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e-book Condomínio
Sumário
O direito dos donos dos animais domésticos num condomínio e os limites de validade da convenção ............. 4
Cláusula abusiva de aviso prévio à administradora de condomínio .................................................................... 8
Como exigir silêncio do condômino barulhento .................................................................................................. 9
Condômino não pode ser incluído em órgão de proteção ao crédito enquanto se discute o débito em juízo ..... 10
Como orçar o valor da taxa de administração condominial ................................................................................. 11
Quorum necessário para aprovação de instalação de elevador ............................................................................ 11
Assembleia virtual ................................................................................................................................................. 12
Contribuição condominial não paga: Acréscimos, multa; isenção de penalidades ............................................. 17
Despesa com cópia de “planta do prédio” é do condômino ................................................................................. 17
Unidade condominial pode ser utilizada por condômino profissional autônomo para atender a seus clientes? .... 18
Cobrança da taxa de boleto bancário pelos condomínios .................................................................................... 18
Fundo de reserva e fundo de melhoria: Quem são os contribuintes? .................................................................. 19
Alienação e locação de vagas a pessoas estranhas ao Condomínio ..................................................................... 20
Destituição do síndico - Quorum .......................................................................................................................... 22
Condomínios: Divulgação de inadimplentes ........................................................................................................ 25
Proibição ao porteiro de garagem acumular função de manobrista de veículos ................................................. 26
Vila de casas (conjunto habitacional) não é condomínio ..................................................................................... 27
Taxa extra: Cobrança – Responsabilidade do locador e do locatário .................................................................. 28
Associação de moradores – Contribuição só de associados ................................................................................ 29
Alteração de fachada em condomínios ................................................................................................................. 30
Condômino pode nomear procurador para representá-lo em AGO? ................................................................... 31
Ação de cobrança de quota condominial: Contra quem ajuizar a ação? ............................................................. 31
Condomínio não responde por fatos ocorridos nas áreas comuns ou no interior das unidades, exceto se
prevista a responsabilidade na convenção ....................................................................................................... 32
Abono Pontualidade em Cotas Condominiais ...................................................................................................... 33
Oferta de garagem em penhora para discutir execução não é aceita ................................................................... 35
Prescrição em 5 anos para cobrança de débito condominial, segundo o STJ ...................................................... 35
Sublocação de garagem em condomínio depende de previsão em contrato e na convenção condominial ........ 36
Vagas de garagem, podem variar de tamanhos? ................................................................................................... 36
Responsabilidade do proprietário do veículo estacionado na garagem pelos danos provocados no prédio ....... 37
Honorários de advogado devidos pelo condômino inadimplente. Quem pode cobrar, o condomínio ou o
advogado? ......................................................................................................................................................... 37
Edifícios também envelhecem .............................................................................................................................. 38
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ção e permanência do animal no condomínio, que não pode ser “julgado culpado” previamente.
LEI NÃO RETROAGE
Outra situação estranha consiste no condomínio aproveitar a rerratificação da convenção, que deve
ser atualizada diante das inovações do CC que entrou em vigor em 2003, para restringir o direito já
consagrado de alguns proprietários que possuem animais no apartamento há anos.
O simples fato de inserir na convenção que será proibido possuir um cão ou gato ou determinar que
cada apartamento poderá ter apenas um animal, não retira o direito já adquirido ou consagrado dos
proprietários que tenham animais em desacordo com a nova regra. A convenção ou a sua rerratificação é
aprovada por 2/3 dos condôminos, sendo obrigatório seu cumprimento pela coletividade, até por quem
votou contra. Entretanto, se determinada cláusula fere o direito adquirido ou o direito de propriedade,
ela não terá eficácia, podendo ser anulada com uma Ação Declaratória, pois o Direito no Brasil tem
como regra que nenhuma norma ou lei nova retroage. A exceção existe apenas no Direito Penal, onde a
lei retroage se a norma beneficiar o réu ou no Direito Processual que a nova tem aplicação imediata nos
atos ainda a serem praticados no processo.
A Lei visa proteger o sossego e a saúde, sendo que a convenção não pode se sobrepor ao interesse
individual de ter um “animalzinho” quando não há prejuízo comprovado.
GENERALIZAR É UM EQUÍVOCO
A situação não poderá ser analisada de forma generalizada. Caso um edifício possua 30 apartamen-
tos e 8 tenham animais, e se por acaso somente um animal causar transtornos, o proprietário deste não
poderá alegar perseguição se a administração promover uma ação para retirada do animal. Ao propor a
ação somente contra o proprietário do animal problemático não poderá este invocar o princípio da isonomia
e alegar que a ação deveria abranger todos os proprietários que têm animais, pois o que visa a ação é
restabelecer a harmonia e sossego no condomínio que será alcançada somente após a retirada do referido
animal.
Logicamente que ninguém defende uma postura antissocial, de um proprietário de animal que age de
maneira a colocar em risco a saúde das pessoas, ao levar seu cão para a calçada e não recolher os seus
dejetos, criando uma situação vergonhosa para a cidade, já que a cada passo podemos pisar numa “sur-
presa”. Há ainda aqueles que deixam seu cão danificar os jardins e plantas por onde passa, sendo que
seria viável multar quem tem esse comportamento. Mas por causa dessas exceções não podemos penali-
zar a grande maioria dos proprietários de animais que tem educação e respeito para com o próximo.
LEI DEVE SER INTERPRETADA COM BOM SENSO – SÍNDICO NÃO É XERIFE
Para entender melhor a limitação da convenção e da abusividade de um síndico, por exemplo, em
impedir uma família de se mudar para o prédio com seu animal, imaginemos a seguinte situação: Supo-
nhamos que exista cláusula da convenção do condomínio de apartamentos ou de casas, denominado
condomínio fechado, que estabeleça: “É permitido o proprietário, inquilino ou moradores possuírem e
manterem em sua moradia qualquer animal, de qualquer porte ou espécie”.
