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Índice

1.Introdução.....................................................................................................................................1

1.1.Problematização.....................................................................................................................2

1.2.Objectivos..............................................................................................................................2

1.2.1.Geral................................................................................................................................2

1.2.2.Específicos.......................................................................................................................2

1.3.Justificativa............................................................................................................................2

2.Metodologia..................................................................................................................................4

3.Enquadramento teórico.................................................................................................................5

3.1.Conceitos fundamentais.........................................................................................................5

3.1.1.Governo...........................................................................................................................5

3.1.2.Governaça........................................................................................................................5

3.1.3.A distinção entre governabilidade e governança.............................................................7

3.1.4.Governança pública.........................................................................................................8

3.2.Boa governação......................................................................................................................9

3.2.1.Caracterização...............................................................................................................10

3.2.2.O papel do Estado..........................................................................................................14

3.3.Boa Governação pública......................................................................................................14

4.Conclusão...................................................................................................................................16

5.Referências bibliográficas..........................................................................................................17
1.Introdução
O Direito Administrativo, assim como o mundo e os seres humanos, tem sofrido constantes
mudanças na sua forma de evoluir. Com isso, ganha-se aspectos jurídicos novos, novas
perspectivas no campo da administração, principalmente na área da administração pública.
Insere-se novos paradigmas, novas normas, novas formas de se administrar. Nesse contexto,
constantemente evolutivo na persecução de um governo e políticas ideais, nasceu a chamada Boa
Governança. Governança pode dizer respeito às medidas adoptadas pelo governo para governar
o país em questão.

Este trabalho foi atribuido no âmbito da cadeira de Administração pública, e tem por intuito
abordar o tema “Boa Governação”. O mesmo tem como principal objectivo estudar os vários
conceitos e abordagens sobre boa governação discutidos por diferentes proponentes.

A definição geral de governança sob perspectiva do Banco Mundial em seu documento


Governance and Development, de 1992, “é a maneira pela qual o poder é exercido na
administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento”,
implicando ainda “a capacidade dos governos de planejar, formular e programar políticas e
cumprir funções”.

O trabalho encontra-se dividido em 5 (cinco) partes. Na primeira parte encontramos a


introdução, que irá se apresentar um breve resumo dos conteúdos que irão ser abordados ao
longo do trabalho, incluindo problematização que se refere a pergunda colocada e que deve ser
respondinda no desenvolvimento do trabalho, os objectivos onde é indicado o objectivo geral de
todo trabalho, seguido de objectivos específicos; e a justificativa, que reflecte a razão que leva
um pesquisador a pesquisar sobre um tema., na segunda parte encontramos a metodologia que
apresenta-nos os meios usados para se extrair as informações, na terceira parte encontramos o
desenvolvimento, onde abordar-se-á a exposição das informações relacionadas à Boa
Governação, nomeadamente: conceitos de Governo, Governança, distinção entre
Governabilidade e Governança e boa Governação Pública. Na quarta parte apresentar-se-á a
conclusão do seu todo trabalho e a última parte apresentar-se-á as referências bibliográficas.

1
1.1.Problematização
A responsabilidade é um dos princípios basilares do Estado de Direito e democrático e uma das
principais fontes de regulação de uma democracia, pois uma vez que o dever de pagar impostos
constitui hoje uma exigência da cidadania, torna-se assim também o direito à prestação de
contas, comprometendo todos os funcionários públicos e titulares de cargos políticos a responder
pelas suas acções, decisões e omissões. Pelo que devem exercer as suas funções e cargos de
acordo com princípios e normas éticas e morais, respeitando sempre as normas jurídicas, fixadas
como princípios basilares inultrapassáveis. A responsabilidade é uma fonte de obrigações e é um
princípio de ordem jurídica, sendo também uma garantia das relações sociais.A governação
como processo multidimensional que envolve processos complexos de coordenação entre o
Estado, o sector privado, o cidadão e outros agentes constitui um tema de bastante interesse nos
últimos anos. É notável hoje em dia cenários de má governação a nível mundial, sobre tudo na
África. A corrupção é uma realidade na região da África. Esta situação leva a formular a seguinte
pergunta de pesquisa: Que abordagens iluscidam sobre a prática de boa governação?

1.2.Objectivos
1.2.1.Geral
 Estudar os conceitos sobre Boa Governação.

