1) Duas mulheres em união homoafetiva tentaram adotar a filha biológica de uma delas, mas tiveram o pedido negado pelos tribunais austríacos, que alegaram ser proibido pela lei do país duas pessoas do mesmo sexo adotarem conjuntamente uma criança.
2) As mulheres alegam ter sofrido discriminação, uma vez que os tribunais se recusaram a analisar o caso individualmente e se basearam apenas na orientação sexual delas.
3) Elas comparam o caso ao julgamento
1) Duas mulheres em união homoafetiva tentaram adotar a filha biológica de uma delas, mas tiveram o pedido negado pelos tribunais austríacos, que alegaram ser proibido pela lei do país duas pessoas do mesmo sexo adotarem conjuntamente uma criança.
2) As mulheres alegam ter sofrido discriminação, uma vez que os tribunais se recusaram a analisar o caso individualmente e se basearam apenas na orientação sexual delas.
3) Elas comparam o caso ao julgamento
1) Duas mulheres em união homoafetiva tentaram adotar a filha biológica de uma delas, mas tiveram o pedido negado pelos tribunais austríacos, que alegaram ser proibido pela lei do país duas pessoas do mesmo sexo adotarem conjuntamente uma criança.
2) As mulheres alegam ter sofrido discriminação, uma vez que os tribunais se recusaram a analisar o caso individualmente e se basearam apenas na orientação sexual delas.
3) Elas comparam o caso ao julgamento
65 – As aplicantes alegaram que elas sofreram discriminação nos
procedimentos dentro dos tribunais austríacos. Nesses tribunais, elas haviam alegado que a recusa do pai adotivo em conceder à adoção à companheira (PROCURAR LEI INTERNA ESPECÍFICA) não era justificável na medida em que ele agia contra os interesses da criança. Consequentemente, o interesse do segundo aplicante na adoção sobrepunha-se à rejeição do pai. Portanto, elas alegaram que as cortes deveriam rejeitar a objeção do pai de acordo com o Artigo 181 parágrafo 3 do Código Civil (procurar). No caso de um casal de sexo oposto, a Corte Distrital teria realizado uma cuidadosa examinação das alegações em relação ao pai e teriam que entregar uma avaliação separada nesse assunto específico. Porém, no caso das aplicantes foi negado qualquer tipo de inquérito das alegações com o argumento de que a adoção requisitada pelas aplicantes não era possível, de qualquer maneira, segunda a lei austríaca (procurar isso). Essa posição foi explicitamente confirmada pela Corte (procurar isso). 66 – As aplicantes enfatizaram que a essência de sua reclamação era a de que elas foram automaticamente excluídas de qualquer chance de concretizar a adoção. O caso era, portanto, similar à “E.B. v. França” (procurar), no sentido de que elas foram excluídas de qualquer possibilidade significativa de adoção por conta da orientação sexual da primeira e terceira aplicantes.
Passos para a adoção e a recusa do pai em concedê-la
A fim de autorizar um processo de adoção, o Código Civil austríaco exige o seguinte: - O artigo 179 do Código Civil diz que: “(1) Pessoas com idade legal e plena capacidade... podem adotar. A adoção cria uma relação de pai e filho. (2) A adoção de uma criança por parte mais de uma pessoa, simultaneamente ou [...] consecutivamente, será permitida no caso de as duas pessoas estiverem unidas sob o matrimônio. Via de regra, os esposos só podem adotar uma criança de forma conjunta. Exceções podem ser feitas no caso de [...] os cônjuges não vivem em matrimônio por ao menos três anos [...]”. - Nos termos do Artigo 179a do Código Civil, a adoção requer um acordo escrito entre os pais adotivos e a criança a ser adotada e a aprovação da adoção por uma corte competente. - A corte competente tem de analisar se o acordo serve aos interesses da criança e se uma relação correspondente àquela entre a criança e os pais biológicos já existe entre a criança e os candidatos a pais adotivos ou se se pretende criar tal relação. - O artigo 181 do Código Civil austríaco, por fim, diz que: (1) A aprovação pode ser concedida se uma das seguintes pessoas concordar com a adoção: 1. Os pais do menor adotado; 2. O(a) esposo(a) do pai(mãe) adotivo(a); 3. O(a) esposo(a) da criança adotada 4. A criança adotada com a idade de 14 anos. ... (3) Quando uma das pessoas referidas nos pontos de 1 a 3 recusarem a adoção sem razões justificáveis, a corte pode ignorar a recusa de uma das partes.
