bocas e corpos colidindo. Juntos como um só. Ele sentia isso tanto
quanto eu. Permaneceu em nosso caos.

Cada impulso.

Cada gemido.

Cada empurrão e puxão.


Trazia de volta memórias que nenhum de nós jamais poderia
esquecer.

Ele me fodeu mais forte e com mais determinação, seu coração


batendo rápido contra o meu. Beijando-me apaixonadamente com
tudo o que restava dentro dele.

— Ah! Eu vou gozar... — Eu fechei meus olhos.

— Os olhos em mim, docinho. Deixe-me cuidar de você.

Suas palavras me levaram de volta a outro lugar e momento


em que seu pau estava dentro de mim pela primeira vez. Enjaulando-
me com seus braços contra minha cabeça, ele olhou profundamente
em meus olhos, e eu mostrei a ele tudo o que ele precisava ver.

Eu ofegava, e meu corpo estremecia quanto mais perto eu


chegava da minha liberação.

— Você está apertada, essa pequena boceta foi feita para mim,
baby. Quantas vezes você já pensou nisso? Em meu pau bem dentro
de você? Eu te ensinei como gozar, Kinley. Eu te mostrei tudo que
você ama. — Ele bateu em mim, usando meus quadris como alavanca
e me fazendo acompanhar seu ritmo vigoroso.

— O que você acha, baby? Devo simplesmente parar e deixá-


la assim? Talvez então você saiba o que está fazendo comigo. Talvez
então você sinta que estou morrendo por você. Talvez então você
finalmente admita que não quer esse maldito divórcio.

Ele não interrompeu suas investidas implacáveis. Uma a uma,


comecei a gozar em seu pau.

— Estou gozando... estou gozando... estou gozando... — Eu


dizia sem fôlego, lutando contra as lágrimas de quão verdadeira sua
declaração era.

— Sim, Kinley... assim mesmo. Aperte a porra do meu pau


como minha boa menina. — Outro grunhido escapou de dentro de
seu peito, enquanto eu pulsava em seu pau para gozar junto comigo.

Ele empurrou mais algumas vezes antes que nossos corpos


relaxassem, respirando pesadamente um no outro. Nossos
pensamentos correndo maratonas, imitando nossa sessão de foda que
aconteceu por pura raiva e desespero para sentir algum tipo de
conexão um com o outro.

Eu me deliciei com a sensação dele ainda dentro de mim, não


querendo que isso acabasse.

Não acabou.

Christian me carregou até a cama e, nas horas seguintes,


fizemos amor como se fôssemos aqueles dois adolescentes malucos
que só precisavam um do outro.

Ele fez amor comigo até não sobrar nenhum amor para
expressar.

Até que não houvesse um centímetro da minha pele que ele


não tivesse beijado ou acariciado.

Até que não houvesse ofegos, gemidos, rosnados ou


grunhidos.

Ele fez amor comigo até que não houvesse mais nada dentro
de mim, exceto seu gozo.

Adormeci em seus braços enquanto ele brincava com meu


cabelo como havia feito durante tantos anos.

Exceto que quando acordei, ele havia ido embora.

E tudo o que restou...

Era assinar nossos papéis do divórcio naquela tarde.


CAPÍTULO 13
Christian
Passado

Uma semana se passou desde o aniversário de Kinley, e eu mal


a tinha visto ou falado com ela. Essa foi nossa primeira grande briga,
e eu não sabia o que dizer ou fazer para consertar as coisas.

Eu não voltaria atrás em como me sentia sobre Jax e suas


intenções conosco. Ele não nos queria juntos, disso eu tinha certeza.

— Você é como um cachorrinho doente de amor, Christian.


Para onde diabos foram suas bolas?

— Vá se foder, cara.

Julian riu. — Apenas se desculpe e a chupe. Funciona como


um encanto.

— Certo, porque você sabe disso.

— Você está certo, eu não sei, mas se eu estivesse parecendo


um cachorro abandonado, usaria a única arma que tenho. Minhas
habilidades para fazê-la ver Deus.

— Como você vê Deus? — Autumn entrou no meu quarto.


— Eu quero ver Deus. Você pode me fazer ver Deus?

— Autumn, o dia em que você vir Deus é o dia em que vou


para a cadeia.

Ela revirou os olhos para mim. — Eu não vou ser sua


irmãzinha para sempre, Christian.
— Odeio frustrar você com isso, mas você sempre será minha
irmã mais nova.

Ela revirou os olhos novamente. — Julian, você pode dizer a


ele que um dia eu terei um namorado, e ele vai me amar muito?

Julian estreitou os olhos para ela. — Estou com seu irmão


nessa, pequena. Nenhum merdinha vai fazer você ver Deus sob nossa
vigilância.

— O que Deus tem a ver com ter um namorado? Nós nem


somos religiosos.

Eu ri, não pude evitar. A merda que saía de sua boca era hilária.

— Vocês ainda estão brigando? — Autumn perguntou,


sentando na minha cama.

— Você não percebe? Olhe para o seu irmão, ele parece o meu
pior pesadelo.

Autumn estreitou os olhos para mim. — Eu acho que você


deveria ir para a casa dela, dizer a ela o quanto você está arrependido
e, em seguida, lembrá-la de por que ela te ama.

— Você acha que é assim tão simples?

— Christian, o amor é fácil. É você quem está dificultando.

— Mano, você acabou de ser aconselhado por uma garota de


onze anos.

— Tenho quase doze anos, Julian, se você não percebeu.

— Doze. — Ele sorriu, acalmando-a. — Uma garota tão


grande.

— Só mais três anos e eu posso ter um namorado.


— Quem disse? — Eu rebati, olhando para ela.

— Nossos pais.

— Só por cima do meu cadáver.

— Christian! Eu também posso estar apaixonada!

— Aos quinze você não vai se apaixonar, Autumn.

— Por que não? Você estava.

Eu recuei com sua resposta, percebendo que ela estava certa.

Pelo resto do dia, pensei em Kinley até que de repente me vi


na porta dela.

Seguindo o conselho da minha irmã mais nova.

Kinley

Eu abri a porta. — Christian. — Eu disse sem fôlego, sem


palavras. Instantaneamente, olhei em seus olhos verde azulados que
sempre fizeram coisas comigo.

Meu coração acelerou, meu estômago revirou e minha boca se


abriu no momento em que ele cumprimentou. — Ei, docinho.

Disfarcei um sorriso, sem saber como agir com ele. Distraindo:


— O que você está fazendo aqui? — Em vez disso.

Ele se encolheu com o tom afiado da minha voz, não tentando


esconder suas emoções, ao contrário de mim. O que sempre foi uma
característica consistente de Christian. Ele nunca tentou se esconder
de mim. Sempre me mostrando quem era de verdade.
Eu não sabia o que dizer. Mal tínhamos nos falado desde meu
aniversário, e quando o fizemos foi rápido e estranho. Não sabíamos
como agir. Esta era a primeira vez para nós dois, e era óbvio pela
forma como estávamos agindo um com o outro.

Eu não queria perdê-lo, mas também não queria perder Jax, e


era injusto que ele esperasse que eu escolhesse.

Eu podia ter amigos além dele, e ele precisava entender isso se


as coisas fossem continuar entre nós.

— Não consigo parar de pensar em você. — Ele expressou do


nada, aquecendo meu coração. — Sinto muito pelo seu aniversário,
Kinley. Aquilo não deveria ter acontecido.

— Eu sei. — Eu balancei a cabeça, encostando no batente da


porta. — Eu também sinto muito. Odeio brigar com você.
Especialmente por causa de Jax. É tão bobo, Christian.

— A última coisa que quero é falar sobre Jax agora.

— Então por que você está aqui? — Perguntei em um tom


imparcial.

— Vamos lá. — Ele inclinou a cabeça para o lado com um


sorriso malicioso. — Com quem você pensa que está falando?

— O que você quer que eu diga?

— Que você me perdoa.

Eu engoli em seco, absorvendo cada palavra que saiu de seus


lábios. Pela expressão em seu rosto, ele estava sendo sincero.

— Eu te amo, Kinley, e não quero te perder. Especialmente


para o maldito Jax.

— Quantas vezes eu tenho que dizer a você que não é assim


entre nós?
— Então prove isso para mim.

— Como?

Ele sorriu, entrando na minha casa antes de fechar a porta atrás


dele para se encostar nela. — Deixando-me ter mais uma de suas
primeiras vezes.

Eu arqueei uma sobrancelha, sorrindo. — O que você está


dizendo, Christian?

Inclinando-se para a frente, ele sussurrou em meu ouvido:


— Quero fazer amor com minha garota.

— Uau, você vai de zero a cem como ninguém que eu já


conheci.

— Deixe-me cuidar de você, docinho.

Eu pensei sobre isso por um segundo. — O que acontece


depois?

Ele sorriu. — Eu faço você gozar de novo.

— Christian. — Eu corei. — Você sabe o que eu quero dizer.

Com outra expressão honesta, ele jurou: — Eu vou te amar


para sempre.

— E quanto ao Jax?

— O que tem ele?

— Ele ainda será uma grande parte da minha vida.

— Enquanto eu tiver uma parte maior nela, não teremos


problemas.

— Claro. Eu também quero te amar para sempre. Eu sou sua.


— Eu disse com sinceridade.
— Ainda não, mas você será em breve. — Com isso, ele
agarrou minha bunda e me puxou contra seu corpo. Envolvendo
minhas pernas em torno de sua cintura, ele nos levou para o meu
quarto.

Ele sabia que estávamos sozinhos. Minha tia estava


trabalhando. Ela estava sempre trabalhando.

A cada passo que ele dava em direção ao meu quarto, eu sentia


as borboletas borbulhando em meu estômago. Eu não estava nervosa,
mas ansiosa pelo que estava por vir.

— Senti sua falta. — Foi tudo que pude dizer quando ele me
deitou na cama antes de pairar sobre meu pequeno corpo, prendendo-
me com os braços em volta do meu rosto.

— Eu também senti sua falta, baby.

Eu estava usando apenas um vestido de verão fino, e foi fácil


tirar por minha cabeça depois que ele me beijou. Uma vez que eu
estava nua, ele olhou para mim com um olhar predatório que fez
minhas coxas se apertarem. Ele fazia isso comigo toda vez que eu
estava nua para ele, como se estivesse me acolhendo pela primeira
vez.

Eu amava isso.

Ninguém me fazia sentir o que Christian podia. Aos dezessete


anos, eu já sabia que ninguém mais iria.

Eu podia sentir que ele estava hesitante, provavelmente por


minha causa, sabendo que esta era a primeira vez para mim. Eu queria
senti-lo de todas as maneiras possíveis. Fazia meses que eu queria isso,
mas ele nunca tentou mais do que apenas carícias. Ele me respeitava,
e vindo de um cara como ele, significava tudo.

Reconhecendo sua incerteza, facilitei as coisas para ele.


Puxando seus lábios para os meus, eu persuadi. — Toque-me,
Christian.

— Onde? — Ele disse em minha boca.

— Onde você quiser.

Ele sorriu enquanto deslizava sua língua pelos meus lábios


entreabertos. Beijando-me de uma forma que fez minhas pernas se
abrirem e se envolverem em torno de sua cintura. Fiz o mesmo
rapidamente com meus braços em torno de seu pescoço.

Sem espaço ou distância entre nós.

Ele me beijou suavemente, com adoração, com fervor.

Christian se afastou um pouco, descansando sua testa na


minha para olhar bem nos meus olhos. Havia uma fome em seu olhar
com a qual eu me familiarizei. Embora ele nem mesmo estivesse me
tocando, eu o sentia por toda parte.

Eu ansiava por seu toque.

Seu gosto.

A sensação dele em cima de mim e entre as minhas pernas.

Toda a sua adoração.

Seu amor.

Devoção.

Cada risada.

Sorriso.

Tudo e qualquer coisa.

Eu só o queria.
Alcançando a frente de sua camiseta, eu o ajudei a puxá-la pela
cabeça para jogá-la no chão ao lado do meu vestido. Meus dedos
pressionaram contra a pulsação em seu pescoço, querendo senti-lo
batendo apenas por mim. Deixei-os lá por alguns segundos,
lentamente deslizando-os até seu coração e, em seguida, percorrendo
seu abdômen definido até alcançar seu cinto.

O calor e a suavidade de sua pele fez minha boceta contrair e


meu estômago vibrar. As borboletas que ele sempre agitava nunca
mudavam. Era uma das minhas emoções favoritas que ele evocava.

Os sentimentos que ele acendia dentro de mim eram do que


eram feitos os contos de fadas. Nunca pensei que encontraria um
amor como o dele.

Como o nosso.
CAPÍTULO 14
Kinley

Agradeci às minhas estrelas da sorte por ele ter entrado em


minha vida naquele momento, fazendo-me acreditar que valia a pena
ser amada. Eu cresci sozinha, com minha mãe constantemente me
chamando de fardo, irritada, dizendo que ela desejava que eu nunca
tivesse nascido.

Quando você ouvia o suficiente, começava a acreditar nisso.


Passei anos dizendo a mim mesma que não era um acidente ou um
erro, que tinha um propósito e talvez fosse salvá-la de sua própria
loucura.

Eu tentei durante anos e nunca consegui, ainda assim... eu


desejava ter conseguido.

Suas mensagens de voz em nossa secretária eletrônica estavam


ficando mais persistentes e, aos poucos, ela foi começando a despertar
aquele desejo de tê-la novamente em minha vida.

Ela dizia que estava sóbria, limpa e tomando seus remédios.

A garotinha em mim queria acreditar nela, mas eu já tinha


ouvido tudo isso antes, vezes demais para contar. Suas mentiras
sempre soavam como verdades. Não importava quantas ela me dizia,
eu não conseguia perceber a diferença.

— Ei... — Christian enfatizou. — Onde você foi?

— Desculpe. — Eu balancei minha cabeça, cobrindo meu


rosto. — Estou estragando isso.
— Baby. — Ele puxou minhas mãos. — O que está
acontecendo?

— Nada.

— Kinley, não se esconda de mim.

Suspirei. — Eu não sei. Estava pensando em como sou


sortuda por ter você em minha vida, e isso trouxe à tona memórias
de minha mãe me dizendo que eu não valia nada. — Arregalei meus
olhos. — Aqui está você, querendo fazer amor comigo, e estou
pensando em minha mãe. Jesus... estou tão fodida. Sinto muito,
Christian.

— O que eu disse na primeira vez que coloquei minhas mãos


em você?

— Que você sempre substituirá minhas lembranças ruins com


o seu amor por mim.

Ele sorriu. — Sempre, docinho. Eu vou te proteger de tudo,


especialmente de sua mãe.

Eu não precisava ouvir mais nada. Isso era perfeito.

Ele era perfeito.

Pegando seu cinto, eu ofeguei quando ele inesperadamente


agarrou minha mão e me parou.

— Você tem certeza?

Antes que eu pudesse assegurar a ele, dizer o que eu sentia


profundamente em meu coração, o quanto ele significava para mim,
o quanto eu queria ser dele e somente dele, o quanto eu queria que
ele me possuísse.

Mente.
Corpo.

Alma.

Ele murmurou roucamente contra meus lábios: — Docinho,


eu nunca estive com uma virgem antes.

— Sério?

— Sim. Eu nunca quis tirar isso de uma garota.

Eu ri suavemente. — Você está dizendo todas as coisas certas.

— Eu não quero machucá-la.

— Você não vai. — Mais uma vez, repeti as palavras que ele
precisava ouvir de mim: — Eu confio em você.

Ele soltou minha mão e eu desafivelei seu cinto. Em seguida,


seu zíper antes de tirar o jeans e a boxer. Segurei seu pau, mas ele
tirou minha mão do caminho.

— Isto não é sobre mim. É sobre você, Kinley.

Seu olhar me incendiou e meu coração disparou. Eu amava a


maneira como ele estava olhando para mim. Ele tinha meu coração
nas mãos, para fazer o que quisesse, e eu me lembraria desse
momento para a eternidade.

Eu soube naquele momento que nunca seria capaz de ficar sem


ele. Ele seria meu sempre e para sempre.

Lambendo os lábios, ele se inclinou para me beijar. No


segundo em que sua língua tocou a minha, minhas costas arquearam
ainda mais para o colchão. Minhas pernas se abriram mais para ele
enquanto ele colocava todo o seu peso em seus braços que estavam
embalando meu rosto.

— Você é tão linda, Kinley. Como eu tenho tanta sorte de ter


outra de suas primeiras vezes? — Ele começou a dar beijos suaves no
meu peito e em direção ao meu mamilo, sugando um em sua boca
enquanto sua mão acariciava o outro.

Calafrios correram para cima e para baixo em minha espinha


enquanto minhas costas arqueavam da cama, querendo mais, e ele
obedeceu alegremente. Eu podia sentir sua ereção no meu núcleo
molhado, e ele propositalmente movia seus quadris, esfregando
contra o meu calor, e criando um formigamento delicioso que eu senti
por toda parte.

Eu gemi, já desmoronando, o que me rendeu uma carícia forte,


mas tenra, de sua mão contra o meu clitóris. Ele manipulou meu
ponto sensível e, em segundos, minhas pernas começaram a tremer e
eu não conseguia manter os olhos abertos.

— Olhos em mim, docinho.

Eu os abri enquanto ele descia sem esforço pelo meu corpo.


Uma vez que seu rosto estava entre as minhas pernas, ele empurrou
seus dedos em minha abertura e chupou meu clitóris em um
movimento de ida e volta.

Minhas mãos imediatamente agarraram seu cabelo e ele


grunhiu de satisfação. Eu não aguentava mais. O quarto começou a
girar e minha respiração tornou-se irregular.

— Ah... hummm... — Foi tudo que consegui dizer enquanto


explodia em sua língua em um orgasmo alucinante.

Quando dei por mim, ele estava me beijando, eu senti meu


gosto por toda a sua boca. Ele conhecia meu corpo melhor do que
eu, passando horas e horas explorando-o até memorizar cada curva e
o que eu gostava.

Eu ouvi um farfalhar e abri meus olhos para ver que ele estava
abrindo um preservativo, mas eu o parei.
— Estou tomando pílula.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Estou tomando há dois meses, querendo estar preparada


para este momento. Eu não quero nada entre nós, Christian. Quero
que minha primeira vez seja pele a pele com você.

— Eu nunca fiz desprotegido antes, Kinley.

Eu sorri largamente, sentindo uma onda de emoção rasgar


minhas veias. — Então eu vou ter uma de suas primeiras vezes
também.

Ele bateu sua boca na minha, me dando exatamente o que eu


ansiava, e colocou a ponta de seu pau na minha abertura.

— Eu te amo. — Ele sussurrou entre os beijos.

— Eu também te amo. Mais do que tudo. — Eu murmurei,


não interrompendo nosso beijo e contato visual.

Movi meus quadris, acenando para ele continuar, ainda assim,


ele não se moveu um centímetro e comecei a me preocupar.

No entanto, quando senti sua mão se mover mais para baixo


em direção ao meu clitóris, comecei a relaxar. Seus dedos tocaram
meu ponto superestimulado e, segundos depois, ele lentamente
deslizou dentro de mim. As sensações de seus dedos substituíram a
sensação desconfortável de suas estocadas.

Eu estava perdida.

Não haveria como voltar atrás.

Eu era dele.

Exatamente do jeito que eu queria.


— Você está bem? — Ele gemeu contra minha boca.

— Hmm...

— Você é apertada pra caralho, boa pra caralho. Você foi feita
para mim, baby.

Christian

Nada se comparava ou chegava perto da sensação de ter Kinley


em meu pau. Isso era mais do que apenas sexo, mais do que apenas
dois corpos se unindo, mais do que qualquer coisa que eu já havia
experimentado antes.

Isso era ela.

Minha.

Eu pacientemente me movi, centímetro a centímetro, tentando


levá-la o mais devagar que pude, querendo apreciá-la do jeito que ela
merecia. Eu odiava ouvir sobre sua mãe e as coisas que aquela mulher
a tinha feito passar.

Se eu a tivesse conhecido, não seria capaz de deixar de dizer


que ela era uma péssima mãe.

Afastando o pensamento, eu queria me concentrar no presente


e na sensação de Kinley ao meu redor pela primeira vez.

— Quase lá, baby. — Eu empurrei um pouco mais. — Eu te


amo. — Lembrei-a, querendo dar a ela um pouco de conforto.

— Mmmm... — Foi tudo o que ela conseguiu responder.

— Pronto. — Sussurrei, acariciando seu pescoço. — Estou


dentro de você, docinho. Consegue me sentir?

— Sim...

Não parando de mover meus dedos contra seu clitóris, eu


disse: — Essa é a minha garota.

Movi meus dedos mais rápido enquanto gradualmente


empurrava para dentro e para fora dela.

Ela era apertada pra caralho.

Molhada pra caralho.

Perfeita pra caralho.

Meu polegar roçou sua bochecha e ela sorriu enquanto eu


beijava a ponta de seu nariz, empurrando um pouco mais rápido. Eu
agarrei sua nuca para manter nossos olhos fixos.

Minha testa pairou sobre a dela enquanto recuperávamos


nossa respiração, tentando encontrar um ritmo uníssono. Minhas
estocadas se tornaram mais fortes e ásperas, seu corpo respondendo
a tudo que eu estava dando.

O que eu estava tomando...

Reivindicando.

Seus olhos dilataram de prazer, mas também de dor, e eu


imediatamente lambi seus seios, incapaz de me impedir de devorá-la.

— Christian. — Ela suspirou, e eu juro que meu pau ficou


mais duro.

Eu me movi até o rosto dela, e nossas bocas se abriram


enquanto nós dois ofegávamos profusamente, agarrando-nos a cada
sensação de nosso ato sexual. Eu me senti começando a desmoronar
e ela estava bem ali comigo.
— Eu te amo. — Ela repetiu sem parar, gozando em minhas
bolas e na cama, levando-me até o limite com ela. Eu tremi com meu
orgasmo e a beijei apaixonadamente novamente, querendo saborear
este momento um pouco mais. Ficamos assim por não sei quanto
tempo.

Beijei todo o seu rosto.

Seu pescoço.

Seus seios.

Quando chegou a hora de ir para o banheiro, eu a carreguei


comigo e liguei o chuveiro.

Para cuidar do que era meu, agora e para sempre.


CAPÍTULO 15
Christian
Presente

Entrei no escritório do nosso advogado como um homem no


corredor da morte. Eu ainda podia sentir o gosto de Kinley na minha
língua enquanto seguia para a sala de conferências deste edifício
esquecido por Deus. Quando não a vi sentada ali, por um momento
pensei que ela tinha caído em si e não queria continuar com isso.

Depois do que aconteceu ontem à noite, era óbvio que ela


também não queria o divórcio. Ela era teimosa demais para admitir.
No entanto, minhas esperanças foram frustradas quando a vi na
varanda com vista para o lago atrás do prédio.

No segundo em que saí, respirei longa e profundamente,


sentindo como se não pudesse respirar novamente. Kinley estava
contra o guarda-corpo, seus ombros estavam curvados e seu corpo
tremia ligeiramente. Eu podia ouvir seu choro suave através da brisa
no ar, apenas provando ainda mais meu ponto.

Ela ainda era minha.

Normalmente, vê-la assim teria me deixado contente, sabendo


que ela estava sofrendo como eu, mas, naquele momento, era
completamente o oposto. Eu não queria isso para ela, e me senti
péssimo por ela estar desabando, aqui, de todos os lugares.

