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B I O L O G I A 1 2º A N O

Genética Humana, Organização e regulação do Material genético e


Mutações
Genética Humana, Organização e regulação do Material genético e Mutações
O estudo da hereditariedade humana apresenta algumas Patologias humanas resultantes de alterações
dificuldades: génicas com diferentes modos de transmissão
 surgimento de novas gerações exige muito tempo;
 o número de descendentes de cada casal de
progenitores é relativamente reduzido; Transmissão de características autossómicas recessivas
 não podem ser realizados cruzamentos
experimentais.  Os indivíduos de ambos os sexos são igualmente afetados;
Na tentativa de contornar estas dificuldades, os investigadores  Os indivíduos portadores (heterozigóticos) têm um
realizam: fenótipo normal;
 analises do cariótipo;  Se 2 progenitores manifestarem a doença, todos os seus
 analises de proteínas; descendentes apresentam a anomalia;
 analises de DNA.  A anomalia pode não se manifestar em algumas gerações;
Estes métodos permitem verificar, por exemplo, a existência
de anomalias cromossómicas, alterações dos genes, relações  Albinismo;
de paternidade e de parentesco entre os indivíduos.  Fenilcetonúria;
 Surdez.
Árvores genealógicas/ pedigree/ heredograma- digramas que
permitem acompanhar a transmissão de algumas
características ao longo das gerações. Albinismo
 Importantes na transmissão de anomalias, pois permite  Resulta da presença de um alelo mutante que não é capaz
inferir o risco da transmissão dessa anomalia a gerações de codificar uma enzima necessária para a produção de
futuras. melanina.
 Permitem determinar se os genes envolvidos são  Os olhos surgem vermelhos, pois, devido á ausência de melanina
dominantes ou recessivos e se se localizam nos na íris, esta torna-se transparente, permitindo ver o fundo do
cromossomas sexuais (carácter ligado ao sexo) ou se se olho.
localizam nos autossomas (cromossomas somáticos que  Progenitores normais podem originar descendentes de
não estão ligados ao sexo). ambos os sexos que manifestam o albinismo- trata-se de
uma característica autossómica recessiva.
 O gene responsável pelo albinismo encontra-se num
autossoma;
 o alelo mutante estabelece uma relação de
recessividade com o alelo normal;

A-alelo normal;
a-alelo responsável
pelo albinismo.

 Genótipo dos indivíduos 1,2,3 da geração III: aa, Aa ou AA e aa.


 Relação de dominância/recessividade que existe entre o alelo
responsável pelo albinismo e o alelo normal: O alelo responsável
pelo albinismo é recessivo. Só assim se pode explicar que os
indivíduos 2 e 3 da 2.ª geração sejam normais, enquanto que dois
dos seus filhos sejam albinos.
 Considerando que o alelo responsável pelo albinismo é raro,
justifique a seguinte afirmação: “O facto de o cruzamento entre
os indivíduos 2 e 3 da 2ª geração ser consanguíneo (entre
indivíduos da mesma família) contribui para a manifestação
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desta alteração genética”. Tendo em conta que o alelo responsável Polidactilia
pelo albinismo é recessivo, esta característica só se manifesta se o Aparecimento de mais do que 5 dedos nas
alelo estiver presente em homozigotia e, para isso, os dois
mãos e/ou nos pés.
progenitores têm de possuir este alelo (serem portadores). Sendo o
alelo em causa raro, a probabilidade de o possuírem (em
A-alelo responsável pela polidactilia;
heterozigotia) aumenta pelo facto de os indivíduos serem da
a-alelo normal.
mesma família e possuírem assim maior probabilidade de serem
genotipicamente idênticos.

Cruzamentos consanguíneos- aumentam a probabilidade de


dois genes recessivos, que determinam anomalias, surgirem em
homozigotia.

