Você está na página 1de 151

Antibioticoterapia

Dr. Álvaro Furtado Costa


Curso de
Antibioticoterapia
Álvaro Furtado Costa
Infectologista (FMUSP-Hospital das Clínicas)
Medico assistente da DMIP do HC-FMUSP
Preceptor da Graduação em MI-HC-FMUSP 2007-8
Ambulatório DST/AIDS- Prefeitura de São Paulo
Médico Plantonista do IIER
Aula 1

- Introdução e microbiologia clínica;


- Conceitos gerais em antibioticoterapia;
- β-lactâmicos : Penicilinas
Penicillium notatum
Alexander Fleming

Fungo Penicillium notatum inibiu o crescimento de


estafilococos
(em 1928 no St Mary’s Hospital, Londres)

Isolamento de substância que chamou de penicilina

Brit J Exp Pathol 10:226, 1929


Alexander Fleming - Penicilina

Nunca usou a penicilina como droga terapêutica

Abraham, Chain e Florey, em Oxford a usaram como


tratamento
Lancet 2 (1940): 226 e Lancet 2 (1941): 177

Fleming convenceu o governo Britânico a produzir em


larga escala para a II Guerra Mundial
Produção em massa da penicilina nos anos 40
Ernst B. Chain Sir Howard W. Florey
(Prêmio Nobel em 1945)
Sir Alexander Fleming (Prêmio Nobel em 1945)
Resistência à Penicilina

1941: Penicilina

1942: Relatos de cepas de estafilo resistentes

Mecanismo: produção de enzimas


(penicilinase)
Cepas de S. aureus resistentes à penicilina em
hospitais e na comunidade

CDC, 2001
Série Histórica
Introdução de Novas Classes de Atb

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

Glicopeptídeos
Oxazolidinonas
1958
2000
Macrolídeos
1952

Aminoglicosídeos
1950

Cloranfenicol
1949

Tetraciclinas Streptograminas
1948 1962

ß-lactâmicos Quinolonas
1940 1962

Sulfonamidas
1938 Moellering RC. Amer J Med, 1995
Os Tempos Mudam

"The Time has come to close the book on


Infectious disease. We have basically wiped
Out infection in the United States"
(1967)

"The war against infectious diseases has been


Won..."
(1969)

William H. Stewart, MD
US Surgeon General 1965-69
Nos anos 90 a situação muda radicalmente:
Fim da era antibiótico?
Perfil de um antimicrobiano ideal....

Sintético
Espectro de atividade contra bactérias resistentes
Difícil de induzir resistência
Ativo por via oral
Perfil farmacocinético favorável
Perfil de segurança bom
Benefício farmacoeconômico
Microbiologia clínica
A Parede das Bactérias

Recordando...

A parede da bactéria é responsável pela forma da


bactéria e pela proteção contra forças osmóticas
Identificação Fenotípica de Bactérias
Coloração de Gram

Gram-positivas Gram-negativas
Coloração de Gram
Gram-positivos aeróbicos

Cocos Bacilos
Staphylococcus
Streptococcus Listeria
Enterococcus Nocardia
Bacillus
Corynebacterium diphtheriae
Cocos Gram-positivos
Streptococcus ou Staphylococcus
Cocos Gram-positivos

Streptococcus spp.

Microscopia eletrônica de varredura


cocos em cadeias
Cocos Gram-positivos
Staphylococcus spp.

em cachos
Testes da Catalase

Testes bioquímicos:

catalase
coagulase

Dependência de 02
para metabolismo:
•Aeróbio
•Anaeróbio
Gram-positivos -
Métodos Fenotípicos Baseados na Estrutura
Antigênica
Streptococcus

S. pyogenes (Grupo A, β hemolítico)

S. agalactiae (Grupo B, β-hemolítico)

S. pneumoniae pneumococo, grupo H

S. viridans é um grupo de espécies

S. bovis (Grupo D não enterococo)

Métodos genotípicos = moleculares:


PCR, eletroforese gel pulsed-field - pesquisa o DNA da
bactéria caracteriza a cepa ou define nova espécie
Staphylococcus - Teste da Coagulase

A = negativo
B = positivo

S. epidermidis e outros COaNS

S. aureus
S. epidermidis e outros CoaNS

Biofilmes = associações de
microrganismos e de seus produtos
extracelulares, que se encontram
aderidos a superfícies bióticas ou
abióticas

• Coagulase negativo
• Propriedade de formar
BIOFILME
• Infecção de cateter
• Menor virulência
• Neonatos - gravidade
• Capacidade de adesão
• Dispositivos médicos implantáveis
Gram-positivos aeróbicos

• Enterococo Bacilos
E. faecalis
E. faecium Listeria
Nocardia
Gram-positivos anaeróbicos

Cocos Bacilos

Peptococcus Clostridium sp.


Peptostreptococcus (formadores de esporos)

Fusobacterium
Actinomyces sp.
(não-formadores de esporos)
Faringite

Streptococcus pyogenes
Abscesso periamigdaliano S. pyogenes
Erisipela/celulite
S. pyogenes
Erisipela
S. pyogenes
Endocardite por S. viridans

Não são β hemolíticos

S. sanguis
S. mitis
S. salivarius
S. mutans

Flora da cavidade oral


UFF – RJ – Clínica Médica - 2012

Paciente masculino, 12 anos, é atendido em Serviço de


Emergência devido a febre e astenia há 24 horas. Ao exame
físico, apresenta temperatura axilar de 39ºC, taquicardia
(frequência cardíaca: 124 bpm), sopro sistólico (4+/6+) em foco
mitral. Durante a anamnese, mãe relata que “ele sempre tem
furúnculos”, tendo o último episódio ocorrido há cerca de dez dias.
Considerando a história epidemiológica e os dados clínicos
relatados, a hipótese diagnóstica principal é:

a) pneumonia por Streptococcus pneumoniae


b) endocardite infecciosa por Streptococcus viridans
c) endocardite infecciosa aguda por Staphylococcus aureus
d) sepse por Escherichia coli
e) sepse por Streptococcus pneumoniae
TU intestinal
Endocardite

S. bovis – microbiota do intestino


SUS SP 2013

As endocardites infecciosas em usuários


de drogas ilícitas endovenosas são
causadas principalmente por:

a) Streptococcus pyogenes
b) bactérias do grupo HACEK
c) fungos
d) Staphylococcus aureus
e) Staphylococcus epidermidis
Pneumonia pneumocóccica
Celulite Periorbitária por S.aureus
Celulite periorbitária por S.aureus
Abscesso cerebral
por S.aureus
Pneumonia Grave por S. aureus

Pneumatocele
Pneumonia Grave por S. aureus
Osteomielite

Artrite séptica
CREMESP 2013

Nas meningites bacterianas o início rápido do


tratamento é crucial para o seu sucesso.
Os pacientes acima de 50 anos e aqueles com
imunidade celular prejudicada estão sob risco
aumentado de infecção por Listeria
monocytogenes. Assim, ao regime antibiótico
empírico deve-se acrescentar:

a) ampicilina
b) vancomicina
c) uma cefalosporina de 3a geração
d) cloranfenicol
e) ciprofloxacina
Gram-negativos aeróbicos

Cocos Bacilos
Moraxella catarrhalis Fermentadores da glicose:
Neisseria gonorrhoeae Enterobacterias:
E. coli, Klebsiella,
Neisseria meningitidis
Citrobacter, Enterobacter,
Haemophilus influenzae Serratia, Proteus
Salmonella, Shigella e etc

Não fermentadores:
Acinetobacter
Pseudomonas
Burkholderia cepacia
Stenotrophomonas maltophila
PUC - RS 2013

Mulher, 48 anos, refere importante dor


lombar, disúria e febre há 24 horas. Ao exame
físico, está febril, levemente desidratada, PPL
resulta em dor E. Frente a esta situação
clínica, qual é o tipo de germe mais provável?