Diante disso, um proprietário compra três Pit Bulls que, ao verem uma pessoa, avançam e geram
grande temor, já que o dono adora assustar os vizinhos, pois se sente poderoso, e por isso, passeia com os
mesmos sem coleira e nem focinheira. Poucas seriam as pessoas corajosas de entrarem num elevador
junto com três cães da raça Rottweiler, apesar do vizinho ter o direito de levá-los para passear diariamen-
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Pergunta: Comprei um apartamento para minha filha, porém o vizinho do andar superior faz um
enorme barulho durante o dia e à noite, principalmente quando está acompanhado. Já solicitei através da
portaria a compreensão do mesmo porém ele faz mais barulho. Fiz uma solicitação no livro de ocorrên-
cia do condomínio para o síndico intermediar o impasse, porém este me respondeu que não fará nada
pois não é da alçada dele. O que devo fazer? (R.B. – Salvador, BA)
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Comentário: A inscrição do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito objetiva dar publi-
cidade dos maus pagadores, a fim de que outras empresas ou estabelecimentos comerciais se acautelem
ao efetuar vendas a crédito a essas pessoas. Assim, inscrever o nome de condôminos que estão litigando
com o condomínio por discordância de multas impostas pelo corpo diretivo, foge totalmente à sua fina-
lidade. Os síndicos deveriam evitar essa atitude, justamente para o condomínio não ser condenado, mais
tarde, a pagar indenização por danos morais, que será fatalmente suportada pelos condôminos.
Agravo de Instrumento CV nº 1.0433.11.016989-6/001 - Comarca de Montes Claros - Agravante(s): Reginaldo
da Silva Medeiros - Agravado(a)(s): Condomínio Itapuã - Relator: Des. Gutemberg da Mota e Silva
Ementa: Agravo de Instrumento - Antecipação da tutela - Multa aplicada por condomínio residencial
- Discussão do débito - Inscrição de nome em órgão de proteção ao crédito - Perigo de demora -
Reversibilidade da decisão - Depósito caução - Afastamento da mora quanto aos valores depositados -
Cabe a retirada ou a não inclusão de inscrição do nome do devedor em cadastro negativo de crédito se o
débito que a ensejou está sendo discutido em juízo.
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Pergunta: Como deve proceder para orçar taxa de administração de condomínio edilício. (G.N.P. –
Louveira, SP)
Resposta: Como a instalação do elevador é uma obra realizada na parte comum do condomínio, em
acréscimo às já existentes, a fim de facilitar e aumentar a utilização, conforme art. 1.342 do Código
Civil, o quorum é de 2/3 dos votos dos condôminos.
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Assembleia virtual
BDI - Comentários & Doutrina
Paulo Henrique Pereira Bom*
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Mas sem querer ser alarmista, até porque cotidianamente já estamos na rede de computadores com
sistemas bancários e outros mais, devemos levar em consideração que dentro de um condomínio existem
pessoas, que são consumidores, às vezes grandes executivos, políticos, juízes entre outros, cujas ofensas
cibernéticas poderão ser as mais variadas com o avanço das assembleias virtuais, pois a evolução e o
progresso atraem a bandidagem.
É claro que no mundo físico também temos inúmeros riscos, mas há uma certa impressão de segu-
rança, pois ainda estamos culturalmente muito presos aos documentos físicos e assinados, como se estes
gerassem mais segurança e fossem totalmente à prova de fraudes, que aqueles digitalmente gerados, ou
no dizer de Érica Barbagalo, citando Newton de Lucca, apud Michel Vasseur: “tão arraigados ficamos
com a ideia de que tudo, de certa forma, vem para o mundo jurídico em forma de papel, que alguns têm
dificuldade, até hoje, de entender ser possível o mandato verbal, embora ele esteja previsto desde o
início do século em nosso Código Civil” e ainda, mencionando Fábio Ulhoa Coelho que: “estamos tão
acostumados com o uso do papel para suportar informações que não ficamos seguros diante do novo
suporte. O Código de Hammurabi foi escrito numa pedra e talvez seus contemporâneos desconfiassem
da perenidade das regras, se lhes fossem apresentadas escritas num papiro”.3
Klaus Tidemann apud Marcelo Crespo4, nos trouxe algumas práticas criminosas em informática,
que nos dá uma ideia e a dimensão desses, conforme classificação abaixo:
a) manipulações: podem afetar o input (entrada), o output (saída) ou mesmo o processa-mento de
dados;
b) espionagem: subtração de informações arquivadas abarcando-se, ainda, o furto ou emprego indevido
de software;
c) sabotagem: destruição total ou parcial de programas;
d) furto de tempo: utilização indevida de instalações de computadores por empregados desleais ou
estranhos.
Já Martine Briat apud Marcelo Crespo, complementa, trazendo:
a)manipulação de dados e ou programas a fim de cometer uma infração já prevista pelas incriminações
tradicionais;
b) falsificação de dados de programas;
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Se por um lado é bom para o condomínio, que obrigará a todos manter atualizados seus cadastros de
venda, compra, locação e herança das unidades, o processo de coleta, análise e credenciamento deverá
ser feito com muita antecipação e cuidado, já se prevendo discussões jurídicas e desgastes.
Dependendo do sistema com-putacional e da autenticação que será utilizado no condomínio (após
alterada a Convenção antiga, se caso for), seguindo as normas estipuladas para sua realização, podendo
haver uma certificadora indi-cada, determinação quanto à forma de representação ou não por terceiros,
renovação dos documentos etc.
Tudo com antecedência a possibilitar a ampla participação de todos, sob pena de nulidade.
Por fim, como também já mencionado acima, a mudança na forma de realização assemblear, reque-
rerá treinamento, reciclagem e investimento aos condôminos usuários do sistema, bem como aos empre-
gados das empresas especializadas em administração condominial, pois poderá gerir 10 (dez) ou mais
assembleias ao mesmo tempo, todas com forma, prazo e peculiaridades inerentes a cada condomínio.
Com efeito, após todo o exposto, é de se concluir que a novidade não é impraticável. Pode ser difícil
aos condomínios menores e tradicionais, o que talvez não se aplique em grandes complexos e edifícios
comerciais, onde a logística para sua realização, por si só, já a justificaria.
Concluímos então que existem barreiras tecnológicas, legais e de costume a serem superadas, cujo
“custo x benefício”, deve ser avaliado por cada condomínio antes de iniciado o processo de mudança,
bem como seja exigido do fornecedor da solução, garantias mínimas de segurança e validade.
Notas
1. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, 1910-1989 – Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da
língua portuguesa/ Aurélio Buarque de Holanda Ferreira – 3ª ed. Totalmente revisada e ampliada. - Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
2. Crespo, Marcelo Xavier de Freitas – Crimes Digitais- São Paulo – Saraiva, 2011 – pgs. 95/97
3. Barbagalo, Érica Brandini. Contratos Eletrônicos: contratos formados por meios de redes de
computadores: peculiaridades jurídicas da formação do vínculo – São Paulo: Saraiva; 2001, pg.3.