Onde assinaríamos nossos papéis do divórcio e seria o nosso


fim.

— Christian, eu sei que você está atrás de mim. — Ela


declarou, sem se virar. — Eu posso sentir você. Você acha que
sempre será assim? Que serei capaz de sentir você quando você
estiver por perto?

— Espero que sim.

Ela balançou a cabeça, zombando: — Foi por isso que você


foi em casa na noite passada? Para me fazer sentir uma merda absoluta
agora? Fizemos amor a noite toda e agora... agora estamos prestes a
assinar os papéis do divórcio, e tudo que consigo pensar é em o que
diabos estamos fazendo? Mesmo com todas as merdas que passei
quando era criança com minha mãe, nunca me senti tão perdida antes.

— Então volte para mim, docinho.

Sua respiração travou assim que ela sentiu eu me aproximando


por trás de seu corpo trêmulo. Ela não se virou e não se mexeu. Ela
estava congelada no lugar em que estava, ciente de que se eu a tocasse,
ela iria desabar em meus braços.

Fechei os olhos, esperando pelo não sei o quê. Sentir sua


devastação em cada centímetro do meu corpo foi de longe a pior dor
que já experimentei. Não estávamos nem nos tocando, mas eu a sentia
por toda parte.

Sua tristeza.

Sua incerteza.

Especialmente, seu amor por mim.

Inclinei-me, a apenas alguns centímetros de seu pescoço, e


deixei minha respiração roçar em sua orelha, fazendo com que ela
estremecesse e seus joelhos fraquejassem.

Ela envolveu os braços em torno da barriga em um gesto


reconfortante. Suas emoções estavam ameaçando transbordar.
Nossos votos estavam se revelando. Eu queria consumi-la com a
minha presença, querendo que ela se sentisse aflita.

Em conflito.

Para que ela sentisse falta do meu toque.

Minha voz.

Meu amor...

— Nós não temos que fazer isso, baby.

— Sim, nós temos.

— Por que, Kinley? Por que você está fazendo isso conosco?
Olhe para você. Você não quer isso. Você não pode nem mesmo
olhar para mim agora.

Lambi meus lábios, minha boca ficando seca de repente.


Minha cabeça girou em um turbilhão de emoções. Batalhando com
meu coração para me mover ou para me manter firme pelo que eu
queria.

Precisava.

Não poderia viver sem.

Seus olhos seguiram o movimento dos meus braços fortes


quando eles contornaram seu corpo. Roçando as laterais de suas
costelas, coloquei minhas mãos na grade na frente dela.

Enjaulando-a contra meu corpo, meu cheiro, as tatuagens que


estavam permanentemente impregnadas em minha pele,
orgulhosamente exibindo nossa vida juntos. Uma parte do meu peito
eram memórias de nós, e quanto mais perto eu chegava dela, mais eu
podia sentir sua angústia abrindo um buraco no meu peito. Eu podia
sentir que ela queria que eu colocasse minhas mãos sobre ela, mas eu
não conseguia fazer isso. Se eu colocasse, nunca mais seria capaz de
deixá-la ir novamente.
Eu não tinha palavras.

Tudo o que me restava era a devastação.

Eu não queria tocá-la...

Mas não pude me conter.

Novamente, eu nunca pude quando se tratava dela.

Kinley

As comportas se abriram e eu deixei sair tudo o que segurava


tão profundamente. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu
rosto, caindo no chão enquanto meu coração estava em suas mãos.
Como se não pudesse se segurar por mais tempo, ele começou a
acariciar lentamente meu braço de cima a baixo. Roçando minha pele
apenas com as pontas dos dedos, como se estivesse testando a si
mesmo.

O que era irônico porque na noite passada ele me tocou em


todos os lugares por horas a fio.

Com suas mãos.

Sua língua.

Seus lábios.

Agora, no entanto, era quase como se eu fosse um pedaço de


vidro na palma de sua mão que ele não queria quebrar.

Quando ele deslizou sua mão em direção ao meu ombro e


depois pelas minhas costas, eu não disse uma palavra, com medo de
que ele parasse se eu fizesse isso.
— Eu te amo, Kinley Troy. — Ele murmurou em um tom
devastado que eu nunca esqueceria.

Eu respirei fundo, sentindo sua boca na parte de trás do meu


ombro, enquanto seus lábios casualmente deslizavam até a lateral do
meu pescoço. Suavemente, ele deixou seus lábios permanecerem na
minha pele por alguns segundos antes de se afastar apenas o suficiente
para seguir uma trilha de beijos suaves em direção ao meu rosto.

Eu não aguentava mais.

Suas palavras estavam me matando, mas seu toque estava me


destruindo.

Eu me virei abruptamente, afastando-o levemente. Seus olhos


me disseram que ele queria dizer muito, embora nada saísse.

— Não podemos mais fazer isso, Christian. A noite passada


não deveria ter acontecido. Não foi o nosso começo. Foi o nosso fim.

— Você está totalmente enganada, e sabe disso.

Eu balancei minha cabeça. — Não estou. Nada mudou. Eu


não posso te dar filhos.

— Nós podemos adotar, ou podemos conseguir uma barriga


de aluguel. Ainda podemos ser uma família.

— Eu não posso fazer isso com você. Por favor, tente


entender. Estou apenas tentando fazer a coisa certa. Não posso
permitir que você se ressinta de mim mais do que já se ressente.

— Isso não é verdade.

— Você sabe que sim. Passei os últimos dez anos pensando


sobre aquela noite e o que fiz para nós.

— Kinley, eu a pedi em casamento naquela noite também.


— Eu sei. — Acenei com a cabeça. — Mas éramos jovens e
pensávamos que nosso amor prevaleceria.

— Ainda pode. Tudo o que você precisa fazer é sair deste


prédio comigo e nunca olhar para trás.

Eu imediatamente vi isso, seus olhos vidrados e suas pupilas


dilatadas. Ele se inclinou novamente, prendendo-me com seus braços
para descansar sua testa na minha.

— Onde está minha garota, hein? — Ele puxou o cabelo do


meu rosto, olhando fixamente nos meus olhos.

Isso sempre mexia comigo.

Havia tanta emoção por trás de seu olhar. Eu sabia que eles
refletiam os meus.

Nesse ponto, não havia necessidade de palavras – havíamos


dito todas elas.

Ele agarrou meu rosto entre as mãos, acariciando minhas


bochechas com os polegares. Puxando-me para perto de seu corpo,
ele me segurou em seus braços, e ficamos assim por não sei quanto
tempo.

Fui a primeira a interromper o silêncio. — Nossos advogados


estão lá dentro. Eles estão esperando por nós. Já gastamos milhares
de dólares e meses para chegar aqui, Christian.

— Isso não significa nada para mim, Kinley. — Com lábios


trêmulos, ele acrescentou: — Tudo que eu quero é você. Eu amo
você. Eu amo muito. — Contra meus lábios.

— Eu sei. — Segurei os pulsos dele. — Eu também te amo.


Mas às vezes, o amor simplesmente não é suficiente.

Ele me puxou para seus braços novamente, envolvendo seu


corpo em volta do meu pequeno corpo. Ainda fazia eu me sentir tão
segura, protegida, como se nada pudesse acontecer comigo se eu
estivesse em seu abraço seguro. Momentos depois, choramos nos
braços um do outro, lamentando tudo o que já tivemos juntos.

Nosso passado.

Nosso presente.

Nosso amor.

A família que eu não podia dar a ele.

E o futuro que nunca teríamos.

Eu estava ofegante, perdendo o fôlego, tentando respirar,


tentando me mover, tentando encontrar a vontade de entrar naquele
prédio e assinar aqueles papéis.

Quando, de repente, ele tocou meus lábios, me beijando pela


última vez. Havia algo absolutamente devastador na maneira como
sua boca reivindicou a minha.

Foi lento.

Tortuoso.

Cada carícia de sua língua, empurrar e puxar de seus lábios,


estava me matando no processo.

O sol começou a se pôr atrás do horizonte das colinas. A


escuridão caiu sobre nós. Minha boca começou a tremer, sentindo
fisicamente sua agonia e os danos que eu estava causando a ele. Para
sempre fazendo eu me odiar pelo que estávamos prestes a fazer.

Mas eu tinha que ser forte.

Por ele...
Ele merecia muito.

Franzi a testa quando ele tocou meus lábios uma última vez.
Havia algo sobre saber que esta era a última vez que eu sentiria sua
boca, seu toque, sua respiração, sua pele, seu cheiro.

Ele.

Aquilo realmente parecia o fim da minha vida e de tudo que


eu sempre quis.

— Eu sinto muito, Christian. Eu sinto muito mesmo.

Ele acenou com a cabeça, recuando enquanto olhávamos um


para o outro.

Em um piscar de olhos, seus olhos se tornaram frios, distantes,


violentos. — Você quer isso, então vá na frente, porra.

Eu segurei meu rosto, sentindo como se estivesse sufocando.


Eu não queria isso. Juro que não queria isso, mas que outra escolha
eu tinha? Eu estava fazendo isso por ele. Depois de todos esses anos,
era minha vez de ser sua salvadora. Eu fiquei lá, tentando
desesperadamente me orientar, me recompondo da melhor forma
possível antes de colocar um pé na frente do outro e entrar naquele
prédio.

Durante a hora seguinte, eu me desliguei.

Parecia que estava tendo uma experiência fora do corpo.

Eu estava lá, mas não estava.

A dissonância cognitiva salvou minha vida mais vezes do que


eu gostaria de lembrar. Eu simplesmente nunca imaginei que meus
instintos defensivos iriam me proteger dele. Despertei quando o ouvi
bater com a caneta na mesa de conferência, percebendo que meu
olhar tinha ficado grudado no documento diante dele o tempo todo.
Sua assinatura estava agora abaixo da minha.

Brilhante.

Audaciosa.

Altiva.

Acabou. Seu casamento está acabado.

No final de nossa história de amor, tudo que Christian me disse


foi...

— Eu espero que você esteja feliz pra caralho. Você conseguiu


o que queria.

Com isso, ele se virou e me deixou lá.

Sozinha.

Estilhaçada.

Mais uma vez, a garota perdida que ele não conseguiu salvar
de si mesma.
CAPÍTULO 16
Christian
Passado

— Parabéns! Estamos muito orgulhosos de vocês! Só mais


uma foto! — Mamãe comemorou, para meu aborrecimento, mas eu
me portei bem por ela.

Tínhamos acabado de nos formar no ensino médio, então era


o mínimo que eu podia fazer.

— Querida. — Papai se intrometeu. — Você já tem cerca de


trezentas fotos.

Julian e eu acenamos com a cabeça.

— Eu sei, mas nossos bebês estão crescendo.

— Oh, querida... — Papai a puxou para um abraço apertado.

Kinley sorriu, olhando para meus pais com adoração. Eu sabia


que ela admirava o casamento deles. Ela adorava estar perto deles
sempre que podia.

— Mãe. — Autumn se aproximou, ficando ao lado do maldito


Jax. — Se você tirar mais fotos, não vamos conseguir almoçar, e estou
morrendo de fome.

Ele, é claro, estava lá conosco.

A pior parte era que meus pais gostavam dele. Minha mãe o
achava simpático e solitário, e ela basicamente o convidava para todas
as nossas atividades familiares, e eu não podia fazer nada sobre isso.
Ele fazia Kinley feliz e, no final das contas, isso era tudo que
importava para mim.

— Ok, ok. — Mamãe se rendeu. — Só mais algumas de


Christian e Kinley.

Eu sorri e joguei meu braço em volta da minha garota


enquanto a puxava em minha direção.

— Sorria. Oh, vamos lá, Christian, sorria!

— Estou sorrindo. — Eu me queixei, incapaz de aguentar


muito mais, meu rosto doía pra caralho de tanto sorrir.

— Vocês estão tão bonitos! Agora dê um beijo nela!

Eu dei.

— Christian! — Mamãe repreendeu. — Há crianças por perto!


Não agarre a bunda dela!

Kinley deu uma risadinha, se afastando de mim.

— Ótimo, terminamos agora?

— Sim, meu filho impaciente.

Obrigado, porra.

— Você vai me agradecer quando tiver essas fotos incríveis


para ver um dia. Você é igualzinho ao seu pai. Você também tem o
sorriso mais lindo. Você costumava adorar fotos quando criança. Não
entendo o que aconteceu.

Olhei para Kinley, querendo sorrir para ela, mas seu olhar
estava cativado por alguém atrás de mim.

Eu nunca esperei o que aconteceu a seguir, apenas arruinando


nossa formatura.
— Baby, você está bem...

— Mãe. — Kinley anunciou do nada, fazendo meu corpo girar


para a mulher que de repente estava caminhando em nossa direção.

Todos os olhares foram rapidamente para sua mãe. Na minha


cabeça, eu a imaginei um monstro, mas a mulher caminhando em
direção a Kinley era bonita.

Normal.

Não como eu pensei que ela seria.

Seu cabelo estava preso para trás e ela usava um lindo vestido
com uma bolsa pendurada no ombro. Ela parecia bem.

Sóbria.

Meu olhar voltou para a minha garota, que estava ali congelada
com olhos arregalados e uma expressão que eu nunca tinha visto
antes. Eu não sei o que deu em mim, mas entrei na frente de Kinley
e coloquei-a em segurança nas minhas costas.

Sua mãe patética parou no meio do caminho.

— Christian. — Exclamou Kinley, surpresa com minha ação.

— O que diabos você está fazendo aqui? — Eu gritei com a


mãe dela, incapaz de me conter.

Eu tinha visto Kinley chorar vezes demais para dar a mínima


para essa mulher.

— Christian! — Mamãe repreendeu, agarrando meu braço


para me puxar para longe dela, mas eu não me movi um centímetro.

Eu estava enraizado no chão. Depois do que ela tinha feito


minha garota passar, ela não tinha nada que estar aqui agora.
— Por favor, desculpe meu filho. — Papai se desculpou por
mim, e eu resisti à vontade de dizer-lhe que ele não devia nada a ela.
— Ele é muito protetor com sua filha.

Ela sorriu cautelosamente. — Estou feliz em saber que ela tem


ótimos amigos...

— Eu sou o namorado dela.

— Oh, bem, estou feliz que ela tenha alguém para protegê-la.

Eu não vacilei. — Alguém tem que fazer isso.

— Christian... — Mamãe tentou fazer com que eu me movesse


de novo, mas ela não precisava dessa vez.

Em vez disso, Kinley saiu na minha frente.

Kinley

— Mãe, o que você está fazendo aqui?

— É a sua formatura, Kinley. Estou aqui por você.

Essas palavras se repetiram em minha mente uma e outra vez.


— Por mim?

— Sim, querida, estou aqui apenas por você.

Eu não sabia o que dizer. Eu mal sabia como me sentir. Eu


não a via ou falava com ela desde que me tiraram dela, há mais de seis
anos. Meu coração batia quase fora do meu peito quanto mais tempo
eu ficava ali, olhando para ela. Ela parecia melhor do que eu jamais a
tinha visto.
Não reconheci a mulher que estava diante de mim, mas sabia
que ela era minha mãe.

— Como você sabia onde eu estava?

— Eu falei com sua tia. Ela estava trabalhando hoje, e eu não


queria que você não tivesse alguém da família na plateia. — Os olhos
dela se iluminaram. — Eu assisti a toda sua cerimônia. Estou tão
orgulhosa de você, querida. Você se formou com honras. Sempre
soube que você realizaria coisas incríveis. Você sempre foi uma
garotinha muito inteligente.

Meus olhos se conectaram com Jax. Ele estava parado atrás


dela, sua preocupação por mim irradiava dele. Era quase tão ruim
quanto a de Christian.

— Eu adoraria ir almoçar. Colocar a conversa em dia. Será um


prazer para mim. Você pode escolher onde quer comer.

— Você vai pagar? — Eu perguntei, confusa. Ela não


conseguia manter um emprego, estávamos sempre falidas.

— Sim! Eu tenho um emprego. Trabalho em um consultório


médico há três anos em Dallas. É onde eu moro. Eu sou
recepcionista.

— Você mora em Dallas?

— Você não ouviu ou leu minhas mensagens? — Ela balançou


a cabeça, fingindo que não a machucou me ouvir dizer isso. — Sabe
de uma coisa? Não importa. Podemos simplesmente começar do
zero, Kinley Ursinha Carinhosa.

Eu estremeci ao ouvi-la me chamar assim. Eu costumava amar


os Ursinhos Carinhosos quando criança. Era meu programa favorito
de assistir.

— Querida, senti tanto a sua falta. — Ela deu um passo em


minha direção e eu não me mexi, cimentada no chão embaixo de mim.

— Você está linda, Kinley. — Ela tocou o meu cabelo. — Seu


cabelo ficou tão comprido e seu rosto mudou, querida.

— Sim. — Christian zombou. — Isso é o que acontece


quando você perde a custódia de sua filha e ela não tem nenhum
contato com você por mais de seis anos.

— Christian! — Exclamei, surpresa por ele estar agindo assim.

Nunca pensei em como ele se sentiria se minha mãe voltasse à


minha vida. Uma grande parte de mim nunca pensou que esse
momento fosse acontecer, mas ao mesmo tempo, eu estava
imensamente grata por ter acontecido.

Eu tinha sentido falta dela mais do que qualquer coisa neste


mundo.

Ela era minha mãe.

Claro e simples.

Eu ainda estava preocupada com ela. Depois que cresci,


nossos papéis se inverteram – ela era a criança e eu, a mãe. Eu não
precisava ter que defendê-la de Christian. Ele deveria ter entendido
que este não era o seu lugar para ter uma opinião.

Era meu.

— Eu só posso imaginar o que você ouviu sobre mim. — Ela


afirmou, encontrando seus olhos. — Entendo completamente sua
apreensão, mas não quero fazer mal a Kinley. Eu estava muito
confusa naquela época, mas não sou mais assim. — O olhar dela
voltou para mim. — Sinto muito por tudo que fiz você passar. Eu...
ummm... estou muito envergonhada. Tudo que eu quero é uma
segunda chance com você. Por favor, me dê a oportunidade de provar
que posso ser a mãe de que você precisa. A que você sempre quis.
Quero tanto provar a você que mudei. Eu não sou mais aquela
mulher, eu juro a você.

Apesar de ter ouvido tudo isso antes, eu queria


desesperadamente acreditar nela.

Ela era minha mãe e eu a amava.

Então, eu simplesmente disse: — Tudo bem.

Mas Christian retrucou: — Você só pode estar brincando


comigo?

Todos os olhos se voltaram para ele novamente.

— Esta mulher não merece...

Eu o interrompi, olhando para sua família. — Eu gostaria de


falar com Christian a sós, por favor.

Sua mãe se inclinou e beijou minha bochecha antes de sua irmã


me abraçar por trás.

Depois que eles foram embora, olhei para minha mãe. — Você
sabe onde fica o Louie?

Ela sorriu. — Sim, o restaurante da cidade.

— Você pode nos encontrar lá?

— Sim, claro. Eu te encontro em qualquer lugar.

— Ok. — Eu sorri. — Eu só preciso falar com Christian bem


rápido. Encontro você lá em breve.

— Obrigada, Kinley Ursinha Carinhosa. — Ela me puxou


para um abraço apertado, e eu derreti em seu abraço.

Eu tinha perdido a conta de quantas noites desejei que ela


estivesse por perto para me segurar, me abraçar, me fazer sentir como
se ela me amasse. Ela me segurou perto de seu peito, mais perto do
que eu não sentia há muito tempo. Eu podia sentir as lágrimas se
formando em meus olhos.

Seu calor.

Seu perfume.

Seu amor.

Era reconfortante e aflitivo ao mesmo tempo.

No segundo em que ela se afastou, senti a perda de seu toque.


Por uma fração de segundo, tive medo de nunca mais vê-la.

Como se estivesse lendo minha mente, ela jurou: — Prometo


que não vou a lugar algum desta vez.

Eu balancei a cabeça, precisando ouvir isso.

Ela se virou e saiu. Foi só então que percebi que Jax estava
agora ao lado de Christian.

— Jax, posso falar com Chr...

— Porra, não. Eu te conheço há mais tempo do que ele, e não


vou embora até que você volte a si.

— Você também não.

— Como você achou que eu agiria? Por que você está


deixando-a voltar tão facilmente?

— Eu não estou.

— Jax está certo, Kinley.

— Uau. — Eu suspirei. — Nunca pensei que ouviria você


dizer essas palavras. O que é isso? Dois contra um?
— Baby, você está apenas perdoando-a como se todas as
besteiras que ela fez você passar não tivessem acontecido.

— Pessoas cometem erros.

— Quantos ela tem que cometer até que você a exclua?

— O que você acha que tenho feito nos últimos seis anos?
Christian, você não precisava tratá-la assim.

Jax interveio. — O caralho que ele não precisava. Kinley,


vamos lá. Eu sei que você sente falta dela, mas precisa manter a guarda
sobre ela. Você não sabe se ela...

— Não! Você não sabe! Você não tem ideia de como é não ter
uma mãe.

— Na verdade, eu tenho.

— Jax, seus pais ainda estão em sua casa. Você ainda os vê


todos os dias. Você sabe que eles ainda estão lá. Não é a mesma coisa.

— Jax não está dizendo nada que não seja verdade.

— Não me venha com essa besteira! Você. — Apontei para


ele. — De todas as pessoas, não tem ideia de como é crescer sem mãe.
Eu nunca a vi com a aparência que ela está agora. Ela está sóbria e
medicada. Eu posso dizer. Ela era uma ótima mãe quando estava
limpa e tomando seus remédios. Eu não posso simplesmente virar as
costas para ela.

— Por que não? — Christian disparou. — Ela fez isso com


você.

— Ela está doente! Não é culpa dela que o cérebro dela não
esteja ligado como o seu. Eu tenho que dar a ela uma chance de estar
na minha vida, e é completamente injusto que você espere que eu não
faça isso.
— Docinho, eu só não quero que você se machuque.

— Concordo. — Acrescentou Jax. — Eu também não quero


isso.

— Desde quando vocês concordam em alguma coisa? Desde


quando vocês sequer gostam um do outro? Isso é o máximo que
vocês disseram um ao outro desde que começamos a namorar. Por
que vocês não podem simplesmente ficar felizes por mim?

— Não se trata de ficar feliz por você, Kinley. É sobre estar


preocupado com você e o que vai acontecer se ela te machucar
novamente.

— Christian, você não sabe se ela vai. Além disso, a escolha


não é sua. É minha! Isso não é da sua conta.

Ele recuou, ofendido. — Não é da minha conta? Desde


quando proteger você não é da minha conta?

— Você não tem que me proteger da minha mãe.

— Ela é de quem eu mais tenho que te proteger!

Eu respirei fundo. — Por favor, eu só preciso que você me


apoie nisso, ok? Ela é minha mãe. Eu a amo, e se ela está tentando
acertar as coisas entre nós, então eu tenho que dar a ela uma chance.

— Quantas chances ela tem?

— Você não entende. Você vem de dois pais amorosos e um


lar feliz. Eu nunca tive isso. Esta é minha chance de finalmente ter o
mesmo que você. Talvez ela ter me perdido da última vez tenha sido
o que ela precisava para colocar sua vida em ordem. Ela está saudável,
e o que importa é que ela está aqui e sóbria.

— Docinho, eu não confio nela.

— Sim, Kinley. Você sabe o quanto eu odeio concordar com


Christian novamente, mas ele está certo. Eu também não confio nela.

Eu me afastei de ambos. Decepcionada era um eufemismo.


