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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

___VARA DE ACIDENTES DE TRABALHO DA COMARCA DE SÃO


PAULO – SP.

LUIS MENDES DA SLVA, brasileiro, divorciado, aposentado,


portador do CPF: , por seus representantes judiciais (Procuração Ad
Judicia – doc. 01) que subscrevem a presente exordial, Dra. xxxx,
advogada, brasileira, inscrita na OAB/SP xxx sob o n. e Dr. xxx,
advogado, brasileiro, inscrito na OAB/SP xx todos com escritório
sediado xxx0, local este onde deverão ser procedidas todas as
intimações, e endereço eletrônico xx@rxx.com.br , vem, mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor:
AÇÃO ORDINÁRIA DE MANUTENÇÃO DE APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO COM
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA INAUDITA ALTERA PARTE.
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS,
pessoa jurídica de direito público - autarquia federal, inscrita no
CNPJ sob o nº 29.979.036/1160-17, que deverá ser citado, por meio
de seu representante legal, no Viaduto Santa Ifigênia, número 266,
6º andar, Centro, São Paulo - SP, CEP 01.033-050, pelos motivos de
fato e de direito a seguir colacionados.
PRELIMINARMENTE
DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Antes de adentrar no mérito lide, a parte Autora requer a concessão
dos benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista que não possui
condições financeiras de arcar com as custas processuais, sem que
ocasione prejuízo para seu sustento e de sua família, conforme
declaração em anexo.
Sustentáculo constitucional para a concessão do benefício da Justiça
Gratuita estão nas disposições tratadas a seguir:
O art. 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, estabelece que “o Estado
prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos”.
Nessa linha, ainda, a Constituição Federal assegura o direito de
acesso à justiça como direito humano e essencial ao exercício da
cidadania, como preconizado no art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal.
A benesse vem disciplinada pela Lei 13.105/2015, do Código de
Processo Civil – CPC/2015, em seus arts. 98 a 102, bem como, no
seu artigo 1.072, que revogou expressamente, em seu inciso III, os
artigos 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei 1.060/50.
A parte autora no caso em tela atende aos pressupostos
estabelecidos no art. 98, da Lei 13.105/2015:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
Atendendo ao disposto no art. 99 do Novo CPC, desde logo, clama
pela concessão dos benefícios da GRATUIDADE DA JUSTIÇA lato
sensu, eis que se trata do primeiro pronunciamento da parte autora,
o qual, vem instruído com a declaração de hipossuficiência da
requerente.
Nesse diapasão, requer a juntada aos autos da inclusa declaração de
sua “insuficiência de recursos” para o deferimento da benesse, cuja
afirmação goza de presunção de veracidade (§ 3º do art. 99, NCPC).
Saliente-se, por oportuno, que o simples fato de a parte estar
representada por advogado particular não constitui condição para o
indeferimento do pedido da gratuidade de justiça; questão sanada
pelo § 4º, do Artigo 99, do Novo CPC.
Antes de adentrar no mérito da presente lide, a parte Requerente
requer lhe sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita, por não
poder arcar com os ônus financeiros da presente ação, sem que com
isso sacrifique o seu próprio sustento e o de sua família, conforme
declaração que segue anexa e fundamentação exarada no tópico
presente.
DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS COLACIONADOS À
PEÇA PREFACIAL
O advogado que esta subscreve, declara serem autênticas as cópias
reprográficas dos documentos anexos à peça prefacial, nos moldes do
artigo 425, inciso IV, do Novo Código de Processo Civil.
Com isso, requer seja acolhida a declaração de autenticidade dos
documentos colacionados à inicial.