a) Escherichia coli
b) Proteus mirabilis
c) Streptococcus faecalis
d) Pseudomonas aeruginosa
e) Bacteroides fragilis
Haemophilus influenzae
Moraxella catarrhalis
SUS SP 2013

Considerando infecções de comunidade


causadas por estafilococos a MENOS
provável de ser causada por esses agentes
é:

a) endocardite bacteriana
b) meningite
c) artrite séptica
d) osteomielite
e) piomiosite
UFF - RJ R3 2012

A infecção urinária (ITU) é causa comum de atendimento em


ambulatórios e serviços de emergência. As mulheres são
especialmente susceptíveis a essa infecção, sendo comuns os
episódios de ITU de repetição nessa população. O conhecimento
do perfil microbiológico dessas infecções é fundamental para o
atendimento adequado das pacientes. O patógeno mais
frequentemente envolvido nos episódios de ITU adquiridos na
comunidade é:

a) Candida albicans
b) Klebsiella pneumoniae
c) Enterococcus faecalis
d) Proteus mirabilis
e) Escherichia coli
Anaeróbios

“Acima do diafragma” “Abaixo do diafragma”

Gram-positivos
Clostridium perfringens
Clostridium difficile
Peptococcus
Peptostreptococcus Gram-negativo
Fusobacterium Bacteroides fragilis
Actinomyces
Outras Bactérias

Bactérias “atípicas” não tratar com betalactâmico

» Mycoplasma pneumoniae ou hominis não tem parede


» Chlamydia pneumoniae ou trachomatis
» Legionella pneumophila não tem peptídeoglucano

Espiroquetas
» Treponema pallidum (sífilis)
» Borrelia burgdorferi (doença de Lyme)
» Leptospira
SUS - SP 2013
Um menino com 11 anos de idade está com
quadro de pneumonia, com história de febre
há 2 dias, que foi precedido por mal estar e
fraqueza. O irmão de 9 anos apresenta
quadro de tosse e fraqueza há 1 semana. O
médico explica aos pais que irá prescrever
antibioticoterapia com macrolídeo porque
suspeita que o agente etiológico seja:

a) Streptococcus pneumoniae tolerante


b) Chlamydophila (Chlamydia) pneumoniae
c) Mycoplasma pneumoniae
d) Chamydia trachomatis
e) Streptococcus pneumoniae
Bactérias por Sítio de Infecção
Boca Pele e partes moles Ossos e articulações
Peptococcus S. aureus S. aureus
Peptostreptococcus S. pyogenes S. epidermidis
Actinomyces S. epidemidis Streptococcus
Streptoccus viridans Pasteurella - cão N. gonorrhoeae
Trato urinário Trato respiratório
Abdome
superior
E. coli, Proteus E. coli, Proteus S. pneumoniae
Klebsiella Klebsiella H. influenzae
Enterococcus Enterococcus M. catarrhalis
Bacteroides sp. Staph saprophyticus S. pyogenes
Trato respiratório Trato respiratório Meningite
inferior (comunitária) (hospitalar)
S. pneumoniae K. pneumoniae S. pneumoniae
H. influenzae Enterobacter sp. N. meningitidis
K. pneumoniae outras enterobactérias H. influenzae
Legionella pneumophila Pseudomonas sp. S. agalactiae
Mycoplasma, S. aureus E. coli
Chlamydia Listeria
Manifestações cutâneas
da meningococcemia
CREMESP 2013

Para início de tratamento com antibióticos, em


paciente com febre e dor na nuca com suspeita de
meningite, é necessário:

a) confirmação laboratorial por isolamento do agente


etiológico.
b) coletar amostra de líquido cefalorraquidiano para tipagem
molecular do agente etiológico.
c)amostra de líquido cefalorraquidiano com pleocitose e
dosagem de glicose e proteína normais.
d) amostra de líquido cefalorraquidiano com pleocitose e
glicose alterada.
e) exame físico normal e hemograma alterado
Uretrite gonocóccica
SESC-SC – Clínica Médica - 2012