Eles não tinham o direito. A escolha era minha, não deles, e era
ridículo que pensassem que eu os ouviria.

Eu fiz a única coisa que podia fazer, deixei bastante claro quais
eram as minhas intenções.

— Bem, então, vocês podem ficar aqui e unir-se por não


confiarem nela juntos. Eu estou... — Falei com convicção...

— Saindo para almoçar com minha mãe, com ou sem vocês.


CAPÍTULO 17
Kinley
Presente

Abri a porta para encontrar Autumn parada lá.

— Ei, o que você está fazendo aqui?

Ela sorriu, segurando sua barriga de grávida. Ela estava no


terceiro trimestre. — Esta criança acha que meu útero é um saco de
pancadas. Preciso fazer xixi.

Eu ri. — Entre. Você sabe onde fica o banheiro.

— Eu volto já.

Eu a observei balançando para longe.

Autumn era a gestante mais bonita, uma linda barriga. Ela


ficou da mesma forma com sua primeira filha, Capri. Agora eles
estavam esperando um menino, e eu estaria mentindo se dissesse que
não sentia inveja por ela poder engravidar com tanta facilidade. Não
me interpretem mal, eu estava muito feliz por eles. Eles passaram
anos separados e foram capazes de encontrar o caminho de volta um
para o outro. Você não ouve histórias de amor como essa todos os
dias.

Ela me encontrou na cozinha, colocando sua bolsa na ilha.


— Estou morrendo. É assim que se sente ao morrer.

Eu ri de novo. — Tão ruim assim, é?

— Acho que eu era tão jovem com Capri que foi fácil. Você
sabe?

— Sim, é mais fácil se recuperar também, mas você ainda é


muito jovem, Autumn.

— Vinte e nove não é tão jovem assim, e eu juro que esse


garoto é igual a Julian. Teimoso, exigente, nunca me escuta.

— Parece seu irmão.

Ela sorriu amorosamente. — Como você está indo?

— É por isso que você está aqui?

— Bem, quero dizer, vocês estarão perante o juiz esta tarde,


certo?

— Às quatro horas.

Ela olhou para o relógio. — Isso significa que você tem seis
horas para mudar de ideia.

— Autumn. — Persuadi. — Você também não.

— Kinley, Christian está péssimo. Ele não está dormindo, ele


mal come, ele está se afogando no hospital. Ele sai antes do
amanhecer e só volta para a fazenda por volta de meia-noite, às vezes
mais tarde.

Limpei o balcão. — O Christian é assim, Autumn. Ele é um


workaholic.

— Eu sei. — Ela suspirou. — Ele herdou isso do meu pai. Ele


está apenas tentando dar uma boa vida para você, no entanto. Ele tem
boas intenções. Você sabe o quanto ele te adora. Sempre adorou.
Quando eu era pequena, costumava admirar muito o relacionamento
de vocês. Eu queria o que vocês tinham.

— E olha, você acabou com o melhor amigo dele.


— Sim... quem teria pensado, certo?

— Eu pensei.

— O quê?

Eu acenei com a cabeça.

— De jeito nenhum.

— Eu nunca te disse isso, mas no seu aniversário de dezessete


anos, eu o vi seguir você até a floresta.

Ela ofegou. — Você viu?

— Quem você acha que manteve Christian longe de você?

— Oh meu Deus! Por que você nunca me contou?

— Nós realmente não éramos próximas até que você teve


Capri, e naquela época eu não queria trazer isso à tona.

— Não acredito que você nunca me contou.

— Julian acha que ele era muito astuto quando se tratava de


você, mas não era. Eu sempre soube que ele te amava.

— Mesmo?

— Claro. O que há para não amar?

— Bem, o mesmo vale para você e meu irmão, Kinley. Eu sei


que você não quer esse divórcio. A família inteira sabe que você não
quer esse divórcio. Vocês estão apenas passando por uma fase difícil.

— É mais do que uma fase difícil.

— Casamento dá muito trabalho – não preciso lhe dizer isso.


Principalmente com um homem como meu irmão. Ele é teimoso e
super agressivo, mas ama com todo o coração e alma. Vocês estão
juntos há vinte anos. É muito tempo para estar com alguém e, acredite
em mim, metade do tempo quero matar Julian. Especialmente agora
com todos esses hormônios, e ele me acha a mulher grávida mais
bonita do mundo.

— Você é.

— Eu não sou. Eu sou uma baleia.

— Autumn, você mal ganhou, o quê? Nove quilos?

— Dez.

Eu provoquei: — Que baleia.

Ela segurou a barriga. — Acho que preciso fazer xixi de novo.


— Ela pensou por um segundo. — Espere, não. Passou. Alarme
falso. Sobre o que estávamos falando?

— Uau. Cabeça ruim de mãe é real.

— Você não tem ideia. Eu esqueço tudo. Graças a Deus por


Julian, ou esqueceria de tomar todas as minhas vitaminas.

— Ah, ele te lembra?

Ela se enterneceu. — Ele as traz para mim de manhã com água


e café da manhã.

— Acho que é a coisa mais fofa que já ouvi.

— É o mínimo que ele pode fazer! Estou carregando seu filho


jogador de futebol que pensa que meu útero é uma bola. Além disso,
ele quer fazer sexo comigo, tipo o tempo todo! Quase não há espaço
para este bebê e meus órgãos.

Eu ri, não pude evitar.

— Não é engraçado! Eu não preciso de mais nada dentro de


mim! Tudo se transforma em sexo. Ele esfrega meus pés, seu pau está
dentro de mim. Ele me faz uma massagem nas costas, seu pau está
dentro de mim. Ele acha que eu sou como uma máquina de pinball
que ele pode cutucar o dia todo.

— E você ama isso.

— Ugh. — Ela exclamou dramaticamente. — Deus me ajude,


eu amo. Vamos acabar com dez filhos, observe.

Eu recuei. — Dez?

— Oh, sim! Se dependesse de Julian, teríamos pelo menos


sete. Ele já está falando sobre nosso próximo bebê, quando este ainda
nem nasceu.

— Ele vai lhe dar algum tempo para se recuperar, entretanto?

— Eu queria! Ontem à noite, ele estava falando sobre como


seria incrível ter dois filhos com menos de um ano de idade.

— Uau.

— A verdade? Ele é louco. E não me fale sobre Capri, que


também não ajuda em nada. Ela está em êxtase por ter um irmão.
Especialmente porque ela não tem nenhum primo. — Ela recuou.
— Merda, sinto muito. Cabeça ruim de mãe de novo.

— Você não tem que se desculpar, Autumn. Eu sei como ela


está animada por ter um irmão. Capri é uma boneca e vai ser uma
irmã mais velha incrível.

— Olhe para mim. — Ela balançou a cabeça. — Eu vim aqui


para falar sobre você e tudo que fiz foi falar sobre mim.

— Agradeço a distração.

Ela sentou-se no banquinho. — Como você está? De verdade?


Não me venha com enrolação.
Eu inalei uma respiração profunda antes de sentar no
banquinho ao lado dela. — Para ser completamente honesta, desde
que assinamos nossos papéis do divórcio há dois meses, estou
péssima.

— Há algo que eu possa fazer?

— Você já está fazendo. Você tem vindo me ver todas as


semanas. Sua mãe e seu pai passam por aqui todos os dias. Eu não
esperava ainda ter vocês todos na minha vida.

— Kinley Troy! Claro que ainda estaremos em sua vida. Somos


uma família. Não importa o que esteja acontecendo com meu irmão,
você sempre será minha irmã.

Eu sorri, precisando ouvir isso. Além de Jax, a família de


Christian era tudo que eu tinha. Eu não podia perdê-los também.

— Não é tarde demais para mudar de ideia. É óbvio que você


não quer esse divórcio. E eu sei, vocês tiveram alguns problemas
com... você sabe, concepção.

— Ele te disse isso?

— Não, Christian é um homem muito reservado. Ele não me


diria isso, mas tenho certeza de que disse a Julian. Por que você não
me contou?

— Autumn, você nem morava aqui até algum tempo atrás,


quando você e Julian voltaram.

— Isso é uma desculpa esfarrapada. Eu estava a um


telefonema de distância.

— Eu sei, mas você era Autumn Troy, a maior e melhor


publicitária do mundo. Você tinha sua própria vida para lidar, além
de ser uma mãe solteira. Você não precisava carregar meu fardo
também.
— Eu chamo de besteira.

— O quê?

— Você me ouviu. Acho que você não quis me contar porque


ainda tem dificuldade em permitir que as pessoas entrem em sua vida,
Kinley.

Eu não sabia o que dizer, então mantive minha boca fechada.

— Depois de toda a merda que aconteceu com sua mãe, eu


posso entender, mas ter que passar por infertil...

— Autumn, eu aprecio o que você está tentando fazer, mas há


mais do que isso.

— Por causa do que aconteceu naquela noite?

Sua pergunta não me surpreendeu. Ela estava lá, toda a sua


família estava. No entanto, ainda consegui vacilar.

— Ouça. — Ela se levantou, agarrando minhas mãos.


— Tudo o que estou dizendo é que estou sempre aqui para apoiá-la.

— Eu sei.

— Christian ama você, Kinley. Ele vai aceitá-la de qualquer


maneira que puder.

— É exatamente isso. Eu não quero que ele se contente


comigo. Não é justo com ele.

— Eu não quero dizer isso, mas precisa ser dito.

— O quê?

Com uma expressão extremamente sincera no rosto, ela


perguntou: — Você tem certeza de que não se trata de estar com
medo de que ele acabe deixando você, como sua mãe fez?
A essa altura, eu não sabia mais.

Passamos o resto da tarde conversando sobre o quanto eu não


sabia mais.
CAPÍTULO 18
Christian

— O que diabos você está fazendo aqui?

Eu me virei para ver Julian parado atrás de mim.


— Exatamente o que parece. — Eu me virei, acenando para o
barman para me trazer outra bebida.

— Você vai perante o juiz esta tarde.

— Não brinca.

— E daí? Você acha que é isso que você deveria estar fazendo
agora?

— Se você veio aqui para encher meu saco...

Ele sentou-se ao meu lado. — Você vai deixá-la ir sem lutar?

— Sou o único que tem lutado por nós nos últimos anos. Ela
não me quer.

— Desde quando isso te impediu de fazer alguma coisa?

— Ela provavelmente está com Jax.

— Na verdade, ela está com sua irmã.

— Está?

Tirando o paletó, ele acenou para o barman. — Vou querer o


mesmo que ele.

— O que você está fazendo aqui, cara? Você não deveria estar
no trabalho?

— Eu sou dono da empresa. Estou onde preciso estar.

— Certo... CEO Alpha.

Ele deu uma risadinha. — Não me lembre. Embora sua irmã


tenha conseguido mudar minha imagem.

— Acabei de ver um artigo do Times chamando você de


bastardo de coração frio.

Ele sorriu. — Eu faço o que posso.

— Qual é a sensação de ser um dos homens mais ricos do


mundo?

— Não é tão boa quanto a de ser o marido da sua irmã e o pai


da sua sobrinha.

— E o pai do futuro sobrinho.

— Sim. — Ele zombou, tomando um gole. — E isso.

— Por que esse tom?

— Percebeu isso, hein?

— Seria difícil não perceber. O que está acontecendo?

— Não vou mentir para você e perder nosso tempo. Estou


morrendo de medo de ter um menino.

— Eu ficaria mais apavorado em ter uma garotinha e acabar


na maldita cadeia por todos os merdinhas tentando abaixar as calças
dela. Você se lembra de como éramos, certo?

— Exatamente meu ponto. O carma. Eu era um bastardo


egoísta. A merda que fiz sua irmã passar... porra, cara. Digamos
apenas que a maçã não cai longe da árvore.
— O que isso deveria significar? Você não é nada parecido
com seus pais.

— Você não sabe disso. Eu não sei disso. Tudo o que estou
dizendo é que preciso criar um homem, e não quero estragar tudo.

— Você é incrível com Capri.

Ele tomou outro gole de seu uísque, então se recostou na


cadeira e pousou o copo no balcão. — Eu me preocupo em não ser
bom o suficiente.

Eu recuei, não esperando que ele dissesse isso.

— Você sabe como eu cresci, Christian. Chutado de lar


adotivo para lar adotivo.

— Julian, olhe o quão longe você chegou. Você é um dos


homens mais ricos do mundo. Você tem que se dar mais crédito do
que isso, cara.

— Eu sei. — Ele assentiu. — É difícil fazer isso, no entanto.


Quando saí do Texas, prometi a mim mesmo que nunca mais seria
aquele garoto adotivo. Eu me joguei na minha carreira e não parei até
que todos soubessem meu nome. Achei que isso me daria paz.

— Não deu?

— Acho que nunca terei paz. Na verdade, eu sei que venci na


vida, mas na minha mente, ainda sou aquela criança tentando
entender por que meus pais não me queriam.

Baixei a cabeça, de repente pensando em Kinley.

Não falávamos mais sobre a mãe dela. Era uma daquelas coisas
que não discutíamos mais, era um acordo tácito entre nós. Depois que
pedi Kinley em casamento, ela ficou no passado. Junto com aquela
noite que mudou o curso de nossas vidas.
— Achei que isso acabaria passando, mas quando
descobrimos que estávamos esperando um menino, ressurgiu toda
essa merda de transtorno de estresse pós traumático que eu não sabia
que ainda tinha.

— Você é um pai incrível. Menino ou menina, você não tem


nada com que se preocupar.

— Não me parece assim. — Ele olhou para mim com


ceticismo. — O quê?

— Nada. — Eu balancei a cabeça.

— Não é nada. O que está acontecendo?

— Eu nunca te disse isso, mas minha atração inicial por Kinley


foi o fato de que ela me lembrava muito você. Agora, ao ouvir você
dizer tudo isso, não posso deixar de me perguntar se é assim que ela
se sente. Como se ela nunca fosse boa o suficiente para mim.

— Há uma grande diferença entre Kinley e eu, Christian. Eu


tinha estranhos me dizendo que eu não valia nada e que eles não me
queriam. Com ela, era sua própria mãe dizendo essas coisas.

Suas palavras pesaram em meu coração. Eu não a via desde


que assinamos os papéis do divórcio. Nós dois estávamos nos
evitando. Não havia mais nada a dizer, tínhamos dito tudo.

— Essa merda permanece com você, Christian. Por muito


tempo, eu apenas trabalhei na minha vida. E acho que uma grande
parte de você estava fazendo o mesmo. Você tinha a esposa linda, a
casa perfeita, você é um médico de sucesso, tem tudo o que sempre
quis, mas não era o suficiente. Acho que você precisa se perguntar
por que não era.

— Eu já sei. — Fiz uma pausa, precisando de um segundo


para ser honesto comigo mesmo.
Julian sabia de nossos problemas de não conseguir engravidar
e por quê. Eu disse a ele depois que comecei a dormir em sua fazenda.

— Eu a culpei. Porra. — Eu balancei a cabeça. — Eu ainda a


culpo.

— Então por que você a pediu em casamento?

— Porque eu não poderia viver sem ela. Tudo estava perfeito


entre nós até que começamos a tentar ter um bebê, e então tudo deu
errado. Aconteceu muito rápido, mas ao mesmo tempo, parecia em
câmera lenta. Algo mudou entre nós. Foi pequeno no início, mas
depois de meses de testes negativos, em algum lugar ao longo do
caminho, a decepção se transformou em ressentimento. Nosso amor
foi contaminado com o passado e suas escolhas. Meu ressentimento
por ela não me ouvir, aumentou, e tentei fingir que não estava lá, mas
Kinley me conhece... ela podia sentir isso.

— O ressentimento é um filho da puta amargo. Especialmente


quando você se ressente de si mesmo. Passei mais de dez anos me
chamando de idiota pelo que fiz à sua irmã. Mesmo agora, não tenho
ideia de como ela encontrou em seu coração a possibilidade de me
perdoar, mas agradeço a Deus todos os dias que ela perdoou.
Autumn, Capri, meu filho, eles são minha vida. Sou um homem
melhor por causa deles. Veja, Christian, você cresceu com dois pais
amorosos, mas Kinley não. Ela sempre será aquela garotinha
querendo o amor de sua mãe.

— Como você sabe?

— Porque sempre serei aquele garotinho querendo o amor da


minha também.

Pensei sobre o que ele disse pelo resto do dia enquanto as


horas voavam e, antes que eu percebesse, estava entrando no tribunal,
pronto para mais uma vez lutar por minha esposa.
Exceto que no momento em que a vi sentada no banco com a
cabeça entre as mãos, parei no meio do caminho. Ela olhou para cima
como se me sentisse, e no segundo que seu olhar pousou no meu, ela
começou a chorar. Seu lindo rosto estava cheio de tanto desespero e
tristeza que causou uma reação física em mim.

A dor que senti em meu coração foi além de paralisante.

Eu estava perdido.

Eu fiz a única coisa que pude, corri para ela.

— Baby. — Eu chamei, agachando-me na frente dela no


banco. — Estou aqui, docinho. Estou aqui.

— Christian...

Ela olhou para mim com um enorme vazio em seus olhos


enquanto eu afastava seu cabelo de seu rosto.

— Não é tarde demais, Kinley. Não temos que fazer isso.


Podemos rasgar esses papéis agora e sair daqui juntos. Eu sei que vai
dar trabalho consertar o que aconteceu entre nós. Vamos lutar
novamente. Você me chamará de idiota e eu direi que você está sendo
um pé no saco.

Ela riu suavemente.

— Mas eu quero isso com você. Agora, amanhã, daqui a um


mês, um ano, para sempre. Você é minha casa – você sempre será
minha casa. — Eu beijei suas mãos. — Sinto muito por não fazer de
você uma prioridade maior. Sinto muito por não dar ouvidos às suas
necessidades e desejos. Sinto muito por não ser um marido melhor.
Eu sinto muito por tudo, baby.

— Eu sei. Eu também sinto muito. Estive longe de ser perfeita


nos últimos dois anos, e você não tem sido nada além de bom para
mim desde a primeira vez que conversamos. Nunca pensei que teria
um homem como você em minha vida. Você é melhor do que
qualquer coisa com o que eu poderia ter sonhado.

O ar estava tão denso entre nós que eu achei difícil respirar,


sem saber para onde isso estava indo.

Esperançoso.

Rezando.

— Desde o momento em que coloquei meus olhos em você,


tudo que eu sempre quis foi te fazer feliz. Você sabe disso, não é?

— Sim.

— Nestes últimos dois meses, tenho pensado muito. Pela


primeira vez na minha vida, me senti perdido sem você ao meu lado.
Não reconheço o homem que me tornei, Kinley, e estou tentando
encontrá-lo. Aquele homem. Aquele que você conheceu. Aquele que
você amou. Aquele que foi feito apenas para você. Não consegui
encontrá-lo, mas quanto mais eu procurava, mais difícil era aceitar que
eu talvez nunca mais seja ele. Porque ele não existe sem você.

Ela se inclinou ao meu toque.

— A verdade é que estou ressentido com você, Kinley.

Ela fez uma careta, sem tentar esconder.

— Eu não queria admitir para mim mesmo, muito menos para


você. Julian me encontrou no bar esta tarde e, depois de falar com ele,
percebi o quanto ainda não entendia o que você passou – o que você
estava, está passando. Acho que pensei que tinha te curado.

— Você curou, Christian. Não sei onde estaria sem você.

— Ambos cometemos erros e estou pronto para deixar de


viver as coisas que não podemos mudar. Se não podemos ter filhos,
então que seja assim. Viveremos outra vida, talvez arranjemos um
cachorrinho.

Ela sufocou uma risada. — Você não quer mais um bebê?

— Quero você. Isso é o que eu quero. Agora, por favor, diga-


me que mudou de ideia e não vamos adiante com isso. Por favor,
querida.

O que aconteceu a seguir só poderia ser descrito como um


momento em que Deus finalmente ouviu nossas orações.

Ela declarou: — Estou grávida.


CAPÍTULO 19
Christian

Sem fôlego, respondi: — Desculpe, o quê?

Ela não hesitou em repetir: — Estou grávida.

— De um bebê?

— Sim. — Ela sorriu. — De seu bebê. Nosso bebê.

Eu estava alucinando?

— Espere, como?

— Christian, você é ginecologista e obstetra. — Ela sorriu.


— Você sabe como os bebês são feitos.

— Kinley, não me provoque. Quando isto aconteceu?

— Na noite em que você apareceu. Não tenho certeza de qual


das vezes foi, considerando que você esteve dentro de mim a maior
parte da noite, mas foi definitivamente naquela noite.

— Tem certeza? Há quanto tempo você sabe?

— Descobri esta manhã quando sua irmã apareceu e nós


começamos a conversar. Ela perguntou como eu estava e eu disse que
me sentia péssima. Eu estava cansada o tempo todo, sem apetite,
parecia que estava pegando uma gripe ou algo assim, já que estive me
sentindo mal nos últimos dias.

— Se sentindo mal?

— Sim, eu estava vomitando, mas pensei que era por estresse


ou que estava pegando alguma coisa. Eu não tive febre. Talvez tivesse
sido algo que comi. Quando eu estava contando tudo isso, ela olhou
para mim como se tivesse crescido cinco cabeças em mim de repente,
e do nada ela cutucou meu peito e eu gritei.

Arregalei meus olhos, perplexo com o que ela estava


compartilhando.

— Ela perguntou se eu tinha feito um teste de gravidez e eu ri,


dizendo que não estava grávida. Bem, você conhece sua irmã, ela não
aceita não como resposta. Achei que ela estava louca só por pensar
que eu estava grávida, mas eu ainda tinha vários testes restantes de
quando estávamos tentando, então eu a acalmei e peguei um para ela.
No segundo em que fiz xixi, apareceu uma linha rosa brilhante. Eu
pensei que estava imaginando no início, querendo ver essa linha há
tantos anos. Mas quando mostrei para Autumn, ela imediatamente
começou a chorar. Eu juro que bebi um galão de água e fiz xixi em
mais dez. — Ela abriu a bolsa, mostrando-me os testes. — Eles são
todos positivos.

Silêncio.

— Christian, você ouviu o que eu disse?

Eu acenei com a cabeça.

— Você está bem?

Eu balancei a cabeça novamente.

— Você não parece estar bem.

Ergui meu dedo no ar. — Estou apenas tentando processar


tudo isso.

— Eu sei. Também não consigo acreditar. Estou grávida!

Abri a boca para responder, mas não saiu nada.


— Isso é simplesmente uma loucura, certo? Como é possível,
depois de todo esse tempo tentando ficar grávida, descobrir sobre
isso logo hoje, justo nesse dia? É louco. Eu mal posso acreditar.

— Kinley, preciso examinar você.

— Por quê? Você acha que é um engano...

— Eu só preciso ter certeza de que está tudo bem. Podemos


passar no meu consultório a caminho de casa.

— Casa?

Olhei ao redor do tribunal, lembrando-me de onde estávamos.


— Porra.

Nenhum de nós disse nada pelo que pareceu uma eternidade


até que meu advogado se aproximou de nós.

— Somos os próximos. — Informou ele, e foi como se uma


bomba atômica tivesse caído sobre a minha cabeça.

— Vamos precisar de um minuto. — Retransmiti.

— Sim, leve o seu tempo.

Assim que ele se afastou, Kinley declarou: — Christian...

Eu a interrompi. — Se você me disser que ainda quer ir em


frente com este divórcio, não terei escolha a não ser jogá-la sobre meu
ombro e carregá-la para fora daqui, chutando e gritando.