4. Crespo, Marcelo Xavier de Freitas – Crimes Digitais- São Paulo – Saraiva, 2011 – pg. 60/61.
5. Artigo 104, CC.
6. Sica, Heitor Vitor Mendonça – Revista do Advogado: Direito e Internet – São Paulo –AASP – Ano
XXXII, nº 115, abril de 2012, pg.70.
* O autor é Advogado Especialista em Direito Imobiliário e Direito Processual Civil, Diretor da
Adaplan administração de condomínios e imóveis, Diretor de Legislação Condominial do Secovi/SP.
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Resposta: O síndico não tem poder de isentar o condômino das penalidades previstas na convenção
condominial. Se o fizer, estará descumprindo a convenção, o que é vedado, pois a lei determina que o síndico
cumpra as disposições contidas na convenção condominial, no regulamento interno, bem como as decisões de
assembleia. Por outro lado, os condôminos devem ser tratados de forma igual. Assim, isentar de penalidade
condômino inadimplente, é uma forma desigual de tratamento em relação aos condôminos que pagaram
pontualmente. Por outro lado, o dinheiro não é do síndico, mas do condomínio. Assim, não pode ele abrir mão
do que não lhe pertence. Veja a seguinte matéria publicada no BDI: “O ACORDO COMO SOLUÇÃO PARA
OS DÉBITOS CONDOMINIAIS E A RESPONSABILIDADE DO SÍNDICO PELAS CONCESSÕES QUE
FIZER” (Marcelo Vallejo Marsaioli - BDI nº 24 - ano: 2011 - Comentários e Doutrina).
Resposta: O condômino interessado na planta deverá arcar com o ônus de seu requerimento junto a
Prefeitura.
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Resposta: Conforme arts. 1.335, I e II e, 1.336, IV, são direitos do condômino, usar, fruir e livremen-
te dispor das suas unidades, usando as partes comuns, conforme a sua destinação e, são deveres do
condômino, dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira
prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. A instalação de
escritórios, consultórios, cursos, etc., em condomínio residencial, poderá desviar a finalidade deste,
acarretando um desgaste anormal dos equipamentos (elevadores, recepção etc), bem como um aumento
de eletricidade, além de colocar em risco, a segurança do condomínio, com o ingresso nas suas depen-
dências, de pessoas estranhas. Os cursos em geral, pressupõem a continuidade por um longo período
com a afluência de muitos alunos, o que poderá ocasionar um desvio de finalidade do edifício, com as
consequências retro citadas. Entretanto, nada impede que um cliente seja atendido esporadicamente no
apartamento do condômino profissional. De qualquer maneira, a Assembleia poderá deliberar a respeito.
Pergunta: Opinião do Diário das Leis sobre a Lei Estadual 14.463/2011 e sua aplicação aos Condomí-
nios, uma vez que não há relação de consumo entre condomínio e condôminos? (F.M. – São Paulo, SP)
Resposta: A lei 14.463/11 proíbe a cobrança de taxa por emissão de boleto bancário ou carnê no
Estado de São Paulo, valendo para todos os fornecedores, as instituições financeiras e as empresas
prestadoras de serviços (imobiliárias, administradoras, etc). A cobrança de emissão de boleto já era
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proibida nos serviço bancários, de acordo com a Resolução BACEN (Banco Central) nº 3.518/2007,
alterada pela Resolução BACEN n.º 3.693/2009. Agora, a medida foi estendida para todos os tipos de
serviços e atividades comerciais. Conforme o Código de Defesa do Consumidor, os estabelecimentos de
consumo já não podiam cobrar a taxa, ENTRETANTO as imobiliárias, antes da lei estadual em comento
(Lei 14.463/11) ficavam fora disso por não se aplicar o Código do Consumidor às locações e condomí-
nios. As empresas que não cumprirem a nova regra podem ser multadas pelo Procon/SP, com base no
artigo 57 do Código de Defesa do Consumidor. As multas podem variar de R$ 405,00 a R$ 6.087.800,00,
dependendo da reincidência, além de outras sanções, como a interdição do estabelecimento. BREVE
COMENTÁRIO: A questão que fica será a insistência do locatário ou condômino em querer pagar a taxa
do boleto, valendo a cláusula pactuada no contrato de locação ou inserida na Convenção Condominial
como cautela para nunca reclamar junto ao Procon, pois pela facilidade e comodidade do boleto, o
pagante não teria que ir até à administradora, ou até à casa do locador para pagar a cota condominial ou
o aluguel, evitando gastos em tempo e dinheiro (gasolina, estacionamento, táxi, transportes urbanos,
etc), bem como em caso de vencimento do pagamento no sábado, poderá pagar na segunda-feira. Neste
caso, a jurisprudência pacificará a legitimidade da cobrança de taxa de boleto, por mais que a lei proíba,
pois o acordo faz lei entre as partes, fazendo valer o princípio da liberdade de contratar e do “pacta sunt
servanda”. Outra forma será a obrigatoriedade do recebimento das faturas de pagamento POR E-MAIL
para ser impresso pelo pagante, seja em computador próprio ou de terceiros interligado à Internet, ou em
Lan Hause, em que de qualquer forma o pagante gastará tempo e dinheiro (papel, tinta, taxa da internet
– speed, net -, Lan Hause, etc).
Resposta: Conforme a Lei do Inquilinato, o LOCADOR constitui o Fundo de Reserva (art. 22, §
único, “g”) e o LOCATÁRIO apenas repõe (art. 23, § 1º alínea “i”), o que foi utilizado, somente em
despesas ordinárias (art. 23, § 1º alíneas “a” a “h”), e desde que comprovadas a previsão orçamentária e
o rateio mensal. O Fundo de Reserva visa atender às despesas imprevisíveis e inadiáveis. O Fundo de
Melhorias (ou de obras ou de investimentos) visa melhorar o imóvel estruturalmente, sendo portanto,
neste aspecto, de responsabilidade do locador proprietário, pois as melhorias não se referem aos gastos
rotineiros de manutenção a cargo do locatário.
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o conteúdo e estudem os efeitos da alteração legislativa, o veto à cláusula de vigência faz com que o ato
entre em vigor em quarenta e cinco dias, nos termos do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942
– Lei de Introdução à normas do Direito Brasileiro.”