Os agentes etiológicos da uretrite em homens


são, EXCETO:

a) Neisseria gonorrhoeae
b) Clamidia trachomatis
c) Ureaplasma urealyticum
d) Mycoplama genitalium
e) Tricomonas vaginalis
Cervicite gonocóccica
Neisseria gonorrhoeae
diplococo intracelular Gram-negativo
INCA - RJ 2013

Em adultos jovens, a artrite infecciosa é


causada principalmente por:

a) Estafilococos aureus e Neisseria gonorrhoeae


b) Estreptococos β-hemolítico e Haemophylus influenzae
c) Treponema pallidum e Candida albicans
d) Pseudomonas aeruginosa e Estreptococos pneumoniae
Clostridium tetani
Clostridium perfringens

Gangrena
Clostridium difficile

Colite
pseudomembranosa
Clostridium botulinum
SUS-SP - Clínica Médica - 2012

São afecções que têm o gênero Clostridium


como agente. EXCETO

a) botulismo
b) gangrena gasosa
c) tétano
d) endocardite pelo complexo HACEK
e) colite pseudomembranosa
Antimicrobianos

São produtos capazes de destruir micro-organismos


ou de suprimir sua multiplicação ou crescimento. A
tendência atual é de denominar-se antimicrobianos
dois tipos de produtos:

Antibióticos são antimicrobianos produzidos por


micro-organismos (bactérias, fungos, actinomicetes)
como as penicilinas naturais ou sintetizados em
laboratório (semissintéticos ou sintéticos)
Classificação dos Antimicrobianos
Sítio de ação

Fluoroquinolones
Antibioticoterapia

É o tratamento de pacientes com sinais


e sintomas clínicos de infecção pela
administração de antimicrobianos.
Motivos Para Uso Racional

- Prevenção da flora bacteriana resistente;

- Possibilitar que medidas contra a infecção


hospitalar sejam tomadas;

- Diminuir o uso de antimicrobianos.


Antibiograma - Método de Disco-difusão
Teste de sensibilidade aos antibióticos
Antibiograma
Método de Kirby-Bauer ou Disco-Difusão
Agar Mueller-Hinton com espessura 4mm
- Crescimento bacteriano recente e espalha sobre a
superfície,coloca-se os disco com os antibióticos
padronizados e incuba
- Diâmetro do halo é aferido
- Interpretação S I R
- Resultado qualitativo
- Aplicável a qualquer laboratório
- Baixo custo
MIC

• MIC – Concentração inibitória mínima – menor


concentração do antimicrobiano capaz de inibir o
crescimento bacteriano in vitro.

Macrodiluição
Microdiluição
Etest
Automação (Vitec)
Testes in vitro de Susceptibilidade aos ATB

Concentração inibitória mínima (MIC)

A menor concentração do antibiótico que inibe o crescimento


acteriano vísivel. Coloca uma conc de bactérias fixa (106 ) e diferentes do antibiótico

Determinação do MIC

8 4 2 1 0
Antibiótico (g/mL)

MIC = 2 mg/mL
Terapia Antimicrobiana

- Existe realmente infecção


(doenças não infecciosas que cursam com febre)

- Identificar a localização/sítio do processo infeccioso

- Identificar o agente obter culturas antes do início da


antibioticoterapia técnica adequada na coleta rapidez
no processamento das amostras meios de cultura
adequados ao crescimento fornecimento de
informações ao laboratório
Terapia Antimicrobiana

- Diferenciar infecção de colonização

- Infecção hospitalar vs Infecção comunitária


epidemiologia local
(perfil de resistência da flora do hospital)

- Situação do paciente
(idade, comorbidades, uso prévio de antimicrobianos, presença de
cateteres, sonda vesical, drenos, próteses)
Aspectos Importantes na
Escolha de um Antimicrobiano....
- Interações medicamentosas
- Gestação (categorias de risco na gestação)
- Alergias e outras reações adversas

- Bactericida vs Bacteriostático
(infecções graves, SNC, imunodeprimidos)

- Oral vs Parenteral
(sempre preferir uso oral = alta precoce, risco de flebite)

- Amplo espectro vs Espectro reduzido


(seleção de cepas resistentes)
Antimicrobiano a ser Prescrito...