Olhei profundamente em seus olhos e falei com convicção:


— Você me entendeu?
Kinley

Eu abri minha boca, mas ele me interrompeu novamente.


— Estou tentando manter a calma, ok? Você vê como isso é difícil
para mim? Mas estou fazendo isso por você. Se você, por um
segundo, achar que vou permitir que essa merda de divórcio continue,
então você está redondamente enganada. Estou sendo claro?

— Christian...

— Apenas me dê uma chance, ok? Apenas nos dê uma chance.


Isso é o que sempre quisemos, essa foi a raiz dos nossos problemas
e, finalmente, estamos aqui, no dia em que devemos finalizar nosso
divórcio. Isso é um sinal. É nossa segunda chance. Nosso novo
começo. Você sente isso tanto quanto eu. Eu sei que você sente.
Posso ver em seu rosto, ouvir em sua voz, sentir em minha alma.
Você é minha, Kinley. Você sempre foi minha e sempre será. Este.
— Ele beijou minha mão. — É o nosso voto de segunda chance.

Eu sorri. — Você não precisava dizer nada disso. Eu sei. Era


para ser. Nós estávamos destinados a ser. Acho que esta é a maneira
de Deus nos dizer isso. Eu não sei como isso aconteceu porque o
doutor...

— Não quero falar sobre isso, Kinley. Não agora. Só quero


rasgar esses papéis, jogá-los no lixo e sair daqui com minha esposa
nos braços. Isso é tudo que preciso. Você pode me dar isso?

Não hesitei em responder: — Sim.

Ele não teve que ouvir duas vezes, ele se levantou e chamou
nossos advogados.

— Vocês estão prontos? — Meu advogado perguntou.


— Não. — Pegando nossos papéis do divórcio da mão dele,
Christian os rasgou bem na frente deles antes de anunciar: — Não
precisaremos mais de seus serviços.

Eles sorriram.

Eles sorriram, porra.

— Eu te disse. — O advogado de Christian disse para o meu.

— Você sabia que não iríamos adiante com isso? — Eu


perguntei.

— Sra. Troy. — Ele respondeu. — Sou advogado


especializado em divórcio há quase quarenta anos, e sei quando não
existe mais amor. E vocês. — Ele olhou de um para o outro. — Ainda
estão muito apaixonados um pelo outro. Estou feliz que isso fez
vocês abrirem os olhos. Não acontece com frequência, mas é bom
saber que uma segunda chance pode acontecer.

Christian agarrou minha mão. — Obrigado. Suas faturas serão


pagas quando eu voltar ao meu consultório.

Parecia um sonho do qual eu nunca mais queria acordar.


Saímos do tribunal de mãos dadas e eu estava nervosa durante todo
o trajeto até o consultório de Christian, inquieta enquanto ele não
dizia nada. Eu poderia dizer que ele estava perdido em seus
pensamentos. No entanto, ele ainda estendeu a mão e agarrou a
minha, sabendo que eu precisava de seu apoio.

Nós não falamos nada. Nós dois estávamos maravilhados com


a virada dos acontecimentos. Nosso casamento ainda estava em uma
situação difícil, e daria trabalho nos levar de volta para onde
precisávamos estar. Mas, pela primeira vez em muito tempo, tive
esperança de que sairíamos dessa situação mais fortes, melhores e
mais apaixonados do que nunca.
A culpa que carreguei nos últimos dez anos ainda pesava muito
em meu coração, mas havia algo mais lutando contra ela.

Preocupação.

Eu poderia levar a gravidez a termo? Teríamos um bebê saudável?

Como se soubesse o que eu estava questionando, Christian


apertou minha mão antes de ele levá-la à boca para beijá-la, fazendo
meu coração derreter. Eu estava com tanta raiva da vida que deixei de
ver o quão incrível ele era para mim, o quanto ele sempre sabia o que
eu precisava sem que eu tivesse que dizer uma palavra.

Novo remorso se instalou em minha consciência, e eu tentei


ignorá-lo até que Christian disse do nada: — Kinley, você sabe que
eu te perdoo. Você é minha garota.

Eu não sabia que precisava ouvir isso até aquele momento.

Minha ansiedade diminuiu e, uma vez que estávamos na sala


de ultrassom em seu consultório, senti como se as paredes de repente
estivessem desabando sobre mim.

— Christian, e se os testes estiverem errados? E se eu não


estiver grávida? Dez testes diferentes não podem ser um falso
positivo, certo?

Ele sorriu amorosamente para mim, mais uma vez sendo


minha âncora, como ele tinha sido nos últimos vinte anos.
Caminhando em minha direção, ele agarrou meu rosto e beijou meus
lábios enquanto sua outra mão se movia para minha calcinha. Subindo
meu vestido, ele puxou minha calcinha um pouco para baixo. Ele
nunca parou de me beijar enquanto nos levava para a mesa no centro
da sala.

Agarrando minha bunda, ele me carregou até ela e, em


segundos, estava aos meus pés, ordenando: — Abra suas pernas para
mim, baby.

Eu zombei com uma risada, sabendo o quanto ele estava


gostando disso. Eu à sua mercê.

— Deixe-me cuidar de você. — Acrescentou.

Mesmo depois de todos esses anos, essas palavras ainda me


afetavam como na primeira vez que ele as disse na roda-gigante.

— Agora seja minha boa menina e feche os olhos.

Eu fechei. Meu coração estava batendo a mil por hora.

Eu o ouvi se movendo, e quando senti a sonda entrar entre


minhas pernas, juro que parei de respirar.

Segundos.

Minutos.

Horas poderiam ter passado.

Até que um batimento cardíaco alto e rápido preencheu o


silêncio da sala. Não consegui me conter, apenas reagi, explodindo
em lágrimas.

Muitas.

Espessas.

Lágrimas abundantes.

Incapaz de contê-las, elas romperam de mim como um


tornado, derrubando tudo em seu caminho.

Eu chorei por todas as vezes que tínhamos recebido um teste


negativo.

Por cada mês que eu dizia a ele que não estávamos grávidos.
Por cada menstruação que eu tinha.

Por cada sonho que foi arruinado após cada teste negativo.

Pelos nomes que escolhemos e nunca poderíamos usar.

Pelo quarto de bebê de nossa casa que permanecia frio e vazio.

Por todo o amor que tínhamos para dar, sem filhos com quem
compartilhar.

Pela casa que compramos sem bebês para criá-los atrás


daquelas paredes cor de creme.

Por toda a culpa.

As minhas desculpas.

Pelos anos que passamos lutando.

Pela garotinha a quem foi dito que ela não valia nada.

Pela mãe que eu não tive.

Pelo marido que quase perdi.

Acima de tudo, pelo bebê crescendo dentro de mim...

Eu chorei por tudo isso.

Eu não conseguia parar de chorar.

Tremendo.

Sentindo-me como se tivesse morrido e agora revivido.

Meu peito arfou, meus lábios tremeram, e quando olhei para


Christian em busca de apoio emocional, lágrimas escorriam por seu
belo rosto também.

— Eu sinto muito, eu sinto muito, eu sinto muito. — Repeti


várias vezes, querendo que ele sentisse meu pesar, toda a minha dor
e vergonha. Joguei meus braços em volta dele, querendo que ele
entendesse o quanto eu realmente sentia pelo que estava fazendo
conosco.

O que eu estava pensando? Como pude fazer isso com ele?

Depois de tudo que ele fez por mim, seu amor, sua família, ele
realmente me curou.

Lá estávamos nós.

Duas pessoas arruinadas.

Marido e mulher.

Que estavam tentando encontrar o caminho de volta um para


o outro, com um bebê a caminho.

Que foi feito simplesmente por puro desespero e amor um


pelo outro.
CAPÍTULO 20
Kinley
Passado

— Parabéns para você! Nesta data querida! Muitas felicidades!


Muitos anos de vida!

Eu sorri largamente, soprando as vinte e uma velas do meu


bolo azul-turquesa brilhante.

Todos que importavam para mim estavam presentes.

Christian.

A família dele.

Jax.

Minha mãe.

Fazia três anos desde que ela apareceu em nossa formatura, e


daquele dia em diante, ela era tudo que eu sempre quis e precisei.
Tínhamos o melhor relacionamento. Eu a via o tempo todo, já que
Christian e eu frequentávamos a Universidade de Dallas. Eu morava
em meu próprio apartamento, fora do campus, perto da casa que
Christian e Julian alugaram.

Jax morava em meu condomínio, a uma curta distância a pé da


minha casa. Ainda éramos melhores amigos, para grande decepção de
Christian. Eu tinha certeza que ele conseguiu um apartamento perto
de mim só para irritar Christian. Eles ainda brigavam por tudo e
qualquer coisa, muitas vezes disputando por causa das coisas mais
estúpidas.
— Querida. — Mamãe interrompeu meus pensamentos.
— Você está deslumbrante. É um vestido novo?

— Sim. — Eu acenei com a cabeça para Christian. — Foi um


dos meus presentes.

— Christian, você tem um ótimo gosto.

— Obrigado, Srta. McKenzie.

— Quantas vezes eu tenho que dizer para você me chamar de


Linda?

Ele riu, piscando para mim.

Eu gostaria de poder dizer que seus sentimentos em relação à


minha mãe haviam mudado, e acho que de alguma forma eles
mudaram. Ele respeitava o nosso tempo juntas e o fato de ela estar
na minha vida. No entanto, ele ainda era cauteloso quando se tratava
dela. Preocupado que um dia ela me machucaria de novo, mas eu não
estava.

Ela estava compensando todos os anos em que não esteve


presente.

Sempre me dizendo o quanto me amava e como ela realmente


lamentava pelo que havia me feito passar. Eu sempre dizia a ela que
era passado. Eu não esqueci o que tinha acontecido, mas a perdoei
pelo que havia feito comigo.

Minha vida era quase perfeita.

Jax não estava tão receoso com minha mãe quanto Christian.
Achei que ela o tinha conquistado com seus dotes culinários. Ela
costumava vir me preparar o jantar ou me ajudar a limpar meu
apartamento. Parte dela pensava que eu ainda era aquela garotinha
que precisava dela dessa forma, e eu agradeci com alegria, perdoando
todos os anos em que ela não esteve na minha vida.
Eu estava ocupada com minhas aulas. Tive a sorte de conseguir
bolsas de estudo para pagar minhas aulas, meu apartamento e todas
as coisas de que precisava, como mantimentos e dinheiro para gastar.

No próximo ano, estaríamos oficialmente nos formando


bacharéis, mas os estudos não acabariam para nós. Eu faria um
mestrado em Literatura Inglesa. Eu queria ser professora universitária
enquanto Christian estaria fazendo pre-med5 para ginecologia.

Ele queria ser um ginecologista obstetra, dizendo que mal


podia esperar para fazer o parto de nossos bebês. Falávamos muito
sobre o futuro, em casar, comprar uma casa, ter filhos. Quatro, para
ser exata. Dois meninos, duas meninas. Ambos queríamos uma
família grande.

Era ele quem falava mais de crianças do que eu. Eu nunca


conheci um homem que quisesse ser pai mais do que Christian. Eu
pensava que era por seu pai ser um homem tão honrado. Ele era o
modelo de Christian.

Christian era ótimo com crianças, o que não me surpreendia.


Ele era incrível em tudo.

Envolvendo seu braço em minha cintura, ele me puxou em sua


direção. Estávamos na casa de seus pais, comemorando meu
aniversário.

Sempre adorei sentir seu peito contra minhas costas.


Tínhamos passado seu décimo oitavo aniversário em um estúdio de
tatuagem, onde ele marcou nosso aniversário em seu peito em
algarismos romanos. Foi o início de seu vício em tatuagens, e agora
ele estava coberto por elas.

5
O curso de medicina nos EUA funciona da seguinte forma: O estudante faz uma graduação (bachelor’s
degree) de quatro anos, depois se candidata à escola de medicina para realizar mais quatro anos de estudos
em medicina e obter o grau de Medical Doctor (MD). Após obtenção do MD é possível a candidatura ao
internato e especialização médica em hospitais universitários com duração variável de 3 a 7 anos.
Dos ombros em ambos os braços, até as mãos, peito e costas.
Isso dava a ele um fascínio de bad boy que eu não conseguia me cansar.
Ele era um cara fodão tatuado em carne e osso que ia ser um médico.
Eu não conseguia imaginar os olhares que ele receberia durante seu
estágio no hospital, neste verão.

Ele sussurrou em meu ouvido atrás de mim: — Você cheira


bem o suficiente para ser fodida, Kins.

— Você me deu este perfume.

— Por que você acha que eu o comprei para você?

Eu me virei para encará-lo, jogando meus braços ao redor de


seu pescoço. — Então você pode me foder mais tarde?

— Eu poderia foder você agora mesmo se subíssemos para o


meu antigo quarto.

— Acho que seus pais não iriam gostar muito disso.

— Eu já fodi você naquele quarto muitas vezes.

— Sim. — Eu o beijei. — Mas eles não estavam em casa, nem


Autumn. Você não quer dar à sua irmã a ideia errada. Ela tem quinze
anos agora. Você sabe que ela vai começar a namorar em breve.

Ele me beijou de volta. — Só por cima do meu cadáver.

— Christian! Você não quer que ela encontre o amor e seja tão
feliz quanto nós?

— Não.

— Oh meu Deus! Você é horrível.

— Ela é minha irmã mais nova, é meu trabalho protegê-la.

— Ela não é mais tão pequena.


— Ela sempre será pequena para mim.

— Oh, vamos lá! Não me diga que você não viu o quanto ela
cresceu neste último ano. Ela é linda. Sempre que estamos juntos, os
rapazes não param de olhar para ela do outro lado da sala.

— Que caras, porra?

— Baby! Pare! Ela está se transformando em uma mulher e


você terá que aceitar isso. Quem sabe, talvez ela acabe com seu
melhor amigo.

Seus olhos se arregalaram quando ele recuou. — De onde você


tirou isso?

Dei de ombros. — Eu não sei. Eu acho que seria fofo. Você


sabe que ela tem uma queda por ele, certo?

— Ela tem?

— O quê? Ela tem uma queda por ele desde que me lembro.

— Besteira. Ela o vê como um irmão.

— Se você diz.

— Estou falando sério. Além disso, Julian nunca faria isso


comigo. Ele a vê como uma irmã mais nova também. Ele a conhece
desde que ela nasceu.

Eu sorri, repetindo: — Se você diz.

— Vou ter que avisar Julian para ficar longe dela?

Eu encolhi os ombros novamente. — Acho que não é com


Julian que você tem que se preocupar. — Eu acenei com a cabeça
para Julian, que estava sentado na banqueta da cozinha, com uma
garota loira no colo. — Ele não tem um tipo específico, não é?
Ele riu. — Quem, Julian? Você está realmente me
perguntando isso? Você o conhece há seis anos. Você sabe que ele
fode qualquer coisa com peitos e bunda.

— Oh sim... e quem você fode?

Ele sorriu, me fazendo corar. — Esses peitos. — Segurando


minha bunda, ele acrescentou: — E essa bunda.

Christian

Ouvir Kinley falar sobre Julian e Autumn estava pirando com


minha cabeça. Mais tarde naquela noite, eu o encontrei na piscina,
bebendo uma cerveja. Sua última garota estava lá dentro, conversando
com Jax.

— Eu provavelmente iria verificar sua garota da vez antes de


Jax roubá-la de você.

Ele olhou para atrás de mim, vendo-os rindo. — Deixe-o ficar


com ela. Eu já a fodi antes da festa.

— Cara... — Eu ri. — Você já pensou em realmente se


aquietar?

Ele balançou a cabeça. — Não como você. Uma boceta para


o resto da minha vida, isso soa como uma sentença de prisão.

— Certeza?

— Por que você está me perguntando isso? Desde quando


você se interessa por quem eu tenho na minha cama?
— Ei, desde que não seja minha irmã, eu não me importo onde
você enfia seu pau.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Sua irmã? De onde você tirou


isso?

— Aparentemente, Autumn tem uma queda por você há anos.


Você sabe alguma coisa sobre isso?

Ele ergueu a mão. — Eu quase não falo com Autumn


atualmente. Se ela tinha uma queda por mim, eu não notei.

— Ótimo, vamos manter isso assim.

— Christian, você está me ameaçando?

— Não. — Eu sorri. — Só um aviso.

— Um aviso para quê? Para ficar longe de Autumn?

— Você disse isso. Eu não disse nada.

— Você não precisava dizer. Sutil, você não é.

— Por que você está ficando tão defensivo?

— Eu não estou. Foi você que veio até mim para me chatear
por causa da sua irmã mais nova.

— Ela está fora dos limites, Julian.

— Eu não sabia que ela, de repente, era uma opção.

— Ela não é, e vamos manter assim.

— Devidamente anotado.

— Christian! — Kinley gritou da porta deslizante. — Você


pode me ajudar a abrir este pote de molho? Está emperrado!

— Já vou! — Olhando para trás, para Julian, perguntei:


— Estamos bem?

— Sim. Bem para caralho.

Brindamos nossas cervejas e eu entrei para ajudar Kinley, de


olho em Autumn pelo resto da noite. A última coisa com que eu
queria me preocupar era em meu melhor amigo estar com minha
irmã. Eu já tinha o suficiente com a espera constante da possibilidade
de uma recaída da mãe de Kinley.

Não me interpretem mal, eu estava feliz por ela ter a mãe em


sua vida novamente, mas isso não impediu aquela vozinha no fundo
da minha mente que continuamente me alertava que um dia ela ainda
iria foder com ela novamente.

Eu odiava que depois de três anos ainda me sentisse assim –


tentando todos os dias dizer a mim mesmo que ela havia mudado,
que não iria acontecer, que eu precisava começar a confiar nela.

Meus instintos a respeito dela não mudavam. Porém, uma


coisa era certa...

Quando isso acontecesse, eu estaria lá para pegar Kinley


quando ela caísse.
CAPÍTULO 21
Kinley
Presente

— Christian, para onde estamos indo? — Eu perguntei com


uma venda sobre meus olhos.

— Eu te disse. É uma surpresa.

Era oficial, nosso primeiro trimestre havia acabado e nosso


bebê estava crescendo dentro da minha barriga. Não conseguia
encontrar palavras para expressar o quão aliviada eu estava por termos
chegado a este ponto e que tudo ainda estava bem. Eu estaria
mentindo se dissesse que não estava com medo de abortar. Era um
milagre eu estar grávida.

Eu ainda me lembrava de nosso primeiro ultrassom depois que


descobrimos que estávamos grávidos. Christian me levou ao seu
consultório após o horário de fechamento.

Uma vez que eu estava deitada na mesa de exames, ele ordenou: — Abra
suas pernas para mim, baby.

— Espero que você não diga isso a todas as suas pacientes, Dr. Troy.

Não abri minhas pernas rápido o suficiente, então ele fez isso por mim,
piscando para mim. — Você recebe o tratamento VIP especial, Srta. Troy.

Eu sorri. — Bom saber.

— Apenas tente relaxar para mim.

Respirei fundo, mas ir ao ginecologista nunca foi uma experiência


agradável, mesmo quando era seu marido que estava entre suas pernas.

Depois que ele terminou, declarou: — Tudo parece bem, docinho.

Vê-lo em modo médico estava causando coisas em mim, e é claro que ele
fez questão de observar isso.

— As coisas estão ficando muito molhadas aqui embaixo, baby.

Eu coloquei as mãos em meu rosto. — Christian...

Ele riu, beijando meus lábios. — Pare de ser tão delicioso.

No momento em que ouvimos os batimentos cardíacos de nosso bebê


através dos alto-falantes, comecei a chorar. Era um som tão impressionante e lindo
que eu nunca queria parar de ouvir.

Eu não sabia na época, mas ele estava gravando. Mais tarde naquela
noite, quando saí do chuveiro, lá em nossa cama estava um dos bichinhos de pelúcia
que ele ganhou para mim na feira todos aqueles anos atrás. Eu não tinha ideia
de como ele o encontrou, mas havia um adesivo em sua barriga que dizia — Toque
aqui.

Assim que o toquei, os batimentos cardíacos de nosso filho encheram o ar.


Pelo resto da noite, ele me aninhou em seus braços enquanto ouvíamos nosso bebê
crescendo dentro de mim.

Com minhas mãos nas dele, ele me guiou no que parecia ser
um cais para barcos.

— Pare de tentar adivinhar onde estamos, Kins.

Eu ri, ele me conhecia muito bem. — Eu não posso evitar.

Ele me fez caminhar para frente e eu segui o mais próximo


possível de seu corpo quente. Eu estava pensando demais nas
possibilidades do que ele havia planejado quando de repente o senti
mudar de direção. Ele soltou minha mão, movendo-se para ficar atrás
de mim. Envolvendo seus braços ao redor dos meus ombros, ele me
puxou para perto de seu peito antes de remover a venda dos meus
olhos.

— Abra-os. — Ele sussurrou em meu ouvido.

Abri meus olhos, adaptando-me à luz brilhante. Estávamos do


lado de fora, e o ar fresco e a brisa fresca atingiram todos os meus
sentidos.

O sol em meu rosto.

A doca sob meus pés.

Sorri quando percebi que estávamos em frente a um iate


chamado New Beginnings6.

— Você não fez isso.

Ele sorriu. — Eu disse que queria ter um iate um dia. Achei


que agora era o momento certo para começar a fazer novas memórias
como a família que seremos em breve. — Ele acenou com a cabeça
para a frente da proa, onde havia um piquenique improvisado como
na noite em que fomos à feira todos aqueles anos atrás.

A vista era de tirar o fôlego com as cores do outono no céu.


Parecia como o que só poderia ser descrito como um cartão postal
perfeito.

— Não acredito que você fez tudo isso. — Expressei surpresa,


tentando conter as lágrimas.

— Considere este nosso primeiro encontro, docinho. — Ele


beijou meu pescoço, provocando arrepios na minha espinha.

Eu fiquei lá estupefata por não sei quanto tempo, olhando ao


meu redor antes de pisar no iate com ele. Christian pensou em tudo,

6
Tradução: Novo começo
desde o cercadinho na sala de estar até o berço em nosso quarto.

O iate de quatro quartos estava totalmente equipado com tudo


de que precisaríamos para um bebê.

— Não acredito que você fez isso. — Repeti, sentando-me ao


lado dele. Imediatamente percebi que ele tinha providenciado todas
as minhas comidas preferidas, desde sobremesas e aperitivos até
minhas bebidas favoritas. Tudo alinhado no centro do nosso cobertor
para que pudéssemos desfrutar.

Até o violão que ele tinha na faculdade. Eu não o via há anos.


Ele deve tê-lo encontrado em nossa garagem ou sótão. Christian o
pegou como um hobby em nosso primeiro ano e realmente aprendeu
a tocar várias músicas. Ele costumava fazer serenatas para mim o
tempo todo. Era uma das minhas memórias favoritas do nosso
passado, e eu estava animada por ele ter decidido trazê-lo aqui esta
noite.

— Eu não tenho palavras, Christian Troy. Você se superou


oficialmente.

— Obrigado, Kinley Troy. — Ele piscou, jogando um


morango coberto de chocolate em sua boca.

— É incrível estar ao ar livre. Deus, parece que faz uma


eternidade desde que senti o sol em minha pele.

Ele havia pensado e se esforçado muito para este encontro, e


eu não poderia estar mais grata. Queríamos comemorar por estarmos
na zona segura de finalmente poder contar à família dele que eu estava
grávida. Embora Autumn e Julian soubessem, queríamos esperar para
contar a seus pais.

