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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

MOÇAMBIQUE
Centro de Ensino à Distância

Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Língua Portuguesa I

Código: (P0180)

Módulo único
24 Unidades
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à
Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou
reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer
meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de
entidade editora (Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O
não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais.

Elaborado por: dr. William Zona,


Licenciado em ensino da Língua Portuguesa pela UP.
Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino da Língua Portuguesa no Centro de Ensino
à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correia de Brito N0 613-Ponta-Gêa·
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cell: 82 50 18 44 0
Fax:23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Web site: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
À Universidade Católica de Moçambique -
Centro de Ensino à Distância e os autores do presente manual, dr. Nilton Libombo da Fonseca
e William Zona agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições:

Pela disponibilização do material: Ao Instituto Camões, pólo na Beira;

Pela confiança, revisão e incentivo prestados: Ao dr. Jane Mutsuque

Pela coordenação e apoio moral na Ao coordenador do curso de Licenciatura em


elaboração do presente material. Ensino da Língua Portuguesa no CED,
dr. Armando Artur;
Ao colega e amigo, dr Baptista Franze.
Centro de Ensino à Distância i

Índice

Visão Geral 5
Bem-vindo à Língua Portuguesa I.................................................................................. 5
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 5
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 5
Como está estruturado este módulo? .............................................................................. 6
Ícones de actividade ...................................................................................................... 7
Habilidades de estudo .................................................................................................... 7
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 8
Avaliação ...................................................................................................................... 8

Unidade 1: Tomada de Notas 9


Introdução 9
Sumário ....................................................................................................................... 11
Exercícios.................................................................................................................... 12

Unidade 2: O Resumo 13
Introdução 13
Sumário ....................................................................................................................... 16
Exercícios.................................................................................................................... 16

Unidade 3: Fichas Bibliográfica, Temática e de Leitura. 19


Introdução 19
Sumário ....................................................................................................................... 26
Exercícios.................................................................................................................... 26

Unidade 4: Composição Escrita: Regras de Composição, Correcção da Composição


Escrita e Correcção dos Erros 27
Introdução 27
Sumário ....................................................................................................................... 30
Exercícios.................................................................................................................... 30

Unidade 5: Origem e Evolução da Língua Portuguesa 31


Introdução 31
Sumário ....................................................................................................................... 35
Exercícios.................................................................................................................... 36

Unidade 6: A Exposição 37
Introdução 37
Centro de Ensino à Distância ii

Sumário ....................................................................................................................... 39
Exercícios.................................................................................................................... 40

Unidade 7: Entrevista e Debate 41


Introdução 41
Sumário ....................................................................................................................... 44
Exercícios.................................................................................................................... 44

Unidade 8: Notícia e Reportagem 45


Introduão 45
Sumário ....................................................................................................................... 48
Exercícios.................................................................................................................... 48

Unidade 9: Carta e Requerimento 49


Introdução 49
Sumário ....................................................................................................................... 52
Exercícios.................................................................................................................... 52

Unidade 10: Curriculum Vitae 53


Introdução 53
Sumário ....................................................................................................................... 54
Exercícios.................................................................................................................... 54

Unidade 11: Regras de Funcionamento da Língua Portuguesa 55


Introdução 55
Sumário ....................................................................................................................... 65
Exercícios.................................................................................................................... 67

Unidades 12: Relações Lexicais 69


Introdução ................................................................................................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 71
Exercícios.................................................................................................................... 71

Unidades 13: Processos de Formação de Palavras 72


Introdução ................................................................................................................... 72
Sumário ....................................................................................................................... 76
Exercícios.................................................................................................................... 76

Unidade 14: Frase Simples (Tipos e Formas de frase) 77


Introdução 77
Centro de Ensino à Distância iii

Sumário ....................................................................................................................... 80
Exercícios.................................................................................................................... 80

Unidade 15: Frase Complexa (Relação de Coordenação e de Subordinação) 81


Introdução 81
Sumário ....................................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 84

Unidade 16: Discurso Relatado (Discurso directo, indirecto e indirecto livre) 85


Introdução 85
Sumário ....................................................................................................................... 86
Exercícios.................................................................................................................... 86

Unidade 17: Níveis de Língua (familiar, corrente, cuidado) e Norma e Desvio 88


Introdução 88
Sumário ....................................................................................................................... 91
Exercícios.................................................................................................................... 92

Unidade 18: Formas de Tratamento (Pronomes de Tratamento e Formas de Cortesia) 93


Introdução 93
Sumário ....................................................................................................................... 96
Exercícios.................................................................................................................... 96

Unidade 19: Relatório 97


Introdução 97
Sumário ..................................................................................................................... 100
Exercícios.................................................................................................................. 100

Unidade 20: Texto Expositivo-Argumentativo 101


Introdução 101
1.1. Texto Argumentativo .......................................................................................... 101
Sumário ..................................................................................................................... 103
Exercícios.................................................................................................................. 103

Unidade 21: Texto Narrativo Oral e ou Escrito 104


Introdução ................................................................................................................. 104
Sumário ..................................................................................................................... 106
Exercícios.................................................................................................................. 106

Unidade 22: Texto Descritivo 107


Introdução 107
Centro de Ensino à Distância iv

Sumário ..................................................................................................................... 109


Exercícios.................................................................................................................. 109

Unidade 23: Texto Poético (Noção de Versificação, Estrofe e Linguagem) 110


Introdução 110
Sumário ..................................................................................................................... 111
Exercícios.................................................................................................................. 111

Unidade 24: Recursos Estilísticos (Níveis fónico, semântico, sintáctico e linguagem


literária) 112
Introdução 112
Sumário ..................................................................................................................... 114
Exercícios.................................................................................................................. 114

Referência ibliografia 115


Centro de Ensino à Distância 5

Visão Geral
Bem-vindo à Língua Portuguesa I
Pretendemos que este módulo de LP I seja um contributo para que
os aprendentes adquiram um domínio eficaz e eficiente de algumas
técnicas de uso da Língua Portuguesa. Naturalmente que a entrega
e a dedicação é que ditarão a amplitude do nosso objecto de estudo.

Objectivos da cadeira

Quando terminar o estudo deste módulo serás capaz de:


 Desenvolver a competência comunicativa em Português, na
oralidade e na escrita, de forma apropriada a qualquer
situação de comunicação e de acordo com os vários níveis e
Objectivos registos de língua;
 Desenvolver o vocabulário activo e passivo;
 Explicar e desenvolver o raciocínio e o pensamento críticos;
 Compreender exposições orais sobre temas da vida corrente;
 Ler com velocidade e expressividade;
 Manusear várias obras e tipologias textuais;
 Escrever sem erros ortográficos;
 Adquirir um domínio eficaz e eficiente de algumas técnicas
de uso da língua oral e escrita;
 Criar uma metodologia de aprendizagem própria;
 Desenvolver autonomia na aprendizagem.

Quem deveria estudar este módulo


Este módulo foi concebido para todos aqueles Estudantes
candidatos ao Curso de Licenciatura em Ensino da Língua
Portuguesa, do 1º ano.
Centro de Ensino à Distância 6

Como está estruturado este módulo?


Todos os manuais das cadeiras dos cursos oferecidos pela
Universidade Católica de Moçambique - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os aspectos-
chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes
de começar o seu estudo.
Conteúdo da cadeira
A cadeira está estruturada em unidades de aprendizagem. Cada
unidade incluirá, o tema, uma introdução, objectivos da unidade,
conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem , um
sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma
lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
podem incluir livros, artigos ou sites na internet.
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação
Tarefas de avaliação para esta cadeira, encontram-se no final de
cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do manual.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo da cadeira. Os seus
comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este
manual.
Centro de Ensino à Distância 7

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de
estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de
semana. Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo
individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como
estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros).
Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o
responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a se planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.

Evite plágios!

Precisa de apoio?
Caro estudante:
Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante tem a oportunidade de interagir objectivamente com o
tutor.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção. Em caso
de problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado,
numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o
problema for da natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo
número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas


normais de expediente!
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Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios), contudo nem
todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam
realizadas. Só deverão ser entregues os exercícios que forem
indicados pelo Tutor. Isto, antes do período presencial.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

Avaliação
A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira:
 Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo divididos
em três sessões presenciais de acordo com a programação do
Centro.
 Dois (2) Testes escritos em presença e um (1) exame no fim do
ano.
Centro de Ensino à Distância 9

Unidade 1: Tomada de Notas

Introdução
Nesta que é a primeira unidade deste manual, fazemos apresentação
de uma tipologia textual que se enquadra nos textos orais e escritos de
organização de dados. Estamos a falar especificamente da tomada
de nota. Vamos aqui procurar compreender as principais
características e importância desta tipologia textual.

Ao completar esta unidade/lição, você será capaz de:


 Apreender as técnicas de tomada de notas;
 Identificar as técnicas de escrita acelerada;

Objectivos  Tomar notas.

Tomada de Notas
Notas são apontamentos escritos que se tomam sobre
determinados assuntos ou acontecimentos, para usar quando
houver necessidade. Sempre que encontramo-nos num debate ou
numa sessão, urge a necessidade de tomar notas: O que tomar?
Quando tomar e de que modo tomar? Estas são questões que
conduzem a uma tomada de nota.

Se escutarmos uma conferência, uma aula, reunião ou conversa,


ou se lermos um documento, um artigo ou um impresso…
podemos ter o interesse de reter certas informações a fim de
reencontrá-las ou nelas reflectir de novo. Para tal é preciso tomar
notas. A tomada de notas é mais custosa a partir de uma fonte oral.

A maioria das pessoas sentem dificuldades em


tomar notas, não o faz ou toma muito poucas, ou
então deixa de conseguir acompanhar. Diz que lhe
custa escutar e escrever ao mesmo tempo.
LEMAĬTRE e MAQUĖRE (1986).
Centro de Ensino à Distância 10

Outras querem anotar tudo e falham, (procurar anotar tudo é


absurdo). Aqueles que parecem ter uma escuta selectiva chegam a
escrever aquilo que lêem às suas crenças e avaliam o que se lhes
diz a partir das suas reacções afectivas. No entanto, a tomada de
notas apresenta sempre dificuldades objectivas. Vejamos o caso
oral: fala-se três ou quatro vezes mais depressa do que se escreve,
por isso requer uma atenção constante, um investimento de
energia importante e utilização de técnicas adaptadas.

Tomamos notas para:


 Nos apropriar de um saber;
 Fixar melhor a nossa atenção; memorizar;
 Dispor de um arquivo de informações sobre um suporte
escrito, de forma duradoura. Permitir a realização de
análises ulteriores ou de eventuais apanhados (a fim de
retransmitir a informação).

A tomada de notas constitui um exercício mental extremamente


formador. Para anotar é indispensável fazer um esforço intelectual:
sustentar a atenção, reflectir, tentar compreender e assimilar e
organizar as ideias. Isto permite, igualmente, que nos habituemos
a escutar, reformular, traduzir, resumir, transcrever as ideias lidas
ou ouvidas, sintetizar, classificar, ordenar, estruturar etc.

O Que Anotar?
 Apontar o maior número de coisas indispensáveis no
mínimo de tempo utilizando a técnica de escrita acelerada;
 Eliminar os elementos supérfluos: fora de assunto,
repetições afirmações «gratuitas» ou opiniões pessoais do
conferencista;
 Suprimir os pormenores;
 Assinalar as palavras-chave;
 Assentar sistematicamente as conclusões parciais e gerais
e as propostas de acção.
Centro de Ensino à Distância 11

Como Tomar notas?


Tudo depende do objectivo visado, da exploração prevista.
Existem apesar de tudo, técnicas de velocidades comummente
usadas:
 Estilo telegráfico, frases curtas e sem verbos;
 Utilização de abreviaturas sem abusar delas;
 Esquematização (quadros, círculos e gráficos que podem
substituir frases compridas.

Reproduzir as informações colhidas, sem passar muito tempo, em


texto largo.

Alguns exemplos de abreviaturas:


 p = páginas;
 pp. = páginas;
 A = autor;
 AA. = autores;
 % = percentagens;
 W = trabalho
 mto. = muito;
 q. = quem;
 hab. = habitante;
 qq.= qualquer, etc.

Sumário
A maioria das pessoas sentem dificuldades em tomar notas, não o
faz ou toma muito poucas, ou então deixa de conseguir
acompanhar. A tomada de notas apresenta sempre dificuldades
objectivas. No caso oral: fala-se três ou quatro vezes mais depressa
do que se escreve.
Centro de Ensino à Distância 12

O princípio geral de tomadas de notas consiste na redução do texto,


seleccionado de forma sintáctica, determinadas informações de um
texto básico (vinculado quer na forma escrita quer na forma oral)
mantendo o seu sentido inicial.

Exercícios
1. Tome notas a partir de uma reunião, conferência, debate, evento
oral ou informação retirada de um livro.
2. Tome notas do texto “SIDA é problema nosso” usando as
seguintes técnicas: abreviaturas, quadros esquemas.
3. O que se deve ter em conta ao tomar nota?
Centro de Ensino à Distância 13

Unidade 2: O Resumo

Introdução
Pretendemos com esta unidade apresentar a definição, os
objectivos, a qualidade, extensão, fases de elaboração de um
resumo tal como os defeitos a evitar no resumo.

O estudante deve desenvolver capacidades de redacção de um


resumo e conseguir distinguir, este, de outros textos que
apresentam algumas características comuns.

Na prática, muitas são as vezes que estudantes consideram


sinónimos os conceitos: contracção, condensado, síntese, súmula,
sumário, sinopse, memorando, esquema, ficha de leitura, etc., pelo
simples facto destes envolverem uma ideia comum, de redução
textual.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Definir o resumo;
 Identificar as fases de elaboração de um resumo;

Objectivos  Resumir textos orais ou escritos;


 Indicar os defeitos a evitar no resumo.

O resumo é uma actividade de reformulação que se exerce sobre


qualquer tipo de texto, com o objectivo de o apresentar/escrever de
novo sob forma mais reduzida, preservando com o máximo
rigor o essencial da informação que ele veicula. Resumir um
texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a
estrutura, o tipo de enunciado. É um exercício mental que encara o
texto como um todo.
Centro de Ensino à Distância 14

Objectivos do Resumo
É um dos meios mais eficazes de desenvolvimento intelectual
porque leva a distinguir o essencial do acessório, num texto ou
mensagem cujo discurso é necessário reduzir para utilização
posterior.

Avalia as capacidades de compreensão da leitura bem como o


talento para exprimir, um discurso mais conciso. Desenvolve,
ainda, hábitos de leitura e agilidade mental.

Por último, a preocupação pela fidelidade às ideiais contidas no


texto original habitua quem resume ao respeito por quem escreve -
os esus autores.

Dentro das qualidades exigidas dentro de um resumo destaca-se: a


fidelidade, coesão, coerência e clareza.

O resumo terá entre um quarto ¼ e um terço 1/3 da extenção do


texto-fonte, não devendo ultrapassar os limites máximo e mínimo,
expressamente indicados para o efeito porque para uma avaliação
sempre se exigem metas. Assim, por exemplo um texto de 378
palavras deve ser resumido num de 110 a 140, havendo, ainda, uma
tolerância de 15 palavras, ou seja, 95 para limite mínimo e 155 para
o limite máximo.

Fases de elaboração de um resumo:


O resumo compreende as seguintes partes:
1. Fase preparatória- contacto inicial com o texto
Compreender a leitura, sublinhado de vocábulos, expressões onde
julgue haver informação essencial e divisão do texto em partes;

2. Fase operacional – elaboração e redação do resumo


Concluida a fase preparatória, compreenderam-se claramente as
ideias fundamentais e passa-se à selecção sublinhando novamente
Centro de Ensino à Distância 15

o essencial e separando-o do acessório, seguido da supressão que é


o abandono definitivo da informação supérflua: repetições, frases
redundantes, comentários citações, etc., depois da supressão,
segue-se à generalização onde os hipónimos podem ser
substituidos pelos seus hiperónimos e mais tarde atinge-se a
construção/integração que consiste em alterar /substituir frases ou
parágrafos longos em outros menores.