Fenilcetonúria (PKU)
 Doença hereditária autossómica recessiva que resulta da
presença de um gene mutante responsável pela produção Genótipo dos indivíduos 4, 6 e 7 da geração II: aa, Aa (nota que a
da enzima fenilalanina hidroxilase, que transforma a mãe não é afetada, logo, nunca podia ser AA) e aa.
fenilalanina em tirosina. Probabilidade de nascer um filho do casal II10 e II11 com
 Na ausência desta enzima, a fenilalanina acumula-se, polidactilia: 50%
originando ácido fenilpirúvico que afeta o desenvolvimento a a
do sistema nervoso central, conduzindo ao aparecimento de A Aa Aa
atraso mental e problemas psicomotores. a aa aa
 A deteção precoce desta doença permite alterar as suas
25% de probabilidade de nascer um filho rapaz com polidactilia.
consequências, passando os indivíduos a ter uma dieta onde
não está presente o aminoácido fenilalanina, garantindo-se
o normal desenvolvimento cerebral.
Transmissão de características ligadas aos
cromossomas sexuais

 expressa-se com uma frequência muito maior nos homens;


 as mulheres heterozigóticas (portadoras) não manifestam a
característica, mas têm 50% de probabilidades de
transmitirem a anomalia à descendência;
 se o progenitor dessa descendência for normal, as filhas
Surdez serão sempre normais, enquanto que os filhos manifestam a
 Está associado à heterogeneidade genética, responsável por doença com a mesma probabilidade de transmissão do gene
um aparente desvio aos princípios de Mendel e que resulta (50%);
do facto de diferentes genes produzirem o mesmo fenótipo  uma mulher que manifeste a característica é descendente de
(neste caso uma anomalia). um pai afetado e de uma mãe afetada ou portadora.

As fêmeas possuem 2 cromossomas sexuais X, enquanto que


Transmissão de características autossómicas dominantes os machos apresentam 1 cromossoma X e um Y.
Assim, se ocorrerem genes, responsáveis por anomalias nos
 os indivíduos de ambos os sexos são igualmente afetados; cromossomas sexuais, eles podem manifestar-se com uma
 os indivíduos heterozigóticos manifestam a característica, frequência diferente nos 2 sexos.
pois resultam da expressão de genes dominantes;
 quando um individuo manifesta a anomalia, pelo menos um
dos seus progenitores também manifesta; Hemofilia
 doença caracterizada pela incapacidade de se fazer a coagulação
 a anomalia surge em gerações sucessivas.
sanguínea, o que provoca hemorragias graves.
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 Na coagulação sanguínea intervém as plaquetas e as proteínas, Daltonismo
se uma destas falhar, a coagulação fica comprometida.  Anomalia hereditária resultante de um alelo localizado no
 As hemofilias mais conhecidas resultam de genes cromossoma X;
recessivos localizados no cromossoma X:  Os indivíduos não são capazes de distinguir cores;
 h- Gene responsável pela hemofilia: Xh;  afeta de forma muito distinta os homens e as mulheres (+
 H- Gene normal: XH. nos homens);
 Esta doença afeta mais os homens, pois uma mulher só  nos indivíduos do sexo feminino, a doença só ocorre quando
possui hemofilia se possuísse o gene mutante em homozigotia e,
ambos os cromossomas X possuem o alelo responsável pelo
para isso, tem de ter herdado um desses genes do pai e o outro
da mãe, o que é muito pouco provável tendo em conta a sua
daltonismo.
 os indivíduos do sexo masculino manifestam diretamente o alelo
baixa frequência. Além disso, a presença de genes para a
no seu cromossoma X, dado que o Y não possui genes equivalente.
hemofilia em homozigotia conduz à morte dos embriões.
 O gene responsável por daltonismo é recessivo: pais
normais podem ter filhos doentes, como no caso do casal
formado pelos indivíduos 1 e 2 da geração II que tem um
filho doente (ou do casal II5 e II6).