Apenas por precaução.

Muitas coisas haviam mudado no último mês, incluindo


Christian voltando para casa cedo todas as noites para que
pudéssemos jantar juntos. Conversávamos sobre nossos altos e
baixos do dia. Foi algo que aprendemos com Capri. Ela adorava fazer
isso quando nós cuidávamos dela para Julian e Autumn.

Eles estavam ocupados agora – seu filho havia nascido há


algumas semanas.

Julian Adrian Locke II tinha um pouco mais de três quilos e


trezentos gramas, tinha olhos azuis brilhantes como seu pai e cabelos
ruivos vibrantes como sua mãe. Autumn esteve em trabalho de parto
por uma hora, sem epidural. Ela era oficialmente a Super-mulher e
minha heroína. O bebê deles era o menino mais doce e eu me
apaixonei por ele desde o momento em que o vi. O mesmo aconteceu
com Christian.

Ele adorava a sobrinha e o sobrinho, e eu não tinha nenhuma


preocupação de que ele não seria o mesmo com o nosso bebê.

A maneira como seu rosto se iluminou quando ele conheceu o


filho deles, provavelmente seria uma das minhas memórias favoritas.

— Você ficou bem segurando aquele bebê, Christian.

Ele sorriu para mim. — Mal posso esperar para segurar o nosso, docinho.

O dia continuou e, a certa altura, entreguei o violão a Christian.


Ele me perguntou o que eu queria que ele tocasse para mim, sabendo
que eu tinha algumas músicas favoritas que ele costumava tocar para
me fazer uma serenata. Era como se tivéssemos voltado no tempo
quando éramos apenas aqueles dois adolescentes loucos que estavam
perdidamente apaixonados um pelo outro.

Christian acabou tocando a música do nosso casamento que


ele realmente cantou para mim durante a nossa recepção. Fiquei ali
sentada, olhando para ele com um olhar fascinado, completamente
cativada pelo homem diante dos meus olhos. Eu não o via há muito
tempo.

As horas passaram voando, e antes que percebesse, eu estava


encostada em seu peito, observando o pôr do sol no horizonte
enquanto ele esfregava meus ombros e brincava com meu cabelo.

— Eu senti falta disso.

Ele beijou minha cabeça. — Eu também, docinho.

Sentei-me, querendo olhar em seus olhos. — Você se lembra


do que aconteceu da última vez que você me fez um piquenique?

Ele sorriu. — Isso não aconteceu no piquenique.

— Podemos fingir que há uma roda-gigante por aqui em


algum lugar.

— Tem certeza?

Eu pisquei para ele.

No último mês, desde que descobrimos que eu estava grávida,


Christian não tinha me tocado nenhuma vez de uma forma íntima, o
que era extremamente diferente dele. Eu estava começando a ficar
com a sensação de que talvez ele não se sentisse sexualmente atraído
por mim agora. Eu era pequena e estava começando a mostrar os
sinais. Meu corpo já estava mudando, trazendo muitas emoções
hormonais que eu não esperava tão cedo.

— Em que você está pensando?

— Nada.

— Kinley, não me venha com essa. Eu posso ver as


engrenagens girando em sua cabeça.

Antes de perder a coragem, deixei escapar: — Por que você


não me toca?
— Você dorme em meus braços todas as noites.

— Eu sei, mas estou falando sobre outras coisas.

Ele sorriu maliciosamente. — Que outras coisas?

— Christian. — Eu corei. — Você sabe do que eu estou


falando. Você só quer me ouvir dizer isso.

— E ainda estou esperando.

Eu sorri, sem dizer uma palavra.

— Você quer dizer por que não te fodi contra a porta


deslizante de novo?

— Sim. — Eu sorri ainda mais. — Isso.

— Eu quero levar as coisas devagar.

— Estamos juntos há vinte anos. Estou grávida do seu bebê.


Acho que estamos muito devagar.

Ele sorriu novamente. — Você está com tesão pelo meu pau,
querida?

Arregalei meus olhos.

— Ou é minha língua fodendo sua boceta que você quer?

Mesmo depois de todos esses anos, a capacidade de Christian


de me fazer corar ainda era muito grande.

— Tudo isso.

— Entendo, mas não acho que seja isso que está incomodando
você.

— É o começo do que está me incomodando.

— Qual é o resto?
— Umm... sou eu? Eu sei que meu corpo está mudando...

— Eu vou interrompê-la agora. Não tem nada a ver com a


mudança do seu corpo, Kinley. Eu adoraria mais do que tudo foder
esses seus seios. — Ele acenou com a cabeça para eles. — Que só vão
ficar maiores com o passar dos meses.

Não hesitei em perguntar: — Então, qual é o problema?

Christian

Eu sabia que ela iria eventualmente trazer isso à tona.


Especialmente porque eu nunca conseguia manter minhas mãos
longe dela. Apesar de saber que fazer sexo durante a gravidez era
perfeitamente normal e seguro, isso não impediu a preocupação que
eu sentia em possivelmente machucar o bebê pelo qual esperamos
por anos. Pelo fato de a gravidez dela ainda ser de alto risco e eu
gostar de ser selvagem, estava apreensivo em levá-la dessa maneira.

Era um pensamento irracional, mas ainda estava presente


sempre que o desejo de tocá-la surgia, e com Kinley era o tempo todo.

Eu me sentia mais atraído do que nunca por ela agora. Havia


algo sobre saber que meu filho estava dentro dela que fazia todo tipo
de coisa com meu pau. Sem mencionar que seus seios estavam
praticamente transbordando de qualquer roupa que ela usava.

— Eu não quero machucar você ou o bebê.

Ela estreitou os olhos para mim. — Mas eu pensei que você


havia dito que não havia nada de errado comigo ou com o bebê...
Você estava mentindo?

— Eu não minto para você, mas sua gravidez ainda é de alto


risco.

— Eu sei, mas...

— É um medo irracional.

— Oh. — Ela parou por um segundo. — Como podemos


consertar isso? Não vou conseguir ficar mais seis meses sem você.

Eu ri, amando o fato de que ela sentia falta do meu pau.

— Talvez, se você for uma boa menina, eu coma você no jantar.

— E você? Você não precisa de algo?

— Docinho, eu tenho você e nosso bebê, isso é tudo que eu


preciso. Mas não vou mentir, estou gostando muito de você
implorando pelo meu pau.

— Você é terrível! — Ela jogou os braços em volta do meu


pescoço para se apoiar enquanto montava na minha cintura.
Aninhando meu rosto perto dela, ela descansou sua testa contra a
minha.

— Eu te amo, Christian Troy. Estou tão feliz por você ser meu
de novo.

Eu sorri, envolvendo meus braços em torno dela e puxando-a


para perto de mim.

— Veja, baby, foi aí que você entendeu tudo errado, eu


sempre fui seu e nada vai mudar isso.
CAPÍTULO 22
Kinley
Passado

— Ei, docinho. — Christian cumprimentou, envolvendo os


braços em minha cintura por trás de mim. Eu estava do lado de fora,
perto da piscina, precisando de um segundo para mim mesma.

Eu sorri, inclinando-me em seu abraço. — Olá, bonitão.

— Qual é a sensação de ser uma graduada da faculdade?

— Bastante incrível. E você?

— Prefiro estar na cama com o rosto enterrado entre as suas


pernas.

Eu ri. — Que romântico.

Estávamos na casa dos pais dele. Eles estavam fazendo uma


grande celebração para todos nós, incluindo Jax e Julian, que estavam
juntos lá dentro. Havia centenas de pessoas lá dentro. Os Troys eram
conhecidos em todo o Texas. Seu pai era um dos melhores advogados
do estado.

— Minha mãe já está aqui?

— Não, baby.

Eu poderia dizer pelo seu tom que ele estava preocupado


comigo.

— Ela pareceu bem para você na cerimônia desta manhã?


Ele encolheu os ombros, fazendo-me virar para encará-lo.
— O quê?

— Nada.

— Oh, vamos lá. Eu posso ouvir em sua voz. Diga-me.

— Kinley, é a nossa formatura. Eu só quero aproveitar o dia


com você, querida.

— Você está insinuando que o que você tem a dizer nos faria
brigar?

— Qualquer coisa que diga a respeito da sua mãe nos faz


brigar.

— Isso não é verdade. Vocês têm se dado bem.

— Kinley, eu faço isso por você.

— Então, faça isso por mim também e me diga o que está


acontecendo?

— Certo. — Ele suspirou profundamente. — Mas você pediu


por isso.

— Oh meu Deus, Christian, o quê?

— Acho que ela está bebendo de novo.

Eu me afastei, não esperando que ele dissesse isso. — O que


você quer dizer? Por que você acha isso?

— Eu não sei... é apenas um pressentimento.

— Bem, seu pressentimento está errado. Ela está sóbria há


nove anos. Quando você vai dar a ela algum crédito por quão longe
ela chegou? Você é sempre tão duro com ela.

— Isso. — Ele apontou severamente para mim. — É


exatamente por isso que eu queria manter minha boca fechada.
Sempre que eu digo algo sobre sua mãe, você quase arranca minha
cabeça.

— Tudo o que você diz são coisas negativas. O que você


espera de mim?

— Um pouco de compreensão seria bom.

— Compreensão? — Eu olhei para ele. — O que você


gostaria que eu compreendesse? Que você odeia minha mãe?

— Kinley, eu não odeio sua mãe.

— Você quase me enganou. Você sabe que vai se sentir muito


mal quando perceber que está errado e ela não teve uma recaída. E
depois que você fizer isso, espero um maldito pedido de desculpas.
— Virei-me para sair, mas ele agarrou minha mão e me impediu.

— Baby, não faça isso.

— Tarde demais. Você não tem o direito de lançar acusações


dessa maneira, Christian.

— Você tem razão. — Ele assentiu. — Eu sinto muito.

— Não! Agora você só está dizendo isso para salvar sua pele.
Você não está sendo sincero comigo.

— Eu acho que você esquece que eu te conheço melhor do


que você mesma. Você acha que eu não sei que você está aqui sozinha
pensando exatamente o mesmo que eu quando se trata dela?

— Eu não estou!

— Então por que me perguntou se eu achava que ela parecia


estranha?

— Porque eu pensei que talvez ela estivesse meio fora do


normal e você tivesse observado também! Como se ela estivesse
ficando doente. Ela está trabalhando muito. Tenho certeza de que ela
está apenas exausta.

— Baby... — Ele me puxou para seus braços. — Você tem


razão. Eu sinto muito. Estou muito errado, ok? Ela estará aqui em
breve, e você pode perguntar a ela por que está atrasada.

Eu não disse nada. Em vez disso, simplesmente o abracei de


volta. Eu odiava discutir com ele. Hoje era para ser um dia de
celebração, não de brigas entre nós.

— Ah! Sinto muito, Christian. Eu não queria explodir com


você.

— Sim, você explodiu, mas eu te perdoo.

Eu ri, não pude evitar.

— Kinley! — Sua mãe gritou porta. — Você pode entrar aqui


por alguns minutos? Quero apresentá-la a uma família de fora do
estado!

— Claro! — Eu gritei de volta antes de olhar para Christian.


— Você vem?

Ele sorriu. — Quem me dera.

Eu bati em seu peito.

— Eu te encontro lá dentro.

— Você nunca vai me encontrar com todas essas pessoas.

Ele me beijou. — Eu encontraria você em qualquer lugar,


docinho.

— Encantador. — Eu dei a ele um último beijo antes de


entrar.
Orando silenciosamente a Deus que ele estivesse errado sobre
minha mãe.

Christian

Havia muitas pessoas aglomeradas para entrar pela cozinha,


então decidi dar a volta pela casa e entrar pela porta da frente.

De repente, ouvi a mãe de Kinley gritar: — Chrissstiannn!

Meu olhar foi na direção de sua voz enquanto ela tropeçava


para fora de sua porta do lado do motorista. Ela tinha estacionado o
carro no meio da rua, em frente à nossa casa.

— Merda. — Eu praguejei. Movendo-me rapidamente,


aproximei-me dela e ela praticamente caiu em meus braços.

Eu sabia.

Eu sabia disso, porra.

Também não era a primeira vez. A mãe dela estava agindo de


forma estranha há semanas. Ela passou de estar na cola de Kinley para
mal vê-la. Não era preciso ser um gênio para somar dois e dois. Kinley
era emocionalmente cega demais para perceber. Mas ela perceberia se
ela se permitisse isso. Não era difícil não ver.

— Srta. McKenzie...

— Eeei, quantas vezes tenho que te dizer para me chamar de


Linda? — Ela balbuciou, pendurada no meu ombro.

— Precisamos colocar você em um Uber para casa antes que


Kinley a veja.
— O quê? — Ela deu um salto para trás, quase caindo.
— Estou aqui para o meu bebê...

— Você está bêbada. — Eu a interrompi.

— Só bebi um pouquinho! Você sabe, para comemorar!

Eu balancei minha cabeça, temendo o pior. Não por ela...

Por Kinley.

Se ela visse sua mãe assim, isso a destruiria. Havia centenas de


pessoas lá dentro, e este seria o pior momento.

— Você não deveria ter dirigido.

— Christiannnn, estou bem.

— Você está longe de estar bem, Srta. McKenzie.

— Cadê meu bebê? Onde está minha Kinley ursinha


carinhosa?

Tentar mantê-la em pé enquanto pegava meu telefone do


bolso da calça, o que era um desafio, mas eu não podia deixar Kinley
ver sua mãe assim. Isso cortaria seu coração, e eu me recusava a
causar-lhe esse tipo de dor, especialmente hoje. Ela não via sua mãe
nessa condição há anos, e tudo que eu queria fazer era estrangular sua
maldita mãe com minhas próprias mãos por colocar Kinley nisso
novamente.

Mas cheguei tarde demais.

Eu não pude protegê-la rápido o suficiente.

— Mãe. — Kinley falou, de repente parando na nossa frente.


Seus olhos se fixaram na mulher que estava completamente bêbada
em meus braços.
Eu nunca tinha visto a expressão no rosto da minha garota
como naquele segundo, me matando lentamente no processo.

— Bebê! Parabénsssss! Estou tãããão orgulhosa de você!

— Oh meu Deus. — Ela murmurou com os olhos


arregalados.

Era como se ela estivesse revivendo seu pior pesadelo. Seu


rosto empalideceu e eu já podia ver as lágrimas se formando em seus
olhos.

— Baby, volte para dentro. — Eu implorei, esperando que ela


me ouvisse. — Eu vou cuidar da sua mãe.

Incapaz de resistir, Kinley questionou: — Mãe, quando você


teve uma recaída?

— Eu não tive uma recaída. Só tomei um gole.

Meu coração se despedaçou pela minha garota. Eu não podia


acreditar que a mãe dela pudesse ser tão egoísta. Não importava o
quanto eu tentasse proteger Kinley disso, estava fadado a acontecer
eventualmente.

— Baby, por favor, entre.

— Por que, mãe? — Kinley questionou, sua voz trêmula.


— Por que agora? Você está sóbria há nove anos. Por que você fez
isso consigo mesma? Comigo?

— Tudo gira em torno de você!

— Ei! — Eu agarrei seu braço. — Nada disso!

Sua mãe puxou seu braço das minhas mãos, imediatamente


caindo de bunda na rua.

— Mãe! — Kinley se lançou para frente, ficando de joelhos na


frente dela. — Vamos. Vamos para casa, ok? Vamos colocá-la em um
banho frio e depois ligar para o seu conselheiro. Está tudo bem, é
apenas uma recaída. Você ainda está tomando seus remédios, certo?

— Eu não seeeei. Estou cansada, Kinleyyyy ursinha


carinhoooosa.

Novas lágrimas encheram seus olhos. — Eu sei, mãe. Eu sei.

— Vou levar o carro da sua mãe até a casa dela, então podemos
pegar um Uber de volta.

— Obrigado, Christian. — Seu tom estava cheio de tristeza


quando eu levantei sua mãe do chão enquanto Kinley abria a porta de
trás do carro dela. Cuidadosamente, coloquei-a no assento antes de
fechar a porta e ela desmaiou em segundos.

No instante em que fechei a porta do motorista, Kinley jogou


os braços em volta do meu pescoço e começou a chorar.

— Sinto muito, docinho. Eu sinto muito mesmo.

Lágrimas escorreram por seu lindo rosto, uma após a outra.


— Por que, Christian? Por que ela está fazendo isso comigo de novo?

— Ela é uma alcoólatra, querida, e há muitas mudanças


acontecendo. Tenho certeza de que ela está apenas tentando lidar o
melhor que pode.

— Eu pensei que isso tinha terminado. Pensei que isso tivesse


ficado no passado. Como eu pude ser tão estupida?

— Está tudo bem. — Eu esfreguei suas costas. — Vamos


fazê-la comer um pouco, levá-la para um banho frio e colocá-la na
cama. Lidamos com o resto pela manhã.

— Ok.

Mandei uma mensagem para Julian e pedi a ele que contasse


aos meus pais o que tinha acontecido, e tudo que ele respondeu foi:
— Porra, cara. Eu sinto muito.

Kinley segurou minha mão durante todo o trajeto até a casa de


sua mãe, que ficava a cerca de uma hora de distância. Depois que
finalmente a colocamos na cama, Kinley não queria deixá-la e eu
entendia o motivo. Ela estava preocupada que ela voltasse a beber
novamente, se tivesse a chance.

— Volte para a festa, Christian. Sua família está esperando por


você.

Eu a puxei em meus braços, sabendo que ela precisava de mim


agora mais do que nunca. — Você é minha família, baby. Eu não vou
a lugar nenhum.

— Christian...

— Eu sei, baby. Eu gostaria de poder tirar sua dor. A única


coisa que posso fazer é estar aqui para ajudá-la da maneira que puder.
Podemos tentar levá-la para a reabilitação ou algo assim, se ela
concordar, mas não podemos obrigá-la, Kinley.

— Eu não posso acreditar que isso está acontecendo


novamente. Eu realmente pensei que essa parte de nossas vidas havia
ficado para trás. Não entendo por que ela decidiu arruinar todo o
trabalho que fez para recomeçar sua vida. Nove anos para
simplesmente jogar no lixo. Porquê? Por favor, me faça entender.

— Eu não posso responder a essa pergunta para você, só ela


pode.

— Sinto muito sobre mais cedo...

— Você não tem que se desculpar. Eu é que deveria estar me


desculpando com você. Não deveria ter dito nada. Me sinto horrível
agora por ter falado aquilo.
— Como você sabia?

— Eu acho que apenas percebi. Ela deixou de estar fortemente


envolvida em sua vida para mal te ver. Era como se ela estivesse
tentando esconder a verdade de você.

— Como eu não vi isso?

— O amor é cego, Kinley.

Durante a hora seguinte, nós limpamos a casa dela,


encontrando garrafas de vodca vazias escondidas em todos os lugares,
garrafas e mais garrafas ainda fechadas, enchendo seus armários. Ela
definitivamente teve uma recaída, e ao que parece, estava bebendo já
há algum tempo. Seus remédios estavam no balcão, intocados. Para
qualquer um ver.

Kinley não disse uma palavra, mas percebi que ela estava
tentando não desmoronar. Sua decepção era evidente enquanto
chorava lágrimas silenciosas. A cada dois segundos, eu a ouvia fungar
e inspirar e expirar profundamente.

Quando acabamos de nos livrar de todo o álcool que ela não


tinha aberto, já passava de uma da manhã. Deitamos no sofá e puxei
Kinley para o meu lado com a cabeça dela em meu peito. Eu brinquei
com seu cabelo, tentando fazê-la adormecer. Eu estava totalmente
ciente de que ela estava mentalmente exausta com os eventos
inesperados da noite.

— Christian...

— Sim, baby?

— Você acha que ela vai continuar bebendo?

Eu não queria mentir para ela. Tudo que eu podia fazer era
prometer que estaria lá para apoiá-la. Embora eu soubesse que aquela
noite era o começo do fim para sua mãe e sua sobriedade.
Só rezei para que ela não levasse Kinley para o fundo do poço
com ela.
CAPÍTULO 23
Christian
Presente

Outro mês e meio se passou. O dia pelo qual estávamos mais


animados finalmente havia chegado, e descobriríamos o sexo do
nosso bebê. As enfermeiras em meu consultório sabiam o que
estávamos esperando e avisaram Autumn. Ela foi inflexível em nos
dar uma festa de revelação em nossa casa.

Ela cuidou de tudo: do bufê, da decoração, dos convites. Não


faltava nada ou algo que ela não tivesse pensado. Kinley não precisou
levantar um dedo. Era o dia dela, e minha irmã se certificou disso.

A festa foi melhor do que eu jamais poderia imaginar. O tema


era Piratas e Sereias para nosso novo iate e aventuras que estavam por
vir. A casa inteira foi enfeitada com esmero. Minha irmã havia
pensado em cada detalhe que seria importante nesta celebração.

Todos os nossos amigos e familiares estavam presentes. A casa


estava repleta de nossos entes queridos.

A expressão no rosto dos meus pais quando lhes contamos


que estávamos grávidos era uma lembrança que eu levaria para o
túmulo. Entreguei os presentes aos dois uma noite, quando
estávamos jantando na casa deles.

— Não é nosso aniversário nem nada. — Mamãe respondeu. — O que


é isso?

— Abra e descubra.
Ela olhou para mim com ceticismo antes de ambos desembrulharem seus
presentes. No segundo em que minha mãe viu seu colar com um pingente que dizia
“vovó” e meu pai viu seu relógio com a gravação “vovô” os dois começaram a
chorar.

Eu nunca tinha visto meu pai chorar antes, e foi uma visão e tanto. Ele
era um homem tão forte, então vê-lo desmoronar foi comovente,

— Oh, Christian, Kinley! — Mamãe gemeu, puxando nós dois para um


abraço apertado com meu pai logo atrás.

Ficamos ali por vários minutos, aproveitando a celebração o máximo que


pudemos.

Kinley parecia radiante, brilhando de dentro para fora. A


gravidez realmente combinava com a minha garota. Ela nunca esteve
tão linda, constantemente tirando meu fôlego com sua beleza e
barriga proeminente.

A gravidez era boa para ela e, por sua vez, ela era boa para
mim. Seus hormônios fizeram minha já excitada esposa desejar
incessantemente meu pau.

Boca.

Língua.

Dedos.

Qualquer coisa com o meu toque, implorando-me para fazê-la


gozar. Eu nunca negaria a ela o prazer de sentar em meu rosto,
amando o gosto e a sensação dela contra a minha boca. Não tínhamos
feito amor de novo. Meu medo de machucá-los ainda estava vivo e
presente em nossa vida diária. Embora minhas bolas doessem para
estar dentro dela, eu teria que esperar até que o bebê nascesse.

Meu toque não era a única coisa que ela não conseguia se fartar,
tendo todos os tipos de desejos estranhos em todas as horas da noite.
Eu não sabia para onde diabos a comida estava indo além de sua
barriga redonda. Você não poderia dizer que ela estava grávida, a
menos que ela se virasse para o lado.

A abracei por trás, sabendo o quanto ela adorava quando a


parte tatuada do meu peito estava contra suas costas. Eu fazia isso
agora mais do que nunca, apreciando o fato de que estava segurando
ela e nosso bebê em meus braços.

— Eu já disse como você está linda hoje?

— Uma ou duas vezes, mas você com certeza pode me dizer


de novo.

Eu ri, beijando a lateral de seu pescoço.