1.2.2.Específicos
 Apresentar os conceitos fundamentais relacionados á Boa Governação;
 Descrever a Boa Governação;
 Descrever a Boa Governação Pública.

1.3.Justificativa
Este estudo surge no âmbito da elaboração do trabalho de pesquisa de caracter avaliativo, tem
grande relevância para os políticos dirigentes, assim como para a sociedade no geral de uma
determinada nação. O estudo é baseado nas percepções de Governação, no que se refere aos
conceitos e abordagens sobre Boa Governação de uma determinada nação.

Este estudo surgiu motivado, para além do interesse pessoal em temas de governação, como
também por ser um tema pertinente na realidade a que se insere. Ademas, nota-se actualmente

2
vários estudos de diferentes autores neste âmbito, daí que achou-se pontual e relevante abordar
este tema no contexto geral, de modo a enriquecer as abordagens já existentes.

3
2.Metodologia
De acordo com Vilelas (2009), metodologia consiste em estudar os vários caminhos disponíveis
e as suas utilizações.

De acordo com Gil (2006), método é um caminho para se atingir um fim, e que método científico
é algo mais, correspondendo a um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados
para atingir-se o conhecimento”.

Para a elaboração deste trabalho, fez se o uso do método dedutivo, que de acordo com Gil
(2008) parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilitam chegar a
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.

A presente pesquisa é classificada como descritiva, que segundo Gil (2002), esse tipo de
pesquisa tem como principal objectivo o estabelecimento de relações entre variáveis ou a
descrição das características de determinada população ou fenómeno. Ademais, no concernente
aos procedimentos técnicos a serem utilizados na pesquisa, far-se-á o uso da pesquisa
bibliográfica.

Diante do mesmo, far-se-à o uso do método de procedimento monográfico. Este método parte da
premissa segundo a qual “qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes” (Lakatos, 1981, p. 33
como citado em Marconi e Lakatos, 2003, p. 108).

4
3.Enquadramento teórico
3.1.Conceitos fundamentais
3.1.1.Governo
O termo Governar é habitualmente utilizado para se aludir às estruturas, instituições e entidades
públicas formalmente incumbidas da definição de políticas, da tomada de decisões públicas e da
prestação de serviços públicos1.

Para Nogueira, Governar significa “deter uma posição de força a partir da qual seja possível
desempenhar uma função imediatamente associada ao poder de decidir e implementar decisões
ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas” (Nogueira, 2001, p. 99).

3.1.2.Governaça
A expressão “governance” surge a partir de reflexões conduzidas principalmente pelo Banco
Mundial, “tendo em vista aprofundar o conhecimento das condições que garantem um Estado
eficiente” (Diniz, 1995, p. 400). Ainda segundo Diniz, “tal preocupação deslocou o foco da
atenção das implicações estritamente econômicas da acção estatal para uma visão mais
abrangente, envolvendo as dimensões sociais e políticas da gestão pública” (Ibid., p. 400). A
capacidade governativa não seria avaliada apenas pelos resultados das políticas governamentais,
e sim também pela forma pela qual o governo exerce o seu poder.

Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, de 1992, a


definição geral de governança é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de
governo”. Precisando melhor, “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda “a
capacidade dos governos de planear, formular e implementar políticas e cumprir funções”.

Duas questões merecem aqui destaque:

a) A idéia de que uma “boa” governança é um requisito fundamental para um


desenvolvimento sustentado, que incorpora ao crescimento econômico equidade social e
também direitos humanos (Santos, 1997, p. 340-341);

1
Cfr. JANET DENHARDT / ROBERT DENHARDT, The New Public Service: serving, not steering, Expanded 2
edition, New York, 2007, p. 86

5
b) A questão dos procedimentos e práticas governamentais na consecução de suas metas
adquire relevância, incluindo aspectos como o formato institucional do processo
decisório, a articulação público-privado na formulação de políticas ou ainda a abertura
maior ou menor para a participação dos sectores interessados ou de distintas esferas de
poder (Banco Mundial, 1992, citando Diniz, 1995, p. 400).

Segundo Denhardt e Denhardt a governança consiste no exercício da autoridade pública. Os


autores mencionam que ela pode ser definida como as formas, instituições e processos que
determinam o exercício do poder na sociedade, inclusive como são tomadas as decisões sobre
questões de interesse público e como os cidadãos são dadas voz nas decisões públicas. Assim, a
governança verifica como a sociedade realmente faz escolhas, aloca recursos e cria valores
compartilhados nas tomadas de decisão na esfera pública2.