Explicação para o aparecimento da mulher daltónica (IV5): Esta


mulher possui 2 cromossomas X, ambos com o alelo para o
Genótipo da Rainha Vitória e do marido: Vitória: XhXH Albert XhY; daltonismo (recebeu um cromossoma X do pai e outro cromossoma X
!!Dados que permitem afirmar que a hemofilia é uma da mãe). Note que se trata de um cruzamento consanguíneo, tendo
anomalia resultante de um alelo recessivo localizado no os progenitores desta mulher herdado o alelo responsável pelo
cromossoma X: Apenas os homens são afetados e é transmitida daltonismo do avô que era comum aos dois.
de mães portadoras para os filhos do sexo masculino, indicando
Probabilidade do casal formado pelos indivíduos 1 e 2 da geração II
que é uma característica ligada ao sexo; por outro lado, se o
ter filhos com daltonismo:
alelo fosse dominante, mesmo estando ligado ao sexo, as
D- alelo normal;
mulheres que originam filhos hemofílicos (portadoras do alelo d- alelo responsável pelo daltonismo
mutante) manifestariam a doença.
Facto que explica a elevada frequência de hemofilia entre as A mãe pode possuir dois alelos normais ou ser heterozigótica para a
famílias reais europeias: Os cruzamentos consanguíneos doença. E o pai é normal.
ocorrem, frequentemente, entre os indivíduos das famílias reais 1ª situação: mãe com alelos normais- todos os filhos serão normais;
europeias. Este facto contribui para que o alelo responsável XD Y
D
pela hemofilia, embora raro, possa manter-se e surgir entre X X D XD XD Y
esta “população” (subpopulação), o que não aconteceria se XD X D XD XD Y
houvesse um efeito de “diluição” resultante de uma maior
2ª situação: A mãe ser heterozigótica- 25% de probabilidade de os
mistura com indivíduos exteriores a esta “população”
rapazes serem daltónicos, mas todas as raparigas serão normais
(subpopulação). (embora com 50% de probabilidade de serem portadoras).
XD Y
D
X XD XD XD Y
Xd X D Xd XdY
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Fase de condensação- cada cromossoma é constituído por 2
Calha arvores genealógicas em que temos que determinar se a cromatídeos, que resultaram de uma duplicação do filamento
anomalia é recessiva e onde temos que identificar os alelos. inicial de cromatina, e que se encontram unidos pelo
Vai calhar um exemplo em que temos um casal que tem centrómero.
apenas 1 filho com a anomalia e onde temos que dizer que o
casal é heterozigótico e portadores do alelo recessivo. Gene-segmento de DNA que contém informação para
sintetizar uma determinada característica (proteína);
Genoma-conjunto dos genes que existe num indivíduo; cada
Organização e Regulação do Material genético uma das células de um organismo é detentora de 1 cópia
desse genoma;
Todas as células de um individuo possuem uma cópia das Cariótipo- número de cromossomas característicos de uma
informações genéticas dos seus progenitores, mas as informações espécie, em número e morfologia (forma e tamanho).
que se expressam podem variar, originando células com Meiose- processo que permite que um núcleo se divida
características diferentes. originando 2 núcleos-filhos, cada um contendo 1 cópia de
todos os cromossomas do núcleo original (célula-mãe) e,
Organismos procariontes- apresentam só 1 molécula de DNA que consequentemente de toda a informação genética.
não está associada a proteínas e que se encontra dispersa no
hialoplasma;
Organismos eucariontes- a informação genética encontra-se
distribuída por várias moléculas de DNA, associadas a histonas
(proteínas).
 Cada porção de DNA associado a histonas constitui 1
filamento de cromatina, dispersos no núcleo da célula. Células (contém nos seus núcleos uma cópia do genoma)
 Quando a célula está em divisão, a cromatina condensa,
originando filamentos curtos e espessos, visíveis ao Tecidos
microscópio- cromossomas- estruturas presentes no
núcleo das células que contém os genes. Órgãos

Sistemas de órgãos

Organismo

A replicação do DNA faz-se de um modo semiconservativo, isto


é, cada uma das cadeias serve de molde a uma nova cadeia.
Assim, originam-se duas novas moléculas de DNA que são uma
cópia perfeita da molécula parental, assegurando a manutenção
da informação genética das células, dos indivíduos e da espécie.

Núcleo- local onde se localiza o material genético que contém as Para que a informação genética seja “transformada” em
informações genéticas de uma célula eucariótica; características “observáveis”, tem de ser traduzida, formando
DNA-molécula formada por quatro tipos de nucleótidos proteínas.
responsável pelo armazenamento da informação genética;
Histonas- confere estabilidade ao DNA e são responsáveis pelo As alterações genéticas que ocorrem no seio das populações
processo de condensação; contribuem para a evolução das espécies.
Cromossoma-estruturas formadas por DNA associado a proteínas
chamadas histonas, condensado;
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Determinação genética do sexo Para se conhecer o cariótipo dos indivíduos é necessário
aplicar técnicas que permitam visualizar os cromossomas que
estão presentes no núcleo.
Teoria Cromossómica da Hereditariedade- os genes são
responsáveis pelas características dos indivíduos e localizam-
Cariotipo humano- 46 cromossomas: 44 autossomas e 2
se nos cromossomas.
heterossomas/cromossomas sexuais.
Na maioria dos animais, a determinação do sexo envolve Os sexos feminino e masculino apresentam diferenças no seu
cariótipo:
apenas diferenças ao nível dos heterossomas. Contudo, em
 cariótipo feminino apresenta um par de cromossomas X;
algumas espécies de insetos, a determinação do sexo é feita
 cariótipo masculino apresenta um cromossoma X e um
com base no número total de cromossomas que cada
cromossoma Y.
individuo possui.