Eu não perdia mais tempo com ela. Os dias de voltar para casa
tarde tinham acabado. Eu voltava para casa cedo todas as noites para
estar com ela, querendo encerrar aquele capítulo de nossas vidas
quando ela não era minha primeira prioridade. Ela e o bebê eram as
únicas coisas que ocupavam o primeiro lugar no meu mundo agora,
do jeito que sempre deveria ter sido.

As coisas estavam boas.

Nós estávamos felizes.

Lentamente, mas com segurança, estávamos deixando o


passado para trás e olhando para o futuro como uma família. Eu não
poderia começar a dizer o quanto as coisas mudaram entre nós. Nós
não estávamos mais brigando ou discutindo por besteiras. Ainda
estávamos indo em nossa terapeuta, tentando resolver qualquer
problema que pudesse estar perdurando em nosso casamento.

Nossa comunicação era aberta, honesta, não mais baseada em


ressentimento ou culpa pelas coisas que não podíamos mudar. Aquele
sentimento de desesperança desapareceu e foi substituído pela
esperança de lutar contra nossos próprios demônios. Foi fácil cair de
volta no amor que sempre tivemos um pelo outro.

Concentrei-me em aprender a realmente ouvir o que ela estava


me dizendo, certificando-me de que suas necessidades e desejos
fossem atendidos como minha prioridade.

Ela era o amor da minha vida, antes, agora e sempre.

— Podemos descobrir o que vamos ter, agora? — Ela


perguntou com aquele lábio carnudo que sempre fazia meu pau se
contorcer.

— Docinho...

— Por favor... Você sabe que quer saber tanto quanto eu.

— Eu não me importo se é menino ou menina, baby. Ficarei


feliz com qualquer um.

— Bem, eu quero um garotinho.

— Você quer?

— Sim. Quero um mini você comigo o tempo todo.

Eu ri. — Tenha cuidado com o que deseja, Kinley.

— Eu vou concordar com ele nisso. — Jax interveio,


caminhando atrás de nós e fazendo o rosto dela se iluminar e seu
queixo cair.

— Oh meu Deus! — Ela saltou em seus braços. — Eu não


sabia que você viria!

— Claro, onde mais eu estaria? É a festa de revelação da minha


garota.

— Ela não é sua garota, Jax.


— Ela foi minha primeiro, Christian.

— Oh, vamos lá. — Ela se afastou dele. — Hoje não, rapazes.

— Mas dar um chute nas bolas um do outro é a forma de


mostrarmos nosso afeto mútuo. Não é, Christian?

— O único sentimento que tenho por você é a irritação.

Ele sorriu. — Diz o homem que me convidou para esta festa.

Os olhos de Kinley se voltaram para os meus. — Você


convidou?

Eu concordei. — Por você.

— Ah! — Ela jogou os braços ao meu redor novamente.


— Eu sei como isso foi difícil para você. Obrigada.

— Eu faria qualquer coisa por você. Sei o quanto você o queria


aqui.

— Ei, Jax. — Autumn cumprimentou, olhando dele para mim.


— Não estrague esta festa. — Ela bateu o dedo no meu peito.
— Você me entendeu? Passei o último mês certificando-me de que
seria perfeita.

— E está. — Kinley entrou na conversa. — Muito obrigada


por organizar isso, Autumn. Tudo está realmente perfeito. Eu tenho
a melhor cunhada do mundo inteiro.

— O prazer é meu.

Puxei Autumn para meu lado, beijando sua cabeça.


— Obrigado por tudo, irmãzinha.

— Você nunca vai parar de me chamar assim?

— Não. Você sempre será aquela garotinha me seguindo por


aí. Só que naquela época, eu pensava que era por mim, não por causa
do meu melhor amigo.

Ela riu, jogando a cabeça para trás.

— E graças a Deus por isso. — Julian acrescentou, de repente


parado ao lado dela.

— O que uma garota pode fazer quando o cara por quem ela
está loucamente apaixonada presta atenção em todas as outras
garotas, menos nela.

— Você não estava dizendo isso ontem à noite quando eu


estava prestando atenção à sua boc...

— Não. — Eu interrompi, levantando minha mão. — Isso


nunca vai ficar bem. Você não vai falar sobre o que está fazendo com
a minha irmã. Não dou a mínima para quantos anos ela tem ou
quantos filhos vocês têm. Falar sobre sua vida sexual está
completamente fora dos limites.

— Você sempre foi tão pé no saco? — Jax questionou,


puxando Kinley para seu lado.

Apenas para que eu a arrancasse dele e a puxasse para o meu


novamente.

— De qualquer forma! — Autumn exclamou. — É hora de


descobrir o sexo do bebê. Vamos lá fora.

Seguimos Autumn para nosso quintal, sob o número obsceno


de balões que ela tinha encomendado para nós tirarmos fotos. Se eu
tivesse que sorrir para mais uma foto, iria enlouquecer.

Com a ajuda de minha mãe, eles reuniram nossos convidados


para nos cercar antes que Autumn entregasse a cada um de nós uma
bomba de fumaça que nos diria se estávamos esperando um menino
ou menina pelas cores azul ou rosa.
— Ok. — Autumn anunciou. — Vou contar até três. Todo
mundo conta comigo! Um! Dois! Três!

Nós dois deixamos sair ao mesmo tempo, e em segundos uma


enorme nuvem azul brilhante encheu nosso quintal.

Kinley irrompeu em lágrimas de felicidade e eu a puxei contra


meu peito.

— Baby. — Eu sussurrei em seu ouvido. — Todos os seus


sonhos estão se tornando realidade.

Ficamos assim por não sei quanto tempo, querendo aproveitar


esse momento o máximo de tempo possível. Quando nos afastamos
um do outro, a expressão no rosto de Jax foi suficiente para
imediatamente me fazer olhar na direção que ele olhava.

Foi só então que eu realmente perdi minha cabeça. Não


esperando nunca ver quem estava diante de mim.

A mãe de Kinley.

Ela estava de repente parada em nossa frente.

A maldita coragem dessa mulher.

Kinley

— Mãe. — Eu anunciei, quase caindo de bunda ao vê-la


depois de todos esses anos.

Eu não a via ou falava com ela há mais de dez anos. Ela parecia
mais velha, usando um vestido com um cardigã, sua bolsa no ombro
enquanto seu cabelo estava preso em um coque baixo.
Meu coração estava em minha garganta e eu imediatamente
senti meu estômago revirar. Eu estaria mentindo se dissesse que não
pensava nela. Eu pensava com frequência. Não sabia como parar de
me preocupar com seu bem-estar. No final das contas, ela ainda era
minha mãe.

Eu a amava, independentemente de quão volátil fosse nosso


relacionamento.

Antes que eu pudesse dizer uma palavra, Christian entrou na


minha frente e cuspiu: — Que porra você está fazendo aqui? — Para
ela.

Desta vez, eu não o impedi de tratá-la como uma merda. Ela


merecia isso e muito mais.

Levantando as mãos em sinal de rendição, ela compartilhou:


— Sua tia me disse onde você mora, Kinley. Só estou aqui para ver a
minha filha e dar os parabéns aos dois.

Autumn e sua mãe entraram em ação, fazendo com que nossos


convidados entrassem para nos dar um pouco de privacidade. Jax não
foi embora, não que eu esperasse que ele saísse.

— Você não é bem-vinda aqui, porra, então pode se virar e


sair pela mesma porta por onde entrou.

— Christian...

Ele se virou, falando na minha cara. — Não! Não vou fazer


essa merda com você de novo. Eu não preciso te lembrar do que
aconteceu da última vez que você não me ouviu, não é?

Meu peito estava subindo e descendo com cada palavra que


saía de sua boca enquanto meu olhar ainda estava cimentado na
mulher que me deu a vida. Era como se eu fosse aquela garotinha de
novo, rezando para que sua mãe a colocasse na cama.
Eu nunca pensei que esse dia chegaria.

Ou talvez eu tenha...

De qualquer forma, estava aqui e eu não tinha ideia de como


lidar com isso.

Christian estava certo sobre tudo o que estava dizendo. Eu


sentia isso no fundo do meu ser, mas não conseguia conter as
emoções que estavam me devastando quanto ao que fazer com sua
aparição repentina em minha vida novamente.

A expressão triste e apologética em seu rosto estava me


rasgando por dentro, repetidamente. Eu senti isso no meu coração,
nos meus ossos, na boca do meu estômago. A guarda que eu tinha
erguido quando se tratava dela estava ruindo com ela parada em
minha frente.

— Eu sinto muito. — Ela suspirou, pendurada pelo mesmo


fio que eu. — Eu não posso te dizer o quanto sinto. Não tenho como
me desculpar. A única coisa que tenho é meu profundo remorso.
Nunca tive a intenção de machucar você, nenhum de vocês. Kinley
Ursinha Carinhosa, eu te amo mais do que tudo neste mundo. Estou
pedindo a você que, por favor, tenha misericórdia de mim e me
permita estar na sua vida e na de meu neto.

Christian não vacilou, girando e rugindo: — Só por cima do


meu cadáver!

Essas seis palavras.

Aquela única afirmação...

Minha mente voltou para aquela noite, quando não o ouvi.

E eu vivia com esse arrependimento desde então.


CAPÍTULO 24
Kinley
Passado

Apaguei as vinte e quatro velas do meu bolo turquesa antes de


Christian me beijar.

— Feliz aniversário, baby.

Estávamos na casa dos pais dele comemorando. Todos que


importavam para mim estavam lá, exceto minha mãe. Nos últimos
dois anos, ela estava uma bagunça. Alguns dias eram melhores do que
outros. Ela estava bebendo, sem seus remédios, e eu não sabia mais
o que poderia fazer.

Christian estava farto, cansado do que ela constantemente me


fazia passar. Além de me preocupar incessantemente com ela, eu ia
muito à casa dela, certificando-me de que ela pelo menos comesse e
que sua casa estivesse limpa. Eu morria de medo de que ela vomitasse
durante o sono e se engasgasse com o próprio vômito. Eu estava
constantemente cuidando dela.

A última coisa que eu queria era que ela morresse por causa de
decisões que tomasse enquanto estava embriagada.

Tentei desesperadamente fazer Christian entender, mas


sempre acabávamos discutindo sobre o porquê de eu a estar
defendendo, cuidando dela e aturando o que ela estava fazendo
comigo.

Eu não podia evitar, não queria perdê-la novamente. Ele não


entendia. Seus pais eram normais, saudáveis e não tinham vícios ou
defeitos. Sua família era perfeita.

Embora, pelo menos agora minha mãe não fosse desagradável


comigo como era antes, sempre me dizendo o quanto ela me
apreciava, o quão sortuda ela era por ter uma filha como eu, o quanto
ela me amava e desejava poder ser melhor para mim. Eu me
concentrava nisso em vez do desastre que ela havia causado em minha
vida.

A cada dia era uma história diferente sobre por que ela estava
bebendo.

Eu tinha que buscá-la em bares aleatórios a qualquer hora da


noite. Na maior parte do tempo, eu dormia ao lado de Christian, que,
claro, nunca me deixava ir sozinha buscá-la. Acabávamos em alguns
bairros perigosos, com seu clima ameaçador. Ele ficava furioso com
ela...

Comigo.

Ainda assim, ele estava ao meu lado, tirando-a do bar e


colocando-a na parte de trás de sua caminhonete. Uma vez, ela
vomitou em todos os assentos e, apesar de ter limpado, o cheiro forte
de vodca e vômito permaneceu no couro por várias semanas. Ter que
jogá-la em chuveiros frios para que ela ficasse sóbria era de praxe.

Vamos apenas dizer que a paciência de Christian com ela


estava se esgotando.

Eu odiava brigar com ele por causa dela, mas o que eu deveria
fazer? Eu não podia simplesmente abandoná-la. Que tipo de filha eu
seria se um dia recebesse um telefonema dizendo que ela havia
morrido em um acidente de carro ou algo assim? Eu não seria capaz
de viver comigo mesma se acontecesse algo que eu poderia ter evitado
a ela.

Eu não sabia o que fazer quando se tratava dela.


A única coisa que eu podia fazer era tentar convencê-la a tomar
os remédios. Ela dizia que eles não funcionavam mais. Ela ainda se
sentia maníaca e a única coisa que a fazia se sentir normal era beber.
Ela dizia que isso a tirava dos altos e baixos que ela estava
constantemente enfrentando, quando na realidade estava apenas
tornando as coisas piores.

Tentei dizer que ela precisava informar isso ao seu terapeuta,


mas ela havia perdido o emprego e não tinha mais seguro e eu, por
mais que me esforçasse, não conseguia fazê-la preencher a papelada
do Medicaid7.

Era uma coisa atrás da outra.

Eu disse a ela que pagaria por suas sessões de terapia e


médicos, mas ela estava inflexível de que não queria ser um fardo para
mim, nunca percebendo o quanto ela era um fardo com sua
bebedeira. Eu lutava contra meus próprios demônios, morrendo de
medo de acabar como ela.

Era por isso que eu quase não bebia, com medo de ficar
viciada. Já estava em meus genes, adicionando bipolaridade e a
depressão à mistura. Christian, em sua experiência médica, sempre
aliviou minha ansiedade sobre isso, dizendo que eu ficaria bem. Eu
só precisava ter certeza de ser sempre honesta com ele sobre como
me sentia diariamente.

Sua preocupação por mim era tão interminável quanto a minha


era por minha mãe. Eu estava no meu limite, sem saber o que era
melhor ou pior quando se tratava dela. Era como uma montanha-
russa de emoções e eu estava por um fio, rezando para que ela

7 Medicaid é um programa de saúde social dos Estados Unidos para famílias e indivíduos de baixa renda e
recursos limitados. A Associação Americana de Seguros de Saúde descreve o Medicaid como "um
programa do governo para pessoas de todas as idades com recursos insuficientes para ajudá-los a pagar
por um seguro de saúde".
finalmente recobrasse o juízo e parasse de beber para colocar sua vida
de volta nos trilhos.

Comecei a pagar suas contas, contraindo alguns empréstimos


estudantis sem o conhecimento de Christian. Eu não queria que ela
perdesse sua casa também. Ela trabalhou muito duro por ela. Eu sabia
em meu coração que ela iria parar de beber, só não sabia quando ou
como.

— Docinho, por favor, tente aproveitar o seu aniversário e


pare de pensar na sua mãe.

Suspirei profundamente, tentando controlar minhas emoções.


— Não posso evitar, Christian. Não tive notícias dela o dia todo.

— Não é a primeira vez, baby, e não será a última.

— Mas é meu aniversário e ela prometeu que estaria aqui esta


noite.

— Sua mãe faz muitas promessas que não cumpre, Kinley.

— Não quando se trata de mim.

Como se fosse uma deixa, o carro dela veio em disparada pela


rua. Ouvimos seus pneus cantando quando um dos meus piores
medos se tornou realidade. Ela bateu na caixa de correio dos pais de
Christian, atropelando-a até que seu carro parou por completo. Seu
corpo lançado bruscamente para frente.

Todos nós corremos para fora de casa, indo até ela.

— Mãe! — Eu gritei em pânico.

Seu corpo estava pendendo contra o volante.

— Merda! Acho que ela está inconsciente!

Christian foi mais rápido do que eu, abrindo a porta do lado


do motorista para ver se ela estava bem. Seu corpo caiu nos braços
dele e em poucos instantes ela estava acordando e lutando contra ele.

— Mãe! Pare!

— Estou beeem. — Ela fracamente tentou empurrá-lo.

Agarrei seu braço, segurando-a de volta. Ela estava agindo


como uma tola, e tudo que eu podia fazer era ficar lá e deixar isso
acontecer. Eu estava mais do que envergonhada. Esta era a primeira
vez que seus pais, sua irmã e Julian a viam assim.

Normalmente era apenas eu e Christian, e às vezes Jax. Meu


melhor amigo me ajudava a cuidar dela enquanto Christian estava em
sua escala no hospital para seu estágio. Ele estava trabalhando
loucamente e eu sempre me sentia mal por estar arrastando os dois
para as confusões da minha mãe.

Eles não mereciam.

— Mãe, você não está bem. Como você pode dirigir nessa
condição? O que você estava pensando? Você poderia ter matado
alguém!

Eu não queria perder a paciência, mas estava furiosa. Ela estava


colocando sua vida e a de pessoas inocentes em risco. Era muito
egoísta. Era inútil discutir com ela. Ela estava bêbada e não se
lembraria disso pela manhã, mas eu não podia evitar.

Eu estava exausta de lutar uma batalha que não poderia vencer,


antes ou agora.

Christian não perdeu tempo, me afastando dela. Ela não


conseguia nem ficar de pé sozinha, caindo de bunda no chão. Eu fui
em direção a ela novamente, mas Christian me segurou firmemente
no lugar. Ele não queria me deixar ir, apesar de eu tentar obrigá-lo.

— Pare com isso! Eu preciso ajudá-la! Solte-me!


Ele me puxou contra seu peito. — Pare de lutar comigo,
Kinley! Isso acaba agora! Você vai cortá-la de sua vida! Você me
entendeu?

— Christian, por favor... — Eu implorei com urgência,


sabendo no fundo que ele estava certo.

Mas eu era tudo que ela tinha. Eu não queria perder essa luta.
Eu queria minha mãe em minha vida.

Julian estava de pé atrás dele com Jax ao seu lado, esperando


eu não sabia o quê. Seus pais estavam parados no gramado, o pesar
por mim irradiando deles e eu podia sentir aquilo cravando em minha
pele.

A vergonha atingiu meu corpo instantaneamente.

— Não! — Gritou Christian. — Estou farto desta merda! Ela


poderia ter matado alguém esta noite, Kinley!

— Eu sei! Ok?! Mas o que devo fazer? Ela é minha mãe!

— Ela precisa de limites. Ela nunca vai mudar se você estiver


sempre lá arrumando justificativas sobre o motivo de ela estar
bebendo, para começar. Já chega. Ela está se afogando e não posso
mais ver você como seu colete salva-vidas. Eu me preocupo com você
constantemente. Quando estou na aula, no hospital, isso nunca acaba!

— Eu sei. Sinto muito.

— Eu não preciso ouvir suas desculpas. O que eu preciso é


que você se afaste dela, para que ela possa descobrir por conta
própria. Você não é a mãe dela, Kinley. Você é filha dela. Ela precisa
aprender seu papel e parar de pensar que você é quem deveria cuidar
dela. Você fez isso nos últimos vinte e quatro anos de sua vida.
Quantos anos mais você vai perder com ela?

— Isso não é justo! Ela está doente! Como posso fazer você
entender isso?

— Eu sei que ela está doente, mas ela não faz nada para se
recuperar, a não ser beber até cair. Quanto mais ela substitui o álcool
por medicamentos, mais difícil será fazer seu cérebro funcionar
corretamente novamente. Ela está se automedicando e se matando, e
a pior parte é que ela está levando você com ela e você não vê isso.

— Você acha que é fácil simplesmente me afastar dela?


Simplesmente cortá-la da minha vida? Ela é minha mãe e eu a amo!
Ela é tudo o que tenho.

— Mentira! Você tem a mim! Você tem minha família! Você


tem o idiota do seu melhor amigo! Você não está mais sozinha.
Estamos todos aqui para apoiá-la. Estaremos sempre aqui ao seu lado.
Tudo o que você está fazendo é construir uma barreira entre nós,
colocando sua mãe no meio.

Eu balancei a cabeça. — Você simplesmente não entende!


Você não tem ideia do que estou passando. Você não tem ideia de
como é saber que ela é uma boa pessoa. Ela é uma ótima mãe quando
está sóbria e tomando remédios. Você a viu, Christian. Ela ainda está
lá, aquela mulher ainda está dentro dela. Ela está enterrada
profundamente em sua doença e vício. Se ela não vai lutar por si
mesma, então vou fazer isso por ela! É o que qualquer filha faria!

— Ugggg... — Mamãe gemeu, rolando no chão,


completamente alheia ao que estava acontecendo e à guerra que ela
estava começando entre mim e Christian.

— Kinley. — Jax persuadiu. — Christian está certo. Você não


pode continuar cuidando dela. Você vai ter que deixá-la sair dessa por
conta própria. Eu sei que ela é sua mãe, mas que porra é essa? Olha
para ela! — Ele apontou para ela. — Ela nem se importa com o que
está fazendo com você! Ela mal sabe onde está agora. Quando você
vai conseguir entender isso?
— Mãe. — Eu agarrei o braço dela, tentando fazê-la se
levantar. — Vamos, por favor, levante-se. Eu vou te levar para casa.

— Só sobre o meu cadáver!

— Christian! Pare! Vou levá-la para casa. Podemos falar sobre


isso mais tarde.

— Não, vamos terminar isso agora.

— Christian. — Julian enfatizou, agarrando seu braço para


segurá-lo. — Apenas a deixe, cara. É a mãe dela.

Nunca tinha sido tão grata por Julian do que naquele


momento. Christian não deu a mínima para ele, empurrando-o para
longe. Eu odiava agora estar causando problemas entre ele e seu
melhor amigo.

Assim que dei um passo em direção ao carro dela com ela em


meus braços, Christian disse...

— Kinley, você vai ter que escolher. Eu ou sua mãe.


CAPÍTULO 25
Kinley

Eu cambaleei para trás, suas palavras quase me derrubando.


— Você não quer dizer isso.

— Se você entrar naquele carro com ela, está fazendo sua


maldita escolha. Não vou ficar parado vendo você se afogar com ela.

Todos os olhares estavam voltados para mim. Eu podia dizer


que seus pais queriam intervir, mas não sabiam como ou o que dizer.
Era um turbilhão de emoções, em espiral fora de controle. Em um
minuto eu estava em seus braços, me sentindo segura, e agora estava
segurando minha mãe com ele lançando ultimatos para mim.

Como isso aconteceu? O que estava acontecendo? Como eu consertaria


isso?

— Por favor, não faça isso... — Eu implorei, sentindo sua


raiva queimando um buraco em meu coração.

— Você não me deixa escolha. — Foi tudo que Christian


respondeu.

Eu não reconheci o homem frio e duro parado em minha


frente. Ele não era o homem com quem eu havia estado nos últimos
nove anos, aquele que me protegeu, me amou incondicionalmente, o
homem que me curou e me fez acreditar que eu valia alguma coisa.

Ele era um estranho, parado com os punhos fechados ao lado


do corpo. Pronto para lutar pelo meu futuro, sem perceber que não
poderia seguir em frente com ele quando o passado da minha mãe
estava me arrastando de volta para o inferno em que ela tinha vivido.
— Kinleyyy Ursinha Carinhosaaa... — Mamãe balbuciou.
— Eu te amooo.

Era tudo que eu precisava ouvir, a escolha foi feita por mim.
Eu a ajudei a entrar no carro, colocando-a no banco do passageiro
antes de entrar no lado do motorista.

Meu coração estava batendo forte no meu peito, pensando que


Christian diria algo, qualquer coisa para me impedir, diria que me
amava e que não quis dizer aquilo. Que ele estaria aqui para mim
como esteve desde a primeira vez que conversamos.

Ele não disse.

Nem uma palavra.

Nem eu te amo.

Eu sinto muito.

Nada.

Silêncio.

Com tristeza em seu olhar, ele observou enquanto eu prendia


o cinto de segurança no banco do motorista e nunca interrompeu o
contato visual comigo. Pela primeira vez, seu olhar me feriu de
maneiras que nunca pensei ser possível quando se tratava dele. Eu
ainda podia sentir seu amor, mas também podia sentir seu ódio.