3. Fase final – revisão e redacção definitiva


A redacção final consistirá em dar a forma definitiva ao texto
condensado, produzido na fase operacional. Aqui há preocupação
na ordem estética, e de clareza que de coerência e coesão, já que
estas vinham sendo mantidas desde o início da actividade de
transformação do texto original.

Texto 1 – Exemplicativo
Crítica ou teoria literária? Texto constituido por 122 palavras. Resumir
em 40/50 palavras

Escreveu August W. Schlegel que Camões, só por si, vale uma literatura
inteira. Esta observação fundamenta-se, por certo, no facto de a obra
multifacetada de Camões abranger diversas correntes artísticas e
ideológicas do séc. XVI em Portugal; ser elaborada sobre uma
experiência pessoal múltipla que nenhum outro escritor contemporâneo
realizou sozinho; e de, enfim, este poeta ter sido capaz de dar forma
lapidar e definitiva a um conjunto de ideias, valores e tópicos
característicos da sua época. Quase tudo o que se manifestou na literatura
portuguesa de Quinhentos, através de autores tão diferentes como
Bernardim Ribeiro, António Ferreira, Fernão Mendes Pinto, João de
Barros, e até Garcia de Orta ou Duarte Pacheco Pereira, encomtra eco na
lírica ou na épica de Camões.

Óscar Lopes e A. José Saraiva, História da Literatura Portuguesa.


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Texto 2, Resumo (obtido)


Segundo Schlegel, Camões vale uma literatura.
Efectivamente, a sua obra abrange as preocupações humanísticas do
Renascimento português, baseia-se na experiência única do poeta e
exprime superiormente as inquietações espirituais da época.
Enfim, há nela traços de quase tudo quanto produziram os clássicos e os
humanístas portugueses seus contemporâneos.

Defeitos a evitar no resumo.


O resumo é a condensação, em poucas palavras, de algo foi dito ou
escrito (Dicionário Michaelis – UOL). Portanto, resumir significa criar
um novo texto, mais condensado, que utiliza as informações importantes
do texto-base, reduzindo-lhe a extensão e sendo objectivo, na tentativa de
criar uma síntese coerente e cpmpreensível do texto de partida (Serafini,
1986). Desta feita, há a evitar no resumo:
– O estilo telegráfico;
– A transmissão integral dos enunciados do autor; mesmo os mais
importantes.

Sumário
Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o
sentido, a estrutura, o tipo de enunciado. É um exercício mental que
encara o texto como um todo. É, pois, a criação de um novo texto,
reduzindo-lhe a extensão sendo objectivo. As fases do resumo e a
sua elaboração incidem sobre o texto escrito. São três as fases
principais do resumo. No acto do resumo há erros a evitar, pois o
resumo não deve destorcer o fulcro textual.

Exercícios
1. Qual é a natureza de um resumo?
2. Resume o texto «SIDA é problema nosso» cf. Módulo.
3. Explique todos os passos seguidos para obter o resumo final.
4. Que defeitos há a evitar no resumo?
5. Faça resumo do texto “SIDA é problema nosso!” em 250
palavras.
Centro de Ensino à Distância 17

Texto
SIDA é problema nosso!
O SIDA (ou Sindroma de Imunodeficiência Adquirida) é uma
doença que, espalhando-se pelo mundo, causa medo a todos nós.
Os números falam por si e são assustadores!
Não se trata pois de um fantasma da nossa imaginação.
A doença foi pela primeira vez detectada nos EUA em 1981. Só
em 1983-84 viria a ser identificado o vírus causador da doença, e nessa
altura havia já 1641 casos diagnosticados, que tinham causado 644
mortos.
Pouco se conseguiu fazer para prevenir esta doença que mesmo
hoje, ainda não tem cura, apesar dos intensos esforços de investigação,
nem obedece aos mecanismos de controlo epidemiológico entretanto
adoptados.
O SIDA é uma doença mortal transmitida pelo sangue, ou pelo
esperma nas relações sexuais.
O vírus HIV (Human Inmunodeficiency Vírus), responsável pela
doença, uma vez introduzido no sangue, procura os linfócitos T
encarregados da defesa imunitária, onde se instala.
Os indivíduos assim atingidos são chamados seropositivos.
Passado algum tempo (tempo de incubação, que pode chegar a 5 anos),
ou em certas condições de terreno individual favorável, o vírus em cerca
de 50% dos seropositivos paralisa e o sistema imunitário continua intacto
e não apresenta sintomas de doença, nem se sente doente.
Embora não necessariamente doentes, os seropositivos são
sempre contagiantes pelo que devem abster-se de ter relações sexuais sem
protecção, e de engravidar, se forem mulheres.
O doente é uma pessoa infectada pelo vírus HIV, que tem já
destruído o seu sistema imunitário, o que o torna desprotegido face aos
germens banais e o expõe às infecções para as quais deixou de ter defesa.
E é preciso não esquecer que o SIDA ataca principalmente os
jovens e todas as pessoas sexualmente activas e os toxicodependentes.
Perante os sintomas da doença, só um exame médico rigoroso
pode confirmar se trata ou não de SIDA, uma vez que todos os sintomas
são comuns a outras doenças infecciosas atípicas, isto é, sem uma
sintomatologia definida, pelo que só um exame médico completo permite
a confirmação do diagnóstico.
Centro de Ensino à Distância 18

O SIDA caminha a passos rápidos para ser em breve a maior


ameaça para a saúde dos jovens.
Se o uso das drogas é um factor que não podemos descurar, a
actividade sexual parece-nos ser o aspecto a merecer melhor atenção,
dado ser uma prática legítima, cada vez mais frequente e assumida entre
os jovens de hoje.
Há pois necessidade imperiosa de implementar uma verdadeira
Educação Sexual precoce.
Uma vez contraído, o vírus do SIDA pode permanecer no corpo
humano toda a vida e, sem sinais de doença, ser transmitido aos parceiros
sexuais e aos filhos, vindo alguns deles a contrair a doença.
Não tendo tratamento específico, só podem ser tratadas as
consequências da doença, na maior parte dos casos sem êxito.
São as infecções pulmonares, dos intestinos, do cérebro, e doenças da
pele como o Sarcoma de Kaposi. São os linfomas. São também as atrofias
irreversíveis das células cerebrais, com estados demenciais precoces, e as
complicações psiquiátricas que ocorrem nestes doentes.
Na ausência de um tratamento eficaz, devemos pois dar maior
atenção aos meios de que nos permitam a protecção que evite contrair a
doença.
As únicas medidas eficazes residem na informação adequada que
permita a mudança de hábitos e comportamentos sexuais e o abandono do
uso de drogas.
(…)
In revista O Professor, Maio de 1990
Centro de Ensino à Distância 19

Unidade 3: Fichas Bibliográfica, Temática e de Leitura.

Introdução
Nesta unidade, falaremos do tratamento e organização sintética da
informação colhida em várias fontes documentais. Portanto, vamos
procurar compreender o funcionamento da ficha bibliografia,
temática e da ficha de leitura.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Identificar ficha bibliográfica, temática e de leitura;
 Elaborar uma ficha bibliográfica, temática e de leitura;

Objectivos  Compilar informações importantes de uma obra;


 Citar autores.

Quase sempre, o estudante se depara com informações úteis


colectadas nos livros, assim como noutros tipos de documentos.
Esta informação é um produto reflexivo de analistas que
desenvolveram ou pesquisaram este conhecimento durante longo
tempo. Por isso, as informações colhidas devem ser devidamente
referenciadas, ou seja, a sua proveniência não deve constituir
segredo. Isto quer dizer que, ao se fazer uso dessa mesma
informação, deve-se referir a fonte que a produziu, o autor, sob
pena de se considerar plágio ou apropriamento das ideias de
outrem.

Ficha Bibliográfica
A ficha bibliográfica é uma das formas que temos para
salvaguardar não só as informações, mas também mostramos
fidelidade e integridade intelectual. A omissão é considerada crime,
sob pena de incorrer a um processo-crime por violação dos direitos
do autor.
Centro de Ensino à Distância 20

Com efeito, sempre que um pesquisador se serve de informações é


dever do mesmo indicar todas as fontes de proveniência dos dados
que reforçam as suas ideias. Estas informações são organizadas
segundo modelos universalmente convencionais: a ficha
bibliográfica e sua tipificidade.

É na base da ficha bibliográfica que recorremos para reler,


completar, aprofundar determinado assunto. Facilita, também a
outros interessados, o acesso às nossas fontes.

A elaboração de uma ficha bibliográfica precede ao conhecimento


da organização de elementos bibliográficos pelo critério, seguinte:
i. Autor (es): o apelido (s) em maiúsculas, separados do
nome próprio por uma vírgula;
ii. Título da obra (em letras maiúsculas ou com iniciais
maiúsculas). O título é sublinhado ou escrito em Itálico;
iii. Edição;
iv. Local (cidade);
v. Editora;
vi. Data (ano);
vii. Nº de páginas/volume.

O critério aqui proposto pode apresentar uma ligeira diferença


dependendo das convenções que cada instituição académica/
científica possa adaptar, aparecendo assim, por vezes, o ano
posposto ao apelido e, noutras vezes, o apelido em letras
minúsculas.

Referências Bibliográficas
São um conjunto de elementos que permitem a identificação da
publicação, no seu todo ou em parte. As referências bibliográficas
são citadas em lista própria, deve ter uma ordem alfabética única
pelo apelido do autor e título.
Centro de Ensino à Distância 21

As referências bibliográficas são indispensáveis, pois provam as


fontes da pesquisa e permitem a sua identificação, evitando
situações de plágio ou de suspeita de plágio.

Ao fazer uma referência bibliográfica, é importante consultar, no


fim da obra, a ficha técnica – conjunto de elementos envolvidos na
produção do livro e que servem para a identificar: o autor do livro,
o autor da capa, o ilustrador, o número de tiragem, a editora, a
edição, o local e a data de impressão e os responsáveis pelo arranjo
gráfico.

Uma referência bibiográfica pode apresentar:


 Elementos essencias, isto é, informações indispensáveis à
identificação da obra, nomeadamente: o(s) autor(s), o título,
o número da edição, o local, o nome da editora ou produtora
e a data de publicação ou produção;
 Elementos completares, ou seja, informações que permitem
caracterizar melhor a obra, complementando as essenciais:
o subtítulo, o número de páginas ou volumes, títulos e
números de capítulos.

Observa um exemplo de referências bibliográfica:


MAZIVE, A., BOANE, S., ZANDAMELA, A., O Saber das Mãos
- 7ª Classe, 2ª ed.,Maputo, Longman Moçambique Lda, p.34, 2004.

Ficha de Leitura
As fichas de leitura são fichas de registo em que: são anotadas com
precisão todas as referências bibliográficas relativas a um livro ou a
um artigo, é elaborado o seu resumo, são transcritas algumas
citações-chave e são feitas apreciações e observações.

A ficha de leitura contribui para o aperfeiçoamento da ficha


bibliográfica. Com efeito, além de conter dados identificadores de
uma obra, apresenta informação sobre a essência da obra, seja ela
Centro de Ensino à Distância 22

de resumo, citação ou outro tipo de anotação. Portanto, a ficha de


leitura é mais abrangente do que a ficha bibliográfica.

A ficha bibliográfica é de uso bibliotecário. É o documento que


resume ou comenta a obra disponível na biblioteca, com o
objectivo de facilitar a identidade da fontede pesquisa do
leitor.Normalmente, a ficha de leitura é uma cartolina de tamanho
A5 que fica anexada à capa da obra corrrespondente ou que se
encontra num ficheiro específico.

Formato da Ficha de Leitura


Ficha de _____________
Pág. Referências Bibliográficas: Observações:
_____________________________

Tema: _________________________

No espaço central, redige-se o texto a partir do qual é feita a ficha,


seja ele em forma de resumo, síntese, comentário ou outro. Por
cima do texto, regista-se o tipo de ficha que se fez. Por exemplo: se
a ficha for de síntese, escreve-se por cima do texto “Ficha de
síntese”; se o texto for de citação,”Ficha de citação”; e assim por
diante. A coluna de “observações” é facultativa.
Centro de Ensino à Distância 23

Tipos de Fichas de Leitura


 Ficha de resumo ou de síntese – apresenta um resumo ou
síntese das ideias principais do texto-base. Quando contiver um
resumo, este deve obedecer às exigências do resumo; quando se
tratar de uma síntese, deve resultar num texto reduzido que
revela uma leitura crítica, uma interpretação do leitor.

 Ficha de Citação – reproduz-se as frases relevantes do texto-


se, de acordo com os procedimentos seguintes:
 Apresentar as frases entre aspas;
 Indicar as páginas de onde as informações foram extraídas;
 Transcrever textualmente (incluindo erros, que devem ser
seguidos pelo termo “sic” entre parênteses rectos: [sic];
 Indicar a supressão de palavras, recorrendo aos parênteses
curvos ou rectos: [...], (...);
 Completar as frases com elementos indispensáveis à sua
compreensão, estabelecendo uma ligação intrafrásica.

 Ficha de Comentário – é uma interpretação crítica do texto-


base, relativamente aos seguintes aspectos:
 Ideias do autor
 Forma do texto;
 Clareza/obscuridade do texto;
 Pertinência do conteúdo.

 Ficha Analítica – faz uma análise da obra de parida, podendo


referir entre outros, os seguintes aspectos:
 Campo/área do saber;
 Problemas tratados;
 Conclusões alcançadas;
 Contributos especiais para o tema;
 Métodos (indutivo, dedutivo, histórico, comparativo, etc.);
 Recursos empregues (tabelas, gráficos, quadros, mapas,
etc.).
Centro de Ensino à Distância 24

Bibliografia
É uma lista de documentos que, embora não citados ao longo do
texto, foram consultados e dão uma informação suplementar sobre
o tema. Esta lista constitui, normalmente, um anexo do trabalho.

Exemplificação de referências bibliográficas

Para “obras” elaboradas por até 3 autores, mencionam-se os nomes


de todos, na mesma ordem em que constam na publicação,
separados por vírgulas.
a. CONTENTE, Madalena, A Leitura e a Escrita: Estratégias de
Ensino para Todas as Disciplinas, 1ª ed., Lisboa, Editorial
Presença. 1995, pp1. 55-61.
b. SILVA, Margarida, MATOS, Dora, REIGOTA, Fernando,
Pela Prática é Que Vamos 2, 1ª ed., Porto, Edições ASA,
1989, pp. 3-67.
c. MATEUS, Maria Helena Mira, et al2., Gramática da Língua
Portuguesa, 2ª ed., Lisboa, Caminho, 1989.
d. AAVV3, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho,
1989, p4.76.
e. SILVA, Margarida, MATOS, Dora, REIGOTA, Fernando,
Pela Prática é Que Vamos 2, 1ª ed., (s/d)5, Edições ASA,
(s/d)6, pp. 3-67.
f. FIGUEIREDO, Eunice Barbieri de, FIGUEIREDO, Olívia
Maria, Itinerário Gramatical: a Gramática na Língua e a
Língua no Discurso, Porto: Porto Editora, 1998.
g. REI, J. Esteves, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora,
vol.I, 2000.

1
O símbolo pp. é uma indicação abreviada de no intervalo das páginas.
2
A expressao et al é uma forma abreviada que provem do Latim e significa e
outros.
3
A abreviatura AAVV significa varios autores.
4
O símbolo p. é uma indicação abreviada de página.
5
O símbolo (s/l) indica sem local.
6
O símbolo (s/d) indica sem data.
Centro de Ensino à Distância 25

Artigo da Jornal
Autor; título do artigo; título do Jornal; dia; mês; ano; nº ou títulos
do caderno; secção, ou suplemento, páginas inicial- final.