A publicação da LEI Nº 12.607 foi efetuada no Diário Oficial da União do dia 05 de abril de 2012.
Logo, ela entrará em vigência no dia 20 de maio de 2012.
Ponto finalizando, diante da nova redação dada à segunda parte do art. 1.331 do Código Civil,
caberão aos Condomínios modificarem, ou não, as suas Convenções, para permitirem, ou não, as loca-
ções das áreas no abrigo para veículos (art. 1,338 CC), bem como as alienações das partes acessórias de
suas unidades imobiliárias (§ 2º do art. 1.339 CC), a pessoas estranhas ao Condomínio, cientes de que se
forem permitidas ditas locações ou alienações assumirão, em conjunto, por força da nova Lei 12.607,
2010, a total responsabilidade decorrente dessas permissões.
* O autor é Advogado especializado em Direito imobiliário, fundador e Sócio Benemérito da ABAMI
– Associação Brasileira dos Advogados do Mercado Imobiliário.
com normas editadas pelo poder público, cuja observância se impõe pelo princípio da supremacia da
ordem pública.
Neste raciocínio lógico, é de se afirmar que o quorum para destituição do síndico deve seguir o
previsto no Código Civil, no entanto, tal posicionamento não foi adotado pela 9ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo em recente julgamento a um recurso de agravo de instru-
mento, cuja ementa se transcreve:
Anulação de assembleia de condomínio - Destituição de síndico - Não obediência ao quorum de 2/3
previsto na Convenção - Admissibilidade - O quorum de maioria previsto no art. 1.349 do Código Civil
se aplica somente às convenções criadas após a vigência do código - Recurso provido, por maioria,
vencido o 2º juiz, que fará declaração de voto. (Agravo Instr. n.º 0276915-63.2010.8.26.0000, 9ª Câm.
Dir. Privado, Rel. Des. José Luiz Gavião de Almeida, j. 22.2.2011). g.n.
No caso concreto, a convenção do condomínio, elaborada anteriormente ao Código Civil, previa o
quorum de 2/3 dos condôminos e o ilustre relator entendeu não ser matéria de ordem pública a ensejar a
obrigatoriedade de aplicação da norma do diploma substantivo, devendo prevalecer a vontade dos
condôminos.
No entanto, do voto divergente do emérito Des. Grava Brazil há de se destacar o entendimento pela
aplicabilidade da norma contida no art. 1.349 do Código Civil, uma vez ter vindo para revogar a discipli-
na do art. 22 da Lei 4.591/64, com o qual concordamos.
Corroborando a tese aqui defendida, colacionam-se os seguintes julgados:
CONDOMÍNIO - Destituição de síndica – Assembleia Geral Extraordinária – Vício decorrente do
quorum de deliberação não caracterizado – Divergência entre o quorum estabelecido na Convenção
Condominial, 2/3 dos condôminos presentes à Assem-bleia, e da regra contida no art. 1.349 do Código
Civil, a exigir a maioria absoluta dos presentes à Assembleia - Natureza esta-tutária da Convenção de
Condomínio - Prevalência do Código Civil de 2002 em relação às regras contidas em convenções firma-
das e registradas anteriormente a sua vigência – Aplicação subsidiária da Lei 4.591/64 no que não
conflitar com os princípios e regras do CC/2002 - Eleição de novo síndico, não proprietário da unidade
condominial - Impropriedade da exigência imposta em Convenção quanto à prévia comprovação de
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“habilitação técnica” - Condição não contida no art. 1.347 do CC/2002 que deve ser havida como não
escrita - Afastado pedido de redução da honorária - Valor que remunera adequadamente o patrono -
Sentença mantida - RECURSO NÃO PROVIDO (Ap. Cível n. 567.613-4/8- 00, 7ª Câm. de Dir. Priv.,
Rel. Des. Elcio Trujillo, Julgado em 1.4.2009).
Ação anulatória de assembleia condominial cumulada com indenização – Revogação parcial da Lei
n.° 4.591/64, em seu art. 22, § 5º, ante a superveniência de nova legislação e no que corres-ponde à
destituição de síndico aplicação do artigo 1.349 do Código Civil vigente - Assembleia geral extraordi-
nária foi designada, dentre outros propósitos, com o fim de destituir a síndica – Obedecido o procedi-
mento para designação da assembleia extraordinária e devidamente motivada a destituição da síndica,
cuja administração não atendia o interesse da coletividade, não há se falar em dever de indenizar a
título de danos morais - Aplicação do artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São
Paulo – Recurso não provido. (Apelação Cível n.º 0129751-36.2006.8. 26.0000, 1ª Câm. de Direito
Privado, Rel. Des. Helio Faria, Julgado em 11.10.2011).
Condomínio. Destituição de síndico teve origem em votos pela maioria absoluta dos presentes na
assembleia geral. Validade e eficácia do ato. Aplicação do artigo 1.349 do Código Civil. Artigo 22 da
Lei n.° 4.591/64 não pode prevalecer. Apelo desprovido. (Apelação 9251294-76.2008.8.26.0000, 4ª
Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Natan Zelinschi de Arruda, julgado em 25/02/2010, DJE 18/03/
2010).
O dispositivo do art. 1.349 refere-se ao voto da maioria dos membros da assembleia e não da massa
condominial, conforme ensina Francisco Eduardo Loureiro, citado no acórdão da Apelação n.º 9251294-
76.2008.8.26.0000, ementado logo acima:
Segundo Francisco Eduardo Loureiro, comentando o artigo 1.349 do Código Civil vigente:
“Explicita a lei o ‘quorum’ necessário para a destituição do síndico, ou seja, pela ‘maioria absoluta
de seus membros’. Mais uma vez é defeituosa a redação do preceito. Membros do condomínio ou mem-
bros da assembleia? A maioria absoluta é dos presentes à assembleia, metade mais um das frações
ideais dos condôminos aptos a votar (...)”. (Código Civil Comentado, 1ª ed., Editora Manole, 2007, p.
1.225).
Em nossa opinião, portanto, poderá ser destituído o síndico em assembleia convocada para este fim,
pelo voto da maioria absoluta dos presentes, mesmo que a convenção indique diferente quorum.
Em conclusão, de acordo com nossa prática e conhecimento, podemos afirmar com segurança que,
caso a convenção não estipule quorum, forma e condições específicas ou especiais para a destituição do
síndico, este poderá ser destituído pela maioria absoluta dos condôminos presentes à assembleia geral
convocada para este fim. Caso haja disposição convencional por maior quorum, a questão sujeitar-se-á
ao crivo do Poder Judiciário.