Fukuyama define a governança diferenciando-a dos fins que o governo pretende cumprir. Para
ele, a governança consiste no desempenho dos agentes ao realizar os desejos dos diretores, e não
sobre as metas que os diretores definem. Deste modo, o autor conceitua governança como a
capacidade do governo de elaborar e fazer cumprir as regras, bem como de prestar serviços
públicos3.

Já, a governança foi definida por Kaufmann e Kraay como as formas e instituições pelas quais a
autoridade de um país é exercida, incluindo o processo pelo qual os governos são selecionados,
monitorados e substituídos, bem como a capacidade do governo de formular e implementar
efectivamente políticas sólidas e o respeito dos cidadãos, do Estado e das instituições e as
interações entre eles4.

2
DENHARDT, Robert B. and Janet Vinzant Denhardt. The New Public Service: Serving Rather than Stee6 ring.
Arizona State University. http://www.csus.edu/indiv/s/shulockn/ executive%20fellows%20pdf%20readings/par-
denhardt%20new%20public%20service.pdf
3
FUKUYAMA, Francis. What Is Governance? CGD Working Paper 314. Washington, DC: Center for Global 7
Development. 2013. p. 07. Recuperado em http://www.cgdev.org/content/publications/detail/1426906 , acesso em
05 de Março de 2023.
4
KAUFMANN, Daniel and Aart Kraay. Governance Indicators: Where Are We, Where Should We Be Going? 8
The World Bank World Bank Institute Global Governance Group and Development Research Group
Macroeconomics and Growth Team. Policy Research Working Paper 4370. Recuperado em
http://info.worldbank.org/governance/wgi/pdf/wps4370.pdf , acesso em 05 de Março de 2023.

6
Como podemos observar, a maioria das definições de governança está centrada na importância
de um Estado capaz de operar, sob a observância da lei, com ênfase no papel de
responsabilização democrática dos governos e dos seus cidadãos.

3.1.3.A distinção entre governabilidade e governança


as expressões governabilidade e governança são muito mais qualificativas, ou seja, representam
atribuições e qualidades (no caso da governabilidade) ou qualidades e meios/processos (no caso
da governança).

Não é simples fazer distinções precisas entre os dois conceitos – governabilidade e governança,
mas pode-se assim delimitar os campos:

A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às


“condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de
intermediação de interesses” (Santos, 1997, p. 342). Ainda segundo Luciano Martins citando
Santos (1997, p. 342), o termo governabilidade referese à arquitetura institucional, distinto,
portanto de governança, basicamente ligada à performance dos actores e sua capacidade no
exercício da autoridade política. Se observadas as três dimensões envolvidas no conceito de
governabilidade apresentadas por Diniz (1995, p. 394): capacidade do governo para identificar
problemas críticos e formular políticas adequadas ao seu enfrentamento; capacidade
governamental de mobilizar os meios e recursos necessários à execução dessas políticas, bem
como à sua implementação; e capacidade liderança do Estado sem a qual as decisões tornam-se
inócuas, ficam claros dois aspectos:

a) Governabilidade está situada no plano do Estado;


b) Representa um conjunto de atributos essencial ao exercício do governo, sem os quais
nenhum poder será exercido;

Já a governança tem um carácter mais amplo. Pode englobar dimensões presentes na


governabilidade, mas vai além. Veja-se, por exemplo, a definição de Melo citando Santos (1997,
p. 341): “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais que inclui, dentre outras,
questões ligadas ao formato político-institucional do processo decisório, à definição do mix
apropriado de financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Como bem salienta

7
Santos (1997, p. 341) “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos aspectos
gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de
Estado”. Dessa forma, a governança refere-se a “padrões de articulação e cooperação entre
actores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e
através das fronteiras do sistema econômico”, incluindo-se aí “não apenas os mecanismos
tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de
pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias
e associações de diversos tipos” (Santos, 1997, p. 342). Ou seja, enquanto a governabilidade tem
uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema político-institucional, a governança
opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo.