Exemplo de Ficha Bibliográfica, Umberto Eco (1980:103)


AVERBACH, Erich, Mimesis-Il Realismo
Pág. Nella Litteratura Occidentale, Torino, Enaudi, Observações:
1956, 2vls, pp. XXXIX - 284 e 350.
Título Original:
Mimesis. Dargestelle Wirkchkeit in der [ver no segundo
abendlandischen literatur, Bern, Francke volume o ensaio “il
…1946. mondo nella bocca
di Pantagruele”]

Citação
Habitualmente, num trabalho citam-se muitos textos de vários
autores. Citamos para corroborar ou confirmar uma afirmação
nossa, se partilhamos a ideia do autor. Citar é testemunhar num
processo e mostrar as testemunhas reconhecidas tornando dignas e
de crédito as informações.

As citações devem ser fiéis (transcrever as palavras tal como estão


e só omitir palavras fazendo a respectiva sinalização com elipses ou
mediante a inserção de reticências para a parte omitida.
 Não se deve fazer interpolações ou comentários.
 Ser exacta e precisa.
 Se o autor que citamos, embora digno de menção, incorrer
num erro manifesto, de estilo ou de informação, devemos
respeitar o seu erro mas assinalá-lo ao leitor frente à palavra
errada com parêntesis recto assim: [sic].
Centro de Ensino à Distância 26

Quando uma citação não ultrapassa as duas ou três linhas, pode


inserir-se no corpo do parágrafo, entre aspas. Se a citação for longa
(acima de três linhas), neste caso não são necessárias as aspas,
porém separá-la do texto a dois espaços.

Sumário
As fichas são um instrumento de trabalho indispensável, permitindo:
identificar as obras, colher o seu conteúdo, fazer citações, conservar
críticas nossas ou de outrem, analisar o material a utilizar num
trabalho.Ademais, actualmente, a ficha de leitura é muito usada por
estudantes para fazerem o resumo de fichas de apoio e de livros.

Exercícios
1. Destingue ficha bibliográfica, temática e de Leitura. Diz se
existe algo de comum.
2. Procure uma obra literária e apresente a sua respectiva ficha de
leitura.
Centro de Ensino à Distância 27

Unidade 4: Composição Escrita: Regras de Composição, Correcção da


Composição Escrita e Correcção dos Erros

Introdução
A composição escrita compreende, implicitamente o domínio das
regras de uma determinada Língua, portanto, composição escrita
pauta pelo conhecimento das unidades da escrita. Obviamente, as
regras de composição, a correcção da escrita e correcção só serão
aplicadas se houver o domínio da gramática da Língua em causa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Destinguir as regras de composição;
 Corregir a composição escrita em Língua Portuguesa;

Objectivos  Corrigir os erros da composição.

Composição Escrita
A composição escrita de uma língua relaciona-se com o domínio
gramatical dessa mesma língua. As regras de uma língua são
definidas pelos falantes da mesma. No caso da Língua Portuguesa
a regra de escrita, pela composição obedece o sujeito, o predicado
e o(s) complemento(s).

No que tange a correcção da composição escrita, é tal como já


referimo-nos, a escrita tem a ver com a realização das regras do
funcionamento de uma dada língua.

A eficácia da comunicação escrita implica que, ao nível da


transcrição escrita de uma mensagem, sejam respeitadas todas as
regras do código escrito, ainda que, estas, possam ser arbitrárias.
A existência de erros ortográficos pode adulterar o sentido de um
enunciado e torná-lo incompreensível.

A aquisição da ortografia não só depende da memória visual ou da


reflexão gramatical, mas está também ligada à expressão oral. Daí
Centro de Ensino à Distância 28

que se torna importante o treino de uma boa pronúncia e de uma


articulação clara, associada ao treino da literatura em voz alta.

Relativamente a correcção dos erros de uma composição escrita,


estas estarão implícitas à competência gramatical dessa língua,
particularmente escrita.

Como Redigir uma Composição


Para te ajudar a fazer uma composição, sugiro que sigas estas
etapas de trabalho:

1ª – Reflexão sobre o tema


É fundamental que faças uma reflexão cuidada sobre o tema que te
é exigido. Não deverás, nunca, afastar-te do tema, para poderes
tratá-lo com alguma profundidade, criatividade e seriedade.

Numa folha de papel, deverás ir anotando os factos, as


ideias…que te vão ocorrendo. Assim conseguirás ordenar melhor
as ideias e evitarás esquecer-te de pormenores importantes.

2ª – Escolha do discurso
Após a reflexão sobre o tema, é importante definir o tipo de
discurso com que organizarás o conteúdo da tua composição
(narrativo, descritivo, expositivo-informativo, argumentativo…).
Esta opção deverá ser cuidadosamente ponderada, pois há que
escolher o discurso que melhor se adeqúe à expressão das tuas
ideias.

3ª – Elaboração do plano
Antes de começares a redigir, é necessário conheceres claramente
os tópicos a desenvolver, as ideias a privilegiar, o lugar a conceder
a este ou àquele aspecto e o próprio encadeamento do texto. É
necessário, portanto, que procedas à elaboração de um plano que
ordene os elementos que reuniste quando reflectiste sobre o tema.
Centro de Ensino à Distância 29

Poderás introduzir mais elementos na tua lista de tópicos ou retirar


alguns que consideres repetitivos ou pouco importantes).

Na elaboração do plano, convém distribuir os vários aspectos a


tratar por 3 áreas diferentes:
 a introdução (que apresenta o tema, podendo também
indicar a sua importância e pertinência, o método utilizado
para o abordar…);
 o desenvolvimento (que, como o nome indica, desenvolve
o tema, de acordo com o tipo de discurso escolhido para o
fazer);
 a conclusão (que constitui uma espécie de remate do texto
e pode apresentar uma pequena síntese do
desenvolvimento, uma opinião…).

4ª – Concretização do plano
Deves, agora, desenvolver os teus tópicos por escrito, ou seja,
organizar em textos os conteúdos previstos pelo plano. Vais
produzir um discurso que, com correcção linguística, exprima com
rigor e clareza, as ideias que queres transmitir.

Para o conseguires, deverás prestar atenção aos seguintes aspectos:


as características do discurso a utilizar (descrever é diferente de
argumentar, por exemplo);
 O encadeamento lógico das ideais;
 A riqueza vocabular;
 A correcção da ortografia, da sintaxe e da pontuação;
 A estética da linguagem (a música das palavras, o ritmo da
frase…)

5ª – Revisão
A última etapa do trabalho consiste numa revisão atenta do texto,
que permita detectar eventuais erros relativos aos diversos
aspectos considerados no ponto anterior.
Centro de Ensino à Distância 30

Antes de dares por concluída a tua composição, experimenta lê-la


em voz alta. Se o fizeres, poderás aperceber-te de algumas
deficiências que a leitura silenciosa não permite observar.

Sumário
A composição escrita compreende três aspectos intrinsicamente
relacionados entre si: Regras de comunicação, correcção da
composição escrita e correcção dos erros.

Quer a correcção da composição da escrita, quer a correcção dos


erros só ocorrem mediante o dominio das regras do funcionamento
da língua, neste caso, refere-se a Língua Portuguesa.

Para fazer uma composição escrita é necessário seguir as seguintes


etapas: i. reflexão sobre o tema; ii. escolha do discurso; iii.
elaboração do plano; iv. concretização do plano e v. revisão.

Exercícios
1. Diz que factores estão em causa para uma composição escrita.
2. Indica a condição para a correcção dos erros em Língua
Portuguesa.
3. Considerando as etapas da elaboração de uma composição,
elabora um teto expositivo – argumentativo com uma temárica
ligada ao abordo,
Centro de Ensino à Distância 31

Unidade 5: Origem e Evolução da Língua Portuguesa

Introdução
Nesta unidade falaremos da origem e evolução da língua
portuguesa. A Língua Portuguesa sofreu várias transformações ao
longo de todos os tempos por influência de factores de vária
ordem.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Descrever a origem e a evolução da língua portuguesa no
tempo e no espaço;

Objectivo
 Descrever os processos de evolução do léxico português;
 Diferenciar as ortografias do português europeu e do
brasileiro.
Génese da Língua Portuguesa
Em consequência da romanização, a língua portuguesa tem a sua
origem no latim: o chamado latim coloquial tardio. Ela é o
resultado de uma longa evolução. Quando os romanos passaram
a dominar a Península Ibérica (por um período de mais de cinco
séculos), divulgaram a sua língua, o latim. Foi esta a grande
matriz da língua portuguesa.

O latim coloquial tardio, também designado latim vulgar, era


utilizado por funcionários, soldados, comerciantes, e foi
introduzido durante a romanização; este latim contrapõe-se ao
chamado latim clássico.

A partir do século V, novos povos chegaram à Península:


primeiro os Germânicos (Alanos, Suevos e Vândalos) e depois os
visigodos.

Também contribuíram para o enriquecimento da língua. E, no


século VIII, os Árabes, ao ocuparem vastas regiões da Península,
introduziram novas marcas. Entre os séculos VIII e XII
Centro de Ensino à Distância 32

constituiu-se, num território correspondente às actuais regiões da


Galiza e do Minho, o dialecto galaico-português. Foi a partir do
século XIV que o português se autonomizou. No entanto,
continuou a enriquecer-se, integrando contributos provenientes
de muitas outras línguas. Hoje o português é a 5ª língua mais
falada no mundo apresentando grosso número de seus falantes na
América Latina (Brasil), África (Ex-colónias portuguesas),
Portugal, Ásia e Oceânia.

O enriquecimento da língua deve-se em grande medida às


transformações fonética, semântica, empréstimos, neologismos,
estrangeirismos que tornam viva e dinâmica a língua.

Processos da Evolução do Léxico Português


A evolução do léxico português, compreendeu alguns processos,
dentre eles a evolução fonética, com tendência de os falantes
reduzirem o esforço ao pronunciar alguns sons. Eis, alguns casos:
Fenómeno de queda – attonitu> tonito> tonto;
Fenómeno de adição- stare> estar;
Fenómeno de permuta- semper> sempre.

Além da evolução fonética, temos a evolução semântica que


consiste na alteração de significado de certas palavras, ao longo
dos tempos.Eis alguns casos:
 Barba- (queixo, rosto, mento;significado antigo); (camada
pilosa que cobre partes do rosto;significado actual)
 Ministro - (escravo, servidor;significado antigo); (cargo
superior;significado actual).

Além dos processos já referenciados, incluem-se os


estrangeirismos ou empréstimos (adopção de uma nova palavra,
frase ou expressão de uma língua estrangeira). No entanto,
contrariamente ao estrangeirismo, o empréstimo está
perfeitamente integrado no léxico da língua que acolhe. O
Centro de Ensino à Distância 33

neologismo é uma palavra que deu entrada na língua no decorrer


de um período recente e que ainda não foi dicionarizada.

Os neologismos, são vários, a saber:


a) Neologismo morfológico: palavra nova formada por
derivação ou por composição: desnuclearização,
ibericidade, etc.
b) Neologismo semântico: atribui de uma nova significação a
uma palavra já existente, como a palavra rato, que passou
a designar um dos componentes periféricos do
computador.
c) Neologismos terminológicos ou neónimos: palavras novas
que fazem parte de vocabulários de especialidade
(vocabulários técnicos e/ou científicos, como a economia,
a medicina, etc.) e que surgem devido à necessidade de
denominar novos objectos, novas técnicas e novas teorias:
biogenética; cartão-inteligente, etc.
d) Neologismos literários ou neologismos estilísticos: são
utilizados para conferir ênfase ao que se pretende
transmitir e, na maior parte dos casos, ocorrem apenas
uma vez:”Sou um homem obeditoso aos mandos.
Resumo-me: sou um obeditado.” (Mia Couto, 1991,
Cronicando, Lisboa, Caminho, p.167.).

Relativamente aos empréstimos ou estrangeirismos, os mais


frequentes são os de origem:
a) Inglesa – anglicismos: badminton, boom, breafing, etc;
b) Francesa – galicismos: ballet, bâton, bouquet, dossier,
etc;
c) Italiana – italianismos: adagio, cicerone, macarrão,
madonnna, etc.
Centro de Ensino à Distância 34

Ao longo da história da língua portuguesa foram introduzidas


igualmente no vocabulário português palavras de:
a) Línguas americanas: arara, caipira, goiaba, etc.
b) Línguas africanas: azagaia, batuque, cacimba, etc.
c) Línguas asiáticas: anil, bazar, bambu, etc.

Diferenças ortográficas do Português Europeu e do Brasileiro


Persistem entre as ortografias oficialmente adoptadas em
Portugal e em Brasil algumas divergências, que aqui
apresentamos resumidamente.
 No Brasil emprega-se o trema no u precedido de g ou q e
seguido de e ou i quando é pronunciado: agüentar;
tranqüilo. (O emprego do trema foi abolido em Portugal
desde 1945);
 No Brasil não se emprega, ao contrário do que acontece
em Portugal, o hífen entre as formas monossilábicas do
verbo haver e a preposição de: hei de, has de, etc.
 As diferenças na acentuação gráfica estão de um modo
geral relacionadas com as pronúncias diferentes das
vogais tónicas que caracterizam a norma do português
europeu e a norma brasileira. Elas incidem em particular
no diferente uso do acento agudo e circunflexo que
assinalam a vogal tónica quando ela é aberta ou fechada,
respectivamente. Vejam-se os casos mais significativos
de divergência:
1. Antes de consoante nasal as vogais a, e, o são na
norma brasileira pronunciadas como fechadas e por
isso, quando acentuadas graficamente, usa-se no
Brasil sempre acento circunflexo. Assim, no Brasil
escreve-se cênico, anatômico, tênis, e em Portugal
cénico, anatómico, ténis. Tratando-se da vogal a, não
ocorre geralmente divergência, por ser neste caso a
pronúncia quase sempre coincidente: ânimo, pânico,
ânus;
Centro de Ensino à Distância 35

2. No Brasil não são acentuadas graficamente as formas


da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos
verbos da primeira conjugação, uma vez que, ao
contrário do que acontece na norma europeia, a vogal
tónica é na norma brasileira pronunciada como
fechada.
3. No Brasil acentua-se graficamente o <e> tónico das
palavras terminadas em –eia quando aquela vogal é
pronunciada como aberta: assembléia, idéia (mas feia,
meia).

No Brasil não se escrevem as consoantes etimológicas mudas,


isto é, não articuladas: ação, afetiva, ato, direção, adoção,
batizar.

Sumário
O latim é a grande matriz da língua portuguesa. O seu
enriquecimento deve-se em grande mediada às transformações
fonética, semântica, empréstimos, neologismos, estrangeirismos
que tornam viva e dinâmica a língua. O Português é falado, hoje,
no Brasil, África, Portugal, Ásia e Oceânia ocupando o 5º lugar no
mundo, das línguas mais faladas.

O português compreende alguns processos de evolução do léxico,


destacando-se os de evolução fonética, semântica, neologismo e
estrangeirismo.

A ortografia brasileira apresenta divergências da europeia,


devendo-se a factores de ordem de acentuação das vogais, o
emprego do trema, a ausência do hífen e a exclusão das consoantes
etimológicas mudas.
Centro de Ensino à Distância 36

Exercícios
1. Que relação se pode estabelecer entre o latim e o português?
2. Que factores ditaram o surgimento da língua portuguesa, dos
nossos dias?
3. Apresente duas palavras para cada tipo de caso dos processos de
evolução do português.
4. Que factores ocorrem para a divergência do PE e do PB?
Centro de Ensino à Distância 37

Unidade 6: A Exposição

Introdução
Nesta unidade falaremos da característica de uma exposição; da
importância que ele tem para a comuicação administrativa,
cientifica e didáctica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Identificar a tipologia do discurso expositivo;
 Distinguir as estratégias discursivas;
 Relacionar as características linguísticas desta tipologia
Objectivos
textual.
 Analisar uma exposição.