Eu juro que apenas olhamos um para o outro por segundos,


minutos, horas, ambos perdidos em nossos próprios pensamentos,
nossos próprios demônios.

O meu era a minha mãe.

O dele... era eu.

Ele pode ter sido meu salvador, mas eu definitivamente era sua
morte.

Lentamente, encontrei coragem para ligar o carro, pensando


que este era o momento em que ele correria em minha direção e
entraria para me ajudar a levá-la para casa como tinha feito tantas
vezes que perdi a conta.

Novamente, ele não o fez.

Ele simplesmente assistiu enquanto eu saía de seu quintal, seu


coração dilacerado, sua alma doendo. Eu o estava levando para o
inferno ali mesmo comigo.

Com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, olhei em seus olhos


uma última vez antes de partir, deixando meu coração com ele...

Sabendo que nunca mais o teria de volta.

No momento em que estávamos na rodovia, as consequências


de suas palavras começaram a tomar conta de mim, e havia um grande
nó em minha garganta, tornando difícil respirar, engolir, sentir
qualquer coisa, exceto agonia pelo que eu estava nos fazendo passar
por causa da minha mãe.

Eu queria odiá-la.

Ficar ressentida com ela.

Mas tudo que eu podia sentir era pena.

Dela.

De mim.

De Christian.

O vício era um filho da puta cruel. Ele se agarrava a tudo em


seu caminho, deixando apenas destruição em seu rastro. Não era um
conforto, era uma ilusão, uma fuga, uma desculpa para continuar
fazendo escolhas erradas. Era aquela voz no fundo da sua cabeça,
aquela sombra que sempre te seguia, o diabo em seu ombro, quando
nada mais importava a não ser mais uma dose de bebida.

Eu sabia de tudo isso, mas lá estava eu, permitindo que ele


controlasse minha vida. Veja, minha mãe era viciada em álcool e eu
estava viciada em tentar salvar a vida dela. Eu não sabia qual era pior.
Ambos pareciam me destruir no final.

Eu ofegava rapidamente enquanto contemplava


repetidamente se ele estava falando sério. Se fosse nosso fim, estaria
tudo acabado. Eu não poderia viver sem ele. Ele era tudo para mim.

— Ele não quis dizer isso. — Sussurrei para mim mesma,


precisando da falsa garantia de que eu não tinha estragado a melhor
coisa da minha vida.

Quando, de repente, minha mãe acordou de seu sono mortal.


— Kinleyyyy, eu posso dirigir. — Ela arrastou, tentando agarrar o
volante.

— Mãe, o que você está fazendo? Pare!

Ela não parou. — Volte paaaara Christian e deixe-me dirigir.

— Mãe! Largue o volante! Você vai nos fazer bater!

Eu desviei para a esquerda e depois para a direita e por um


momento pensei que poderíamos ter perdido o controle do carro,
mas quando vi que ela havia caído de volta em seu assento, finalmente
exalei um suspiro de alívio.

Exceto que foi muito breve.

Ela se lançou para o volante novamente e puxou-o o mais para


a direita que pôde.

— MÃE! — Eu gritei alto.


Reverberou por todo o carro enquanto minha vida passava
diante dos meus olhos. Eu pisei no freio, fazendo nosso carro girar
em um 360º.

Giramos e giramos pelo que pareceram horas, mas poderiam


ter sido segundos. Instintivamente coloquei um dos meus braços
sobre o rosto enquanto coloquei o outro no peito da minha mãe.
Pensando que ficaríamos bem.

Escolhas...

Todos nós as tínhamos.

Christian queria que eu o escolhesse.

Eu não escolhi.

Eu a escolhi em seu lugar.

No segundo eu percebi isso.

Tudo. Ficou. Preto.

Christian

Eu estava inclinado com minha cabeça contra o assento em


seu quarto de hospital, minhas pernas estendidas na minha frente e
meus braços cruzados sobre o peito.

— Querido, você deveria ir para casa e descansar um pouco.


Você está aqui há dois dias. — Disse minha mãe.

Respondi de olhos fechados: — Não vou embora.

— Christian, você ouviu o doutor...


— Mãe. — Eu retruquei, estreitando meus olhos para ela.

Ela suspirou e acenou com a cabeça. — Vou pegar um café


para você. Você quer mais alguma coisa?

Eu balancei a cabeça.

Inclinando-se, ela beijou o topo da minha cabeça. — Ela vai


ficar bem.

— Eu sei.

Meu corpo estava exausto, mas minha mente não parava de


pensar. Eu não conseguia dormir, mesmo se quisesse. Eu me
lembraria do telefonema do hospital pelo resto da minha vida. Anos
atrás, me tornei o contato de emergência de Kinley. Ela não tinha
mais ninguém além de mim.

— Sr. Troy, Kinley e sua mãe sofreram um acidente...

Foi como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

Quando a vi, coberta de ferimentos, olhos fechados, uma


intravenosa no braço, máquinas apitando alto em seu quarto, quase
desmaiei.

Eu queria trocar de lugar com ela.

Eu queria fazê-la acordar.

Eu me senti culpado pelo que disse a ela antes que fosse


embora com sua mãe bêbada. Não pude evitar pensar que tinha algo
a ver com o acidente. Eu fui a causa dele.

De nós.

Tudo o que tive tempo de fazer era pensar, com uma dor de
cabeça ofuscante por falta de sono. Fechei os olhos e quando dei por
mim estava abrindo-os lentamente com Kinley olhando para mim.
Saltei da minha cadeira e fui até ela em duas passadas,
agarrando sua mão e beijando-a enquanto apertava o botão de
emergência para avisar a equipe que ela estava acordada.

— Eu te amo tanto. — Beijei todo seu rosto, sua boca. — Eu


sinto muito, baby. Sinto muito mesmo.

Nossos olhos se encontraram, nós dois tentando focar e ver


um ao outro.

A enfermeira e o médico de plantão entraram no quarto.


Afastei-me, dando-lhes mais espaço, embora não quisesse nada mais
do que ainda estar sentado ao lado dela, segurando sua mão.

O médico começou a verificar todos os sinais vitais dela,


fazendo perguntas ao mesmo tempo. Ela estava alerta, respondendo
a cada uma sem problemas ou confusão, apenas amenizando um
pouco minha ansiedade. Eu ainda me sentia culpado pra caralho.

— Minha mãe? Ela está bem?

Ele assentiu. — Ela está bem. Ela está se desintoxicando na


UTI. Você poderá vê-la assim que eu receber os resultados de seus
exames. — Ele continuou com as perguntas até que, finalmente, eles
nos deixaram a sós, dizendo que ele voltaria com os resultados dos
exames dela do início do dia.

Uma vez que eu estava sentado na beira da cama, ela


expressou: — Christian, sinto muito. Eu deveria ter ouvido você.

— Shhh... — Eu a beijei. — Sou eu que sinto muito. Eu nunca


deveria ter dito aquilo a você. Eu deveria ter ido com você. Você não
estaria aqui se eu tivesse.

— Não. — Ela balançou a cabeça. — Não é por isso que estou


aqui. — Eu poderia dizer que ela estava pesando suas palavras, e meu
coração estava na minha garganta.
— Eu não sei o que aconteceu. Ela simplesmente acordou
com raiva e agarrou o volante.

Arregalei meus olhos.

O resto prosseguiu em câmera lenta. Especialmente quando o


médico voltou para o quarto do hospital com os resultados dos
exames.

Declarando: — Houve danos às suas trompas de falópio.

Eu estava na faculdade de medicina. Eu não precisava ouvir o


resto. Eu só pensava em como poderia ter perdido o amor da minha
vida. Fiquei com Kinley chorando em meus braços.

Muito.

Copiosamente.

Lágrimas horríveis.

Eu não hesitei, me afastando e olhando profundamente em


seus olhos. Tudo o que vi foi meu futuro, com ela como minha
esposa.

Eu fiz minha escolha. Era ela.

Sempre foi ela.

Então falei com convicção...

— Case-se comigo, docinho.


CAPÍTULO 26
Kinley
Presente

— Mãe. — Eu despejei. — Você não tem ideia dos danos que


causou naquela noite.

— Eu posso imaginar.

— Não, você não pode. Quer saber por quê? Porque você
fugiu! Como uma maldita covarde!

— Eu não queria mais ser um fardo para você.

— Mentira. Você não me viu de novo porque não conseguiu


me encarar, mãe. Isso é o que você faz quando as coisas ficam difíceis
– você foge.

— Do que você está falando? — Christian perguntou,


olhando para mim.

— Eu nunca te disse isso, mas quando você saiu para ir tomar


banho, fui procurá-la. Eu só queria dizer adeus. Eu sabia que ela não
poderia estar na minha vida depois do que havia acontecido. Eu não
ia perder você, Christian. Eu escolhi você.

Ele recuou, sem esperar que eu dissesse isso. — Por que você
não me contou?

— Não havia nada para contar. Fui ao seu quarto de hospital


e ela não estava mais lá. Mesmo depois daquele dia, fui à sua casa
porque só precisava de um encerramento. Ter algo por tudo que você
me fez passar, mas você também não estava lá. Todas as suas coisas
tinham sumido. O proprietário disse que você tinha acabado de sair.
Seu celular foi desconectado. Você sumiu completamente da face da
terra e eu passei os últimos dez anos ainda me preocupando com
você. Quão estúpida eu sou?

— Eu sei, mas depois do que eu fiz... eu estava muito


envergonhada.

— Então você se lembra?

Ela baixou a cabeça, a vergonha comendo-a viva. — Eu


perguntei ao médico como você estava e ele disse que você estava
bem, e isso era tudo que eu precisava saber. Eu sabia que você estava
com Christian e sua família. Eu sabia que eles cuidariam de você,
protegeriam você, seriam tudo que eu não fui. Não poderia destruir
sua vida mais do que já havia destruído. Sinto muito, Kinley Ursinha
Carinhosa. Você merecia Christian e sua família, não a mim. Eu te
deixei para que você pudesse se livrar de mim.

— Você tem ideia de como isso foi difícil para mim?

— Você sempre foi minha rocha, Kinley. Mesmo quando


criança, sempre tive você lá. Não importava o que acontecesse. E eu
sabia disso. Eu fiquei sóbria por você. Tomei meus remédios por
você. Eu organizei minha vida por você. No dia em que percebi que
tudo o que estava fazendo na minha vida era por você, tive uma
recaída. Aquela primeira bebida foi como estar com você. Que triste,
certo? Foi apenas um efeito dominó depois disso. Tentei tomar meus
remédios, pensando que ainda funcionariam, e não estaria bêbada se
minha mente estivesse bem. — Ela fez uma pausa, balançando a
cabeça. — Mais tarde, descobri que o álcool é um depressivo e, para
alguém com a minha doença, é como acender um fósforo no gás.

— Eu precisava de um encerramento, mãe. Foi só mais uma


coisa que você roubou de mim.
— Achei que estava fazendo a coisa certa. Finalmente, depois
de todos esses anos e tudo que fiz você passar... Há tantas coisas que
eu gostaria de poder mudar em sua vida. Tantas coisas que eu gostaria
de ter feito diferente. Eu nunca vou me perdoar por tudo que fiz você
passar.

— Você não tem ideia do que me fez passar nos últimos dez
anos, especialmente nos últimos cinco. Sua façanha naquela noite me
custou mais do que você jamais imaginaria.

— Eu não sei de onde veio aquilo. Gostaria de poder dizer o


que estava pensando, mas não estava pensando. Quero que saiba que
não bebi desde aquela noite.

Em um milhão de anos, nunca esperei que ela anunciasse:


— Fui para a reabilitação graças a Christian.

— O quê? — Foi a minha vez de recuar com a notícia


inesperada.

— Você não disse a ela?

Ele balançou sua cabeça. — Eu não queria deixá-la


esperançosa.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei, esperando


impacientemente por sua resposta.

— Seu marido arranjou uma vaga para mim na clínica de


reabilitação que pertence ao hospital em que ele era residente.

— Uau. — Eu suspirei, apenas olhando para Christian.


— Você fez isso por ela?

Ele assentiu. — Eu faria qualquer coisa por você. Depois que


consegui arranjar, fui ao quarto de hospital da sua mãe e contei a ela.
Essa foi a última vez que soube dela. Eu não perguntei. Eu não queria
saber.
— Foi por isso que você não me encontrou na minha casa,
Kinley. Mudei-me para o centro de reabilitação e morei lá pelos
quatro anos seguintes.

— Eu não fazia ideia.

— Algo mudou em mim naquela noite. Eu não queria mais ser


aquela mulher, aquela mãe. Ela estava despedaçada e perdida, e eu
finalmente encontrei paz dentro de mim. Fui para a reabilitação por
mim, Kinley. Eu queria fazer isso sozinha, realmente resolver meus
problemas. Tive muitos traumas de infância com os quais nunca lidei.
Comecei a beber na adolescência para lidar com eles. Era um
mecanismo de defesa. Ainda estou fazendo terapia e tenho o mesmo
conselheiro que tinha quando você estava na minha vida. Vou ao AA
todas as noites e me certifico de tomar meus remédios como um
relógio. Trabalhei meus passos durante anos e agora é finalmente o
dia em que quero fazer as pazes com você. — Ela olhou entre
Christian e eu. — Com vocês dois.

Incapaz de me conter, confessei: — Aquele acidente que você


causou danificou minhas trompas de falópio. O médico nos disse que
talvez eu nunca conseguiria engravidar. Passamos os últimos cinco
anos tentando desesperadamente ter um bebê. Apenas para descobrir
que estava grávida no dia do nosso divórcio.

— Divórcio? — Ela estreitou os olhos para mim. — Oh meu


Deus! Vocês estão divorciados?

— Não, sua filha voltou a si. — Christian esfregou minha


barriga. — Mas meu garoto aqui ajudou.

Eu sorri, apesar de tudo.

— Sinto muito pelo que devo ter feito vocês passarem. Ser
mãe realmente salvou minha vida. Kinley, você é a única coisa que fiz
certo e sempre vou me arrepender dos anos que desperdicei, mas
aprendi a aceitá-los e a me perdoar. Estou aqui hoje, orando para que
vocês me deem uma chance e me deixe provar aos dois o quanto
mudei. Eu não sou mais aquela mulher. Não quero ser aquela mulher
nunca mais.

Eu não sabia o que dizer e era óbvio que Christian também


não. Nós dois ficamos em silêncio, tentando descobrir qual era a
resposta certa. Eu queria acreditar nela. No entanto, essa não era mais
apenas minha vida. Tínhamos um filho a caminho e eu precisava
protegê-lo.

Mesmo que fosse...

Contra minha própria mãe.

Christian

— Acredite em mim, isso me mata por dentro e passei anos


tentando me matar no fundo de uma garrafa de bebida, quando
deveria estar cuidando de você. Em vez de você estar tentando cuidar
de mim. — Ela sorriu, todo o seu rosto se iluminando. — Eu sei.
Você me salvou, Kinley. Mais vezes do que eu sequer me lembro.
Você e Christian. Serei eternamente grata a vocês pelo que fizeram
por mim. Eu acho que não estaria aqui hoje se não fosse por você,
Christian. Você realmente salvou minha vida.

Eu balancei a cabeça, sem saber o que responder.

A única razão pela qual arranjei aquela reabilitação para ela foi
por minha esposa. Sinceramente, não tinha ideia de que ela realmente
tinha ido. Depois que saí de seu quarto de hospital, nunca mais olhei
para trás. Eu fiz o que tinha que fazer e ponto final. Não poderia viver
comigo mesmo se não tivesse feito algo, principalmente com os
contatos que tinha à minha disposição.

Eu nunca disse a Kinley porque não queria que minha garota


tivesse esperanças por nada. Eu ainda estava furioso com a mãe dela
e, por mais que eu não a quisesse de volta em nossa vida, era evidente
que ela estava sóbria e sua vida estava em ordem.

Eu não sabia qual era a resposta certa ou errada quando se


tratava dela, e isso era uma coisa muito assustadora para um homem
como eu, que prosperava no controle. Só no último ano, a vida havia
me ensinado muitas coisas.

— Meu fundo do poço estava quase nos matando, Kinley.


— Ela puxou o que parecia ser medalhas de sobriedade de sua bolsa.
— Eu carrego isso comigo para todos os lugares que vou, para me
lembrar de quão longe eu cheguei.

Seus olhos mostraram uma emoção que eu nunca tinha visto


nela mesmo antes. Seu olhar verde brilhante focou atentamente em
nós.

— Eu sei que você vai se proteger, Kinley, com tudo que você
tem, mas eu estou implorando que você me dê uma chance. Eu vou
provar que estou bem. Sei que já disse isso a você centenas, milhares,
provavelmente milhões de vezes, mas do fundo do meu coração e da
minha alma, sinto muito por todos os danos que causei. Eu precisava
me perdoar da culpa por tudo que fiz a vocês. Eu precisava me amar.
Precisava entender por que sou do jeito que sou. Foi preciso muita
autodescoberta e terapia, mas aqui estou eu, diante de vocês,
implorando por outra chance. Eu não vou te decepcionar. Não estou
pedindo para você esquecer, mas estou implorando para que perdoe.

Meus olhos se voltaram para Kinley, as lágrimas escorrendo


pelo seu rosto. Eu resisti ao desejo de confortá-la, sabendo que ela
precisava processar tudo isso sozinha por um momento.
Meu olhar encontrou o de Jax e pude ver que ele estava
sentindo o que eu estava. Querendo dar algum consolo à mãe. Meu
coração estava partido por esta mulher, ela tinha passado por tantas
coisas e eu não conseguia imaginar estar longe do meu filho, mesmo
que fosse minha culpa.

Eu sabia o que era não ter Kinley ao meu lado. Tivemos nossa
segunda chance e talvez esta fosse a delas.

— Não estou dizendo que vamos voltar a ser o que éramos.


— Acrescentou ela, trazendo meu olhar de volta para ela.

Ela deu um passo à frente, agarrando as mãos de Kinley.


Beijando-as por um segundo. Seus lábios permaneceram em sua pele
como se ela estivesse tentando gravar isso em sua memória.

— Não quero voltar ao passado. Essa parte de nossas vidas


acabou e pronto. Eu só quero seguir em frente com você no futuro.
Sinto falta do seu rosto, do seu sorriso, da sua risada, sinto falta de
ouvir você dizer que me ama.

— Eu sei, mãe. Eu sinto falta de todas essas coisas também.


Estou aliviada por você estar bem e sóbria. É tudo o que sempre quis
para você.

— Eu sei, bebê. Seu amor, sua bondade, seu coração... Tenho


tanta sorte de ter você como minha filha. Se pudéssemos ser amigas
novamente. Começar do início com um quadro em branco. Eu
adoraria mostrar a você minha casa, eu a adquiri. Estou apenas a vinte
minutos daqui. Eu trabalho em uma instituição de reabilitação, sou
uma de suas conselheiras. Voltei para a escola, Kinley. Eu queria
ajudar outras pessoas a passarem pelo que eu passei, pelo que ainda
passo. Eu não posso te dizer o quanto me ajudou saber que estou
ajudando os outros da maneira como você fez comigo.

— Oh, uau.
Fiquei surpreso ao ouvi-la dizer isso.

— Isso é uma grande conquista, mãe.

— Obrigada, bebê. Eu fiz isso por mim mesma, mas também


queria deixar você orgulhosa. Você é a única coisa que sempre foi
importante para mim.

Kinley respirou fundo. Não fiquei nem um pouco surpreso por


ela estar hesitando. Eu não poderia culpá-la depois de tudo que sua
mãe a fez passar. A montanha-russa emocional que era sem fim, que
consumia tudo e nos manteve reféns por décadas.

— Você pode me dar outra chance, Kinley Ursinha


Carinhosa?

O olhar de Kinley se conectou com o meu, ela estava


esperando o que eu tinha a dizer. Eu não podia tomar essa decisão
por ela, a única coisa que eu podia dizer era: — Eu sempre estarei
aqui para você.

Ela sorriu com mais lágrimas escorrendo em seu rosto antes


de olhar para sua mãe.

Com os lábios trêmulos, ela disse: — Podemos tentar.

Soltei uma respiração profunda que não percebi que estava


segurando. Sentindo como se tivéssemos fechado o ciclo.

Não havia mais nada a dizer.

A fazer.

Eu estava esperançoso com o futuro.

Isso incluía sua mãe em nossas vidas.


CAPÍTULO 27
Christian

— Kinley. — Eu avisei enquanto ela beijava ao longo da


lateral do meu pescoço. — Não vamos fazer isso.

— Christian... — Ela lentamente espalhou beijos pelo meu


corpo. — Por favor. Esperamos tanto tempo, e estou infeliz. Seu
filho não quer sair do meu corpo e estou atrasada com a data prevista
do parto! Ele deveria estar aqui ontem.

— Você fez um lar tão bom para ele que ele não quer deixar
seu útero.

Eu abri um sorriso, rindo. — Acho que é a coisa mais doce


que você já me disse.

— Me bajular não vai te fazer transar, docinho.

— Ugh! Agora você está apenas sendo teimoso. Não fazemos


sexo desde a noite em que ele foi concebido. Como você está
sobrevivendo a esta altura? Você não sente minha falta?

— Você está sentada na minha barriga. O que há para sentir


falta?

— Sim, mas não é disso que estou falando, Dr. Troy.

— Oh, então estamos interpretando agora?

Ela sorriu. — Eu posso ser sua secretária safada ou sua


enfermeira travessa se você quiser que eu seja?

— Eu quero que você seja minha esposa. Além disso, já tive


sua boca em mim.

— Eu sei, mas não é a mesma coisa. Sim, sou sua esposa, mas
isso se chama fantasia.

— Tenho tudo o que sempre quis. Não preciso fingir ser algo
que não somos.

— Christian! Apenas me foda!

Eu ri, não pude evitar.

— Você sabe que essa é a maneira certa de tirar seu filho de


dentro mim. Por favor, tenha misericórdia de mim! Quero ver meus
pés novamente e minhas costas estão me matando. Não posso
aguentar isso por mais um dia.

— Mas vou sentir falta de ver você grávida.

— Como você pode sentir falta disto? Ainda estou grávida.

— Planejo engravidar você assim que pudermos fazer amor


novamente.

Ela sorriu e iluminou seus olhos.

— Além disso, sua mãe não chega logo?

— Sim, ela vai dar um passeio comigo pela vizinhança para


tentar induzir o meu parto. Ela está sempre me trazendo comida
picante.

Nos últimos quatro meses, mais uma vez, muita coisa havia
mudado. Depois de descobrir o sexo do nosso bebê e ouvir sua mãe,
isso mudou algo em mim. Talvez fosse o fato de que eu seria pai
agora, mas Kinley precisava da mãe, tanto quanto a mãe dela precisava
da filha. Eu não podia continuar a interferir no relacionamento delas.

Kinley precisava tomar suas próprias decisões com sua mãe.


Começou devagar no início, ela passando por aqui e elas indo
almoçar. Chegamos até a participar de algumas sessões de terapia
familiar com ela. Aos poucos, meu respeito por sua mãe foi
crescendo. O esforço que ela estava fazendo não passou
despercebido.

Eu estava pronto para deixar o passado para trás e focar


exclusivamente no futuro e em nossa nova vida como uma família
unida, que incluía sua mãe. Minha garota estava alegre e vibrante. Eu
nunca a tinha visto mais feliz e isso foi o suficiente para acalmar
minha ansiedade sobre sua mãe estar de volta em nossas vidas.