Cromossomas sexuais-são os únicos que diferem entre


indivíduos de sexos diferentes, levando a supor que possam
estar envolvidos na determinação do sexo.

Diferença entre o sistema de determinação do sexo nas abelhas, Critério utilizado para atribuir os números aos autossomas-
relativamente aos restantes animais: Nas abelhas, a determinação Os cromossomas são numerados de acordo com o seu
do sexo é feita com base no número total de cromossomas tamanho. Assim, o par 1 é formado pelos cromossomas de
presentes, enquanto nos restantes grupos essa determinação é feita maior comprimento, enquanto o par 22 corresponde ao par
com base apenas nas diferenças existentes no par de cromossomas de cromossomas homólogos mais curtos.
sexuais.

Caracterização dos sistemas de determinação do sexo


apresentados:
 nos mamíferos- a determinação do sexo é feita com base num Apontamentos
sistema X-Y, isto é, os indivíduos XX são do sexo feminino,
enquanto os XY são do sexo masculino. A diferente expressão genética permite formar diferentes órgãos,
 Nos gafanhotos, a determinação do sexo é feita com base num características…
sistema X0 (as fêmeas possuem dois cromossomas X, enquanto
os machos apenas possuem um). Intrões- não codificam uma proteína;
 Nas aves, o sistema de determinação do sexo é Z-W (os machos Proteína- determina a expressão de uma característica.
possuem dois cromossomas idênticos, ZZ, enquanto as fêmeas
possuem dois heterossomas diferentes – ZW). Nos eucariontes ocorre processamento do DNA, mas nos
 Nas abelhas, a determinação do sexo faz-se com base na ploidia, Procariontes não.
isto é, as fêmeas são diploides, enquanto os machos são Quanto mais próximas são as espécies filogeneticamente, mas
haploides). segmentos genéticos têm iguais.

Eucariontes- DNA associado a proteínas;


Vírus- RNA mais retrovírus;
Bactérias- não têm cromossomas homólogos.
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Nucleossoma- histomas + DNA;

A cromatina menos condensada é mais facilmente expressa, o


que contirui para a expressão dos genes.

EUCROMATINA
HETEROCROMATINA

Genes estruturais- regulam a expressão de outros genes.

Vantagens de termos a individualizção dos cromossomas-


termos uma divisão equalivamente pelas células.

Variabilidade genética: mutações, fecundação e meiose.


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Mutações

Mutações- alterações no genoma de um individuo.


 Podem ocorrer durante o processo de duplicação do DNA
com vista à divisão celular, quer se trate de:
 mitose- afetará as células somáticas;
 meiose- afetará os gâmetas.

As mutações somáticas são responsáveis por alguns tipos de


cancro; nenhum gâmeta transporta a mutação.
Se as mutações que ocorrem a nível gamético, todas as
células que eventualmente descendam desse gâmeta são
portadoras da mutação, isto é, a mutação passará à geração  Anemia Falciforme- os indivíduos apresentam as hemácias
seguinte. com uma forma anormal, semelhante à de uma foice; é
uma doença hereditária e é determinada por um gene
recessivo; deve-se à substituição de um nucleótico que
conduz à alteração da cadeia polipeptídica.
Mutações
Linus Pauling e seus colaboradores, analisaram a hemoglobina de
indivíduos normais e de indivíduos doentes, utilizando a técnica
Génicas Cromossómicas eletroforese, que consiste em colocar a amostra de uma
Alterações nos determinada proteína (hemoglobina) num gel ao qual se aplica
Envolvem apenas 1 gene ou cromossomas uma corrente elétrica, no sentido de proceder à separação de
um nº muito restrito de genes variantes da proteína (a mesma proteína pode diferir em alguns
aminoácidos, o lhe confere propriedades elétricas diferentes).
Estruturais Numéricas
Envolvem o número
Envolvem a estrutura dos
de cromossomas
cromossomas

Mutações Génicas

Mutações génicas
o Substituição de nucleótidos:
o inserção de nucleótidos; Observações:
o deleção de nucleótidos;  Os indivíduos normais, mas filhos de pais com anemia
falciforme, apresentavam os 2 tipos de hemoglobina.
-Podem conduzir à alteração de um aminoácido da cadeia  Pauling verificou que a hemoglobina de indivíduos normais e a de
indivíduos doentes apresentavam diferentes mobilidades quando
polipeptídica;
expostas ao campo elétrico (eletroforese).