MÉRITO
DOS FATOS
O Requerente exerceu a função de bancário durante toda sua vida, de
forma que, incapacitado para vida laborativa, requereu a
aposentadoria por invalidez em xx/xx/xxxx, recebendo o
número de benefício xxxxxxx, permanecendo nesta condição
até os dias atuais.
Conforme comprova os documentos anexados, o Requerente é
portador de dor crônica nos membros superiores, estando em
tratamento desde xxxx, sendo diagnosticado com síndrome do
impacto direito e esquerdo, síndrome do túnel do carpo, osteoartrose
de ombro direito, tudo em decorrência da profissão exercida.
CID 10 - M19: Outras artroses;
M65.9: Sinovite e tenossinovite não especificadas;
G56.0: Síndrome do túnel do carpo;
M75.5: Bursite do ombro;
M54.5: Dor lombar baixa;
G55.1: Compressões das raízes e dos plexos nervosos em
transtornos dos discos intervertebrais;
M79: Outros transtornos dos tecidos moles, não classificados em
outra parte.
Entretanto, revisando os benefícios por incapacidade, o Requerido
convocou o Requerente para perícia médica administrativa, sendo
que lhe foi negada a continuação de sua aposentadoria, sob o
fundamento de que não teria sido constatada a permanência da
incapacidade laborativa.
Ocorre, entretanto, que não assiste razão ao Requerido. Vejamos.
Verifica-se que o Requerente exerceu a profissão de bancário por
mais de 20 anos, ensejando as doenças incapacitantes acima
relatadas, ante o esforço de tantos anos dedicados ao trabalho, de
forma que, não estando mais em sua plena capacidade laborativa, foi
aposentado por invalidez.
Ora, não houve quaisquer alterações nas condições do Requerente,
uma vez que os tratamentos médicos realizados são apenas para
amenizar os sintomas da doença, não havendo cura para estas,
tratando-se de sequelas definitivas. Assim, o retorno ao mercado de
trabalho, apenas acarretará a piora no quadro médico do Requerente,
além de lhe causar mais dores do que já sente, prejudicando o
interesse empresarial, já que seu desempenho ficará comprometido,
ou sequer, será atingido.
A profissão de bancário encobre uma questão danosa de quem atua
nesta área, principalmente o estresse no ambiente trabalho. A
profissão acabou se tornando uma frustração na vida dos
trabalhadores e, nacionalmente, tem sido responsável por grandes
números no índice de afastamentos das atividades profissionais por
problemas de saúde.
No funcionamento de um banco há agentes agressores que não são
percebidos facilmente, pois a rotina dos bancários é conviver sob a
pressão das cobranças e metas elevadas, que são superiores à
capacidade que um indivíduo normal teria de executar. É esta forma
de trabalho que gera o estresse e adoece o trabalhador.
Além dos agendes causadores do estresse e da pressão por metas, o
profissional está condicionado aos esforços físicos repetitivos para
alcançar os objetivos impostos, fato causador de inúmeras doenças
do trabalho, inclusive a do Requerente, tratando-se de quadro
irreversível.
Chamada de doença ocupacional, a doença do trabalho é aquela que
acomete o trabalhador, proveniente do exercício de suas funções. Em
outras palavras, no caso do bancário, são aquelas que acontecem
devido à exposição rotineira do profissional a agentes nocivos
presentes no banco, como é o caso do Requerente.
Diante disso, o benefício de aposentadoria por invalidez deve ser
mantido para que o Requerente possa dar prosseguimento ao seu
tratamento permanente e conseguir viver com o pouco de dignidade
que lhe resta, já que se encontra totalmente incapaz para suas
atividades laborais e habituais.