3.1.4.Governança pública
Governança pública é um conceito mundial. As suas origens datam de meados da década de
1990 do século XX, e traduzem um consenso de que a eficácia e a legitimidade da actuação
pública se apoiam na qualidade da interação entre os distintos níveis de governo, e entre estes e
as organizações empresariais e da sociedade civil. A governança pública vem como uma
continuidade do modelo de Administração Pública gerencial, focada em eficácia. Contudo,
propõe-se uma nova forma de atingir esses resultados: a interação entre os diversos actores
sociais, que devem se unir para enfrentar as acções sociais segundo os preceitos da flexibilidade,
da visão estratégica, da transparência e da comunicação. Nessa conjuntura, o governo tem a
função de gerenciar a rede de actores, que devem se comunicar e dividir responsabilidades.

Carolyn Hill e Laurence Lynn Jr. perspetivam a governança pública como o conjunto de leis,
regulamentos, jurisprudência e práticas administrativas que determinam o modo como são
assegurados os bens e serviços de interesse geral5.

5
Cfr. “Governance and Public Management, an Introduction”, Journal of Policy Analysis and Management, 11 Vol.
23, n.o 1, p. 4, 2004

8
3.2.Boa governação
A evolução e consciência da importância do conceito de governança para referenciar as melhores
práticas de administração pública conduziu inevitavelmente nos últimos tempos, à necessidade
de se explicitar o conceito de boa governança para qualificar a governança que deve servir de
exemplo ao exercício do poder político e administrativo nos diferentes Estados.

A governança pode ser avaliada atendendo a diversos critérios, pelo que é possível graduar o seu
mérito e adjetivá-la como “boa” ou “má”, em função dos resultados dessa avaliação6.

Boa Governança é um moderno conjunto de instrumentos que vêm sendo adotado em todo o
mundo, tanto em Empresas Públicas como em Empresas Privadas. A governança é “o exercício
da autoridade, o controle, a administração, o poder de governo”. E a sua boa adoção, dentre
outras coisas, pode evitar processos de fraudes e corrupções no mundo político , assim como no
administrativo , beneficiando não só um governo ou uma administração, mas também países,
sociedades e pessoas. (Ferreira, 2017)

Em 1992, o Banco Mundial definiu a governança, como já foi dito anteriormente, segundo a
maneira pela qual o poder é exercido na gestão dos recursos econômicos e sociais do país
visando o desenvolvimento. Recentemente, no plano da estratégia de governança vinculada à
questão da proposta da anticorrupção, o Banco salientou que a governança pode ser definida
como a maneira pela qual as autoridades e instituições públicas exercem sua autoridade com
intuito de moldar as políticas públicas e fornecer bens e serviços públicos. O Banco sintetiza a
boa governança na formulação e previsão de políticas, de forma aberta e transparente, mediante
os instrumentos de planejamento, formulação, previsão e o cumprimento de tarefas destinadas às
demandas publicas7. Ou seja, governança diz respeito aos meios e processos que são utilizados
para produzir resultados eficazes.

6
Cfr. DANIEL KAUFMANN, “Rethinking Governance: Empirical lessons Challenge Orthodoxy”, de 11 de 15
março de 2003, pp. 5 e ss., Recuperado em
http://www.worldbank.org/wbi/governance/pdf/rethink_gov_stanford.pdf , acesso em 05 de Março de 2023.
7
The World Bank. World Development Report 1997, “The State in a Changing World,” Oxford University 5 Press,
June 1997.

9
3.2.1.Caracterização
De forma geral, a Boa Governação é caracterizada por 8 pilares/ferramentas essenciais8:

1. Participação – Envolvimento dos cidadãos, no processo de tomada de decisões;


2. Respeito pela Lei e Previsibilidade – Capacidade do Estado regular a sua acção
através de leis, regulamentos e políticas que se harmonizem com direitos e deveres
perfeitamente definidos, mecanismos para a sua implementação, assim como
mecanismos de resolução imparcial de disputas;
3. Transparência – Compreende a tomada e aplicação das decisões segundo regras e
procedimentos pré-estabelecidos e a disponibilidade, acessibilidade e compreensão da
informação pelos destinatários das decisões;
4. Receptividade – Satisfação atempada das necessidades dos cidadãos;
5. Orientação para o consenso – Mediação entre os diversos interesses da sociedade,
procurando amplos consensos sociais no quadro do interesse geral;
6. Equidade e inclusividade – Igualdade de oportunidades para todos e garantias de
acesso ao bem-estar de todos os grupos sociais;
7. Eficácia e eficiência – Utilização dos recursos sociais de forma a satisfazer as
necessidades da sociedade de forma o mais eficaz possível;
8. Prestação de contas – Adopção de mecanismos de prestação de contas pelas entidades
públicas, ou pelas privadas que ajam por conta daquelas.