* O autor é Membro do Conselho Jurídico da Vice-Presidência de Administração Imobiliária e de
Condomínios do SECOVI, Presidente da Comissão de Direito Imobiliário, Urbano e de Vizinhança da
OAB – Seccional Pinheiros, e sócio-fundador do escritório MRW Advogados em São Paulo, SP.
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Em quase todas as assembléias, sempre surge a pergunta sobre a inadimplência. Valores, nomes e
unidades. E é muito comum o temor de uma ação de indenização por danos morais, quando se fala em
publicar os nomes dos inadimplentes ou o número das unidades.
Esse temor é infundado.
Em acórdão datado de janeiro de 2006 (Ap. Cível nº 289.102-4/0-00), o Tribunal de Justiça de São
Paulo entendeu que a inclusão do nome do inadimplente, no demonstrativo de despesas, é perfeitamente
possível: “a inserção do nome do autor ou de eventuais condôminos inadimplentes no demonstrativo
mensal, ou como queiram balancetes enviados aos ocupantes dos imóveis, com destaque individualiza-
do das unidades condominiais em atraso não configura ilícito”. Para a Primeira Câmara do TJSP, trata-se
de procedimento meramente administrativo, pois a administradora “tem a obrigação de prestar contas, e
os demais condôminos têm o direito de saber a respeito da saúde financeira do prédio e quem não vem
cumprindo com suas obrigações”.
Este acórdão é muito interessante porque esclarece, ainda, que “assim, todos os moradores do edifí-
cio são partes legítimas e diretamente interessadas em saber se os demais condôminos estão honrando
com seus compromissos condominiais, porque se tal não ocorrer eles sofrerão diretamente com eventual
inadimplência, seja pela cobrança de terceiros ou de empregados ou até mesmo com a desvalorização do
apartamento por ausência de conservação e regular manutenção do prédio. Não se trata de ingerência na
vida privada do indivíduo, mas de direito de cada um daqueles que vive em uma comunidade restrita
poder ficar sabendo o que exatamente se passa com o bem comum”.
Se a publicação do nome, desde que com o intuito de informar os demais condôminos, restrita ao
condomínio, não dá origem à indenização por danos morais, a publicação do número das unidades,
muito menos.
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Encontramos inúmeros acór-dãos nesse sentido, entendendo que não é vexatório a administradora
colocar, no balancete mensal, o número da unidade devedora.
Um bom exemplo desse entendimento é o acórdão datado de 1998 (Apelação Cível nº 036.633-4/1-
00), cujo resumo é o seguinte: “Indenização – Dano Moral – Condomínio – Circular anexada junto ao
quadro de avisos fornecendo relação de apartamentos em débito com condomínio. Divulgação feita pelo
síndico em razão de deliberação manifestada em Assembléia Geral, mas que se restringiu ao âmbito da
comunidade e aos círculos dos moradores do Edifício – Admissibilidade – Proprietários dos apartamen-
tos tem o direito de saber a respeito da saúde financeira do imóvel. Inexistência de exagero ou ilícito a
acolher pedido indenizatório reclamado na inicial. Inaplicabilidade de normas contidas no Código de
Defesa do Consumidor face ao disposto na Lei nº 4.591/64 – Recurso Desprovido”.
Nossa opinião é de que, como as taxas condominiais recaem sobre as unidades autônomas, indepen-
dentemente de quem seja seu proprietário, é preferível que as administradoras e os síndicos não colo-
quem os nomes dos proprietários, unicamente porque está sempre sujeito a alteração. Mas devem colo-
car os números das unidades e os valores, sempre, para que todos os outros integrantes da massa
condominial saibam porque estão pagando taxas maiores, a fim de que todas as contas (salários, encar-
gos, manutenção etc.) possam ser saldadas durante o mês.
Não há o que temer desde que o objetivo seja o de comunicar, a quem interessa, quem não está em
dia com o pagamento das despesas condominiais.
E não se alegue que infringe o Código de Defesa do Consumidor, porque entre condôminos não há
relação de consumo e, portanto, não se aplica o CDC.
* O autor é Advogado e sócio da Advocacia Daphnis Citti de Lauro.
Pergunta: Administro um condomínio que não possui o funcionário manobrista, os carros são esta-
cionados com um funcionário que tem o cargo de porteiro e as chaves de todos os carros ficam constan-
temente no quadro de chaves na portaria da garagem para aquele porteiro manobrar os carros. A minha
convenção não tem cláusula de não indenizar e o condomínio não contratou funcionário para a prestação
de serviços manobrista. Gostaria de enviar uma carta a todos condôminos/inquilinos e outros que é
proibido entregar as chaves do veículo e deixar aquelas na portaria para o porteiro que não é manobrista
estacionar os carros ou fazer manobras. Além disso o condomínio não possui porteiro que trabalha 24
horas, circuito interno de TV na garagem, cerca elétrica com alarme e cláusula expressa na Convenção
ou em seu Regimento Interno que determine sua responsabilidade em manter a guarda ou vigilância com
o fim específico de zelar pela segurança dos veículos estacionados na garagem do prédio ou ser respon-
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sabilizado por quaisquer danos eventuais, causados por quem quer quem seja a veículos estacionados
nela ou pelos danos ocorridos aos veículos em seu interior. (M.F.S.R. – Rio de Janeiro, RJ)
Resposta: Porteiro é porteiro e manobrista é manobrista. O porteiro deve ser avisado de que está
proibido de manobrar automóveis e os condôminos deverão ser avisados sobre a proibição da entrega
dos veículos ao porteiro que não é manobrista, e que o condomínio não se responsabiliza por quaisquer
danos ou furtos em veículos, pois não existe serviços pagos de vigilância (24 horas) nem de manobristas,
bem como a convenção não tem cláusula que o condomínio não se responsabiliza por danos e furtos.