DOS DIREITOS
Conforme a Lei nº 8.213/91 (art. 20, II), doença ocupacional ou
doença do trabalho é aquela “adquirida ou desencadeada em função
de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente”.
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério
do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
A legislação brasileira (Lei nº 8.213/91), ainda, equipara a doença
ocupacional ao acidente de trabalho considerando como Acidente do
trabalho o que ocorre pelo exercício do trabalho […], provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos
desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido
lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
Os laudos médicos juntados constituem elemento probatório apto a
demonstrar a gravidade do quadro clínico do Requerente, na medida
em que atesta ser ele portador de doença ocupacional.
O Requerente não possui as condições mínimas para voltar a
qualquer tipo de trabalho, tanto pelo estado de saúde em que se
encontra como pelo uso dos medicamentos assinalados na presente
ação.
Ora, os problemas que acometem o Requerente foram
desencadeados pelo cargo exercido por este, e o impedem de voltar a
trabalhar, uma vez que é necessária a utilização de vários
medicamentes para controlar seu estado físico e emocional,
deixando-o, como já visto, sem condições de desenvolver suas
atividades laborais.
Diante disso, o Requerente faz jus a manutenção do seu benefício de
aposentadoria por invalidez, uma vez que não possui condições de
retorno ao trabalho.
Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for
o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que
lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto
permanecer nesta condição.
Assim sendo, não houve alteração da condição do Requerente,
conforme demonstram os documentos médicos acostados e, ainda
que houvesse, o benefício deverá ser mantido, diante da
impossibilidade do segurado ao retorno de trabalho, haja vista estar
há mais de 20 anos fora do mercado de trabalho em avançada idade
e sem quaisquer qualificações profissionais para competitividade
atual.
Neste sentido, a jurisprudência se posiciona:
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO POR
LONGO PERÍODO DE TEMPO. INDEVIDO CANCELAMENTO.
INVIABILIDADE PRÁTICA DE RETORNO AO TRABALHO. É devido o
restabelecimento de aposentadoria por invalidez, ainda que a perícia
judicial indique que o segurado não está incapacitado para o trabalho,
quando o benefício lhe foi concedido por longo período de tempo,
tornando inviável, praticamente, o seu retorno ao trabalho, por
contar idade avançada, baixo nível de escolaridade e restrita
qualificação profissional. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.04.01.035243-
9/RS – RELATOR Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI – TRF da 4º
Região)
Ora, apesar da fé pública do relatório apresentado na perícia
realizada nas dependências da autarquia federal, o perito
simplesmente ignorou o referido documento, que é prova inequívoca
dos fatos narrados, ou seja, a comprovação da incapacidade do
Requerente para o trabalho.
Seria excessivo, se não injusto, impor à parte autora, nas condições
que vêm de ser expostas, o retorno ao mercado formal de trabalho
para buscar o sustento.
O que não se pode admitir é que, depois de manter a parte autora
aposentada em benefício por incapacidade a quase duas décadas,
opte a ré por cancelar o benefício, no momento em que o segurado
está mais inviabilizado para o retorno às atividades laborais, tendo
em vista o agravamento da doença em razão da idade e da pouca
qualificação profissional.
Há que ressaltar-se que a legislação à época em que fora concedida a
aposentadoria do Requerente implicava que esse tipo de
aposentadoria deveria tornar-se definitiva com o passar dos anos,
fazendo jus a manutenção do benefício.
DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
A probabilidade do direito resta totalmente comprovada
documentalmente, elemento indispensável para concessão da
tutela provisória de urgência.
No mesmo sentido, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo também se faz presente, porque o Requerente depende
de sua aposentadoria para sobrevivência, sendo conditio sine qua
non para alimentação e sustento de sua família. E, por via de
consequência, proteção de seu salário, proveniente do princípio da
dignidade da pessoa humana, um dos pilares de nosso Estado
Democrático e Social de Direito, previsto no artigo 1º, inciso III, da
CF, mormente pelo fato de ser verba de natureza alimentar.
Assim sendo, em face do princípio da dignidade da pessoa humana,
previsto art. 1º, inciso III, da CF e do disposto no art. 5º da LICC,
que por sua vez expressa que o juiz deve se atentar ao caráter social
da norma, não há óbice para a concessão da tutela provisória de
urgência com base em eventual indício de irreversibilidade do
provimento.
Por fim, vale aqui a citação das palavras de Rui Barbosa, para quem:
“Justiça tardiamente alcançada não é justiça, senão injustiça,
qualificada e manifesta”. Nesta esteira de pensamento, são também
os ensinamentos de Carnelutti, que por sua vez expressa que: “o
tempo é um inimigo do Direito, contra qual o juiz deve travar uma
guerra sem trégua”.
Assim requer seja concedida tutela provisória de urgência para que
seja concedida aposentadoria invalidez a Requerente e,
subsidiariamente, o auxílio doença.