A Exposição
Exposição é a apresentação de tudo o que se refere a uma questão
ou problema de modo a que as pessoas a quem ela se destina
adquiram um conhecimento global. A exposição pode ser oral ou
escrita.

O objectivo principal de quem faz a exposição é ser compreendido


com facilidade. Por isso, as principais qualidades que se possam
respeitar durante a elaboração de uma exposição são a ordem,
clareza e rigor:
 A ordem – cada nova ideia relaciona-se com a anterior e
como que introduz a seguinte;
 A clareza – as expressões linguísticas são simples,
recorrendo-se a exemplos à explicação de uma palavra ou
gesto. Recorre-se à comparação para aumentar a clareza;
 Rigor - a exactidão na recolha e apresentação dos dados, a
documentação e citação, sempre que possível, das fontes
consultadas é indispensável para uma boa exposição.
Centro de Ensino à Distância 38

As marcas alargam-se ao uso de estruturas impessoais e da


nominalização; ausência de juízos de valor ou sentimentos de
apreciação.

A exposição apresenta a seguinte organização:


 Colocação do problema – delimitação do tema, definição,
fornecimento dos antecedentes e apresentação do estado da
questão.
 Desenvolvimento - explanação do raciocínio lógico,
caracterização, demonstração e sistematização dos dados.
 Conclusão - a síntese das ideias principais desenvolvidas.

Tipologia de Discurso Científico


O texto expositivo-explicativo tem uma textura própria que o
distingue das outras formas de discurso.Assim, a forma passiva é
um mecanismo para tornar impessoal o discurso científico, ela é
usada como uma estratégia de objectividade, de afastamento do
sujeito enunciado do seu discurso. Ex: “O homem actual
classifica-se como ser pertencente...”

Em suma, usam-se procedimentos de invisibilidade, mesmo que,


em alguns textos, aparece um nós/eu, estarão desprovidos do valor
individualizante. Por se tratar de um discurso monológico,
observa-se a ausência de tu.

Estratégias Discursivas
As estratégias discursivas da exposição variam de acordo com a
sua intenção comunicativa, recorrendo-se de caracteres
tipográficos diferenciados. A exposiçao tem a intenção de
informar e utilizar as estratégias necessárias para ampliar os
conhecimentos do destinatário.
Centro de Ensino à Distância 39

Características Discursivas
A exposiçao é composta por três enunciados:
a) Enunciados de exposição – contendo uma sucessão de
informações que visam fazer saber;
b) Enunciados de explicação – que têm como finalidades
fazer compreender o saber transmitido;
c) Enunciados que marcam as articulações do discurso –
anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse;
antecipar o que vai ser dito, através de títulos, subtítulos,
numerações, etc, focalizar o que é dito através de
sublinhados e de mudanças tipográficas.

A exposição muitas das vezes é utilizada para codjuvar textos


argumentativos e explicativos. O texto expositivo-explicativo, por
exemplo, apresenta um discurso de verdade. É objectivo e isento
de ataques. A sua objectividade manifesta-se através de formas
linguísticas próprias. Ele é emitido por um locutor detentor de um
conhecimento e de um domínio sobre o assunto. Antes da
explicação do fenómeno, precede a exposição.

As nominalizações – processo que consiste na transformação de


um sintagma verbal ou adjectival num nome, permitem, em certos
casos, condensar o que foi dito, assegurar uma determinada
orientação da reflexão.

Quanto aos tempos verbais, a forma essencial é o presente com valor


genérico ou estativo que enuncia as propriedades.

Sumário
O termo exposição nasce do verbo expor. A exposição é um texto
vulgar do nosso dia-a-dia. Este tipo de texto pode apresentar-se de
forma muito variada dependendo do objectivo preconizado: escrito
ou oral. As principais qualidades são a ordem, clareza e rigor. A
exposição é também designada de requerimento articulado.
Centro de Ensino à Distância 40

Exercícios
1. Descreve as características de uma exposição.
2. Apresente uma frase para cada uma das características
discursivas da exposiçao.
3. O que visa o texto expositivo-explicativo?
Centro de Ensino à Distância 41

Unidade 7: Entrevista e Debate

Introdução
Os textos de comunicação social abordam factos sociais. E estes ou
esses factos sociais dependem de uma interacção que muitas vezes,
só se torna possível mediante uma entrevista e/ou debate. Nesta
unidade didáctica vamos falar destas duas tipologias textuais que se
enquadram nos textos orais e escritos de comunicação familiar ou
social.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Destinguir uma entrevista de um debate;
 Identificar a estrutura de uma entrevista e de um debate;

Objectivos  Caracterizar linguistica e discursivamente.

A Entrevista
Entrevista corresponde ao encontro de pessoas, marcado para
local determinado, com fins sociais ou profissionais.

Os objectivos que nos levam a fazer uma entrevista são de


diversa natureza entre eles, podemos destacar:
 Recolher dados ou informações;
 Aprofundar um tema;
 Recolher ou registar uma opinião pessoal;
 Registar aspectos em torno da vida de uma personalidade
destacável;
 Colher a opinião pública sobre determinados factos ou
acontecimentos (em forma de inquérito).

Nota-se:
(i). A entrevista constitui actualmente prática usual na
admissão de trabalhadores, sobretudo se qualificados.
Centro de Ensino à Distância 42

(ii). Trabalho jornalístico assente no contacto pessoal entre um


repórter e uma ou mais pessoas que se disponham a prestar
informação de interesse para a comunidade ou úteis para a
elaboração de notícias.

Estrutura da Entrevista
A entrevista apresenta uma estrutura um tanto o quanto estática:
a fase de saudação, chamamento, identidade, nível de
língua.Intercalam-se por:
i. Estabelecer o contacto;
ii. Manter o contacto e
iii. Romper o contacto.

A entrevista pode ter vários alcances:


 Entrevista noticiosa (colhem-se factos que se
transformam em notícia);
 Entrevista de opinião (colhe-se o ponto de vista do
entrevistado sobre o assunto);
 Entrevista com personalidade (colhem-se aspectos
biográficos e pessoais do entrevistado);
 Entrevista de grupo (colhem-se opiniões de um certo
número de pessoas sobre certo assunto);
 Entrevista colectiva (um grupo de entrevistadores colhe
opiniões de uma pessoa).

A técnica de uma entrevista vária consoante o tipo de


entrevista.Ademais, a técnica de tratamento e de redacção de
uma entrevista vária com o tipo de entrevista e com o meio por
que é apresentada e com o meio por que é apresentada
(imprensa, rádio, etc.).
Centro de Ensino à Distância 43

O Debate
Entretanto, o debate é uma situação argumentativa por
excelência. Convém frisar que o debate não deve ser confundido
com a polémica, com discussão ou com a controvérsia.

Numa sociedade democrática, o debate terá de ocupar


forçosamente um lugar de destaque, uma vez que a troca de
pontos de vista, a permuta de ideais e de opiniões, o verdadeiro
diálogo entre todos, são pontos fortes da própria democracia.

O debate é uma situação de intercomunicação argumentativa em


que os participantes:
 São normalmente bons conhecedores (às vezes,
escialistas) das matérias em causa;
 Estão empenhados em mostrar que os seus argumentos e
pontos de vista são razoáveis;
 Estão abertos à compreensão dos pontos de vista, das
teses e argumentos dos outros participantes; são
tolerantes e respeitadores;
 Admitem atenuar ou até corrigir as suas posições, perante
o peso dos argumentos contrários;
 Não encaram o descanso do debate como uma vitória ou
derrota pessoais.

Características Linguísticas e Discursivas


No que diz respeito às características linguísticas e discursivas,
importa frisar, que de acordo com os interlocutores a ocorrência
de características linguísticas e discursivas realizam-se de acordo
com as diferentes fases (particularmente a entrevista).

1. Estabelecer o contacto
 Saudação, chamamento, identificação e nível de língua
(de acordo com o nível do entrevistado poderá ser
corrente e elevado).
Centro de Ensino à Distância 44

2. Manter o contacto
 Interrogação, chamada de atenção, dúvidas, argumento e
nível de língua. O contacto é estabelecido cingindo-se no
nível do interlocutor.

3. Romper o contacto
 Agradecimentos, despedida, proposta e nível de língua,
tanto exige um domínio linguístico por parte do
entrevistador. O entrevistador pouco fala, explorando
mais o seu interlocutor (entrevistado).

Relativamente ao debate, visto ser uma situação de


intercomunicação argumentativa, os argumentos é que
percorrem sobre o texto. A argumentação corresponde de
técnicas de organização de um texto, destinado a levar o
interlocutor a aceitar facilmente as condições desse texto. Estas
técnicas assentam no encadeamento de raciocínios lógicos e no
modo estético da comunicação.

Sumário
A entrevista e o debate correspondem a textos orais e escritos de
comunicação familiar ou social. Sendo a entrevista e o debate,
textos de estrutura conversacional apresentam uma mobilidade na
sua estrurura e características linguísticas e discursivas.

A entrevista obedece uma sequência linguística e discursiva


mediante cada fase, enquanto o debate assenta-se nos argumentos,
visando convencer o interlocutor em relação ao seu ponto de vista.

Exercícios
1. Com suas palavras, diferencie uma entrevista de um debate.
2. Selecione dois textos, sendo uma entrevista e um debate.
Identifique neles as características que acabaste de aprender
nesta unidade.
Centro de Ensino à Distância 45

Unidade 8: Notícia e Reportagem

Introduão
Nesta que é a oitava unidade, vamos falar do funcionamento de
dois tipos de textos que fazem parte dos textos jornalísticos. Vamos
tentar compreender as estruturas, suas características e distinção
entre eles.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar a estrutura de uma notícia e de uma reportagem;


 Descodificar uma mensagem noticiosa e de reportagem;
Objectivos
 Destinguir as partes da notícia e da reportagem.

Noticia
A notícia é um breve e objectivo texto narrativo, especialmente
marcado pela actualidade e interesse geral. A notícia insere-se nos
textos do domínio da Comunicação Social. Ela é um facto ou
acontecimento verdadeiro, inédito e actual, de interesse geral, que
se comunica a um público de massas.

Uma notícia bem estruturada deve ser constituída por:


1. LEAD, CABEÇA ou PARÁGRAFO-GUIA – primeiro
parágrafo, no qual se resume o que aconteceu. É a parte
mais importante da notícia e o seu objectivo é não só
captar a atenção do leitor, mas ainda fornecer-lhe as
informações fundamentais. Neste parágrafo deverá ser
dada resposta às seguintes perguntas essenciais: quem? O
quê? Onde? Quando?
2. CORPO DA NOTÍCIA – desenvolvimento, onde se faz a
descrição pormenorizada do que aconteceu. Esta segunda
parte, responde as perguntas: como? Porquê?
Centro de Ensino à Distância 46

A notícia é encabeçada por um título que deve ser muito preciso e


expressivo, para chamar a atenção do leitor. Este título relaciona-
se, habitualmente, com o que é tratado no LEAD e pode ser
acompanhado por um antetítulo ou por um subtítulo. A técnica
usada é da pirâmide invertida. Na prática, aparecem muitas
notícias que não respeitam a estrutura atrás apresentada.

N.B.: A notícia notícia não tem comentário. É caracterizada por


vocabulário corrente. A mensagem é viva para atrair a atenção do
leitor. De acordo com a linguagem indicada pode-se recorrer a
diversos meios:
- Citações, imagens e comparações. Como a linguagem visa boa
informação, todo o artigo jornalístico deve estar ao alcance de
qualquer leitor, mesmo o inculto.

A Reportagem -Conceito
A reportagem é um texto jornalístico oral ou escrito. Baseia-se no
testamento directo dos factos e em histórias vividas pelas pessoas,
nima perspectiva actual.

A reportagem televisa, testemunho de acções espontâneas, relata


histórias em palavras, imagens e sons. A reportagem de carácter
jornalíco é mais desenvolvida do que uma simples notíicia. O
trabalhho resulta de uma investigação no local, estando o
jornalista mais directamente relacionado com assunto.

Estrutura da Reportagem
A reportagem é um texto jornalístico que vai além da simples
notícia. Portanto, são textos que aproximam o autor (normalmente,
um jornalista) do público-alvo (leitor ou ouvinte) relativamente ao
tema em questão.
Centro de Ensino à Distância 47

Daí, tal como a notícia, a reportagem deve responder a seis


questões obrigatórias:
 O quê?
 Quem?
 Quando?
 Onde? (questões-base);
 Como?
 Porquê? (questões de desenvolvimento).

Marcas Linguísticas e Discursivas


Para que haja uma compreensão essencial dos factos, as
informações devem ser apresentadas de forma clara e organizada,
mediante uma narração. Com efeito, embora vise informar sobre
acontecimentos, a reportagem deve seguir a estrura da narrativa
para mostrar a forma como os acontecimentos se desenvolvem.
Assim, à semelhança da narrativa, a reportagem apresenta uma
exposição, uma complicação (desenvolvimento) e uma resolução
(conclusão)

Por outro lado, para que seja “os olhos e ouvidos” dos leitores, o
repórter descreve aprofundadamente o que vê, ouve e sente. Faz,
por isso, um retrato da situação, isto é, uma descrição. Contudo,
este retrato não deve ser estático, mas inserido num contexto
pessoal e social, ligado ao passado, e mostrando também aspectos
psicológicos.

Distinção entre Reportagem e Notícia


Uma reportagem é, por vezes, uma notícia um pouco mais
aprofundada e com uma maior carga de interpretação pessoal por
parte do jornalista. Na vida dos profissionais de informação,
acontece, frequentemente, que a cobertura de um dado assunto
permite, por circunstâncias várias – disponibilidade de tempo,
importância do acontecimento -, ir além da notícia.
Centro de Ensino à Distância 48

A reportagem resultante dessa opção proporciona, desde logo,


além das informações, uma primeira interpretação. Na elaboração
da reportagem, o jornalista pode recorrer a entrevista, a
testeminhas dos acontecimentos, à investigação directa no local ou
locais abrangidos pelo trabalho e à consulta de fontes impressas,
nomeadamen-te livros, folhetos, estatísticas e materiais de arquivo
em geral.

Sumário
A notícia é um texto narrativo de actualidade e interesse social e
apresenta o lead, corpo e um título que a resume. É um texto que se
insere no domínio da Comunicação.

É, portanto, a função referencial a que predomina na notícia, não se


excluíndo, por vezes, a função emotiva da língua quando
transparece a presença do emissor, através da valoração pesquisa
que ele pode conferir ao enunciado, ou de sentimentos de adesão ou
de recusa que ou que conduzem à emoção por parte do público e
não propriamente à informação.

Exercícios
1. O que entendes por uma notícia?
2. Fale da importância do lead.
3. Qual é o nível de linguagem usade numa notícia? Justique a
resposta.
4. Elabore uma pequena notícia.
5. Com base nos conhecimentos que deténs, eleaboree uma
reportagem sobre um assunto noticioso e candente na sua
comunidade.
Centro de Ensino à Distância 49

Unidade 9: Carta e Requerimento

Introdução
No dia-a-dia do Homem, verificam-se tantas preocupações de
ordem diversa, contudo existem instituições ou organismos
responsáveis ou incumbidos a resolver ou encaminhar as
preocupações dos cidadãos.

Neste contexto que nesta unidade, abordaremos os textos de âmbito


administrativo: a carta e o requerimento.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Definir a carta e o requerimento;
 Indicar a estrutura da carta e do requerimento;
 Destinguir os níveis de língua.
Objectivos

Carta - Conceito
A carta é uma mensagem escrita, transmitida a um destinatário
individualizado e que se encontra geogfaficamente noutro local.

