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A aplicação do ensino de Química pode ser, por vezes, difícil de ser

compreendido em sala de aula quando educadores fazem apenas o uso de fórmulas


e explicações vagas sem definir uma usabilidade no cotidiano ou mesmo
relacionando com a vivência anterior do aluno, com o uso exagerado de definições e
um grande número de repetições de exercícios o que torna a prática um rotina
massante e mecânica.
Contudo essa metodologia de ensino não fornece ao aluno ferramentas para
desenvolver um pensamento crítico, fornecendo meios pelos quais venha a
florescer um pensamento Químico e o desenvolvimento de habilidades científicas,
tornando escassa a evolução de habilidades cognitivas.
O homem moderno expande suas habilidades cognitivas usando sistemas de
símbolos externos, representações e ferramentas, na época em que vivemos,
experimentamos a evolução em nossas próprias mãos, fornecendo dispositivos
externos, artefatos cognitivos para expandir nossas habilidades além do que nossa
herança biológica torna possível.
Segundo (Suart e Marcondes, 2009), investir na proposição de metodologias
e estratégias de ensino capazes de proporcionar o desenvolvimento cognitivo do
aluno como a experimentação, pode contribuir para que esse objetivo se concretize.
Com essa perspectiva, uma estrutura atuante de ensino onde o discente
apropria-se de posição de relevância, despertando o interesse pela descoberta
como é a experimentação investigativa, fornecendo aos alunos situações
provocadoras nas quais os mesmo devem reunir suas capacidades, encorajando
assim a promoção e ascensão de habilidades cognitivas, segundo Domin (1999) o
conhecimento não pode ser transferido de uma pessoa para outra, deve ser
ativamente construído pelo aprendiz por meio de interações.
Práticas que foram idealizadas favorecendo a atuação do aluno, colaboram
para o progresso de habilidades cognitivas. Para Sternberg, 2010 (pg 484)
inteligência é a capacidade para aprender com a experiência, usando os processos
cognitivos para incrementar a aprendizagem.
De acordo com os argumentos de Sternberg, somos capazes de concluir que
a cognição está diretamente conectada com a solução de problemas propostos,
onde a estimulação de competências elevadas resultam no que poderíamos chamar
de aprendizagem.
Porém cada aluno tende a ter uma maneira diferente de resolução para uma
situação problema proposta, enquanto um indivíduo carece de um modelo para
realizar uma conexão e chegar a resolução, outro aluno poderá se utilizar de uma
compreensão lógica. Dessa forma podemos definir diferentes exigências cognitivas
expostas pelos alunos para chegar a resolução, conforme Zoller (1993) as
habilidades cognitivas podem ser divididas entre; atividades cognitivas de baixa
ordem e atividades cognitivas de alta ordem.
Conforme Zoller, as atividades cognitivas de baixa ordem podem ser
caracterizadas como: saber, relembrar uma explicação ou/e colocar entendimento
em prática, de ocorrências e atividades já realizadas. Desta forma o aluno necessita
compreender conceitos, analisar de forma distinta diferentes exigências, e mesmo
situações mais elementares como memorizar. Isso pode acontecer por exemplo
quando um aluno utiliza-se de fórmulas para realizar uma questão de Química,
mesmo sem entender o conceito do resultado que encontra.
Já as habilidades cognitivas de alta ordem, podem ser definidas como a
capacidade para solução de atividades, tomada de decisões e desenvolvimento
avaliativo e criativo. O pensamento crítico inclui os processos mentais, estratégias e
representações que as pessoas usam para resolver problemas, e aprender novos
conceitos, poderíamos exemplificar como sendo a prática de Química em laboratório
onde o discente participa de forma ativa na elaboração da prática, deixando assim
de ser um agente passivo, abrir-se um campo para discussões, análises,
explanações e a troca de ideias e a comparação de resultados.
Conforme Carvalho e Gil-Pérez (2006 pg 54) faz-se necessário o docente
apresentar atividades aos alunos de forma que propicie uma aprendizagem efetiva,
abordando conceitos que incentivam o desenvolvimento destas habilidades.

Numa sala de aula, o professor tem um papel crucial em


prover oportunidades e garantir suporte para que os
alunos possam desenvolver habilidades de pensamento
de mais alta ordem. Assim, as situações propostas e as
questões apresentadas para explorar dados e
informações, que podem auxiliar na construção de
respostas a tais situações, vão direcionar o aluno na
mobilização de certas habilidades de pensamento.

(SOUZA et al. pag. 3)


O desenvolvimento das habilidades cognitivas de alto nível dos alunos no
contexto da química e das complexas relações entre ciência, tecnologia, meio
ambiente e sociedade, é amplamente aceito como um dos objetivos mais
importantes da educação química.
David Ausubel, apresentou na década de 60 do século passado a teoria da
aprendizagem significativa, na qual ressalta a aprendizagem de significados
(conceitos) sendo a mais expressiva para as pessoas. A aprendizagem significativa
é o oposto da aprendizagem tradicional e relaciona-se a uma ferramenta de
aprendizagem na qual novos conhecimentos a serem adquiridos estão vinculados a
conhecimentos prévios (Ausubel, 2000).