DO PREQUESTIONAMENTO
A fim de proporcionar o prequestionamento da matéria requerida,
desde já se prequestiona os seguintes dispositivos constitucionais e
infraconstitucionais, sob pena de nulidade da decisão nos termos
do art. 276 e seguintes, bem como ofensa aos artigos 5º,
incisos LIV, LV e 93, inciso IX, ambos da Constituição Federal
e artigo 489 do CPC:
• Artigo 1º, inciso III, e artigo 6º da Constituição Federal: Princípio
da Dignidade Humana e Direitos Sociais;
• Artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal – direito de
petição;
• Artigo 5º, da LINDB: finalidade social da norma.
• Artigo 20 e 21 da Lei 8.213/91 – acidente do trabalho;
• Artigo 42 da Lei 8.213/91 – aposentadoria por invalidez;
• Inciso I do artigo 201 da Constituição Federal;
• Sumula 47 da TNU – critério biopsicossocial para concessão de
benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio doença.

DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:
a) O deferimento de tutela provisória de urgência inaudita altera
parte, para os fins do pedido, oficiando-se ao Instituto Nacional do
Seguro Social, comunicando-lhe o deferimento da medida, e citando-
o dos termos da inicial;
b) No caso de descumprimento da tutela antecipada pelo Réu, que se
aplique multa diária, na forma do art. 497 e 537 do CPC, no valor
de R$ 1.000,00 (um mil reais), por se tratar de obrigação de fazer;
c) Que após os trâmites, seja a presente julgada procedente, para
confirmar a tutela provisória de urgência e torná-la definitiva;
d) Ao final sejam julgados procedentes os pedidos da presente ação
para condenar o INSS a manutenção do benefício de aposentadoria
por invalidez por tempo indeterminado e de forma integral;
e) Que seja o Requerido condenado ao pagamento de todas as
parcelas vencidas e vincendas, inclusive, abono anual, caso venha a
cessar o benefício durante os trâmites processuais;
f) Juros e correções legais;
g) Honorários advocatícios de 20% no final da demanda, por se
tratar de trabalhos que exigem conhecimentos especializados e
pela demora de efetivação dos direitos nesses tipos de ações, em
razão das benesses que desfruta a Fazenda Pública em relação
aos prazos processuais e a forma de pagamento (RPV ou
precatório).
Requer ainda, o deferimento do pedido dos benefícios da
JUSTIÇA GRATUITA.
Informa que não tem interesse em audiência de conciliação
por se tratar de matéria de direito não passível de mitigação
da lesão por ter sido necessário acionar o judiciário, causando
juros de mora e correção monetária para recompor a perda
patrimonial da negativa de concessão de aposentadoria.
Requer, finalmente, deferida a utilização de todos os meios de
prova em direito admitidos, especialmente perícia técnica e
oitiva de testemunhas, juntada dos documentos que acompanham
a inicial, depoimento pessoal e depoimento do representante legal do
Requerido, sob pena de confissão e juntada de documentos novos a
qualquer momento.
A fim de evitar futura arguição de nulidade no processo, requer que
todas as publicações sejam realizadas exclusivamente em nome
dos patronos xxxxxxxx, inscrito na OAB/SP sob o nºxxxxx,
sob pena de nulidade.
Dá-se a causa o valor de R$ xxxxx (qxxxxx)[1].
Termos em que pede deferimento.
Local, data
Advogado/OAB
DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A INICIAL
Procuração
Declaração Hipossuficiência
Documentos pessoais: RG, CPF, comprovante de residência.
Documentos médicos
CTPS
Cálculo Valor da Causa
Extrato de contribuições

QUESITOS
________________________________________

Para cálculo do valor da causa/atrasados/liquidação de


sentença indica-se a
http://spcalculosprevidenciarios.com.br/

[1] O valor da causa deve corresponder a 12 parcelas vencidas + 12


vincendas acrescida do abono. Neste caso, não há parcelas vencidas,
considerando que o Requerente ainda está recebendo o benefício.
Valor da causa calculado em 13 parcelas vincendas, considerando o
valor do benefício atual (R$ xxxx).

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