Tendo por base os pilares acima enunciados, o relatório da Economic Comission for Africa
Striving for Good Governance in Africa 9, apresenta as seguintes 10 áreas essenciais para o
reforço do Estado no continente africano:

 Reforço do parlamento;
 Aprofundamento das reformas legais e judicias de protecção dos direitos de propriedade e
assegurar a liberdade dos tribunais;
 Melhoria da gestão do sector público;
8
Baseamo-nos na caracterização feita por Carlos Tiny, em Democracia e Boa Governação – Do binómio a um
trinómio sustentado, , inédito, São Tomé, 2004, págs. 5 a 8. No mesmo sentido, What is Good Governance, United
Nations Economic and Social Commission for Asia and the Pacific. Recuperado em em
http://www.unescap.org/huset/gg/governance.htm , acesso em 05 de Março de 2023.
9
ECA, 2004, págs. 26 e ss. O relatório resulta de um estudo em 28 países africanos e apresenta o diagnóstico do
continente e das boas práticas até agora adoptadas. Recuperado em http://www.uneca.org/agr/ , acesso em 05 de
Março de 2023.

10
 Melhoria do fornecimento de bens públicos;
 Remoção dos obstáculos à iniciativa empresarial;
 Recurso às tecnologias de informação e comunicação para reforço da governação;
 Incentivo à criação e consolidação de uma comunicação social responsável;
 Promoção do desenvolvimento e do cumprimento dos contratos;
 Garantia de que os parceiros mantêm os seus compromissos;
 Combate ao HIV/SIDA

Por outro lado, a Boa Governança deve basear-se em cinco princípios10:

1. O princípio da abertura, que exige uma actuação transparente e a utilização de uma


linguagem acessível ao público;
2. O princípio da participação no desenvolvimento e aplicação de políticas da união
europeia, que aumenta a confiança no resultado final e nas instituições;
3. O princípio da responsabilização, que ilustra a necessidade de se definir as atribuições e o
grau de responsabilização dos estados membros.
4. O princípio da eficácia, que exige políticas eficazes e sua aplicação de forma
proporcional aos objectivos perseguidos; e
5. O princípio da coerência, que revela a necessidade de adoção de medidas e políticas nos
vários níveis coordenadas e coerentes com a busca de uma finalidade comum.

Embora esses princípios não se refiram propriamente à actividade administrativa, mas ao


trabalho conjunto das autoridades comunitárias, alguns deles vêm sendo considerados pela
jurisprudência como parâmetros gerais de uma boa administração, de uma boa governança. A
boa administração passa, portanto, a se relacionar também à boa governança na exacta medida
em que esta exige a observância de alguns preceitos que são considerados um “manual de boas
práticas” para as organizações em causa.

A governança enquanto processo de tomada de decisões e sua implementação envolve não só a


actuação do governo, mas também outros parceiros ou sectores da sociedade, nomeadamente as
empresas, as organizações não-governamentais, as instituições financeiras, os institutos de
investigação, os meios de comunicação social e os militares. Por seu turno, a boa governança
10
COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Governança Europeia. Um Livro Branco. COM 2001/428. 16
Recuperado em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2001/com2001_0428pt01.pdf . Acesso em: 5 de
Março de 2023.

11
pode ser definida como o exercício do poder ou da autoridade política, económica,
administrativa e outra para gerir os recursos e assuntos públicos de um país. O conceito de boa
governança foi muito bem sintetizado por Canotilho (2006) como sendo “a condução
responsável dos assuntos do Estado”.

A boa governança, assume uma “dimensão básica” de um Estado Constitucional, tratandose de


um conceito “dotado de enormes potencialidades” para se compreenderem as suas instituições
políticas11.

O conceito de boa governança, tem um sentido mais pragmático do que outros conceitos com ele
intimamente relacionados, como os de democracia ou de direitos humanos.

Apesar da sua abrangência, o conceito de boa governança tem a virtualidade de permitir a


análise dos “aspectos básicos do funcionamento de qualquer sociedade e de qualquer sistema
político e social”12.