Estrutura base de uma carta


A elaboração de uma carta segue uma estrutura, a seguinte:
a) Um cabeçalho, ao alto, à direita, com o nome da localidade
e da data;

b) Um vocativo, duas linhas abaixo, à esquerda: nome,


parentesco ou título do destinatário, seguido ou dois pontos,
e quase sempre precedido de uma palavra que exprime o
relacionamento entre destinador e destinatário (caro, meu
querido, prezado, excelentíssimo senhor, camarada, amigo,
etc.);

c) Corpo da carta, uma aduas linhas abaixo: desenvolvimento


da mensagem;
Centro de Ensino à Distância 50

d) Despedida, uma abaixo, com fórmula variável: um abraço,


um beijo, um chi- coração, adeusinho, até breve, os meus
respeitosos cumprimentos, cordiais saudações, com os
melhores cumprimentos, etc.

e) Identificação do destinador: eventual tipo de parentesco ou


de relacionamento, assinatura: seu filho A., seu filho amigo
Z., teu colega B., seu admirador X., seub trabalhador H.,
seu eleitor certo J., etc.

Requerimentos
Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes
tipos de solicitações às autoridades ou órgãos públicos. A seguir,
apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os
diferentes casos. Nele, podemos observar as seguintes partes:

À AUTORIDADE DESTINATÁRIA usa-se:


 Excelentíssimo (Exmo.) para Juiz, Promotor, Senadores,
Deputados, Vereadores, Presidente da República,
Governador, Prefeito e Ministros de Estado;
 Ilustríssimo (Ilmo.) para as demais autoridades;

Elementos Fundamentais no requerimento


 Nome e qualificação do requerimento
 Exposição e solicitação
 Pedido de deferimento
 Localidade e data
 Assinatura
Centro de Ensino à Distância 51

Modelo de Requerimento

SOLICITAÇÃO DE INSTALAÇÃO DE POSTO POLICIAL

Exmo. Senhor ______________

Senhor Secretário,
_(nome completo)_, nacionalidade, _(estado civil)_,
_(profissão)_, portador de B.I. nº ___________, emissão
___________, residente na Av./Rua _____________, nº ______,
Bairro de _________, cidade e Município de _______________,
vem à presença de V.Exa. para expor e requerer o que segue:

(Exemplo)
Na localidade em que o requerente reside tem aumentado muito
o número de assaltos, agressões e até mortes, dada a
insegurança que passou a existir no local nos últimos tempos. Já
não é possível transitar com o mínimo de tranqüilidade nem
mesmo durante o dia.

Diante do exposto, a fim de garantir a segurança dos moradores


e facilitar o acesso à Polícia, requer a V.Exa. sejam adotadas as
providências necessárias para a instalação de um Posto Policial
no bairro, bem como a presença ostensiva de policiamento.

Pede Deferimento

___________________
Local/data

___________________
Nome/assinatura
Centro de Ensino à Distância 52

Sumário
O Requerimento é a forma de o cidadão se dirigir à autoridade,
solicitando um benefício. São vários os elementos de um
requerimento dependendo do assunto e da situação.

Exercícios
1. Elabore um requerimento dirigido ao Reitor da UCM
solicitando uma bolsa de estudo.
Centro de Ensino à Distância 53

Unidade 10: Curriculum Vitae

Introdução
Ainda nesta unidade vamos falar de uamsi um texto administrativo.
Desta feira, o curriculum vitae.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar um currículo;
 Elaborar um currículo.
Objectivos

O Curriculum Vitae
A expressão curriculum vitae, provem do latine, significa
“percurso de vida” é uma documento que na permite comunicar
com os outros numa situacao concerto do mundo do trabalho.
Apresenta várias facetas do indivíduo, eo seu objectivo máximo é
despertar o interessse pela pessoa criar o desejo de falar com ela,
querer saber mais a seu respeito.

É um documento capaz de agir sobre o distinatario e leva-lo a


querer procurar mais informações sobre o candidato ou
interveniente. É, assim, um instrumento de motivação e sedução.

O curriculum viate é constituído pelas seguintes partes:


1. Dados Pessoais - nome, filiação, estado civil, residência
permante e te lefone, lugar e data de nascimento e
nacionalidade.
2. Formação Académico - básica, media e superior,
referindo-se os diplomas e as respectivas classificacoes,
estabelecimentos de ensino onde forma obtidos os locais e
as datas
4. Formação Profissional - inicial e complementar, aos
longos da actividade profissional.
5. Experiencia Profissional - locais de trabalho e respectivos
Centro de Ensino à Distância 54

empresas, indicando datas e referindo trabalhos ou


projectos de iniciativa própria ou em que tenha colaborado.
6. Ocupacao Actual - local de trabalho e serviço/ actividades
em que se encontra envolvido no momento em que
apresenta o currículo, podendo indicar as associações
(profissionais, culturais e recraivas) de que é membro, bem
como projecto de vida em que pensa empenhar-se a curto
prazo.
7. Línguas – indicar - as línguas em que comunicar e os
graus do seu domínio escrito e oral.

Sumário
O Currículo Vitae é um documento pessoal que descreve o
percurso de vida do indivíduo entre as suas capacidades,
habilidades e deve estar sempre actualizado.

Exercícios
1. Com base nas informações acima, elabora o seu currículo vitae.
Centro de Ensino à Distância 55

Unidade 11: Regras de Funcionamento da Língua Portuguesa

Introdução
Nesta unidade, falaremos de algumas regras elementares sobre o
funcionamento da língua portuguesa. Um dos pontos a sefuir é a
acentuação das palavras. É importante referenciar desde já que
existem três tipos de acento: grave, agudo, e circunflexo e, portanto,
as palavras da língua portuguesa podem ser agudas, graves e
esdrúxulas.

Outra regra que dedicaremos a nossa atenção tem a ver com a


pontuação, esta que na língua portuguesa desempenha um papel
essencial no funcionamento da mesma. O simples facto de
existência de má pontuação de uma frase ou excerto pode provocar
ruídos na mensagem e, possivelmente, alterar o significado da
mensagem.

O terceiro ponto que destacaremos nesta unidade tem a ver com a


ortografia. Tal como a acentuação e a pontuação, as regras
ortográficas desempenham um papel cricial para a boa performace
do falante de qualquer língua, no caso em estudo, da língua
portuguesa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Usar correctamente os acentos da língua portuguesa em


diferentes contextos;
Objectivos
 Identificar sinais de pontuação em palavras, frases ou
excertos da língua portuguesa.
 Aplicar os diferentes sinais ortográficos e de pontuação em
palavras, frases ou excertos da língua portuguesa.
Centro de Ensino à Distância 56

Acentuação das Palavras


1. Acentuação das palavras agudas (´) – se a sílaba acentuada é
a última da palavra. Determinadas palavras agudas são
acentuadas graficamente e outras não:

Palavras Agudas Acentuadas


Palavras terminadas nas vogais abertas -a, -e, -o e nos ditongos
abertos -ei, -oi, -eu, seguidos ou não de -s: pá; dás; jacaré; avó.
 Palavras com duas ou mais sílabas terminadas em -em ou -ens
também; ninguém; parabéns, convém.
 Os monossílabos terminados em -em ou -ens não se acentuam:
bem; cem; tens.
 Palavras terminadas com vogais -i e -u tónico, seguidos ou não
de -s, quando precedidos de vogal com a qual não formam
ditongo: aí; saí; país; baú.

Nota:
Não são acentuados, o – i ou o – u tónico, quando seguido de
uma consoante que não seja –s: raiz; cair; Raul.

Com acento circunflexo:


 Palavras terminadas nas vogais abertas -e; -o, seguidas ou de –
s: lê; três; pôs.
 As formas verbais da 3ª pessoa do plural terminadas em -em,
para as distinguir das do singular (igualmente terminadas em -
em): vêm (cf. vem); detêm (cf. detém).
 A forma verbal pôr, para se distinguir da preposição por. Os
derivados deste verbo não são acentuados: dispor; compor, etc.

2. Acentuação das palavras graves (`)


Uma vez que a grande maioria das palavras portuguesas são
graves, a sua acentuação só se faz excepcionalmente, para evitar
eventuais erros de leitura. Deste modo, deverá ser colocado na
vogal tónica o acento agudo, se esta for aberta, ou circunflexo, se
Centro de Ensino à Distância 57

esta não for aberta.

O acento grave marca uma sílaba aberta que resultou da


contracção da preposição a com o artigo definido a(s) ou com os
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.
 Às, àquelas, àqueles; àquilo, fácil, pólen; carácter,
tórax; lápis; Vénus; órfã; bênção etc.

3. Palavras esdrúxulas
Todas as palavras esdrúxulas são acentuadas graficamente e a
sílaba tónica é a antepenúltima.
 Com acento agudo: último; rápido; relatório…
 Com acento circunflexo: pêssego; lâmpada; estômago,
providência, elegância.

Actividade 1
1. Coloque os acentos respectivos nas palavras que devem ser
acentuadas graficamente:
 Japones, homem, anel, raiz, juri, apoio, clímax,
falavamos, levassemos, lessemos.
2. Em cada par de palavras, uma só é acentuada graficamente.
Identifique-a e coloque o respectivo acento.
 Cuidado, tia, não caia! E caia mesmo, se não me
tivesses segurado.
 A Rita hoje não pode sair. Ontem não pode, porque teve
de estudar.
 O Paulo ainda não tem bilhete de futebol, mas os
amigos já tem.
 Vou aquela loja comprar aquela camisola.
 Por mais que me esforce, não consigo por o trabalho
em dia.
Centro de Ensino à Distância 58

Pontuação das Frases


Antes de fazer qualquer interioziração deste ponto, vamos
apresentatar uma pequena frase que sugere a sua pontuação:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER


ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Certamente, se você é mulher colocou a vírgula depois de MULHER.


E se és homem colocou a vírgula depois de TEM.

É ai que se centara a importância de pontuar correctamente toda e


qualquer frase para permitir que a justeza seja feita em todos os
enunciados.

A pontuação é indispensável à compreensão de qualquer texto:


clarifica o sentido, contribui para que a comunicação se processe
e reforce a expressividade do estilo.
 Ponto final (.): coloca-se no fim de uma frase declarativa,
para indicar que o sentido está completo. Ex. Eduardo
Mondlane é o arquitecto da unidade nacional. O ponto
final corresponde a uma pausa grande e é utilizado no final
da frase. Ex: O Sr. Dr. está fora.
 Virgula (,): assinala uma pequena pausa, permitindo
separar elementos ou orações dentro da frase. Ex: A Ana, a
Teresa e o João já foram para a escola.
a) Os elementos principais de uma oração (sujeito,
predicado, nome predicado do sujeito, complemento
directo, nome predicativo do complemento directo) não
podem ser separados por vírgula, quando se
encontrarem seguidos. Ex: Ele correu a ajudá-lo.
b) O aposto e o vocativo são sempre separados por
vírgulas. Ex: Ó Ana, queres vir connosco?
c) Separam-se por vírgula todos os elementos de uma
oração com idêntica natureza e valor funcional, não
ligados por conjunção. Ex: Os chapéus, as saias, os
vestidos vendem-se nas lojas.
Centro de Ensino à Distância 59

d) Se algum dos elementos secundários da frase


(complementos circunstanciais, por exemplo) preceder
osprincipais, ou estiver colocado entre eles, separa-se
por vírgula. Ex: A Joana, do quarto, ouvia toda a
conserva.
e) Separam-se por vírgulas as partículas as partículas ou
expressões intercaladas na oração, tais como: porém,
todavia, contudo, logo, pois, ora, por exemplo,
portanto, além disso, enfim, com efeito, na minha
opinião, apinião, a meu ver... Ex: A nossa família,
porém, nunca se lembra de nós.
f) A oração relativa explicativa também se separa por
vírgulas. Ex: A nossa família, porém, nunca se lembra
de nós.
g) As orações coordenadas não ligadas por conjunção (e,
nem, ou) separam-se por vírgula. Ex: Cheguei, vi e
venci.
h) Separam-se com vírgulas as proposições intercaladas
(explicativas). Ex: Parar, diz o povo, é morrer.
i) Também se separam com vírgula as orações
subordinadas que precedem a subordinante. Ex: Se se
refere ao meu vestido, eu gosto!
j) O gerúndio (complemento ou oração) separa-se por
vírgula. Ex: Os alunos, sendo inteligentes, reprovaram.
k) Separam-se por vírgula as proposições adverbiais, tais
como:
Causais – Mas a culpa é tua, porque eu te preveni.
Temporais – Não me encontrarás, quando voltares.
 Ponto e vírgula (;): separa orações coordenadas, quando
são extensas ou orações subordinadas que dependem do
mesmo verbo. Ex: o médico dá consultas, no hospital, às
2ªs feiras das 9h00 às 12h30; no consultório, às 2ªs e 4ªs
feiras das 18h00 às 20h00; na clínica, às 6ªs feiras das
14h00 às 18h00.
Centro de Ensino à Distância 60

O ponto e vírgula assinala uma pausa mais forte do que a


vírgula. Ex.: Eu e o João fomos à praia; a Isabel ficou em
casa.
 Dois pontos (:) emprega-se antes de uma citação, fala,
enumeração ou explicação. Ex: As estações do ano são
quatro: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
 Ponto de interrogação: coloca-se no fim de uma frase
interrogativa directa. Ex. Como é que se chama?
 Ponto de exclamação: coloca-se no fim de uma frase
exclamativa, depois das interjeições e das formas verbais
de imperativo. Ex. Que lindo dia! Bravo!
 Reticências: indicam que o sentido da frase está
incompleto. Ex. Foi a ambição que o perdeu! Quem tudo
quer…
 Aspas ou vírgulas altas: empregam-se no princípio e no
fim de uma transcrição ou citação, para citar o título de
uma obra ou artigo, para realçar uma palavra ou expressão.
Ex. Li um artigo muito interessante sobre os “Lusíadas”.
 Parênteses: empregam-se para separar da frase uma
palavra ou oração intercalada. Ex: Estava em Maputo (que
é onde costumo passar férias) quando soube do acidente
pela televisão.
 Travessão: tal como os parênteses, emprega-se para isolar
no texto palavras ou frases e ainda para introduzir o
discurso directo. Ex. O professor disse: - Façam o
exercício da página 20.

A Importância da Pontuação
No texto abaixo apresentemos uma pequena situação
exemplificadora sobre a importância que a pontuação tem na
língua portuguesa.
Centro de Ensino à Distância 61

Texto

Um homem rico estava muito doente, pediu papel e caneta e assim


escreveu:
"Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será
paga a conta do alfaiate nada aos pobres".
Morreu antes de fazer a pontuação. Para quem é que ele deixou a
fortuna?

Eram quatro concorrentes. O sobrinho fez a seguinte pontuação:


"Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres"

A irmã chegou a seguir e pontuou assim o escrito:


"Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres."

O alfaiate pediu cópia do original e puxou a brasa para a sua sardinha:


"Deixo meus bens à minha irmã? Não! Ao meu sobrinho jamais!
Será paga a conta do alfaiate.
Nada aos pobres."

Entretanto, chegaram os pobres da cidade. Um deles, sabido, fez esta


interpretação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho jamais!
Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres."
Hélio Consolaro7

MORAL DA HISTÓRIA: pior que tudo é saber que ainda há


gente que acha que uma vírgula não faz a menor diferença!

Ortografia
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta das
palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.

As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no que se


refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados
diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do
grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal).

As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando tem


a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular

7
Sítio Por trás das letras.
Centro de Ensino à Distância 62

do verbo gostar) e homófonas, quando tem o mesmo som (paço,


palácio ou passo, movimento durante o andar).

Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se observar


as seguintes regras:

O fonema s:
Escreve-se com S e não com C/Ç:
 As palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais
em nd, rg, rt, pel, corr e sent. Exemplos: pretender - pretensão /
expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inversão
/ aspergir aspersão / submergir - submersão / divertir -
diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
sentir - sensível / consentir – consensual

Escreve-se com SS e não com C e Ç:


 Os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em
gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter.
Exemplos: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
- admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão /
comprometer - compromisso / submeter – submissão.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta com a
palavra iniciada por s. Exemplos: a + simétrico - assimétrico /
re + surgir - ressurgir
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos:
ficasse, falasse

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS:


 os vocábulos de origem árabe. Exemplos: cetim, açucena,
açúcar.
 Os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Exemplos:
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Centro de Ensino à Distância 63

 Os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu.
Exemplos: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
caniço, esperança, carapuça, dentuço
 Nomes derivados do verbo ter. Exemplos: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção.
 Após ditongos. Exemplos: foice, coice, traição
 Palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r).
Exemplos: marte - marciano / infrator - infração / absorto -
absorção

O fonema z:
Escreve-se com S e não com Z:
 Os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos. Exemplos: freguês,
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
 Os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose. Exemplos: catequese,
metamorfose.
 As formas verbais pôr e querer. Exemplos: pôs, pus, quisera,
quis, quiseste.
 Nomes derivados de verbos com radicais terminados em d.
Exemplos: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir - difusão
 Os diminutivos cujos radicais terminam com s. Exemplos:
Luís - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
 Após ditongos. Exemplos: coisa, pausa, pouso
 Em verbos derivados de nomes cujo radical termina com s.
Exemplos: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar

Escreve-se com Z e não com S:


 Os sufixos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo.
Exemplos: macio - maciez / rico - riqueza
 Os sufixos izar (desde que o radical da palavra de origem não
termine com s). Exemplos: final - finalizar / concreto –
concretizar.
Centro de Ensino à Distância 64

 Como consoante de ligação se o radical não terminar com s.


Exemplos: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
inho – lapisinho.

O fonema j:
Escreve-se com G e não com J:
 As palavras de origem grega ou árabe. Exemplos: tigela,
girafa, gesso.
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária. Exemplos: sargento,
gim.
 As terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas
exceções). Exemplos: imagem, vertigem, penugem, bege,
foge.

Observação
Exceção: pajem
 As terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio. Exemplos:
sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio.
 Os verbos terminados em ger e gir. Exemplos: eleger, mugir.
 Depois da letra "r" com poucas exceções. Exemplos: emergir,
surgir.
 Depois da letra a, desde que não seja radical terminado com j.
Exemplos: ágil, agente.

Escreve-se com J e não com G:


 As palavras de origem latinas. Exemplos: jeito, majestade,
hoje.
 As palavras de origem árabe, africana ou exótica. Exemplos:
alforje, jibóia, manjerona.
 As palavras terminada com aje. Exemplos: laje, ultraje.

O fonema ch:
Escreve-se com X e não com CH:
 As palavras de origem tupi, africana ou exótica. Exemplo:
Centro de Ensino à Distância 65

abacaxi, muxoxo, xucro.


 As palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J). Exemplos:
xampu, lagartixa.
 Depois de ditongo. Exemplos: frouxo, feixe.
 Depois de en. Exemplos: enxurrada, enxoval

Observação:
Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra iniciada
com ch - Cheio - (enchente).

Escreve-se com CH e não com X:


 As palavras de origem estrangeira. Exemplos: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.

As letras e e i:
 Os ditongos nasais são escritos com e: mãe, põem. Com i, só o
ditongo interno cãibra.
 Os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos
com e: caçoe, tumultue. Escrevemos com i, os verbos com
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
 Atenção para as palavras que mudam de sentido quando
substituímos a grafia e pela grafia i: área (superfície), ária
(melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a
pé), pião (brinquedo).

Sumário
Quanto à acentuação as palavras podem ser agudas, graves ou
esdrúxulas. Assim, conclui-se que existem três tipos de acento:
agudo, grave e circunflexo.

Para sumarizarmos os conteúdos que tem a ver com a pontuação,


deia etentamente o texto que se segue e tire as conclusões
necessárias:
Centro de Ensino à Distância 66

Pontos de Vista

Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português


quando estourou a discussão.
— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
— Ora, porquê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a
Vírgula.
— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de
Português, quando estourou a discussão".
— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para
o leitor saber que você estava falando.
— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes
quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas
vezes neste diálogo.
— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço
sempre antes das Aspas e do Travessão.
— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de
Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos
colocarem correctamente, vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase —
disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda
tudo.
— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o
Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação
— é uma certeza: "A guerra começou!"
— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem
uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro
eu.
— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a
Vírgula.
— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à
discussão.

Conto de João Anzanello Carrascoza


Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003

A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta das


palavras. No português falado em moçambique, a grafia padrão é o
português falado em lísboa.
Centro de Ensino à Distância 67

Exercícios
1. Nas frases que se seguem coloque o acento gráfico correcto nas
palavras que o exigem.
 Eu, já a vários anos, nao ponho açúcar, nem no cha, nem no
cafe, so no leite.
 Fui ao médico porque ha dias que ando cheio de dores de
estomago.
 Porque e que ninguem aqui nem la na zona tem orgaos com
algum defeito?
 O juiz chamou o advogado do reu a parte e ninguem sabe o
que lhe tera dito.
 Voces leem as legendas a esta distancia.
2. Pontue a frase apenas com / . « » ( ) e , /
A arte do azulejo palavra derivada do árabe al-zu-leycha que
significa pequena pedra é herança da cultura islâmica que após
a Reconquista Cristã.
3. Pontue os seguintes textos:

Texto - A
Ao outro dia por uma radiante manhã de Julho Carlos saltava do coupé
com um molho de chaves diante do portão da quinta do Craft Maria
Eduarda devia chegar às dez horas só na sua carruagem da Companhia o
hortelão dispensado por dois dias fora a Vila Franca e pesava ali
envolvendo a estrada e a vivenda um desses altos e graves silêncios de
aldeia em que se sente dormente no ar o zumbir dos moscardos logo
depois do portão penetrava-se numa rua fresca de acácias onde cheirava
bem a um lado por entre a ramagem aparecia o quiosque com tecto de
madeira pintado de vermelho que fora o capricho de Craft e que ele
mobilara à japonesa e ao fundo era a casa caiada de novo com janelas de
peitoril persianas verdes e a portinha ao centro sobre três degraus
flanqueados por vasos de louça azul cheios de cravos só o meter a chave
devagar e com uma inútil cautela na fechadura daquela morada discreta
foi para Carlos um prazer correu logo à sala de jantar a verificar se na
mesa posta para o lunch se conservavam ainda viçosas as flores que lá
deixara na véspera depois voltou ao coupé a tirar o caixote de gelo que
Centro de Ensino à Distância 68

trouxera de Lisboa embrulhado em flanela entre serradura na estrada


silenciosa por ora ia só passando uma saloia montada na sua égua.

Eça de Queirós, Os Maias

Texto - B
Veio para o gabinete forrado de cretones que abria sobre o corredor e
ficou ali espreitando da porta mas escondido por causa do cocheiro da
Companhia daí a um instante viu-a enfim chegar pela rua de acácias alta e
bela vestida de preto e com um meio véu espesso como uma máscara os
seus pezinhos subiram os três degraus de pedra ele sentiu a sua voz
inquieta perguntar de leve
Êtes-vous là apareceu ficaram um instante à porta do gabinete apertando
sofregamente as mãos sem falar comovidos deslumbrados
Que linda manhã disse ela por fim rindo e toda vermelha
Linda manhã, linda repetia Carlos contemplando-a enlevado
Maria Eduarda resvalara sobre uma cadeira junto da porta num cansaço
delicioso deixando calmar o alvoroço do seu coração
É muito confortável é encantador tudo isto dizia ela olhando lentamente
em redor...

Eça de Queirós, Os Maias


Centro de Ensino à Distância 69

Unidades 12: Relações Lexicais

Introdução
Pretendemos nesta unidade falar das relações lexicais,
particularmente a sinonímia, antónima, hiperonímia, hiponímia,
homonímia, paronímia, holonímia e meronímia, sendo estas sub-
classes das relações de significado e de sentido.

As relações lexicais são sempre tipos de relações de sentido e as


palavras que as ilustram supõem que o contexto linguístico e a
situação de emprego são adequadas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Conhecer as diferentes relações lexicais;
 Relacionar as diferentes sub-classes lexicais em frases.

Objectivos
A sinonímia é a relação de sentido entre duas ou mais unidades
lexicais cujo significado é idêntico, ou que podem ser utilizadas
individualmente num mesmo contexto sem que com isso se
verifique uma alteração no significado do enunciado.
Será o caso das palavras viaturas e carro em:
Eles acabaram por comprar um carro. (viatura).

A antonímia é a relação de sentido contrário existente entre


unidades lexicais que têm significados opostos e que, por essa
razão, se excluem reciprocamente. A oposição pode apresentar-se
sob três aspectos:
 Com palavras de radicais diferentes, como bom e mau. Ex:
Aquele miúdo é bom. /Aquele miúdo é mau.
 Com palavras com a mesma raíz, mas a que se juntou um
prefixo negativo posto à raíz, como legal e ilegal. Ex: O
que fizeste é legal. / O que fizeste é ilegal.
 Com palavras com a mesma raíz, que se opõem pelos
prefixos de significação contrária como progredir e
Centro de Ensino à Distância 70

regredir. Ex: O aluno continua a progredir. /O aluno


continua a regredir. A este tipo de antonímia é costume
chamar-se antonímia binária, dado que um termo tem
necessidade de outro para se construir semanticamente.

A hiperonímia é a relação de inclusão na unidade mais geral do


significado veiculado por outra unidade – o hipónimo. É o caso da
palavra rosa em relação a flor (hiperónimo).

A hiponímia é a relação de sentido não simétrica existente entre


duas palavras e estabelecida segundo critérios de inclusão. É assim
que rosa, túlipa, cravo, lírio, etc., estão incluídos em flor.

A homonímia é a relação entre unidades lexicais que têm as


mesmas formas gráficas e fonética, mas significados diferentes. A
homonímia compreende a homofonia (a mesma forma fonética,
mas significados diferentes, como acontece com passo e paço), a
homografia (a mesma forma gráfica, mas com formas fonéticas e
gráficas diferentes, como acontece com segredo – nome – e
segredo – forma verbal) ou as duas.

O fenómeno da homonímia acontece quando duas palavras têm


uma origem etimologicamente diferente como saia (nome) e saia
(forma verbal) ou quando a origem etimologicamente comum não
permite já compreender o laço semântico entre duas palavras. É o
caso de colégio (estabelecimento escolar) e colégio (corpo de
pessoas).

As paronímias – são muito parecidas, prestando-se a confusão,


como nos exemplos: perfeito (bem feito) – prefeito (vigilante do
colégio).
Centro de Ensino à Distância 71

A relação das partes com o todo, genericamente designada como


relação de meronímia/holonimia, é uma das relações léxico-
conceptuais a que é mais dificíl dar um tratamento formal. Mais
do que de uma relação, tratar-se - a de uma complexa família de
relações, como é sustentado por vários autores, quer no âmbito da
Semântica Lexical quer no âmbito da Psicolinguística.

Canonicamente, e em termos informais, podemos definir a relação


de meronímia/holonímia e a sua inversa como se segue:
 A é merónimo de B se e só se A é necessariamente parte de
B e B inclui necessariamente A;
 B é holónimo de A se e só se A é merónimo de B.

Estão neste caso pétala e corola. Face à definição acima, pétala é


merónimo canónico de corola e corola holónimo canónico de
pétala, uma vez que pétala é necessariamente parte de corola e
corola inclui necessariamente pétala.

Sumário
As relações lexicais são sempre tipos de relações de sentido e as
palavras que as ilustram supõem que o contexto linguístico e a
situação empregue são adequados.

Exercícios
1. Estabeleça a relacao existente as lexicas.
2. Apresente palavras (duas para cada caso) para as diferentes
sub-classes das relacoes lexicais.
Centro de Ensino à Distância 72

Unidades 13: Processos de Formação de Palavras

Introdução
Nesta unidade didáctica vamos falar de alguns processos de
formação de palavras decorrentes na língua portuguesa. Vamos
falar dos processod de derivação e composição.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os processos de formação de palavras da


Língua Portuguesa: composição e derivação.
Objectivos
 Produzir palavras em processo de formação de palavras da
Língua Portuguesa.

A Língua Portuguesa apresenta dois processos de formação de


palavras: a composição e a derivação.

Processo de Formação de Palavras por Composição


Antes de mais vamos definir o vocábulo composição dentro do
processo de formação de palavras. Composição consiste na
constituição de uma nova palavra por meio de elementos aptos a
serem utilizados de forma livre.

Distingue-se couve-flor, palavra cujos elementos couve e flor


podem existir autonomamente num enunciado, de amanhecer,
palavra derivada, cujos afixos -a- e -ecer- não têm autonomia fora
de formação derivadas.

Quanto à forma, os elementos de uma palavra composta podem


estar:
 Justapostos, conservando cada um a sua autonomia:
beija-mão, bem-me-quer;
 Aglutinadas, com perda da sua integridade silábica e com
um só acento tónico: aguardente (água + ardente); embora
Centro de Ensino à Distância 73

(em + boa + hora).


Observação:
Os compostos eruditos – a nível científico e técnico é
frequente a formação de palavras a partir do emprego de
radicais de origem latina e grega, os quais, em muitoscasos, são
intercaladas pelos falantes como simples prefixos ou sufixos.

Vamos apresentar na tabela abaixo os radicais mais frequentes na


língua portuguesa.
Radical Sentido Exemplos
aeri-,aero- Ar aeriforme,aeroporto
agri-,agro- campo agricultura,agro-pecuária
ambi- ambos Ambivalente, antropomorfo
antropo-, homem antropologia, antropomorfo
arbori- Árvore arboricultura,arborícula
arqueo- Antigo arqueologia, arqueólito
beli- Guerra bélico, beligerante
biblio- Livro biblioteca,bibliografia
bio- Vida biografia, biólogo
bis-,bi- duas vezes bisavô, bípede
in-, im, des negação Incorrecto, impróprio, desanimado
auto- por si mesmo automóvel, autobiografia

Processo de Formação de Palavras por Derivação


Derivação consiste na composição de uma palavra de que um só
dos elementos constitutivos é susceptível de figurar de maneira
autónoma num enunciado. Ex: refazer, comummente, bocarra.

Nos exemplos dados os vocábulos, fazer, comum e boca estão


aptos a aparecer isoladamente num enunciado. O mesmo não
acontece com re-, -mente, -arra, que se manifestam
exclusivamente nas formações derivadas. A estes elementos dá-se
o nome de afixos.

Os afixos utilizados pela derivação e que são antepostos à base


são chamados prefixos; os que são pospostos à base são
Centro de Ensino à Distância 74

chamados sufixos.
Os prefixos raramente modificam a classe gramatical do
vocábulo a que se associam.
Ex: fazer/desfazer (verbo);
Amor/desamor (substantivo);
Feliz/infeliz (adjectivo).

Os sufixos têm efeito modificar a classe gramatical do elemento


de base: comum (adjectivo) / comummente (advérbio de modo).

A sufixação, além do seu papel morfológico e semântico que


partilha com a prefixação, tem um papel sintáctico, como
acontece na transformação de nominalização:
Ex: Os trabalhadores ocuparam a fábrica.
A ocupação da fábrica pelos trabalhadores.

A derivação regressiva consiste na formação de substantivos a


partir de verbos por redução da palavra primitiva. É um fenómeno
de certo modo contrário á prefixação e à sufixação, pois nestas
verifica-se o acrescentamento de elementos:
Caçar – caça;
Censurar – censura;
Sustentar – sustento.

Derivação imprópria é um processo de enriquecimento


vocabular que consiste na mudança de classes das palavras. Se
colocarmos um artigo, definido ou indefinido, antes de qualquer
palavra ela torna-se substantivo:
Ex: Todos sabem que o estudar é bom.
Antes de aceitares o cargo de director, analisa os prós e os
contras.
O que eu temo é um não.