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registro do conjunto habitacional pois, não se trata, especificamente, de loteamento.” (…). Conjunto
Habitacional – Empreendimento que não se confunde com loteamento ou desmembramento do solo
urbano – Desnecessidade de registro (…). AS NORMAS DE SERVIÇO DA CORREGEDORIA GE-
RAL DA JUSTIÇA PRECEITUAM: “156. Não se aplica o disposto no art. 18 (registro do loteamento e
sua documentação), da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, aos conjuntos habitacionais erigidos
pelas pessoas jurídicas referidas no art. 8º, da Lei nº 4830, de 21 de agosto de 1964. “156.1. Entende-se
como conjunto habitacional o empreendimento em que o parcelamento do imóvel urbano, com ou sem
abertura de ruas, é feito para alienação de unidades habitacionais já edificadas pelo próprio empreende-
dor. “156.2. Os empreendimentos promovidos por particulares, embora referentes a conjuntos
habitacionais, subordinam-se ao art. 18, da lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, ainda que financi-
ados com recursos do Sistema Financeiro da Habitação”. Tais normas decorreram do Processo CG nº
55.239/80, com requerimento de consulta ao Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça pelo
Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais de São Paulo – INOCOOP – SP, e pronunciamen-
to do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil. (…). “... na aplicação da Lei nº 4.380, visou-se, primor-
dialmente, o interesse habitacional, propiciando a aquisição de moradias, prontas e regularizadas, pelas
camadas populacionais de menor renda. “Ali (lei de loteamento), o interesse foi mais de ordenamento
urbano. Aqui (Lei 4.380/64-conjunto habitacional), mais social. Ambas – é certo – têm caráter protetivo,
mas seus objetivos não se confundem.” (…). E concluiu: “Assim, as Leis nº 6.766/79 e 4.380/64 consti-
tuem normas distintas, ao menos tendo em vista os fins a que se destinam. “Por isso, não estão obrigadas
as cooperativas habitacionais à prévia aprovação de projetos de loteamento ou de desmembramento, tal
como estabelece a Lei nº 6.766/79.
Pergunta: Administramos um apartamento que está alugado. Temos a seguinte dúvida: O Condomí-
nio em que está localizado o apartamento, está cobrando 2 cotas extras, referente a um rateio de saldo
devedor, que está afetando o saldo do condomínio. De quem será esse custo, do proprietário ou o locatá-
rio? (A.C. – Rio de Janeiro, RJ)
Resposta: Taxas extras de condomínio, a princípio são obrigações do locador. Entretanto, nestas
taxas poderão estar embutidas despesas ordinárias a cargo do locatário, como por exemplo, o caso de
indenizações trabalhistas em que o locador é responsável pela dispensa de empregados ocorridas em
data anterior ao início da locação, nos termos do art. 22, inciso X, § único, alínea “d” da Lei 8.245/91. As
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e-book Condomínio
indenizações posteriores são despesas a cargo do locatário, nos termos do art. 23, § 1º, alínea “a” da
mesma lei, devendo ser proporcional ao tempo do início da locação com o tempo entre a admissão do
funcionário e a data da rescisão do contrato de trabalho.
Associação de moradores –
Contribuição só de associados
BDI - Jurisprudência
(STJ)
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e-book Condomínio
Modificar a fachada do prédio pode gerar uma série de dúvidas e problemas para o condomínio. A
discussão envolve um estudo sobre o que o nosso Código Civil estabelece e o que o Poder Judiciário e os
condomínios vêm realizando na prática. Na simples leitura do artigo 1336, III do Código Civil, fica claro
que qualquer alteração de fachada não pode ser realizada salvo com a concordância da unanimidade dos
condôminos. “Código Civil Art. 1336. São deveres do condômino: III. não alterar a forma e a cor da
fachada, das partes e esquadrias externas”.
Neste sentido o doutrinador Caio Mario da Silva Pereira aduziu que “a fachada do edifício é um bem
comum a todos os copro-prietários, e, como tal, não pode qualquer condômino nela inovar sem o con-
sentimento dos demais. A aplicação dessa proibição converte-se em dever de todos os condôminos quan-
to à conservação das linhas exteriores do prédio.”
Porém, existem situações em que são aceitáveis modificações, pelo fato de não serem consideradas
como alteração de fachada. Para caracterizar a alteração é necessário modificar o sentido e substituir as
linhas exteriores do prédio.
De acordo com a lição de Caio Mario da Silva Pereira: “O limite da proibição é o interesse coletivo.
Desde que não prejudique ninguém, nem comprometa a segurança do imóvel, nem infrinja as cláusulas
da convenção. Pode o dono de qualquer apartamento fazer neste as obras que entender”. Tem-se enten-
dido, gene-ralizadamente, que não importa em alteração interdita o fechamento de área voltada para o
exterior, varanda ou terraço, por vidraças encaixilhadas em esquadrias finas, de vez que a sua transpa-
rência não quebra a harmonia do conjunto.”
Na prática, tem se aceito pequenas modificações na fachada desde que não causem prejuízo à estéti-
ca do prédio, tais como fechamento de sacadas, redes de proteção, persianas, e ainda a substituição de
materiais antigos que não existem mais no mercado quando houver a necessidade de troca de esquadrias,
batentes e etc. Quando constatado que não houve comprometimento à segurança ou alteração significa-
tiva da estética da fachada é cabível seu fechamento.
Este entendimento aplica-se também no caso de remoção de caixilhos.
Conclui-se assim que algumas modificações, tais como o fechamento de sacadas com vidros trans-
parentes, a instalação de redes de proteção, remoção de caixilhos e a colocação de persianas não consti-
tuem alteração da fachada, desde que não comprometam a estética do condomínio. Considerando que
alguns casos não configuram alteração de fachada sugere-se que o síndico se antecipe e convoque
assembleia a fim de padronizar a instalação dos vidros, persianas, remoção de caixilhos entre outros.
Esta aprovação deverá ocorrer com quorum de maioria simples e obrigará aos condôminos ausentes
também.
* O autor é Advogado de Direito Imobiliário e sócio do escritório Karpat Sociedade de Advogados,
em São Paulo, SP.
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Pergunta: Moram comigo, além da minha esposa, meus dois filhos maiores. O imóvel está registra-
do em meu nome. Numa assembleia geral do condomínio, quando eu não puder comparecer, a minha
esposa ou um dos meus filhos podem participar e votar nas assembleias gerais do condomínio sem
procuração, ou precisam dela para exercer esse direito? (J.M.L.L. – Juiz de Fora, MG)
Resposta: Precisam da procuração. Se for casado com comunhão de bens, a esposa não precisa, pois
é coproprietária. O procurador pode ser condômino ou pessoa estranha, não sendo necessário o reconhe-
cimento de firmas, principalmente quando se trata de familiares ou conhecidos que moram com o
condômino, salvo disposição em contrário na Convenção. Diz J. Nascimento e Franco, em seu livro
“Condomínio” Editora Revista dos Tribunais – 5ª ed., 2005, pág. 130: “A procuração para representação
dos condôminos dispensa forma solene e reconhecimento de firma, não mais exigida em inúmeros atos
e até nos mandados judiciais. Necessário é apenas que dela constem poderes especiais ao mandatário
para comparecer à assembleia, discutir e votar....”