Farmacocinética e farmacodinâmica
(absorção, distribuição, metabolização, excreção e correções na IR, IH)
Mecanismo de ação
Dose, via de administração e biodisponibilidade
intervalos entre as doses meia-vida

Distribuição em tecidos
Interação com outros antimicrobianos
Espectro de atividade antimicrobiana
Nem toda Infecção Necessita
de Terapêutica Antibiótica

Não tratar:
-Abcessos de parede (drenar)

- Bacteriúrias assintomáticas
com exceção de grávidas, candidatos à prótese de quadril e antes de
imunodepressão (pulsoterapia e quimioterapia antileucêmica)

-Diarreias infecciosas, autolimitadas

- Flebites químicas
Avaliação do Efeito da Antibioticoterapia

Resposta clínica e laboratorial em 48 a 72 horas

- Curva febril
- Leucograma
- Desaparecimento ou melhora dos sinais e sintomas específicos
do sítio de infecção
- outros marcadores de atividade inflamatória como PCR, VHS,
Dímero D

Resultados de culturas: descalonar


Falhas clínicas na antibioticoterapia

- Erro no diagnóstico
- Falta de adesão
- Não controle do foco:
Complicações locais
(abscessos, coleções fechadas)
Necessidade de intervenção cirúrgica
Corpo estranho (próteses)

Resistência bacteriana
Antibióticos
β-lactâmicos
Antibióticos Betalactâmicos

Penicilinas

Cefalosporinas

Monobactâmicos

Carbapenens
Estrutura dos Betalactâmicos
Diferenças entre a Parede das Bactérias
Gram-positivas e Gram-negativas

Na parede das bactérias Gram-positivas, existe


uma grossa camada externa de peptideogicano

peptideoglicano = peptídeoglicanas
Mecanismo de Ação dos Antimicrobianos
Betalactâmicos

Atuam na parede da bactéria, através


da inibição da síntese de peptidoglicano
Mecanismo de Ação

PBPs (penicillin-binding proteins)

são proteínas onde se ligam os antibióticos


betalactâmicos, impedindo a formação da camada de
peptídeoglicano

Inibem, portanto, a síntese da parede celular


Mecanismos de Resistência aos Betalactâmicos

1. Alteração dos sítios de ligação (PBPs) Gram-positivas

2. Degradação da droga através da produção de


Betalactamases Gram-negativas

3. Alteração da permeabilidade da membrana externa


(Gram-negativas), mudança nos canais de porinas

4. Bombas de efluxo – colocam o antibiótico para fora da


bactéria
Antibióticos Betalactâmicos

Penicilinas

Cefalosporinas

Monobactâmicos

Carbapenens
Penicilinas
Classificação

Penicilinas naturais

Penicilinas semissintéticas

Aminopenicilinas

Penicilinas antiestafilocócicas

Penicilinas antipseudomonas
Classificação

Penicilinas naturais (Penicilina G cristalina, benzatina e procaina)

Penicilinas semissintéticas
1. Penicilina com ação antiestafilocócica (Oxacilina)

2. Aminopenicilinas (Ampicilina ou Amoxacilina)

Penicilinas com ação antipseudomonas (Piperacilina)


Penicilinas Naturais

Penicilina G cristalina

Penicilina G procaína

Penicilina G benzatina

Penicilina V
Reações Adversas às Penicilinas

- Reações alérgicas

farmacodermia
anafilaxia ou choque anafilático

- Nefrite intersticial
Diferenças Farmacocinéticas

VIA Duração no sangue Frequência


Penicilina
EV 4 horas 4/4 hs
Cristalina
Penicilina
IM 12 horas 12/12 hs
Procaína
dose única,
Penicilina
IM 21dias semanal,
Benzatina
mensal
Penicilina v VO 6 horas 6/6 hs
Penicilina G
Cristalina
Espectro
Estreptococos
Streptococcus pneumoniae Pneumococo
Streptococcus pyogenes
Streptococcus viridans