No o item n. 3 do artigo 9 do Acordo de Parceria de Cotonou, assinado em 23 item n.o 3 do


artigo 9 deste acordo normativo, a boa governança é definida como “a gestão transparente e
responsável dos recursos humanos, naturais, económicos e financeiros tendo em vista um
desenvolvimento equitativo e sustentável”. Ainda de acordo com o disposto neste preceito
normativo, a boa governança implica procedimentos claros de tomada de decisão pelas
autoridades públicas, instituições transparentes e responsáveis, o primado da lei na gestão e
distribuição de recursos e capacidade para a elaboração e implementação de medidas aptas a
prevenir e a combater a corrupção.

A boa governança é compreendida por eles à luz de um quadro institucional apto a garantir os
direitos humanos e a obediência aos princípios democráticos e do Estado de Direito.
Compreendendo também, os mecanismos, os processos e as instituições, segundo as quais os
cidadãos e grupos articulam os seus interesses, exercem os seus direitos, cumprem as suas
obrigações.

11
Cfr. “Brancosos” e Interconstitucionalidade: Itinerários dos Discursos Sobre a Historicidade Constitucio17 nal,
Coimbra, 2006, p. 326-327.
12
Cfr. COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, Comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parla19
mento Europeu e ao Comité Económico e Social Europeu: Governança e Desenvolvimento, Bruxelas, 2003, p. 4. )

12
Através do conceito de boa governança é possível integrar a lógica gestionária e a lógica política.
Do mesmo modo, este conceito tem a virtualidade de reconciliar o direito público com a gestão
pública, contribuindo para a superação de concepções que veem no Direito público um entrave à
modernização da gestão pública.

A boa governança refletida em novas dimensões da cidadania, apela a um novo relacionamento


entre os poderes públicos e os cidadãos, apontando, concomitantemente, para um novo
paradigma, por exemplo, de controlo financeiro.

Na óptica da relação entre Estado e finanças públicas o conceito de boa governança convoca as
ideias de “boa polìtica” e de “boa finança” e respetiva articulação, com óbvias implicações nas
diversas dimensões do controlo financeiro público13.

Quem é competente para gerir uma boa governança?

Compete às Instituições Superiores de Controlo (ISC) contribuir para uma boa governança
pública, susceptível de melhorar a administração pública e de proporcionar melhores condições
para um desenvolvimento humano e sustentável.

O IIA -2006 ( Institute of Internal Auditors ) defende que a auditoria governamental é a base da
boa governança do setor público, pois fornece informação imparcial e avaliações objectivas para
saber se os recursos públicos são geridos de forma responsável e eficaz para alcançar os
resultados desejados .

A auditoria pública à boa governança pública constitui um enorme desafio técnico, formativo e
organizacional e, porventura, de alargamento de mandato para as Instituições Superiores de
Controlo poderem responder positivamente às exigências de um controlo externo e independente
em matérias de governação abrangentes e subjacentes nos princípios (requisitos) definidores da
boa governança propostos pela INTOSAI.

3.2.2.O papel do Estado


O processo de Boa Governação visa permitir ao Estado tomar decisões efectivas para o
cumprimento das suas funções. Assim, como passo prévio, é necessário por um lado, definir o

13
Sobre as relações entre a “boa polìtica” e a “boa finança”, cfr. GOMES CANOTILHO, “O Tribunal de Con21 tas
como Instância Dinamizadora do Princìpio Republicano”, Revista do Tribunal de Contas, n.o 49, Lisboa, Janeiro-
Junho 2008, p. 26.

13
papel do Estado e, depois, com base nessa definição proceder-se à capacitação do Estado com
mecanismos, instituições e valores que assegurem a execução das funções do Estado (tarefas
essenciais do Estado) com eficácia, honestidade, equidade, transparência e responsabilidade14.

De acordo com o Relatório The State in a Changing World6, as cinco tarefas essenciais ao
Estado15, cujos objectivos consistam no desenvolvimento e na redução da pobreza, são as
seguintes:

1. Estabelecer o primado da lei;


2. Manter um quadro político e macro-económico estável;
3. Investir em serviços sociais básicos e infra-estruturas;
4. Proteger as camadas sociais vulneráveis;
5. Proteger o ambiente.

