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- Immanuel Kant, Crítica da razão pura [1787]

“...A liberdade em sentido prático é a independência do arbítrio em relação à


necessitação pelos impulsos da sensibilidade. Pois um arbítrio é sensível na medida em
que é patologicamente afetado (por meio de causas motrizes da sensibilidade); ele se
denomina animal (arbitrium brutum) quando pode ser necessitado patologicamente.
Embora seja um arbitrium sensitivum, o arbítrio humano não é brutum, mas sim
liberum, já que a sensibilidade não lhe torna necessária uma ação, e nele reside uma
faculdade de determinar-se por si mesmo, independentemente da necessitação por
impulsos sensíveis.” (B562)

- Immanuel Kant. Metafísica dos costumes [1797]


“O arbítrio que pode ser determinado pela razão pura se chama livre-arbítrio. O que só é
determinável pela inclinação (impulso sensível, stimulus) seria arbítrio animal
(arbitrium brutum). O arbítrio humano, pelo contrário, é um arbítrio tal que é
certamente afetado, mas não determinado, pelos impulsos, e não é, pois, puro por si
mesmo (sem uma prática adquirida da razão), ainda que possa ser determinado às ações
por uma vontade pura. A liberdade do arbítrio é aquela independência de sua
determinação pelos impulsos sensíveis...” (INTRO, p. 23)

“Com os ensinamentos da moralidade, porém, a situação é outra. Eles ordenam a cada


um sem levar em consideração suas inclinações; apenas porque, e na medida em que,
ele é livre e tem razão prática. O aprendizado de suas leis não é extraído da observação
de si mesmo e da animalidade nele presente, nem da percepção do curso do mundo, do
que ocorre ou de como se age (ainda que a palavra alemã costumes signifique, como a
latina
mores, apenas maneiras e formas de vida), mas a razão ordena como se deve agir,
mesmo que não fosse encontrado nenhum exemplo disso, e também não leva em conta a
vantagem que disso poderia resultar para nós e que somente a experiência poderia
ensinar.” (INTRO, p. 26)

- Immanuel Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes [1785]


“A vontade é uma espécie de causalidade dos seres vivos, enquanto racionais, e
liberdade seria a propriedade desta causalidade, pela qual ela pode ser eficiente,
independentemente de causas estranhas que a determinem; assim como necessidade
natural é a propriedade da causalidade de todos os seres irracionais de serem
determinados à actividade pela influência de causas estranhas. (p. 93)

“(...) a liberdade, se bem que não seja uma propriedade da vontade segundo leis
naturais, não é por isso desprovida de lei, mas tem antes de ser uma causalidade
segundo leis imutáveis, ainda que de uma espécie particular; pois de outro modo uma
vontade livre seria um absurdo. A necessidade natural era uma heteronomia das causas
eficientes; pois todo o efeito era só possível segundo a lei de que alguma outra coisa
determinasse à causalidade a causa eficiente; que outra coisa pode ser, pois, a liberdade
da vontade senão autonomia, i. é a propriedade da vontade de ser lei para si mesma?
Mas a proposição: «A vontade é, em todas as acções, uma lei para si mesma»,
caracteriza apenas o princípio de não agir segundo nenhuma outra máxima que não seja
aquela que possa ter-se a si mesma por objecto como lei universal. Isto, porém, é
precisamente a fórmula do imperativo categórico e o princípio da moralidade; assim,
pois, vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a mesma coisa.”
(Edições 70, 2007. p. 94).

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