Ela olhou para mim através de seus longos cílios, sorrindo de


forma travessa. — Você sabe que nunca poderá dizer não para mim,
Christian, e eu estou preparada para fazer de tudo para que você me
dê seu pau. Eu conheço sua única fraqueza, lembra?

— A única fraqueza que tenho é me preocupar infinitamente


com você.

— Bem, você não precisa mais se preocupar comigo. Você


mesmo me examinou.

Era verdade.

No mês passado, Kinley finalmente havia me deixado verificar


adequadamente suas trompas de falópio. Ainda havia um pequeno
dano, mas nada que uma cirurgia não pudesse consertar, o que foi
agendado para o final deste ano. Queríamos ter mais filhos, de
preferência mais três ou quatro, para compensar todos os anos que
perdemos.

Eu a queria grávida novamente antes do final do ano.

— Baby, olhe para você. — Eu esfreguei sua barriga. — Você


está completamente cheia, você realmente quer outra coisa grande
dentro de você?
Ela revirou os olhos, escondendo um sorriso.

— Eu sei que sou difícil de resistir. Na verdade, é mais uma


maldição do que uma bênção. Sou muito irresistível.

Ela jogou junto. — Você realmente é.

— É o preço que tenho que pagar por ter um pau enorme.

Ela começou a rir. Eu amava fazê-la rir.

— Você tem o maior pau que eu já vi.

— Você só viu o meu.

— Que tipo de resposta é essa?

— A única que interessa. Você não está tramando nada de


bom.

Ela deu uma risadinha. — Mas você adora quando eu sou uma
garota má. Então, meu grande e forte papai do bebê, por favor, me
encha com seu pau enorme? Minha boceta está molhada para você,
Christian.

— Sua pequena atrevida. Você sabe o quanto eu adoro quando


você diz coisas indecentes.

— Eu sei. Veja, fraqueza. Agora. — Ela beijou meu peito,


levantando minha camisa. — Como eu estava dizendo. Você não
quer cuidar de mim?

Era tudo que eu precisava ouvir, eu não vacilei. Virando-a, eu


pairei sobre ela.

Dizendo asperamente. — Abra suas pernas para mim, baby.


Kinley

Ele olhou para mim com um olhar predatório que eu tanto


amava.

Eu sorri, inclinando minha cabeça para o lado, provocando-o


ainda mais. — Então, o que você vai fazer comigo?

— Você quer bruto ou suave?

Ele sorriu, arqueando uma sobrancelha. Chegando mais perto


do meu rosto, ele beijou o canto dos meus lábios, até meu queixo e
pescoço, indo em direção aos meus seios que estavam igualmente
ansiosos por seu toque.

Eu inadvertidamente gemi. Não pude evitar. Eu precisava


muito dele.

— Você quer que eu te foda, baby? — Seus lábios estavam nos


meus antes que ele dissesse a última palavra, atacando cada fibra do
meu ser. Nunca resisti à sua doce tortura de balançar seu pau duro
contra o meu núcleo.

— Sua boquinha carnuda e seios perfeitos. Que tal eu fodê-los


primeiro apenas para torturá-la um pouco mais?

Meu vestido foi arrancado e jogado no chão. Meu sutiã e


calcinha rapidamente seguiram, deixando-me nua sob seu toque.
Tentei conter o gemido que ameaçava escapar da minha boca.

Ele sempre me amou me ter assim, nua e vulnerável à sua


mercê enquanto ainda estava totalmente vestido.

Usando calça, camisa e gravata do trabalho, ele tinha saído


mais cedo por mim depois que eu mandei uma mensagem para ele,
dizendo que era uma emergência.
— É disso que você precisava, docinho? Foi por isso que você
me chamou do trabalho?

Coloquei minhas mãos insaciáveis em seu cinto e ele me lançou


um olhar ameaçador enquanto me virava rapidamente para ficar de
quatro, para minha desaprovação.

Eu queria ver seu rosto e ele sabia disso. Ele estava brincando
comigo.

— Que tal eu te foder por trás?

— Você que sabe, mas você irá mais profundo assim, e seu
enorme pau pode atingir a cabeça de nosso filho.

Ouvi sua fivela atingir o piso de madeira enquanto ele segurava


meus quadris. A seguir, jogando sua camisa e calça de lado. Usando
seus dedos, ele começou a esfregar meu clitóris e eu enlouqueci de
desejo.

Não demorou muito até que eu gozasse em sua mão.

— Pronto, agora você está pronta para mim.

— O q...

Em um impulso, ele estava dentro de mim, empurrando meu


corpo para frente e meu rosto na cama.

— Porra... — Ele gemeu em um tom baixo e estridente.

— Sim... sim... sim... — Eu gritei, balançando minha bunda,


fazendo seu pau se contorcer dentro de mim.

Ele iria fazer o que quisesse comigo e eu iria deixá-lo, uma e


outra vez, com prazer.

Segundos depois, ele estava empurrando para dentro e para


fora de mim em um ritmo tortuoso que me desfez. Eu estava tão
molhada que podia ouvir o som de suas bolas batendo contra a minha
bunda com cada impulso forte.

Ele se inclinou para frente, afastando meu cabelo para o lado


do meu pescoço, dando-lhe acesso para beijar e lamber minha pele
aquecida e excessivamente estimulada. Seu peito duro, forte e
musculoso deitou pesadamente nas minhas costas enquanto eu
agarrava os lençóis, amando a sensação de seu peito tatuado na minha
pele.

— Por favor... — Implorei descaradamente, suplicando para


que ele me desse o que eu queria.

— O quê, baby? Isso não é suficiente? Você quer meus dedos


esfregando seu pequeno clitóris ganancioso também?

Eu não precisava responder. Sua mão deslizou entre minhas


pernas e eu não pude mais segurar. Ele estava propositalmente
tentando me deixar louca.

— Oh Deus. — Eu ofeguei, meu corpo estremecendo com o


orgasmo surpresa que percorreu meu corpo. Ele continuou com seu
ataque.

Para frente e para trás.

Para cima e para baixo.

Para dentro e para fora, seu pau batia.

— Por favor... por favor... não pare... por favor...

E ele puxou para fora, fazendo-me choramingar pela perda de


contato. — O que você está fazendo?

— Relaxe, deixe-me cuidar de você, Kinley.

Felizmente, não tive que sofrer por muito tempo. Ele colocou
meu corpo onde ele me queria, na beira da cama enquanto ele ficava
de pé. Ele acariciou-se enquanto eu respirava erraticamente e o
observava através de um olhar de luxúria.

— Senti a sua falta. — Olhei em seus olhos e tudo o que vi foi


o amor que ele sentia por mim por trás de seus brilhantes olhos verde
azulados. — Eu senti tanto a falta disso.

Ele deslizou de volta para dentro de mim e joguei minha


cabeça para trás cabeça contra os lençóis.

— Sim... sim... sim... — Eu repeti, chegando ao clímax ao


redor de seu pau.

Sem fôlego.

Ofegante.

Gemendo.

— Os olhos ficam em mim, baby.

Eu olhei para ele através dos meus olhos semicerrados.

— É tão bom sentir você em mim desse jeito, baby. Tão bom,
porra.

Nossas bocas se abriram em uníssono enquanto ele empurrava


para dentro e para fora, me fazendo gozar mais uma vez enquanto
meu núcleo apertava seu pau. Um orgasmo se emendou em um
próximo. Eu não conseguia parar de gozar.

Foi só então que ele soltou um grunhido alto, espalhando sua


semente profundamente em minha boceta. Ele ficou assim por alguns
segundos antes de puxar e deitar ao meu lado.

Nós dois ficamos ali ofegantes, suando profusamente.

Precisando de ar.
Água.

Um do outro.

— Eu te amo, Christian Troy.

Ele se inclinou, beijando minha boca. — Eu te amo mais,


Kinley Troy.

Ficamos assim por eu não sei quanto tempo até que me


levantei com a ajuda dele para me limpar. No segundo em que fiquei
de pé, uma onda de água jorrou de mim.

— Eu sei que não fazemos sexo há muito tempo, mas isso não
pode ser todo o seu gozo, certo?

Ele riu, me puxando para seu abraço apertado.

— Parece que você conseguiu o que queria. Nosso filho está


pronto para nos conhecer.
CAPÍTULO 28
Christian

Estávamos em meu hospital, em um quarto particular, e Kinley


estava se saindo muito bem. Ela estava chupando um pedaço de gelo,
concentrando-se na respiração.

Suas contrações estavam vindo a cada um minuto.

— Ok, baby, eu preciso que você empurre para mim. Eu posso


ver a cabeça coroando.

— Sim! Por favor! Tire-o agora! Estou empurrando! Estou


empurrando! — Ela ofegou, apertando a mão da enfermeira
enquanto uma dor insuportável rasgava seu corpo.

— Só mais alguns empurrões, docinho. Preciso que faça força


assim que a próxima onda de contrações chegar. Ok?

— Eu entendi.

— Então segure e conte até dez. Inspire e expire


profundamente depois. Lembre-se de respirar, certo? Nosso menino
estará aqui antes que você perceba.

Eu tinha feito isso centenas de vezes, mas você não pensaria


assim com o quão nervoso eu estava. Assistir a uma nova vida vir a
este mundo era uma grande bênção. Eu queria este momento por
tanto tempo, e agora que ele finalmente estava aqui, eu não conseguia
acreditar.

Kinley fez o que eu disse, grunhindo e gemendo.

— Ugh! Eu acho que não consigo mais!


— Você está indo muito bem, baby. Estou muito orgulhoso
de você. Apenas mais alguns empurrões e vamos conhecer nosso
filho. Quando você estiver pronta, eu preciso que você empurre
novamente.

A enfermeira afastou o cabelo molhado de Kinley do rosto


enquanto ela se preparava para empurrar. As coisas se sucederam
muito rapidamente depois que seus ombros saíram. Um amor
avassalador por ele tomou conta de mim, e eu nem o tinha segurado
ainda. Não havia palavras para descrever como eu estava me sentindo.
Era uma emoção muito poderosa. Saber que tínhamos feito essa vida
juntos a partir do amor que tínhamos um pelo outro.

— Empurre docinho, continue pressionando, ele está quase


fora.

— Grrrr...

— É isso aí, baby, assim mesmo. Ele está quase


completamente fora. Apenas me dê mais um grande empurrão.

Meus pensamentos correram de forma desenfreada, pensando


sobre esta nova vida entrando em nossas vidas. Fiquei impotente para
conter a inesperada onda de emoções ao ver meu filho nascer para o
mundo.

Assim que o pensamento ocorreu, agarrei nosso filho, ouvindo


instantaneamente: — Uen! Uen! Uen! — Alto e claro no quarto,
tornando instantaneamente sua presença conhecida.

Kinley caiu de costas contra a cama enquanto eu segurava


nosso filho em meus braços por um breve momento antes de
examiná-lo.

— Christian, ele está bem? — Kinley questionou, sua voz


tremendo de incerteza.
Eu o levei até ela, deitando-o em seu peito. — Ele é perfeito.

Tudo o que aconteceu a seguir foi em câmera lenta. Eu assisti


Kinley segurá-lo perto de seu coração com lágrimas em meus olhos
enquanto elas escorriam por seu lindo rosto.

Este dia mudou nossas vidas de uma maneira que eu nunca


imaginei.

Finalmente éramos uma família.

Beijei Kinley em todo o rosto, me sentindo muito orgulhoso


da minha garota. — Você foi incrível, baby. Você é uma garota muito
boa.

— Não posso acreditar que ele finalmente está aqui.


Queríamos isso há tanto tempo.

— Eu sei. Também não posso acreditar.

— Eu sinto muito, Christian. Por tudo. Eu nunca quis me


divorciar, só não queria que você não tivesse isso. Eu sei que você
sempre quis ser pai desde que éramos adolescentes.

— Já superamos isso há muito tempo. Nós o temos, baby.


Temos nosso filho.

Ela sorriu, beijando sua cabeça. — Você não tem ideia de


como é amado e há quanto tempo esperamos por você. Nós te
amamos muito, Asher.

— Asher. — Minha enfermeira repetiu. — Que nome único,


Dr. Troy. Eu gostei.

Eu balancei a cabeça, sorrindo. — Significa um presente de


esperança.

Que era exatamente o que ele era.


Kinley

Nossas vidas haviam dado um giro completo em questão de


uma semana. Eu tinha tudo que sempre quis, e parecia um sonho do
qual nunca mais queria acordar.

— Ok, Asher. Papai está aqui agora. Chega de chorar.

Eu escutei Christian tirando-o de seu berço em nosso quarto.


Já era tarde da noite e ele tinha acordado para se alimentar. Nosso
homenzinho tinha um grande apetite, praticamente vivendo no meu
peito.

Eu ri com o pensamento.

Ele se acalmou e agitou suas perninhas rechonchudas. Ele


ouvia tudo o que seu pai dizia, como se fosse a coisa mais importante
do mundo. Ele parecia exatamente com Christian, tornando realidade
outro sonho meu.

Não pude deixar de sorrir para a vida que tínhamos criado


juntos. Ele era muito perfeito.

— Ei, quando você vai compartilhá-lo? — Eu provoquei,


observando enquanto ele o balançava ao redor do quarto.

— Estamos tendo nosso tempo de homem.

— Tempo de homem, hein?

— Sim, estou ensinando a ele sobre todas as coisas do mundo.

— Oh, você vai ensinar a ele tudo o que você sabe?

— Você quer dizer como fazer uma mulher implorar por seu
pa...
— Christian!

Ele deu uma risadinha. — Sua mãe não precisa saber sobre
nossas conversas de homem. Isso pode ficar apenas entre nós.

— Isso não é justo. Eu também quero saber.

— Você sabe que sua mãe é a única mulher que eu já amei?

Eu sorri.

— Ela me pegou pelas bolas desde que eu tinha quinze anos.

— Oh meu Deus!

— Havia algo em sua mãe que eu não conseguia me cansar.


Estamos juntos há vinte e um anos. É muito tempo, homenzinho.
Um dia, quando você for mais velho, contarei tudo sobre como fui
seu primeiro beijo, seu primeiro toque, o único homem com quem
ela já esteve.

— Christian! Por que você não conta a ele sobre todas as


garotas com quem você esteve antes de mim? Hum? Quantas você
pegou?

Nós nos olhamos.

— Eu não me lembro de nada antes de você, docinho.

— Encantador.

— Vamos ver, o que mais eu posso te dizer? Bem, sua mãe é


o amor da minha vida. Ela tem sido desde que eu a vi pela primeira
vez e você viu sua mãe, ela é muito encantadora.

Eu balancei minha cabeça, rindo.

— Ela é tudo para mim. Eu a protegi como vou proteger você.


Você é muito amado, Asher. Você é nosso milagre, filho.
Meus olhos se encheram de lágrimas.

— Você é tudo o que sempre quisemos e mal posso esperar


para começar a fazer mais memórias com você. Mas primeiro, vamos
falar sobre aquele pé no saco chamado Jax.

Eu ri, jogando minha cabeça para trás.

— Não ficarei chateado se você não gostar dele.

— Uau!

— Sim, veja, você entendeu. Ele é o melhor amigo da sua mãe.

Eu revirei meus olhos. — Você é meu melhor amigo,


Christian.

— Verdade?

— Mmm hmm...

— E o que isso faz de Jax?

— Meu outro melhor amigo. Eu posso ter dois, sabe?

Ele olhou para nosso filho. — Eu acho que quando você o


encontrar pela primeira vez, deveria cagar e vomitar nele.

Eu ri tanto que meu estômago começou a doer. — Você é


horrível.

— Uen!

— Acho que ele está com fome agora. Traga-o para mim para
que eu possa alimentá-lo.

— Certo. Quando você acha que posso ficar com os peitos da


sua mãe novamente? Porque eles eram meus primeiro, homenzinho.

Eu balancei minha cabeça. — As coisas que você diz a ele.


— O quê? É a nossa conversa de homem.

Ele o colocou em meus braços e, durante os trinta minutos


seguintes, simplesmente ficamos deitados ali, maravilhados com ele.

Christian foi o primeiro a quebrar o silêncio. — Eu te amo,


Kinley.

Eu sorri, olhando para ele. — Eu também te amo.

— Depois de todos esses anos, não posso acreditar que


finalmente estamos aqui. Você tem ideia de quantas vezes eu sonhei
com esse momento? Ver você segurando nosso bebê?

— Provavelmente o mesmo número de vezes que eu sonhei.

— Isso nunca teria acontecido se você não tivesse vindo


naquela noite.

Ele assentiu com confiança. — Sim, teria.

— Christian, estávamos indo perante o juiz.

— Sim, mas eu nunca iria deixar você ir. Eu poderia ter


assinado aqueles papéis apenas para apaziguá-la, mas eu a teria
arrastado para fora daquele tribunal, chutando e gritando.

— Por que eu acredito em você?

— Porque você sabe o quanto estou falando sério.

— Então o que você está dizendo é que você teria me


sequestrado?

— Entre outras coisas.

— E que outras coisas você está insinuando?

— Eu teria trancado você em nossa casa até que você voltasse


a si.
— Uau. Isso soa tão romântico.

— Eu faço o que eu posso.

— E o que mais?

— Você teria sido minha escrava sexual e eu teria gozado


dentro de você, dia e noite, tentando te engravidar até que
conseguisse.

— Hmm... interessante.

— Mas sabe de uma coisa, docinho?

— O quê?

Ele olhou fundo em meus olhos e falou com convicção:


— Você também não teria ido em frente com o nosso divórcio.

— Como você sabe?

— Porque, baby, você sempre foi minha e não havia como


esquecer o quão profundo é o nosso amor.

— Eu acho que você está certo.

— Sei que estou.

Respirei fundo, olhando para os dois amores da minha vida.


Meu marido e nosso filho.

Que nós fizemos por puro desespero quando estávamos nos


despedindo.

Só para acabar grávida...

Com nosso novo começo.


EPÍLOGO
Christian

— Você fica bem segurando esse bebê. — Afirmou a mãe de


Kinley, de repente ao meu lado.

Fazia um mês desde o nascimento de Asher e estávamos


fazendo nosso primeiro churrasco em família em nossa casa. Todos
que importavam estavam lá.

Incluindo o maldito Jax.

Eu beijei a cabeça dele, sorrindo para ela.

— Christian, agora que estamos sozinhos por um minuto, eu


só quero agradecer novamente pelo que você fez por mim naquela
época.

— Foi um prazer.

— Eu sei que já disse isso a você tantas vezes, mas você


realmente salvou minha vida. Eu sei, sem sombra de dúvida, que não
estaria aqui se você não me ajudasse a entrar naquela instituição.

— Eu amo sua filha. Faria qualquer coisa por ela.

— Espero que um dia você possa aprender a me amar


também.

— Uen! — Asher gritou, se contorcendo em meus braços.

— Eu acho que seu neto precisa de uma troca de fralda. Quer


fazer as honras?

— Claro. — Ela o tirou dos meus braços. — Venha aqui, meu


anjinho. Olha como você é bonito.

Ele se acalmou. Nosso filho a amava.

— Você sabe, um dia, não amanhã ou depois ou mesmo no


próximo ano, mas eu adoraria que você eventualmente me chamasse
de mãe.

— Eu gostaria disso.

Ela sorriu, virando-se para voltar para dentro.

Incapaz de me conter, eu disse: — Todo mundo comete erros


e estou feliz que Kinley tenha você de volta na vida dela. Eu sei o
quanto ela sentiu sua falta. O quanto ela te ama.

Ela encontrou meus olhos. — Ela é a melhor coisa que já fiz.

— Eu tenho que concordar.

— Obrigada por amá-la do jeito que você ama.

— Ela torna tudo mais fácil.

Ela girou novamente para dar um passo.

— E, Srta. McKenzie. — Eu sorri pra ela. — Eu amo você. E


estou muito orgulhoso de quão longe você chegou.

A expressão em seu rosto foi o suficiente para fazer um


homem chorar. Ela não apenas acendeu, ela brilhava muito. Quase
cegante.

— Eu também te amo. — Ela beijou a cabeça de Asher e, em


seguida, foi para dentro ao mesmo tempo em que Kinley estava
saindo e caminhando em direção a mim.

— O que foi aquilo?

— Não se preocupe com isso.


— Tá bom. Vou perguntar à minha mãe. — Ela colocou os
braços em volta do meu pescoço. — Eu já te disse o quanto eu te
amo hoje?

— Sim, mas você sabe o quanto adoro ouvir isso.

— Eu te amo, Christian.

— Eu te amo mais, docinho.

— Não é possível.

Segurei sua bunda, sentando-a no balcão externo da cozinha


para ficar entre suas pernas.

— Mal posso esperar para engravidar você novamente.

— Oh meu Deus! Acabamos de ter um bebê há um mês.

— Eu sei e estou pronto para o próximo.

— Eu não estou, se você não quiser transar por nove meses.

— Bem, você também sabe o quanto eu te amo implorando


pelo meu pau.

Ela riu, e ainda era o som mais doce que eu já tinha ouvido.
Isso era tudo que eu sempre quis.

Uma vida com ela.

Kinley

— Talvez da próxima vez possamos ter uma menina.

— Uma garotinha, hein?


— Sim. — Eu sorri contra sua boca. — Uma que se pareça
exatamente com você.

— Mas e quando ela ficar mais velha e os meninos começarem


a ligar para casa?

— Só sobre o meu cadáver.

Eu abri minha boca para responder, mas Jax interveio.


— Você sabe o quanto eu odeio concordar com Christian, mas eles
vão ter que enfrentar o tio Jax para chegar até ela.

Christian gemeu em meu pescoço, ouvindo-o se chamar de Tio


Jax.

— Você acabou de chegar aqui? — Eu perguntei.

— Sim, sua mãe me entregou seu filho e ele cagou e vomitou


em mim.

Arregalei meus olhos e Christian não perdeu tempo, fixando


os olhos nos dele. Simplesmente afirmando: — Esse é o meu garoto.

Eu ri, jogando minha cabeça para trás.

— Kinley, pensei que você estava do meu lado. Você tem uma
camisa que eu possa vestir? Esta está coberta de Deus sabe o quê?
Com o que diabos você está alimentando aquela criança? — Ele
olhou para a enorme mancha de vômito na frente de sua camisa.
— Como algo tão grande sai de algo tão pequeno?

Christian acenou com a cabeça para ele. — Vou ver o que


consigo encontrar. — Ele me beijou antes de me deixar sozinha com
Jax.

— Sua mãe parece bem, Kinley.

— Eu sei. Asher está obcecado por ela. Ela é a única que pode
fazê-lo parar de chorar. Ela é como a encantadora de bebês.
— A maternidade combina com você. Você nunca pareceu
melhor.

— Eu gostaria de poder dizer o mesmo para você.

Ele suspirou. — Eu sou assim tão óbvio?

— Eu te conheço desde que eu tinha doze anos. Você está


com esse olhar. Há algo errado?

Ele se encostou no balcão segurando a borda, e a expressão


em seu rosto rapidamente se transformou em uma que eu não tinha
visto antes. Imediatamente me deixou preocupada.

— O quê, Jax? Você está me enlouquecendo.

— Eu sei. Não sei como dizer a não ser... — Ele hesitou antes
de confessar...

— Eu realmente estraguei tudo, Kinley. E agora preciso da sua


ajuda.

Fim
Para Christian e Kinley.

É apenas o começo ou é o fim de...

Jax Colton.

Eu era o eterno solteiro.

Até que chegou o dia em que a vida me deu uma rasteira. Tudo
o que pude dizer foi que o carma era um verdadeiro filho da puta.

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