Enterococos
Enterococcus faecalis

Neisserias
Neisseria meningitidis Meningococo

Espiroquetas
Leptospira
Treponema

Anaeróbios gram-positivos
Uso Clínico

- Erisipela
- Meningite meningocóccica
- Pneumonias comunitárias Pneumocóccica
- Endocardite por S. viridans e Enterococo

- Sífilis terciária
- Leptospirose
- Tétano
Uso Clínico

E no tratamento de infecções causadas por:

Cocos Gram-positivos anaeróbios

como infecções de boca, abscesso cerebral,


abscessos cervicofaciais, abscesso pulmonar e
na actinomicose
Dose

- Sempre EV

- Sempre de 4/4 horas (6 aplicações diárias)

- Portanto, dose diária total sempre em múltiplos de 6

- É potássica

- Diferentes agentes, diferentes doses


Doses

Dose da penicilina cristalina


USO
(em unidades)
06 milhões Tétano e Leptospirose
12 milhões Estreptococos
18 milhões Anaeróbios
24 milhões Endocardite
30 milhões Meningites
Resistência do Pneumococo à Penicilina

No Brasil, a maioria das cepas são sensíveis à


penicilina

Há cepas de pneumococo com resistência intermediária e


mais raramente com alto grau de resistência

Ocorre por alteração de PBP


Resistência do Pneumococo à Penicilina

Em doenças potencialmente graves, prescrever


ceftriaxona

pneumonia comunitária grave meningite


purulenta sem agente isolado ou
meningite pneumocócica
Streptococcus pneumoniae
Resistência à Penicilina
Janeiro de 2008 novos MICs CLSI

Para não meningite


se no antibiograma for sensível à oxacilina é sensível à penicilina; se for I ou R só com
MIC

Se MIC < ou = a 2 mcg/ml SENSÍVEL prescrever 12


milhões

Se MIC = 4 mcg/ml
RELATIVAMENTE RESISTENTE prescrever
18 a 24 milhões

Se MIC > ou = a 8 RESISTENTE


não usar penicilina
Endocardite em Valva Nativa por
Streptococcus viridans

CLSI 2008

Penicilina cristalina se CIM <0,12

Se MIC entre 0,12 e 0,5 associar aminoglicosídeo


Penicilina G Procaína

Em desuso (IM, 12/12 horas)

Foi classicamente utilizada em pneumonia


comunitária pneumocócica e uretrite gonocócica

- gonococo se tornou resistente à penicilina


procaína
Penicilina G Benzatina

Nível sérico por 15 a 30 dias (21 d)

Tratamento de sífilis recente 2 400 000 UI


em dose única
• Primária
• Secundária
• Latente precoce

Tratamento de sífilis tardia 2 400 000 UI


uma vez por semana durante 3 semanas

Profilaxia em febre reumática


Penicilina V

Fenoximetil-penicilina

Absorção oral ruim


SES - SC – 2008

Assinale a alternativa correta quanto ao esquema de


tratamento preconizado pelo Programa Nacional de
DST/Aids para os casos de sífilis latente tardia ou
desconhecida.

a) Ceftriaxona 500 mg IM + penicilina benzatina 1.200.000 UI IM


em dose única
b) Penicilina benzatina 2 doses semanais de 2.400.000 UI IM
c) Penicilina benzatina 3 doses semanais de 2.400.000 UI IM
d) Penicilina cristalina 2 a 3 milhões de unidades IV de 4/4 h
e) Penicilina procaína 400.000 UI + penicilina benzatina 2.400.000
UI IM em dose única
UFPR – Clínica Médica - 2009

Para o tratamento da neurossífilis, está


indicado o uso de

a) penicilina benzatina 2.400.000UI dose única + Ceftriaxona 1g


IM, por 7 dias
b) penicilina benzatina 7.200.000ui, divididas em três tomadas
c) penicilina cristalina por 7 dias + duas aplicações de Penicilina
benzatina
d) penicilina G cristalina 24 milhões de unidades por dia, durante
21 dias
UNICAMP 2006