3.3.Boa Governação pública


O código intitulado The Good Governance Standard for Public Services (OPM e CIPFA, 2004),
que se pode traduzir por padrão de boa governança para serviços públicos, foi desenvolvido pela
Independent Commission on Good Governance in Public Services. O papel da comissão foi de
desenvolver um código comum e um conjunto de princípios de boa governança sobre serviços
públicos. Este código apresenta a importância de se saber como o dinheiro público é gasto e
sobre a qualidade dos serviços prestados para os cidadãos enquanto utilizadores dos serviços e
contribuintes. Segundo o código, a boa governança conduz à boa gestão, ao bom desempenho, à
boa administração do dinheiro público, ao bom engajamento do público e, finalmente, a bons
resultados.

Exemplo de uma concepção estrita da governança pública afigura-se-nos ser a sustentada por
Donald Kettl. Para este autor, a boa governança pública assenta nos seguintes dez pilares:

1. Hierarquia e autoridade;
2. Gestão das redes interorganizacionais complexas;

14
Sobre esta temática, vide The State in a Changing World, World Development Report, World Bank, 1997.
Recuperado em http://www.worldbank.org , acesso em 05 de Março de 2023 e Francis Fukuyama, op. cit..
15
Sobre esta temática, vide The State in a Changing World, World Development Report, World Bank, 1997.
Recuperado em http://www.worldbank.org , acesso em 05 de Março de 2023 e Francis Fukuyama, op. cit..

14
3. Compromisso entre o exercício da autoridade e a adoção de processos interpessoais e
interorganizacionais;
4. Informação;
5. Performance;
6. Transparência;
7. Investimento no capital humano;
8. participação popular mediante a adoção, por parte da administração, de estratégias e
táticas inovadoras;
9. Responsabilidade dos parceiros não-governamentais perante os cidadãos (na
prestação de serviços públicos);
10. Adaptação da constituição à nova realidade.

Todos estes elementos do processo de governança de uma organização podem ser analisados no
sentido de se perceber se os mesmos refletem, concretizam ou promovem de forma adequada os
valores de uma boa governação. E esses não têm que ser os mesmos nas organizações privadas e
públicas. Os valores da boa governação da Administração Pública têm, nos seus fundamentos,
uma “ideologia” e baseia-se numa pré-compreensão sobre o próprio Estado Administrativo.

No âmbito da governança na gestão pública responsável emana também um pressuposto


essencial que consiste na necessidade de prestação de contas sob os moldes da administração
transparente dos recursos públicos.

4.Conclusão
Feita a distinção entre governabilidade e governança, fica claro quegovernança não é o mesmo
que governo. O governo sugere actividades sustentadas por uma autoridade formal, pelo poder
de polícia que garante a implementação das políticas devidamente instituídas, enquanto

15
governança refere-se a actividades apoiadas em objectivos comuns, que podem ou não derivar de
responsabilidades legais e formalmente prescritas e não dependem, necessariamente, do poder de
polícia para que sejam aceitas e vençam resistências”. Vale notar ainda que a governança é um
conceito suficientemente amplo para conter dentro de si a dimensão governamental. Governança
é um fenômeno mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica
também mecanismos informais, de carácter não-governamental, que fazem com que as pessoas e
as organizações dentro da sua área de actuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam
suas necessidades e respondam às suas demandas.

A governança não é acção isolada da sociedade civil buscando maiores espaços de participação e
influência. Ao contrário, o conceito compreende a acção conjunta de Estado e sociedade na
busca de soluções e resultados para problemas comuns. Mas é inegável que o surgimento dos
atores não-estatais é central para o desenvolvimento da idéia e da prática da governança.

A governança só pode ser qualificada como boa se for garantida a responsabilidade das
autoridades públicas perante os cidadãos, a qual, para além de pressupor o respeito por critérios
técnicos de boa gestão, de ordem económico-financeira, é indissociável do respeito pelos
princípios da justiça, da imparcialidade, da boa-fé, da igualdade e da proporcionalidade, assim
como também os interesses dos cidadãos. Sendo assim, a boa governança compreende os
mecanismos, os processos e as instituições, segundo as quais os cidadãos e grupos articulam os
seus interesses, exercem os seus direitos, cumprem as suas obrigações e medeiam as suas
diferenças.

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5.Referências bibliográficas
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Construção de uma Nova Ordem no Brasil dos Anos 90”. In: DADOS – Revista de
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Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídico-Administrativas. Faculdade de Direito-
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