Estudar (verbo), pró e contra (preposição) e não (advérbio)


Centro de Ensino à Distância 75

passaram a substantivos com a presença dos artigos.


A derivação parassintética consiste na formação de vocábulos
pela junção simultânea de prefixo e sufixo a um radical, de tal
maneira que só o conjunto dos três elementos produzem uma
palavra utilizável. São parassintéticas:
 Abotoar;
 Amanhecer;
 Embainhar;
 Ensurdecer.

A derivação regressiva é a redução da palavra primitiva. Nesse


processo forma-se substantivos abstratos por derivação regressiva
de formas verbais (ajuda / de ajudar);

A derivação imprópria é a alteração da classe gramatical da


palavra primitiva ("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um
judas" - de substantivo próprio a comum).

Além desses processos, a língua portuguesa também possui


outros processos para formação de palavras, como:

Os hibridismos são palavras compostas, ou derivadas,


constituídas por elementos originários de línguas diferentes
(automóvel e monóculo, grego e latim / sociologia, bígamo,
bicicleta, latim e grego / alcalóide, alcoômetro, árabe e grego /
caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e latino /
sambódromo - africano e grego / burocracia - francês e grego);

A onomatopéia é a reprodução imitativa de sons (pingue-pingue,


zunzum, miau);

A abreviação vocabular consiste na redução da palavra até o


limite de sua compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.).
Centro de Ensino à Distância 76

A sigla é a formação de sigla utiliza as letras iniciais de uma


seqüência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A
partir de siglas, formam-se outras palavras também (aidético,
petista).

O neologismo é nome dado ao processo de criação de novas


palavras, ou para palavras que adquirem um novo significado.

Sumário
Os processos de formação de palavras: composição e derivação
relacionam-se com a constituição de novas palavras, gerando novas
classes gramaticais. É de realçar que a derivação é o processo que
permite formar novas palavras a partir de uma palavra já existente
na língua, mediante o crescimento de um afixo ao radical da
palavra primitiva, enquanto a composição consiste na constituição
de uma nova palavra por meio de elementos aptos a serem
utilizados de forma livre.

A composição engloba os compostos eruditos. A derivação


comporta a regressiva, a imprópria e a parassintética.

Exercícios
1. Diz o que entendes por composição e derivação.
2. Indica o processo de formação de palavras das seguintes
palavras: aguardente, passaporte, rapazola, fidalgo, automático,
biosfera.
3. Qual é a natureza dos compostos eruditos?
Centro de Ensino à Distância 77

Unidade 14: Frase Simples (Tipos e Formas de frase)

Introdução
No contexto de comunicação a frase tem sido a unidade mínima de
acordo com a língua. Torna-se imprescindível que os falantes da
Língua Portuguesa sejam capazes de produzir frases simples, pois a
partir destas poderão elaborar as frases complexas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar frase simples;

Objectivos  Produzir frases simples.


 Distinguir os tipos de frase;
 Interpretar as formas de frase.

Frase – Conceito
A frase, segundo critérios ortográficos, semânticos e prosódicos,
pode definir-se como a maior unidade de descrição gramatical.
Ela é uma unidade sequencial autónoma – ordenação de palavras
e morfemas delimitada no início por uma maiúscula e no fim por
um sinal de pontuação forte ou uma entoação descendente ou
ascendente – e uma unidade de sentido.

É importante, antes de mais, entender que frase no plano


semântico, é a unidade abstracta mínima de comunicação. A frase
só se torna um objecto concreto quando resulta de um acto de
enunciação individual numa situação particular. Num processo de
actualização, a frase torna-se enunciado.

Frase simples é constituída por uma só oração, sem conexão.


Pode ser constituída por:
a) Por várias palavras, sem verbo: ex: Que descaramento o
dela!
Centro de Ensino à Distância 78

b) Uma só palavra: ex: Sai! Cuidado!


c) Por várias palavras, com verbo: ex: Os mosquitos
invadiram a aldeia.

Tipos de Frase
Classificam-se as frases em diversos tipos de acordo com a
necessidade de distinguir os diversos tipos de actos que elas
permitem realizar: asserção, interrogação, exclamação, ordem.

Asserção
Acto de que consiste em transmitir um conteúdo na forma
declarativa. Uma asserção pode revestir um carácter afirmativo ou
negativo.
Ex: Hugo chegou de férias.
Hugo não chegou de férias.

Interrogação
Acto de fala que exprime um pedido de confirmação ou de
informação, o que permite defini-lo como a primeira parte de par
pergunta – resposta. Ex: - Ele virá? - Talvez.

A interrogação pode ser total, quando recai no conjunto da frase e


permite uma resposta de sim ou não (pede-se somente uma
confirmação). Ex: - É verdade que o Pedro vai mudar de escola? -
Sim, vai.

Ou pode ser parcial, quando recai num dos sintagmas nominais ou


preposicionais e pede uma informação que a pergunta não contém
e que só a resposta pode dar. Ex: - Quem vem jantar? - É o Tiago.

Só a partir do par pergunta - resposta é que se pode ter um juízo de


validade – verdadeiro ou falso.
Centro de Ensino à Distância 79

Exclamação
Acto de fala que marca a reacção afectiva do locutor a respeito do
referente visado. Na língua oral, a exclamação distingue-se pela
sua prosódia e na grafia pelo/!/.

Do ponto de vista semântico, as exclamações têm como suporte


referencial a presença de graus de quantidade e de qualidade.
Ex: Que homem!
Quantos livros tu leste!
Como chove, Santo Deus!

Ordem
Acto de fala que marca a expressão de uma intimação. Trata-se de
uma categoria semântica cujas formas são variadas. A ordem
exprime essencialmente pela forma imperativa dos verbos ou pelo
conjuntivo (nas formas que o imperativo não tem):
Ex: Ide embora!
Queira retirar-se, por favor!

A ordem escrita pode ser expressa por um infinitivo. O infinitivo


permite dirigirmo-nos a um interlocutor geral e indeterminado.
Ex: Não entrar sem bater.
Não fazer barulho.
Não fumar.

A ordem associada a frases assertivas marca uma condição ou


eventualmente uma concessão. Ex: Volta a fazer isso e eu dou-te
na cara! (Se voltas a fazer isso, dou-te na cara!).

Formas de Frase
As formas de frase estão intrinsecamente relacionadas com a
intenção do locutor mediante o seu interlocutor. Daí, cada uma das
modalidades assertiva, interrogativa, exclamativa e de ordem é
susceptível de ser apresentada sob várias formas:
Centro de Ensino à Distância 80

 Forma afirmativa ou negativa


O Hugo comeu a sopa.
O Hugo não comeu a sopa.

 Forma activa ou passiva


O Pedro comeu os rebuçados.
Os rebuçados foram comidos pelo Pedro.

Nota-se que o sujeito (O Pedro) pratica uma acção (comer os


rebuçados), enquanto na segunda frase, o sujeito (os rebuçados)
sofrem uma acção (serem comidos), associado ao complemento
agente da passiva (pelo Pedro).

 Forma enfática
Não foi só o Tiago quem comeu os rebuçados.

A particularidade da forma enfática consiste no realce da asserção


(geralmente declarativa) podendo ser, também, o tipo exclamativo.
Entretanto, a não ocorrência da forma enfática remete-nos a forma
neutra (desprovida de qualquer elemento de realce; se que se
enfatize o enunciado).

Sumário
A natureza das frases simples comporta em si, os tipos e formas de
frase. Assim, temos frase (modalidades) assertiva, interrogativa,
exclamativa e de ordem. Por outro, correlativamente as
modalidades temos as formas afirmativas ou negativa, activa ou
activa e enfática ou neutra.

Exercícios
1. Elabora duas frases para cada tipo de frase, usando as diferentes
formas de frase por si aprendidas.
Centro de Ensino à Distância 81

Unidade 15: Frase Complexa (Relação de Coordenação e de Subordinação)

Introdução
Nesta unidade falaremos da coordenação e da subordinação –
processos de produção de frases complexas por meio de
conjunções e locuções coordenativas e subordinativas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Ligar frases simples através dos processos de coordenação;


 Ligar frases simples através do processo de subordinação;
Objectivos
 Dividir e classificar orações.

Relações de Coordenação
Coordenação – é a ligação de duas orações independentes que
se apresentam no mesmo nível e sem que uma esteja dependente
da outra. A ligação de orações é feita por meio de conjunções
coordenativas. Estas, segundo a conjunção/locução conjuntiva
que as une, podem ser: copulativas (sindéticas e assindéticas),
disjuntivas, adversativas, conclusivas e explicativas.

 Copulativas – as que exprimem um nexo aditivo.


 Primeiro bateu a porta e depois fugiu (copulativa
sindética)
 Os rapazes chegaram, sentaram-se, ouviram música
(copulativa assindética).

 Disjuntivas – as que exprimem alternativas:


 Ele Foi de comboio ou foi de avião?
 Quer venha quer não venha, nós sairemos.

 Adversativas – as que exprimem adversidade (restrição,


contraste, oposição) em relação ao que se disse
anteriormente:
Centro de Ensino à Distância 82

 Gosto de arroz [mas, porém, contudo, todavia] prefiro a


batata.

 Conclusivas – as que indicam uma conclusão:


 Ele é tolo, logo não sabe o que diz
 Não gosto de dançar, porquanto não vou!

 Explicativa – as que justificam a ideia expressa na primeira


oração:
 Não comas chocolate, pois te faz mal!

Relação de Subordinação
Subordinação – é a relação de uma oração não autónoma com
uma oração principal. A oração não autónoma depende da
oração principal. As orações subordinadas são aquelas que se
ligam por meio de conjunções subordinadas. Elas podem ser:

 Relativas – introduzidas por um pronome que tem uma


função sintáctica na oração introduzida por esse pronome.
Estas podem ser adjectivas (explicativas ou restritivas) ou
substantivas.
 A rapariga que tem os cabelos pintados de loiro é minha
prima.
 Dos dois rapazes foi o António quem primeiro apareceu.

 Relativas explicativas – as que exprimem uma qualidade


acessória. São separadas por vírgulas e podem suprimir-se
sem que a frase perca sentido.
 O teu tio, que era futebolista, trouxe-lhe dois livros.

 Relativas restritivas - as que precisam ou limitam a


significação do antecedente.
 As crianças que estavam doentes perderam o apetite.
Centro de Ensino à Distância 83

 Subordinadas Integrantes – as que são introduzidas pela


conjunção integrante que.
 Sinto que a tempestade se aproxima.
 Quero que vás trabalhar.

 Subordinadas adverbiais – que exprimem várias


circunstâncias – causa, fim, meio, etc – podem ser
condicionais, causais, finais, concessivas, consecutivas,
comparativas, temporais e infinitivas.

a) Concessivas – as que estabelecem uma relação de


oposição com a acção enunciada na oração subordinante.
 Levo o guarda-chuva embora agora não chova.
 Apesar de tudo, eu amo-a.

b) Consecutiva – as que exprimem que um facto é


consequência expressa na oração antecedente.
 Ele é tão mau que nem olha para as pessoas.
 Ela é de tal maneira preguiçosa que nem telefona.

 Subordinadas substantivas – as que podem ter a função de


sujeito, complemento directo, aposto, predicativo e
determinativo.
 Quem não estiver de acordo não vem. (sujeito)
 Então eras tu quem eu amava tanto! (predicativo)
 Comeu quanto quis. (complemento directo)
 Deixará os bens a quem cuidar dele. (complemento
determinativo)
 Esta peça foi feita por quem sabe. (agente da passiva)

 Infinitivas – aquelas que têm verbo no infinitivo e que têm


um sujeito próprio.
 É certo ter ocorrido uma disputa de desinteressados.
Centro de Ensino à Distância 84

Sumário
As orações subordinadas são aquelas que se ligam por meio de
conjunções subordinadas. Elas podem ser: relativas – introduzidas
por um pronome que tem uma função sintáctica na oração
introduzida por esse pronome. Estas podem ser adjectivas
(explicativas ou restritivas) ou substantivas.

Exercícios
1. Divide e classifique as orações das frases seguintes:
a) O rapaz que vimos hoje é simpático
b) Se me ajudares, sairei contigo
c) Fechou o frasco para que não se evaporasse
d) O aluno que estuda passa de classe
e) Quem vai ao mar perde lugar
f) Susana, que não se sentia bem, estava de cama
g) Não, o meu coração não é maior que o mundo.
h) O avestruz tem asas mas não voa,
i) Quis fugir, mas não pôde.
j) O rapaz saiu a correr, galgou as escadas duas a duas ainda
apanhou o autocarro,
k) Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para
trás,
Centro de Ensino à Distância 85

Unidade 16: Discurso Relatado (Discurso directo, indirecto e indirecto


livre)

Introdução
São três os tipos de discurso relatado que enunciaremos nesta
unidade: discurso directo, discurso indirecto e discurso indirecto
livre.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir os discursos: directo, indirecto e indirecto livre;

Objectivos
 Distinguir diferentes tipos de discurso relatado.

Discursos Relatados
O discurso directo é marcado por um sistema de regras. Na
língua oral por uma determinada entoação (prosódia, acento), por
um determinado movimento (as mímicas, posturas e gestos que
acompanham a enunciação) e na língua escrita, por determinados
signos de pontuação: aspas, travessões, itálicos. Este discurso pode
conter diferentes espécies de enunciados:
 Actos de fala indirectos – Queres apanhar? (ameaça)
 Ordens – Fecha a porta!
 Perguntas – Queres vir ao cinema?
 Exclamações – Céus, o meu cão!
 Interjeições – Ai, ai!
Ex: O Ministro da Defesa exigiu um aumento do seu salário para
salvaguardar “a honra das forças armadas”.

O discurso indirecto- integra o enunciado relatado na enunciação.


É sempre introduzido por um verbo de dizer, seguido da
conjunção que, de interrogativas indirectas (se, quando, onde,
quem, o qual, etc.), de orações infinitivas ou um acto
interrogativo.
Centro de Ensino à Distância 86

Ex: - Passe-me o sal (D.D)


Ele exigiu-me que passasse o sal (D.I)
-Tem cinzeiro? Passe-mo, se faz favor.
Perguntou-me se eu tinha um cinzeiro e pediu-me educadamente
para lho passar.

Discurso indirecto livre: Identifica-se com o discurso do terceiro


emissor, só que o enunciador do D.I.L é representado na forma de
terceira pessoa. Não é precedido de verbos introdutórios nem
conjunções de subordinação. Constitui-se numa oração
independente.
Ex: Interpelado, o homem nega sempre ser o assassino. No dia do
crime, ele trabalhava na casa de um amigo.

Sumário
O discurso relatado compreende três principais tipos: discurso
directo, discurso indirecto e indirecto livre. A particularidade dos
discursos indirecto e indirecto livre assenta-se no facto do
enunciador do discurso indirecto livre é representado na forma de
terceira pessoa (ele, ela) e não de primeira pessoa (eu). Também
não é precedido de um verbo introdutor nem de conjunções de
subordinação (como o discurso indirecto).

Exercícios
1. Identifica o discuso utilizado e passe para um outro tipo:
 A Paula voltou-se para o Luís e disse:
- Fui chamada para uma entrevista numa multinacional.
Luís: - Óptimas notícias! Parabéns! Espero que corra tudo
bem e sejas admitida.
Centro de Ensino à Distância 87

2. Passe o conto popular para o discurso contrário:

O barbeiro disse ao padre que tinha um segredo, mas que


não podia revelá-lo a ninguém; e acrescentou que, se o não
dissesse, morreria, e, se o dissesse, o rei mandá-lo-ia matar.
Respondeu-lhe o padre que fosse a um vale, e que fizesse
uma cova na terra e dissesse o segredo tantas vezes até ficar
aliviado desse peso; e que depois tapasse a cova com terra.
O barbeiro assim fez; e, depois de ter tapado a cova, voltou
para casa muito descansado.