No tratamento do tétano o antibiótico de


escolha é:

a) tetracilina
b) gentamicina
c) penicilina
d) cefalosporina
e) n.d.a.
UFPR – Pediatria -2009

Lactente de 4 meses é hospitalizado com diagnóstico


de meningite pneumocócica. O pediatra assistente
prescreve cefalosporina de 3ª geração para
tratamento. Em dois dias recebe o resultado do
antibiograma, que revela Streptococcus pneumoniae
resistente à penicilina. A resistência do pneumococo à
penicilina tem como principal mecanismo responsável:

a) transferência de plasmídios
b) presença de bombas de efluxo
c) produção de betalactamases
d) alteração na unidade 16S dos ribossomas
e) alteração nas proteínas ligadoras de penicilina
Penicilinas
Semissintéticas
Penicilinas Semissintéticas

Aminopenicilinas

• Ampicilina
• Amoxicilina
Espectro

Estreptococos

Enterococos

Meningococo

Enterobacterias

-E. coli, Salmonella

Hemófilos

Listeria
Usos Clínicos mais Frequentes

Infecções do trato respiratório alto ou baixo


amigdalite, otite, sinusite, exacerbação de bronquite e
pneumonia

Meningites por Meningococo ou por Listeria

Endocardite por S. viridans ou E. faecalis

Infecção por enterococo em qualquer sítio


(em associação com aminoglicosídeo, por sinergismo)

ITU/grávida, GECA
Doses

Ampicilina

EV ou VO

Dose bem variável: 50 a 400 mg/kg/dia;

6/6 horas
Doses

Amoxicilina

Sempre VO

8/8 horas

Há uma formulação BD (875mg): 12/12 horas


Resistência

Resistência do Haemophilus influenzae à ampicilina


10% a 12% das cepas são produtoras de
betalactamases

-Não usar quando a infecção por Hemófilo for


potencial grave (meningite ou epiglotite):
usar cefalosporina de 3ª geração
Uso Clínico
Profilaxia de Infecção por Streptococcus do
grupo B (agalactiae) no RN
Fatores de risco:
RN anterior com infecção por Streptococcus
Bacteriúria por Strepto B na gravidez atual
Parto prematuro <37 semanas
Bolsa rota há mais de 18 hs

Colher cultura - swab vaginal para Streptococcus na 35-37


semana
Se for positiva = PROFILAXIA INTRA PARTO

Penicilina cristalina 5 milhões no início do trabalho de parto e 2,5


a cada 4 hs até o nascimento
Ampicilina 2 gr e 2 g a cada 6 hs até o nascimento
Clindamicina na alergia

Cesárea eletiva – não se indica profilaxia


Penicilinas com Ação
Antiestafilocócica
Penicilinas Antiestafilocócicas

São as penicilinas resistentes à penicilinase

• Meticilina

• Isoxazolil-penicilinas

Oxacilina
Espectro

Estafilococos

Diminui a atividade para os outros cocos


Gram-positivos
Uso Clínico Atual

Infecções Estafilocócicas

Adquiridas na Comunidade
Oxacilina

Dose

Sempre EV

150 a 200 mg/kg/dia


Resistência à Penicilina

1941: Penicilina

1942: Relatos de cepas de estafilo resistentes

Mecanismo de resistência:
produção de betalactamase (penicilinase)
Resistência

Os estafilococos produzem betalactamase


(penicilinase), codificada por plasmídeo, o
que os torna resistentes às penicilinas
naturais

A oxacilina é resistente à penicilinase

1959: isolamento do ácido 6-amino-penicilânico


Resistência

Estes estafilococos são chamados

de meticilinossensíveis (MSSA) ou

oxa sensíveis
Cepas de S. aureus resistentes à penicilina em
hospitais e na comunidade