Perguntas: Tenho um condomínio como cliente que precisa ajuizar ações de cobrança decorrente do
inadimplemento de quotas em atraso. 1- A ação de cobrança pode ser proposta em face do compromissário
comprador ou cessionário (o compromisso não está registrado no cartório de registro de imóveis)? 2- A
ação de cobrança pode ser proposta em face do compromitente vendedor (consta no cartório de registro
de imóveis) e do comprador? 3- Em sendo possível a cobrança em face do compromissário comprador,
que atualmente reside no imóvel, em fase de execução de sentença, o apartamento poderá ser PENHO-
RADO? Ressalta-se que o imóvel encontra-se REGISTRADO EM NOME DO COMPROMITENTE
VENDEDOR. 4- O compromitente VENDEDOR deverá ser INTIMADO em caso de ser possível a
penhora do apartamento? (J.B. – Campinas, SP)
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promissário comprador (ou contra o cessionário, no caso de cessão). Nessa hipótese não será possível a
penhora do apartamento, mas sim dos direitos sobre o apartamento. Nos termos do § 2º do art. 1.334 do
Código Civil, são equiparados ao proprietário, os promitentes compradores e cessionários. Segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a ação de cobrança de quotas condominiais pode ser
proposta conjuntamente contra o proprietário e o promissário comprador, pois a única coisa que poderá
ocorrer será a exclusão de um deles, caso haja determinação judicial para tanto. Mas não é aconselhável,
nem prático. A dívida relativa às despesas condominiais é “propter rem” (em virtude da coisa), por ela
respondendo o imóvel, seja quem for o responsável, com a intimação na pessoa de seu proprietário, bem
como do promissário comprador que quitou ou não o preço do imóvel. Independe da posse (direta ou
indireta), pois o compromissário comprador pode ter alugado o imóvel e nem por isso deixará de respon-
der pelo pagamento das taxas condominiais.
Comentário: O furto em unidade autônoma ou o roubo, bem como prejuízos ocasionados a veículos
na garagem, ou danos nas áreas comuns, não são de responsabilidade do condomínio, salvo se houver
previsão na convenção condominial. Ocorre que não se tem notícia de alguma convenção que preveja
expressamente a responsabilidade do condomínio, o que seria verdadeiro absurdo. O condomínio não
tem personalidade jurídica, sendo apenas considerado uma união de interesses de pessoas que detém a
propriedade de unidades num mesmo imóvel. Por esta razão, um condômino não é depositário dos bens
do outro. Também não se trata de uma prestação de serviços e não há relação de consumo entre eles.
Apelação nº 0044290-28.2008.8.26.0000 - Comarca de São Paulo – Apelante: Maria Ivoneide Ca-
valcante Gonçalves – Apelado: Condomínio Edifício São Marcos – Relator: Ribeiro da Silva
Ementa: Apelação Cível. Indenização. Assalto em unidade condominial. O condomínio edilício é
ente despersonalizado. Não se trata de prestador de serviços. Deve prevalecer o disposto na convenção,
pois foi essa a vontade dos condôminos. O condomínio só responde por furtos ocorridos nas suas áreas
comuns ou interior da unidade se isso estiver expressamente previsto na convenção. Entendimento paci-
ficado pela jurisprudência deste Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e pela jurisprudência do E.
S.T.J.. Dano moral. Ausência de nexo causal. Apelo desprovido.
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Comentário: Por força de sentença judicial o Juiz condenou a agravante a ressarcir valores pagos
indevidamente pela agravada a título de taxas de condomínio. No entanto, tendo sido intimada a pagar a
dívida, a agravante apresentou uma impugnação para discutir a execução, oferecendo como garantia,
como é previsto em lei, uma caução, ou seja, uma vaga de garagem da qual é proprietária. Tendo sido
negado esse tipo de caução, o agravante apresentou Agravo de Instrumento tentando fazer com que fosse
aceita referida caução. Os julgadores negaram provimento ao Agravo, uma vez que para que seja possí-
vel a apresentação de impugnação deve haver garantia por meio de penhora ou depósito. Tendo em vista
que o Código de Processo Civil estabelece uma ordem de bens a serem penhorados e nessa ordem o
depósito em dinheiro está em primeiro lugar, e tendo em vista que penhora da garagem é incapaz de
atender de imediato o objetivo da execução que é o pagamento ao credor, ficou afastada a oferta da
garagem como penhora, negando-se o Agravo de Instrumento.
Agravo de Instrumento 0420939-16.2011.8.13.0000 - Comarca de Belo Horizonte - Agravante(s):
Medcenter Condomínio do Edifício Medical Center Alfredo Balena - Agravado(a)(s): Maria Victoria
Perottino - Relator Desembargador Pereira da Silva
Ementa: Agravo de Instrumento. Cumprimento de sentença. Impugnação. Garantia do juízo. Neces-
sidade. Penhora. Artigo 655, CPC. Dinheiro, ordem preferencial. Negar provimento ao recurso.
Pergunta: Existe um novo entendimento no STJ (RE nº 1.139.030) que trata sobre a prescrição
condominial, antes era de 20 anos, passou para 10 anos e agora com este Recurso passou para 5 anos.
Minha pergunta é: Se isto é válido para entrar com recurso? (F.P. – Manaus, AM)
Resposta: O novo entendimento do STJ, sobre prescrição de 5 anos, conforme acórdão publicado no
BDI nº 19, de 2011, poderá ser utilizado como entendimento para a reforma da sentença, pois trata de
uma interpretação do art. 206, § 5º, inc. I do Código Civil.