Mutações silenciosas- tendo em conta a redundância do Conclusões:


código genético, uma substituição nucleotídica pode codificar  Pauling e seus colaboradores concluiram que devia existir uma
o mesmo aminoácido, não conduzindo a qualquer alteração diferença entre a constituição da molécula normal e da molécula
na cadeia polipeptídica; que surgia nos individuos com hemácias falciformes:
o verifica-se uma substituição de um nucleótido de timina por
Na cadeia polipeptídica pode resultar na criação de um codão uma adenina, o que levará a que a ao nível do mRNA em
de terminação, dando a terminação da tradução e originando lugar do codão GAG, será produzido o codão GUG;
proteínas incompletas/ truncadas;

Vai calhar as mutações génicas


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o diferença existente: A hemoglobina A possui, na posição 6 da Embora a maioria das mutações resulte em erros genéticos,
cadeia β‚ o aminoácido ácido glutâmico, enquanto a hemoglobina algumas dessas mutações poderão ser neutras ou mesmo
S apresentam o aminoácido valina. favoráveis, contribuindo assim para o processo evolutivo.
 Mais tarde, V.M.Ingram, utilizando uma técnica de sequenciação de
proteína, verificou que a simples susbtituição de 1 aminoácido de
uma das 4 cadeias que constituem a hemoglobina era responsável Agente mutagénico- Agente capaz de provocar uma mutação:
pela anomalia.  agentes químicos- dada à sua semelhança com
os nucleótidos, incorporam-se no DNA;
Hemoglobina normal- hemoglobina A;
 agentes químicos ou físicos:
Hemoglobina anormal- hemoglobina S.
 modificam as bases do DNA (alteração do genoma),
Representação: provocando a inserção ou deleção de nucleótidos
 gene normal: HbA; ou mesmo de proporções cromossómicas.- esta
 gene mutante: HbS. alteração no genoma pode mais tarde manifestar-
se sob a forma de cancro e de malformações e ser
Resultados obtidos por Pauling: passada à descendência.
 individuos homozigóticos (HbA HbA)- individuos que
produzem hemoglobina normal; Agentes físicos mutagénicos: raios X, raios gama, raios
 individuos heterozigóticos (HbA HbS)- embora não cósmicos, raios ultravioletas, vírus.
sofram da doença, podem revelar alguns problemas em Agentes químicos mutagénicos: nitrosaminas, ácido nítrico,
ambientes com reduzida concentração de oxigénio, pois colquicina e gás mostrada.
são portadores do gene mutante, produzindo os 2 tipos  Ex: o ácido nítrico transforma a citosina em uracilo e
de hemoglobina; a adenina em hipoxantina, criando mutações na
 individuos homozigóticos (HbS HbS)- individuos com sequencia nucleotídica.
anemia falciforme; apenas produzem um tipo de
hemoglobina que é diferente da hemoglobina normal. CANCRO- proliferação celular descontrolada
Deve-se a :
Porém, o surgimento da anemia falciforme na região da África  Transformação de um proto-oncogene num
Central, constituiu uma vantagem para os individuos oncogene;
heterozigoticos serem resistentes à malária.  mutação/perda de função dos antioncogenes (genes
Esta doença deve-se à picada de um mosquito que, uma vez dentro do supressores de tumores). Ex: gene p53.
organismo humano, penetra nas hemácias onde se multiplicam até ao
rebentamento destas células, o que permite a dessiminação do Alguns dos agentes mutagénicos (carcinogénicos) provocam
parasita por todo o organismo. Nos individuos portadores do gene mutações em genes envolvidos no controlo da divisão
mutante, as hemácias são mais frágeis, fragmentando-se facilmente, o celular, sendo, por isso, responsáveis pelo aparecimento de
que dificulta o processo de multiplicação do parasita.
cancro.