CDC, 2001
Antimicrobiano vs. Mortalidade em PNM bacteriêmica
Mortality rates among patients with bacteremic pneumonia caused by
methicillin-susceptible Staphylococcus aureus.
Gonzales C, et al. Clin Infect Dis. 1999;29:1171-1177
MRSA

1961: relatos de resistência às penicilinas


semissintéticas

1962: primeira epidemia de MRSA

Mecanismo: produção de PBP 2a, gene mecA


Resistência

Estafilococos resistentes à meticilina (MRSA)


e à oxacilina (ORSA) o são por mutação
cromossômica e alteração de PBP

MRSA são frequentemente cepas


hospitalares

MSSA são frequentemente cepas


comunitárias
Resistência

ATB DE
MEC RESIST MEC RESIST RESISTENTE A
ESCOLHA

MSSA Betalactamase Plasmidial Penicilina Oxacilina

MRSA Alteração de PBP Cromossômica Oxacilina Vancomicina

Nos anos 80, devido a disseminação de cepas MRSA, o tratamento das infecções
hospitalares por MRSA passou a ser feito com vancomicina (PBP 2a deixou o S.
aureus resistente a todos os beta-lactâmicos)
Penicilinas com Ação
Antipseudomonas
Penicilinas Antipseudomonas

Carboxipenicilinas Ureidopenicilinas

Ticarcilina Piperacilina
Espectro da Ticarcilina e Piperacilina
(Penicilinas antipseudomonas)

Enterobactérias

Pseudomonas

Pneumonia hospitalar PAV

Febre em neutropênico

Infecções pulmonares na fibrose cística


Penicilinas Combinadas
com Inibidores de
Betalactamase
Inibidores de Betalactamase

Clavulanato
Sulbactam
Tazobactam

Possuem pouca atividade antibiótica direta;

Agem como substratos suicidas: grudam na enzima e a inativam;


Combinações Disponíveis

Amoxicilina + clavulanato Clavulin

Ampicilina + sulbactam Unasyn

Ticarcilina + clavulanato Timetin

Piperacilina + tazobactam Tazocin


Amoxicilina + Clavulanato – Espectro

S. pyogenes
H. inflluenzae
S. pneumoniae
MSSA
Anaeróbios Gram+ 500 mg 8/8h

-Não é ativo contra pneumococo com alto nível de resistência à penicilina


(o pneumoco é resistente por mudança no sítio de ligação de PBP e não
por betalactamase)

-Tem boa ação contra anaeróbios

-Não tem ação contra pseudomonas


e contra muitas enterobactérias que são produtoras de Betalactamases
que não são inativadas pelo clavulanato
(Citrobacter, Enterobacter, Serrátia, Proteus CESP)
Amoxicilina + Clavulanato – Uso clínico

Infecções do trato respiratório baixo ou alto

- amigdalite, otite, sinusite, exacerbação de


bronquite, pneumonia comunitária;

-Também causadas por hemófilos produtores


de betalactamases;

Infecções de partes moles (cobertura para S.aureus)

Mordedura de cão - Pasteurella multocida


Ampicilina + Sulbactam - Espectro

Tem o mesmo espectro que amoxicilina+ clavulanato;

Não tem atividade contra pseudomonas;


Formulação oral e endovenosa;
Oral- 375 mg
EV- 1,5g a 12 g –d(dose máxima) Frasco 1,5g(0,5 S/1,0A)

Mas tem contra outro bacilo Gram-negativo não fermentador –


Acinetobacter baumani;

Uso Clínico ( Unasyn)

Infecção hospitalar por acinetobacter multirresistente em alguns


hospitais pela atividade do sulbactan
Penicilinas Antipseudomonas
+Inibidores de Betalactamases

Ação contra:
- Cocos Gram+ MSSA;
-Anaeróbios G+ e -;
-Enterobacterias;
-Pseudomonas;
Penicilinas Antipseudomonas
+Inibidores de Betalactamases

Piperacilina + Tazobactam - Tazocin


-Infecções hospitalares;
-PAV;
-Grande queimados;

Dose – 4,5 g IV 6-6h/8-8h , correção para função renal

Você também pode gostar