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Pergunta: Quero saber de Vs. Ss. o seguinte: Em uma Cláusula de Convenção de Condomínio
consta a seguinte redação: “CLÁUSULA X: O título do direito ao uso da vaga para estacionamento só
poderá ser diretamente alienada por seu titular a outro condômino, por força de sua vinculação obrigató-
ria à unidade autônoma, sendo vedada, em consequência, terminantemente, a transferência a pessoas
estranhas ao condomínio. Poderá, entretanto, esse direito, ser objeto de locação ou comodato a terceiros,
em caráter permanente mas unicamente a pessoas estabelecidas no edifício ou que nele trabalhe, se
através de sociedade civil constituída a forma e para os fins mencionados na cláusula 71ª . As 16 (dezesseis)
vagas privativas vinculadas à loja 201 e as 13 (treze) vinculadas à sala 1001, poderão ser utilizadas por
visitantes das referidas unidades, a critério de seus proprietários, porém apenas enquanto permaneçam
como tais o Governo Federal da República Argentina e Sua Majestade a Rainha por Direito do Canadá.
Adotando que quem pode o mais pode o menos, posso sublocar? Se fosse feito a sublocação eu teria
fundamento jurídico? e qual seria? (F.R. – Rio de Janeiro, RJ)
Resposta: A sublocação poderá ser permitida desde que o locador (que pode alugar ou dar em
comodato) consinta previamente por escrito (art. 13 da Lei 8.245/91) e, desde que seja sublocada a
pessoas não estranhas, estabelecidas e que trabalhem no prédio através de sociedades, conforme deter-
mina a Convenção.
Pergunta: A convenção de um condomínio determina que as vagas de garagem serão utilizadas com
localização definida, conforme planta de distribuição de vaga assinada pelos condôminos. Seria obriga-
tório que as vagas possuíssem a mesma medida, já que umas são maiores que as outras? (L.D. – Rio de
Janeiro, RJ)
Resposta: Não existe obrigatoriedade que as vagas tenham as mesmas dimensões, pois as mesmas
estão definidas no projeto arquitetônico, espelhado na Instituição e Especificação de Condomínio, fican-
do o condômino com a vaga que lhe couber, conforme o meio especificado para a sua distribuição.
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Responsabilidade do proprietário
do veículo estacionado na garagem
pelos danos provocados no prédio
BDI - Perguntas & Respostas
Pergunta: Administramos um prédio de locação, onde ocorreu um sinistro na garagem. Um veículo
pegou fogo inexplicavelmente danificando fiação elétrica do prédio, tubulações, e a fuligem grudou nas
paredes da garagem até o 8º e último andar, esse veículo estava estacionado em local de manobra próxi-
mo às escadas de acesso ao 1º andar, era de responsabilidade de um dos inquilinos do prédio, não possuía
seguro próprio nem contra terceiros. Nosso procedimento foi de solucionar os problemas o mais rápido
possível pois os inquilinos queriam rescindir seus contratos e o proprietário do prédio estava viajando.
Então pedimos um laudo dos bombeiros e providenciamos os reparos necessários, a despesa ficou em R$
9.000,00. Gostaríamos de saber quem deve pagar essas despesas? informamos que o prédio não possui
seguro incêndio pois o mesmo não tem condomínio constituído. Acreditamos quem quem deve pagar é
o inquilino que deixou o carro estacionado em área de manobra e sem autorização, estamos certos?
Como podemos fazer essa cobrança pois o mesmo saiu do apartamento locado. (J.L. – Guarapuava, PR)
Resposta: Tem legitimidade para a cobrança dos honorários, em juízo, o advogado da administrado-
ra ou indicado ou contratado pela mesma, devendo o advogado provar a sua efetiva atuação.
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A correta manutenção e conservação dos edifícios é um tema que, embora tenham transcorridos tantos
anos de crescimento do setor de construção civil, ainda motiva discussões entre especialistas. Tal fato ocorre
porque o aquecimento da economia despertou uma nova cultura nos consumidores brasileiros em muitos
segmentos da cadeia produtiva: a de tornar tudo descartável. Os condomínios, porém, têm uma característica
diferente dos demais bens: são concebidos para que seus moradores os usufruam durante muito tempo. E, ao
longo desse período, devem resistir aos desgastes do uso e da natureza; ao envelhecimento natural.
É inconcebível imaginar que edifícios se tornem descartáveis quando suas propriedades deixarem de
atender às expectativas dos usuários. Isso é inviável do ponto de vista econômico. Justamente por esse motivo,
os proprietários dividem a responsabilidade com relação à sua manutenção, desde o primeiro dia de uso.
Desde a primeira previsão de despesas, faz-se necessário destinar uma verba para a conservação do imó-
vel, visando à expectativa de prolongamento da vida útil da edificação, assim como de seus bens comuns. É
costume, inclusive, estabelecer o fundo de reserva na ordem de 5% do valor da parcela do condomínio para
que, ao longo dos anos, ele possa ser utilizado na correção ou modernização de componentes e áreas. Estes
bens, numa projeção em longo prazo, podem até superar o valor de custo da própria construção.
Aos gestores dos condomínios cabe a responsabilidade de elaborar e executar corretamente o planeja-
mento dos serviços de conservação, utilizando a reserva destinada. Devem levar em conta ações preventi-
vas quanto ao desgaste dos bens e equipamentos comuns dos edifícios, estabelecendo um cronograma das
manutenções. Para obter mais chance de sucesso, tais programas devem prever, além do material e dos
recursos financeiros, a estrutura e recursos humanos necessários. Deve-se prever, inclusive, a manutenção
corretiva, ou seja, uma ação não planejada, emergencial, que exige intervenção imediata para evitar riscos
e prejuízos maiores aos usuários. Tudo, obviamente, levando-se em conta as normas que a legislação prevê
e um desempenho que seja tolerável pelos usuários e proprietários, garantindo a sua higiene e a segurança.
Apesar de trabalhosa, a tarefa de administração – se bem organizada – pode ser facilitada. A realiza-
ção de inspeções periódicas, posteriormente registradas em relatórios-padrão, facilita a avaliação de
perda do desempenho de algum componente da edificação e/ou de seus maquinários. Permite ações de
conserto mais ágeis e menos dispendiosas ao condomínio.
Com a finalidade de garantir a integridade do condomínio, o sistema de manutenção, além de ade-
quado, precisa contar com muita organização. É fundamental manter-se uma pasta com o arquivamento
de documentos e plantas do edifício, projetos e informações dos serviços já realizados, bem como seus
custos, tempo de garantia ou de duração de cada ação.
Todo esse trabalho não só facilita como também mostra transparência na administração condominial.
Mais do que isso, traz, como grande benefício uma vida longa para o imóvel. Quem agradece são os
maiores interessados: os condôminos.
* O autor é diretor da GK Administração de Bens e coordenador do curso de síndicos profissionais
da Gabor RH.
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