Oncogenes/ genes causadores de cancro- genes que, quando


Causas das mutações deixam de funcionar normalmente, transformam uma célula
normal numa célula cancerosa.
Mutações espontâneas- ocorrem com uma frequência muito  Resultam: de mutações de genes normais (proto-
reduzida, devido à existência de mecanismos de reparação do oncogenes) que estão envolvidos na síntese de proteínas
DNA, isto é, a maioria dos erros é reparada por complexos que estimulam e controlam o crescimento e a divisão das
enzimáticos que corrigem essas modificações. células.
 Células que não são infetadas por vírus, podem também desenvolver
A taxa de mutação dos genes mitocondriais é superior à dos oncogenes.
genes nucleares, pois nas mitocôndrias não existem
mecanismos complexos de reparação do DNA. O mesmo
acontece com os microrganismos, como as bactérias e os
vírus.
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Muitos cancros humanos estão associados à ” amplificação”.
Nestes casos, verifica-se, por vezes, que a malignidade do
tumor está diretamente correlacionada com a extensão da
amplificação, isto é, ao número de cópias do proto-
oncogene, pois, quando mais extensa for a amplificação,
maior será quantidade de proteína produzida. Se a proteína
em causa estimular a divisão celular, o número de células
tumorais produzidas irá aumentar de forma proporcional ao
número de repetições do gene.

Nem todos os genes causadores de cancro resultam de proto-


oncogenes.

Uma grande parte dos cancros resulta da mutação de genes


supressores de tumores- antioncogenes- envolvidos na
produção de proteínas que mantêm a integridade do
genoma ou inibem a divisão celular. (intervêm na defesa de
crescimento descontrolado das células)
Quando estes genes sofrem uma mutação, perdem a
Transformação de um proto-oncogene num oncogene: capacidade de realizar este controle e a divisão celular
1. Deslocação do gene para outro local do DNA/ realiza-se de forma descontrolada.
movimentação do DNA no genoma- esta translocação faz
com que o proto-oncogene passe a estar associado a
regiões do DNA onde existem promotores, que aumentam
a transcrição do proto-oncogene;
2. duplicação/amplificação do proto-oncogene- assim, ocorre
uma amplificação da produção de proteínas que
estimulam o crescimento e a divisão celular;
3. substituição nucleotídica (mutação pontual) do proto-
oncogene- esta mutação pode conduzir à síntese de
proteínas estimuladoras diferentes, mais ativas ou mais
resistentes à degradação do que as proteínas normais,
intensificando o ciclo celular;
4. inserção retroviral- alguns vírus são capazes de inserir
proporções do seu genoma no DNA da célula hospedeira,
contendo genes promotores. Se estes genes promotores,
transportados pelos vírus, forem inseridos junto a um
proto-oncogene, podem conduzir à expressão excessiva do
proto-oncogene, promovendo assim o cancro.

Ex de vírus: vírus do sarcoma de Rous, vírus da hepatite B,


papilomavirús…
A proliferação das células eucarióticas está, assim,
dependente da execução do ciclo celular, que compreende as
(Os vírus também podem ser causadores de cancro por serem
fases G1, S, G2 e fase mitótica.
portadores de um oncogene. A sua expressão promove o
desenvolvimento de cancro). Ao longo do ciclo celular, existem pontos de controlo que são
ultrapassados se não forem detetados erros no genoma.
Algumas proteínas produzidas pelos genes supressores de
tumores são capazes de bloquear o ciclo celular, nesses
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pontos de controlo. Se forem detetadas alterações no DNA, a Mutações Cromossómicas
proteína p53 (produzida pelo gene p53) é capaz de parar o ciclo
celular na fase G1, promovendo a reparação do DNA alterado. Durante a meiose, verificam-se fenómenos de crossing-over,
Caso se verifique que os danos na molécula de DNA são muito que permitem a troca de material genético entre
graves, a proteína p53 ativa outros genes “suicidas”, cujos cromossomas homólogos, constituindo para a aumento da
produtos provocam a morte celular de uma forma variabilidade genética.
programada- APOPTOSE- evitando a proliferação de células
anormais, potencialmente cancerosas. Porém, as vezes ocorrem erros quer conduzem à alteração do
Durante a apoptose, são ativadas as caspases, enzimas que genoma do individuo, e que se manifestam por alterações
digerem de forma seletiva componentes do citoesqueleto fenotípicas:
(estruturas que dão suporte à célula), conduzindo à  mutações cromossómicas estruturais- alteração na
fragmentação da célula em pequenas vesículas, de forma estrutura dos cromossomas;
controlada. Estes fragmentos são depois eliminados pelo  mutações cromossómicas numéricas- alterações no
sistema imunitário. número de cromossomas.