O fator mais importante que influencia a aprendizagem é


o que o aluno já sabe. Descubra o que ele já sabe e
ensine-o a fazer ”

(Ausubel, 1968).

Ausubel acreditava que a assimilação de novos conhecimentos se forma com


base no que já sabemos. A construção do conhecimento começa com nossa
observação e reconhecimento de eventos e objetos por meio dos conceitos que já
temos. Aprendemos criando uma rede de conceitos e adicionando outros a ela.
Enfatizando a importância da aprendizagem pela aceitação, em vez da descoberta,
e a importância da aprendizagem significativa em vez da aprendizagem mecânica.
A teoria de Ausubel se concentra na aprendizagem significativa. De acordo
com sua teoria, para aprender de forma significativa, as pessoas devem relacionar
novos conhecimentos com os conceitos correspondentes que já conhecem.
O novo conhecimento deve interagir com a estrutura de conhecimento da
pessoa que está aprendendo.
Já a memória mecânica é usada para memorizar sequências de objetos,
como números de telefone. No entanto, não ajudam quem os memoriza no que se
refere à compreensão das relações entre os objetos, uma vez que conceitos
aprendidos por meio da memória mecânica não podem ser vinculados a
conhecimentos prévios.
Na verdade, não há nada na estrutura cognitiva existente de uma pessoa com
a qual ela possa conectar novas informações para formar significado. Portanto, ele
só pode ser aprendido mecanicamente.
A aprendizagem significativa adere ao conhecimento prévio e se torna a base
para a aprendizagem de informações adicionais. O aprendizado mecânico não dura
porque não tem essas conexões significativas. Por causa disso, ele rapidamente
desaparece da memória.
Com as aulas sendo ministradas de forma remota, arriscar-se-á ter um
aumento do aprendizado mecânico. A pandemia do Covid19, trouxe um novo
cenário para educação brasileira, com o parecer Nº 5/2020 de 28/04/2020 do CNE
(Conselho Nacional de Educação) que é um órgão ligado ao Ministério da Educação,
autorizando as escolas a cumprirem o mínimo de horas que são exigidas por lei,
diversos estados brasileiros autorizaram que o aprendizado de forma remota seria
contado como carga horária do ano letivo.
Escolas públicas e privadas estão se transformando em pólos de produção de
conteúdo, seja ele em tempo real ou gravado, onde professores esforçam-se para
que seja o mais próximo possível ao ritmo das aulas presenciais, para que os alunos
mantenham uma cadência como se estivessem em sala de aula.
As aulas remotas oferecem a possibilidade da continuação da escolarização
porém por meio de artifícios tecnológicos.
As aulas de forma remota no Brasil não é uma novidade, o Telecurso que foi
lançado em 1978, tem a finalidade de levar aos jovens e adultos, educação básica
por meio de aulas que eram ministradas via programas previamente gravados que
então seriam exibidos pela rede Globo de Televisão, o Telecurso era uma iniciativa
da Fundação Roberto Marinho em conjunto com a Fiesp ( Federação das Industrial
do Estado de São Paulo).
Vale ressaltar que mesmo não sendo uma novidade as aulas remotas,
professores e alunos tiveram uma mudança abrupta na forma clássica de ensinar e
aprender. Podemos notar inconvenientes por parte dos professores na condução
desse novo formato de ensinar, por meio da tecnologia por carência de qualificação
e conhecimento das plataformas usadas (ROSA, 2020).
Conforme Goldbach e Macedo (2007)(PG9) é ressaltada a importância de
cursos de atualização de professores para trabalhar de forma coesa com as novas
tecnologias, caso isso fosse uma constante, os docentes passariam por esse
período de forma bem mais estruturada, podemos observar um caminho sem volta
onde a nova tendência seja aulas híbridas e professores, principalmente da rede
pública, necessitando aptidão para trabalhar as novas estratégias de ensino.
Subitamente professores estão preparando aulas e as caracterizando para
esta nova realidade de ensino remoto e na maioria das ocasiões e em grande parte
do tempo ministrando-as de suas casas.
Podemos perceber essencialmente na rede pública, onde os alunos tendem a
ter uma renda familiar menor, uma dificuldade em acompanhar as aulas remotas,
seja por falta de acesso a internet, inexistência de espaço adequado em casa para o
estudo e até mesmo a violência doméstica, segundo reportagem publicada no site
da CNN Brasil, houve um aumento de 44% da violência doméstica no período da
pandemia.

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/05/06/ocorrencias-de-violencia-do
mestica-sobem-44-6-em-sp-durante-quarentena

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