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Assume-se que o objecto de uma teoria semântica é constituído por palavras e frases
e o objectivo é a explicação do significado linguístico, ou seja da relação (R) entre as
palavras e frases e o que com elas se quer dizer, ou seja, o seu conteúdo.
A Teoria das Descrições Definidas (TDD) toma como objecto frases que contêm
termos descritivos - do tipo o F é G - e apresenta a seguinte resposta a esta pergunta:
A exposição:
Passo 1
De como Russel recorre à distinção entre referência e denotação para explicar aquela
distinção funcional entre nomes e descrições definidas;
Passo 2
De como Russel recorre a uma assimilação dos nomes em uso corrente - distintos de
nomes genuínos ou logicamente próprios - a descrições pela alegação de que se trata de
descrições disfarçadas.
Passo 3
De como Russel explica o comportamento de termos predicativos enquanto termos
quantificacionais.
Passo 4
De como os passos 1, 2 e 3 contribuem decisivamente para que a resposta de Russel
à questão inicial:
a) Permita explicar como é fixada a referência de um nome, ou seja, como um nome
designa um objecto - satisfação da descrição / conteúdo conceptual;
b) Permita explicar o conteúdo cognitivo de frases onde o nome ocorre - descrição /
conteúdo conceptual;
c) Permita explicar a compreensão do nome por alguém que o usa ou o vê usado em
contextos de comunicação via linguagem - conhecimento identificador.
d) Permita abordar de forma esclarecedora puzzles relacionados com:
1) Aparente trivialidade de identidades do tipo 'a=b'
2) Aparentes violações da lei de Leibniz da indescernibilidade de idênticos
3) Aparentes contra-exemplos à lei do terceiro excluído;
4) Aparência de autocontradição em declarações de inexistência.
Passo 1
De como Russel recorre à distinção entre referência e denotação para explicar aquela
distinção funcional entre nomes e descrições definidas.
Passo 2
De como Russel recorre a uma assimilação dos nomes em uso corrente - distintos de
nomes genuínos ou logicamente próprios - a descrições pela alegação de que se trata de
descrições disfarçadas.
Passo 3
De como Russel explica o comportamento de termos denotativos/predicativos
enquanto termos quantificacionais.
Passo 4
De como os passos 1, 2 e 3 contribuem decisivamente para que a resposta de Russel
à questão inicial:
a) Permita explicar como é fixada a referência de um nome, ou seja, como um nome
designa um objecto - satisfação da descrição / conteúdo conceptual;
Vimos que quanto a isto a solução é a denotação como identificação de um objecto
via satisfação de predicados.
b) Permita explicar o conteúdo cognitivo de frases onde o nome ocorre - descrição /
conteúdo conceptual;
O conteúdo cognitivo de frases onde um nome ocorre consiste na compreensão dos
predicados contidos na descrição associada ao nome.
c) Permita explicar a compreensão do nome por alguém que o usa ou o vê usado em
contextos de comunicação via linguagem - conhecimento identificador.
Podemos agora dizer que alguém conhece um objecto denotado por um nome na
medida em que pode constatar que esse objecto satisfaz as condições impostas pela
descrição associada ao nome, a qual se constitui como conteúdo cognitivo.
Frases que contêm expressões denotativas expressam proposições cuja forma lógica
nos mostra que se trata de símbolos incompletos. Os puzzles deixam-se resolver ao
mesmo tempo que explicamos como atribuímos significado a esses símbolos.
Assim,
1) Se tomarmos uma predicação como uma frase geral do tipo
a) Para qualquer x, se x é um planeta, então x tem massa (universal)
b) Existe pelo menos um x tal que x é um planeta e x tem massa (existencial)
e assumirmos que nos seguintes casos
i) Scott é o autor de Waverley
ii) O Rei de França é calvo
iii) A diferença entre a e b não existe
temos frases com a forma lógica de frases universais ou existenciais como as que
usámos para exemplificar o que se passa numa predicação, então estamos na presença
de termos quantificacionais.
i) O puzzle é meramente aparente já que não é agora o caso que 'o autor de Waverley'
seja um nome e que, pelo princípio da indiscernibilidade de idênticos, pudéssemos
concluir que George IV estaria tão interessado em saber se Scott é o autor de Waverley
como em saber se Scott é Scott. A expressão 'o autor de Waverley' é tomada agora como
um termo quantificacional cujo significado é independente de objectos.
ii) O puzzle é meramente aparente já que não é agora o caso que 'o Rei de França'
seja um nome podendo a frase ser verdadeira ou falsa conforme as condições
a) Existe x
b) x é P
c) só x é P
sejam ou não satisfeitas. Uma vez que a condição a) não é preenchida pela frase 'O Rei
de França é calvo' nem pela frase 'O Rei de França não é calvo', estas são ambas falsas
sem que isso constitua uma violação do princípio do terceiro excluído.
iii) O puzzle é meramente aparente já que não é agora o caso que 'a diferença entre a
e b' seja um nome. Tomemos Dx como uma predicação: x é a diferença entre a e b.
Podemos agora dizer a frase, sem alterar o seu significado, do seguinte modo:
Não existe x tal que x é a diferença entre a e b e, para qualquer y, se y é a diferença
entre a e b, então y é igual a x.
ou
Não existe algo que satisfaça a condição de ser a diferença entre a e b.
Deste modo não há compromisso com a existência de algo que tenha o predicado de
não existir.