Ações promovidas pela proteína p53, no sentido de minimizar


a possibilidade de proliferação de células potencialmente Mutações cromossómicas estruturais
cancerosas: A proteína p53 para o ciclo celular, promovendo a
reparação do DNA alterado. Em alternativa, a proteína p53 Verifica-se a manutenção do número de cromossomas,
desencadeia processos que conduzem à destruição da célula alterando-se apenas o arranjo e/ou o número de genes.
(apoptose). Entre cromossomas não homólogos.

Consequências que podem resultar da ocorrência de uma


mutação no gene p53: Ocorrem falhas na paragem da divisão
celular e na reparação do DNA. Assim, a célula poderá dividir-se
sem que tenham sido corrigidos os erros presentes no DNA. Se
outros erros surgirem, entretanto, estas células poderão tornar-
se cancerosas e originar cancro.

Contudo, o cancro é, normalmente resultado da acumulação de


várias alterações genéticas na mesma célula.
Muitas das células cancerosas começam com uma alteração
BENIGNA que, ao longo do tempo, e devido ao acumular de
mutações, tornam-se MALIGNAS.
Continuando a acumular mutações, estas células abandonam o
tecido a que pertencem, viajam ao longo da corrente sanguínea,
invadem e instalam-se noutros tecido e, eventualmente, Síndrome do “Grito do gato”
conduzem ao colapso do organismo.  Alteração cromossómica estrutural: Deleção;
 Cromossomas afetados: um cromossoma do par número 5;
 A laringe é o órgão cujo normal funcionamento depende do
gene em falta. Esta deleção faz com que o choro se assemelhe
ao miar de um gato.
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Mutações cromossómicas numéricas
Macrófagos- eliminam substâncias envelhecidas, estranhas.
Euploide- cariótipo que apresenta o número normal de Viros e agentes patogénicos- são outras linhas de defesa.
cromossomas;
Aneuploidia- os erros na separação dos cromossomas envolvem
apenas um determinado par de homólogos.
Poliploidia- multiplicação do conjunto de todos os
cromossomas devido a erros que ocorreram na meiose.
 resulta de uma falha na separação dos cromossomas
durante a meiose, podendo, em casos mais raros,
resultar da união de mais do que 2 gâmetas;
 pode originar indivíduos triploides 3n (cujas células
possuem 3 cópias de cada cromossoma) ou tetraploide
4n (4 cópias);
 na espécie humana é letal, mas em algumas plantas
pode conduzir à formação de novas espécies.

Exemplo de Poliploidia:
Na tentativa de aproveitar o melhor de 2 espécies de plantas, cruzou-se
um gâmeta de Brassica com um gâmeta de Raphanus, na esperança de
obter uma planta que tivesse as folhes da couve e as raízes do rábano
(assim, ambas as partes seriam comestíveis). As duas espécies são
bastante próximas, possuindo cada uma 18 cromossomas, o que
permitiu o seu cruzamento. Contudo, o híbrido obtido era estéril, pois
os 9 cromossomas provenientes de Brassica não eram verdadeiros
homólogos dos 9 cromossomas provenientes de Raphanus. Assim, não
era possível o normal emparelhamento e por isso o híbrido não
possuía gâmetas.
No entanto, provavelmente a uma duplicação espontânea acidental do
número de cromossomas, obteve-se um híbrido fértil. Esta mutação
numérica permitiu que cada um dos conjuntos de cromossomas
parentais fosse duplicado, passando a ser possível o emparelhamento
e a segregação durante a meiose, pois cada cromossoma tinha agora
um verdadeiro homólogo e o híbrido tornou-se fértil.
Atualmente, é possível tratar um híbrido estéril com colquina, que
interrompe a mitose em metáfase, aumentando a probabilidade de
duplicação cromossómica, obtendo-se assim plantas poliploides férteis.

Calha uma questão para relacionar a poliploidia com as


mutações cromossómicas numéricas.
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