De acordo com a jurisprudência das cortes austríacas, ignorar a
recusa de uma das partes de acordo com o Artigo 181 (3) do Código Civil é uma medida extraordinária que só será prevista no caso do interesse da criança sobrepuser o interesse do progenitor, em por exemplo ter contato com a criança. É um artigo que também pode ser usado no caso da recusa de um dos pais não for justificável em termos morais, quando por exemplo um dos progenitores mostra um constante e extremo hostilidade em relação à família, ou se for negligente em relação à criança, etc.
O tratamento perante as cortes nacionais
As demandantes alegam que sofreram discriminação nas cortes domésticas porque a adoção nunca seria efetivada por conta do tipo de relacionamento que a primeira e a terceira aplicante tem, que se constitui em uma união homoafetiva, proibida, na Áustria, de ser uma relação em que se pode legalmente ter filhos. Isso fica claro quando analisamos os argumentos utilizados por cada uma das instâncias percorridas pelas aplicantes. Na primeira delas, a Corte Distrital escreveu na sentença que: “A demandas das aplicantes, que objetiva garantir à mãe biológica e sua companheira a guarda conjunta da criança, não tem fundamentos jurídicos. [...] O artigo 182 do Código Civil [...] prevê que quando uma criança é adotado por uma pessoa, a relação legal que ela possui com o pai (mãe) biológico (a) do mesmo sexo do pai (mãe) adotivo (a) deixa de existir [...]. [Portanto], o arranjo familiar proposto pelas aplicantes [...] é incompatível com a lei”. A Corte nem ao menos se deu ao trabalho de analisar a justificativa de que a os direitos legais que o pai possuía deveriam ser ignorados pela corte por conta do tipo de família que formavam. Já a Corte regional rejeita a apelação das demandantes alegando que “[...] o direito familiar da Áustria é claro em dizer que um casal de pais deve se constituir de duas pessoas do sexo oposto”. Quanto ao pedido das demandantes em analisar a relação do pai com a criança, a Corte limitou- se a registrar que o pai biológico da criança tinha contato regular com ela. Por sua vez, a Suprema Corte austríaca rejeitou as apelações feitas pelas demandantes, de novo levantando o artigo 182 do Código Civil como uma impossibilidade para a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e argumentando, ainda, que o principal objetivo de uma adoção era garantir que uma criança se tornasse um indivíduo responsável no futuro, o que só seria garantido quando a adoção permitisse a recriação a mais próxima o possível de uma família em sentido biológico.
Caso E.B. v. França
As demandantes dizem que o centro de sua reclamação perante a CEDH é o fato de terem sido excluídas da possibilidade de adotar pelas cortes austríacas por conta de sua orientação sexual. Elas alegam que a CEDH já julgou que negar a alguém a possibilidade de embarcar num processo de adoção baseado unicamente em sua sexualidade é discriminatório, como comprova o caso E.B. v. França. E. B. é uma mulher lésbica que vive com sua companheira na França e que teve seu pedido de autorização para adotar negado pelas autoridades competentes do país por dois principais motivos, na avaliação da Corte Europeia: a falta de uma referência paternal existente na casa em que a criança a ser adotaria viveria e a falta de motivação da companheira de E. B. com a vontade desta em adotar. A CEDH considerou que se por um lado era justificável levar em conta o suposto desinteresse da companheira da aplicante em levar adiante o processo de autorização para adoção, por outro o governo da França não conseguiu explicar porque a existência de uma referência paterna na criação da criança era necessária para autorizar o processo de adoção. Então, como a França havia estendido o direito de adoção para todos os indivíduos solteiros, não poderia negar a alguns deles esse direito com base em discriminações que não eram justificáveis nem razoáveis. Nesse caso, a CEDH considerou que a França havia violado os artigos 8 e 14 da Convenção. Da mesma forma, as demandantes do presente caso alegam que não tinham a possibilidade de entrar com um pedido de adoção na Áustria por conta de sua orientação sexual, já que a lei austríaca proibia o arranjo familiar pretendido pelas demandantes ao dizer que um indivíduo não poderia ter, legalmente, dois pais do mesmo sexo. Para as demandantes, então, esse caso é similar a E. B. v França.