3. Estabeleça a diferença, com seus exemplos, entre os discursos


indirecto e indirecto livre.
Centro de Ensino à Distância 88

Unidade 17: Níveis de Língua (familiar, corrente, cuidado) e Norma e


Desvio

Introdução
Os níveis de língua correspondem as variantes da língua (aos níveis
fónico, vocabular, morfológico e sintáctico) devidas quer à época a
que respeitam, quer ao nível cultural e social do emissor, quer à
situação em que encontram e aos receptores a quem se dirige.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Distinguir os diferentes níveis de língua: familiar, corrente,


cuidado, norma e desvio;
Objectivos
 Produzir textos ou enunciados com os diferentes níveis de
língua.

Os níveis de língua relacionam-se com intenção comunicativa


entre os intervenientes.
 Nível familiar – usado em família ou entre amigos, recorre
a um vocabulário e sintaxe muito simples;
 Nível corrente – corresponde ao nível médio que permite a
comunicação entre falantes da mesma língua;
 Nível cuidado – usa um vocabulário, ais raro e uma sintaxe
mais elaborada do que a linguagem corrente.

Refira-se que para além dos níveis citados, temos a:


 Língua popular (regionalismo, gírias, calão);
 Línguas técnicas e científicas; e
 Línguas mistas (mistura de línguas de duas comunidades
diferentes).
Centro de Ensino à Distância 89

Desvio (Variação) e Norma da Língua


Desvio - o desvio corresponde ao não uso das normas da Língua;
refere-se ao desvio da Língua padrão, desvio em relação ao
conhecimento das regras da Língua.

Norma é o conjunto de características que constituem a média dos


actos de fala de uma dada comunidade linguística.

Ao falarmos de desvio de linguagem, temos subjacente uma ideia


tradicional de norma ou padrão, que pode ser interpretada como
uma espécie de linha ou nível zero da linguagem, correspondendo
a uma realização ideal, na qual se não cometem erros ou desvios,
face àquilo que BECHARA, na Moderna Gramática do Português,
chama o saber idiomático de uma dada língua e que é composto
pelo conjunto de regras dessa mesma língua, encaradas de uma
forma abstracta, ou seja, potencial e não associada a nenhum texto
em concreto.

É a partir deste nível zero que se definem os outros níveis da


língua, aos quais pode ser atribuído um valor positivo, se
corresponderem a realizações cuidadas ou literárias da língua, ou
um valor negativo, se pensarmos em linguagem popular ou
familiar. Em última análise, face à norma, estes diversos níveis
podem ser considerados desvios de linguagem, pois, idealmente,
existiria uma forma de comunicar que, sendo neutra — sem
recurso a processos de expressão tradicionalmente associados aos
níveis de língua mais elevados e sem outros modos de criatividade
linguística característicos da linguagem popular ou familiar —,
veicularia sempre o mesmo sentido e seria sempre realizada da
mesma forma, independentemente dos falantes envolvidos.

Porém, uma língua viva é uma língua em mudança constante,


numa adaptação dinâmica da norma ideal às realizações de um
indivíduo ou de um grupo. Esse facto implica que, associados à
Centro de Ensino à Distância 90

norma, ocorram aspectos considerados equivalentes que ratificam,


digamos assim, um conjunto de variantes, fazendo da norma, não
uma linha uniforme, mas uma faixa que abranja um certo número
de variações. Esta realidade, além de uma certa liberdade nas
produções linguísticas, ou talvez por nos dar essa liberdade,
continua a não ser estanque, deixando “morrer” um conjunto de
práticas ao mesmo tempo que permite a introdução de outras
novas, que, gradualmente, se vão impondo, tornando norma.

Tendo em conta o exposto, poderíamos dizer que, do ponto de


vista normativo e assumindo como referência o nível padrão da
língua, é considerada desvio de linguagem a realização que, num
dado momento, se não enquadre nas possibilidades reconhecidas
como correctas. Este processo é, sobretudo, controlado
socialmente, havendo uma classe mais culta ou mais letrada que
condiciona a aceitação de novas realizações.

Se considerarmos como mudança qualquer alteração sofrida pela


língua entendida como entidade abstracta, serão consideradas
desvios de linguagem todas as que, num momento específico, não
forem reconhecidas como fazendo parte da faixa de realizações
consideradas correctas, ou seja, da língua-padrão.

O problema continua por resolver face a mudanças que


identificamos, que sabemos que existem, mas que ainda não
aceitamos como correctas. E creio que é este o verdadeiro busílis
da questão. As mudanças que fazem evoluir a língua começam por
ser consideradas erros e, à medida que se vão impondo, acabam
por ser aceites e por entrar na norma. E isto conduz-nos a uma
pergunta que é o inverso da que coloca: Quando é que uma
mudança linguística deixa de ser considerada, à luz da norma, um
desvio de linguagem? Poderemos talvez dizer que isso acontece
quando a classe culturalmente dominante integra essas mudanças,
intuitivamente, no seu discurso.
Centro de Ensino à Distância 91

Importa ainda referir que, com a evolução dos estudos linguísticos,


ao conceito de norma ou padrão tal como foi apresentado neste
texto, acrescem outros conceitos que ratificam e consideram
apropriadas outras formas de expressão, ou normas específicas,
que caracterizam determinadas comunidades ou regiões quando
produzem textos, orais ou escritos, no espaço geográfico ou social,
que lhes é próprio. Essas normas particulares, ou regionais, não
anulam nem chocam com a norma-padrão, pois enquanto esta é,
por exemplo, ensinada em toda a comunidade de falantes de uma
dada língua, aquelas são admitidas no espaço em que são válidas,
mas não são objecto de aprendizagem formal e, a serem ensinadas,
são-no apenas no espaço que as caracteriza (ou que
caracterizam…)

Sumário
Os níveis de língua compreendem quatro níveis de comunicação, o
familiar, corrente, cuidado, a norma e o desvio, em relação ao
Português Europeu. Estes níveis ocorrem de acordo com o grau de
envolvimento ou relacionamento entre os intervenientes (quer a
nível interpessoal, quer de instituição), bem como no âmbito
literário.

Em síntese, face à norma, podemos dizer que qualquer variação


linguística começa por ser um desvio de linguagem. O que
acontece é que alguns desvios, por serem “cometidos” em obras
literárias – logo, acima do nível zero, logo, considerados positivos
–, são de imediato associados a um estilo próprio e,
potencialmente, identificados como traço estilístico a respeitar e,
até, a imitar. É como se fosse uma variação por via erudita, a par da
variação comum que gradualmente se vai impondo qual variação
por via popular…
Centro de Ensino à Distância 92

Exercícios
1. Indica a importância dos níveis de Língua.
2. Estabeleça uma relação entre norma e desvio.
3. Elabore dois enunciados para cada nível de Língua.
4. Faça uma reflexão crítica sobre os conceitos de variação e
norma linguística.
5. Olhando para o português falado em Moçambique onde
podemos enquadrar: variação? Desvio? Ou norma?
Centro de Ensino à Distância 93

Unidade 18: Formas de Tratamento (Pronomes de Tratamento e Formas de


Cortesia)

Introdução
Nesta unidade falaremos das formas de tratamento que estão
directamente ligadas às formas de tratamento e formas de cortesia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Destinguir as formas de tratamento oral e por escrito;


 Usar adequadamente as formas de tratamento, quer por escrito e
oralmente.

As formas de tratamento têm a ver com o grau ou nível de


relacionamento entre os interlocutores, daí que as mais usuais, formas
de tratamento, são:
 Tu – o pronome tu é empregado como forma de intimidade no
Português Europeu.
 Você – usa-se no Português do Brasil. Em Portugal
generalizou-se esta forma no tratamento de igual para igual, ou
de superior para inferior (em idade, em classe social ou
hierarquia). Não é possível usar você de inferior para superior
em idade, classe social ou hierarquia.
 O Senhor, a Senhora – são formas de respeito e cortesia,
opondo-se, portanto, a tu e você. Se uma pessoa se dirige a
alguém que possui um título profissional ou tem determinado
cargo, costuma-se fazer acompanhar as formas o senhor, a
senhora, da menção do respectivo cargo ou título:
O senhor doutor;
A senhora arquitecta;
O senhor presidente.
Centro de Ensino à Distância 94

 Com menos respeito que a forma anterior, usamos:


O doutor;
A arquitecta;
O engenheiro.

Neste caso, para dar certa proximidade, usamos também o nome


próprio ou o apelido.
O doutor João;
A arquitecta Melo.

Bastante generalizado em Português é o título de Doutor. Têm-no os


médicos e também todos os diplomados por escolas superiores.
 Vossa Excelência (V.Ex.ª) – usa-se em certos ambientes
(corpo Diplomático, Governo). A abreviatura de V.Exª é
bastante usual, principalmente na correspondência oficial e
comercial.
 Vossa Eminência (V.Em.ª) – usa-se no discurso religioso
quando nos dirigimos a cardeais.
 Vossa Alteza (V.A.) – usa-se para príncipes, arquiduques e
duques.
 Vossa Majestade (V.M) – quando nos dirigimos a reis e
imperadores.

Nota: Estas formas são de cortesia.

Outras formas de tratamento usuais em Portugal antecedidas de artigo:


 o nome próprio, quer seja o baptismo, quer seja o de família:
O José já comprou o jornal.
O Silva já comprou o jornal.

 Os nomes de parentesco ou equivalentes:


O tio já veio?
A mãe quer sair.
Centro de Ensino à Distância 95

 Outros nomes que situam o interlocutor em relação á pessoa que


fala:
A minha amiga não quer ir ao teatro.
O patrão despediu-me.

Nota-se:
1. Interessam, pela sua variação, as formas usadas como sujeitos.São
essencialmente de três tipos:
a) Tratamentos pronominais (Tu/Você/Vocês/Vossa Excelência);
b) Tratamentos nominais (O Senhor/ A senhora/ O senhor
Doutor/ O senhor Ministro/ O pai/ A avó/ o Eurico/ A
Cristina/ O meu amigo/ O camarada/etc.);
c) Tratamentos verbais, isto é, simples utilização da desinência do
verbo como referência ao interlocutor (Queres? / Vêm?).
2. Regista-se que apenas o tratamento nominal caracteriza o
interlocutor.
3. As formas de tratamento integram-se em três níveis, em função do
grau de relacionamento:
a) Formas próprias de intimidade;
b) Formulas usadas no tratamento de igual para igual ou de
superior para inferior, que não implicam intimidade;
c) Formas chamadas de reverência, repartidas por uma série
muito variadas de níveis, correspondentes a distâncias diversas
entre os interlocutores.
4. Regista-se que muitos tratamentos pronominais variam, consoante
impliquem a pessoa com quem se fala, quer a pessoa de quem se
fala. Por exemplo:
“Peço a Vossa Excelência, Senhor Ministro...”
“Sua Excelência o Senhor Ministro determinou...”.
Centro de Ensino à Distância 96

Sumário
As formas de tratamento correspondem as formas um interlocutor
usa para se dirigir a outro interlocutor, que como vocativos, quer
como sujeitos das frases.

As formas de tratamento estão associadas aos pronomes de


tratamento – certas palavras e locuções que valem por verdadeiros
pronomes pessoais, tais como tu, você, o senhor, Vossa
Excelência.

Exercícios
1. O que entende por formas de tratamento?
2. Elabore frases, usando as diferentes formas de tratamento por ti
estudadas (duas para cada caso).
Centro de Ensino à Distância 97

Unidade 19: Relatório

Introdução
Nesta unidade, falaremos da escrita administrativa, também
chamada funcional e instituicional. Esta tipologia textual vem-se
afirmando, entre nós desde os anos 60, com o desenvolvimento do
sector dos serviços. De uma forma particular, vamos debruçar
sobre as componentes do relatório enquanto documento
administrativo e científico.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir relatório

 Identificar a estrutura do relatório


Objectivos
 Elaborar um relatório

 Distinguir relatório da acta

 Descrever as marcas linguísticas e discursivas

Relatório
Trata-se de uma declaração formal dos resultados de uma investigação
feita por alguém, que em relação a ela recebeu instruções de um outro,
sob a forma de pedido ou ordem. Exige estudo prévio e aprofundado,
elevado grau de elaboração e matéria para apreciação e decisão
superiores. O relatório deve ser persuasivo, decisivo e voltado para a
acção.

Tipos de Relatórios
 Relatório clássico
 Relatório de inquérito,
 Relatório crítico,
 Relatório de síntese.
Centro de Ensino à Distância 98

Estrutura do Relatório
Os elementos constantes num relatório são os que passamos a
apresentar:
 Página de rosto,
 Índice geral,
 Resumo,
 Introdução,
 Corpo (proposição, demonstração, sugestão),
 Conclusões,
 Recomendações,
 Apêndices,
 Agradecimentos,
 Bibliografia.

O relatório distingui-se da acta. A acta é a reprodução de factos,


decisões e opiões reportados a assembleias, reunões ou conselhos… É
o relato oficial de tudo o que se passou durante a reunião de uma
instituição, departamento, secção, conselho ou grupo de trabalho.
Costuma fazer-se a distinção entre o projecto da acta e a acta
propriamente dita, coincidindo a passagem do primeiro à segunda com
o momento da sua aprovação.

Este documento é elaborado pelo secretário da reunião que tem a


ingrata, difícil e penosa tarefa de, ao longo dela, recolher os
apontamentos indispensais à elaboração posterior do projecto de acta.
Mais tarde, com a ajuda do presidente, em caso de necessidade, ordená-
los-á e redigirá uma primeira versão.

A redacção deve ser simples, concisa e clara; não deve haver


abreviaturas e os números tal como as datas escrevem-se por extenso;
intervalos em branco, entrelinhas e rasuras são eliminados. Enquanto o
projecto de acta, ou minuta, não for aprovado em Assembleia Geral, é
pertença de quem o elaborou, que pode fazer as alterações que achar
úteis para a sua compreensão e fidelidade.
Centro de Ensino à Distância 99

O projecto de acta conterá os elementos a seguir mencionados:


i). Recebe o número que lhe calhar, na sequência numerada das actas
já constantes no respectivo livro;
ii). Começa com a indicação do dia, mês, ano e hora em que teve
lugar a sessão;
iii). Indica o local;
iv). Menciona o tipo da mesma: se ordinária ou extraordinária;
v). Indica o nome dos presentes;
vi). Inclui a ordem de trabalhos;
vii). Refere a hora a que se iniciou e o número de sócios presentes;
viii). Menciona a leitura;
ix). Regista as comunicações,
x). Indica a hora a que os trabalhos foram encerrados.

Características Discursivas e Linguísticas


As narrações vão dos textos mais simples, como as narrações da
comunicação quotidiana – o artigo, o relatório, a acta, a notícia do
jornal, o conto popular, a lenda, etc. – Aos textos mais complexos,
como os que se circunscrevem no conceito de “ literatura” – a novela, o
conto, o romance. Assim são características da narração:
 A concorrência de uma série de factos ou acções referidas a
pessoas (ou personagens) e animais;
 A ordenação temporal dos factos;
 A relação de causa efeito entre os factos;
 A presença de conectores e organizadores predominantemente
temporais e espaciais;
 Referência a acções ou factos que cumprem o critério do
interesse;
 O cumprimento de uma intencionalidade comunicativa:
informar; argumentar; entreter;
 Concorrência de diversas vozes (polifonia). Ademais, a
narração tem tido o predomínio dos tempos verbais no pretérito
perfeito, imperfeito, embora ocorra também o presente com
valor de descrição.
Centro de Ensino à Distância 100

Sumário
Relatório é uma declaração formal dos resultados de uma
investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu
instruções de um outro. Por outro lado, a acta é a reprodução de
factos, decisões e opiões reportados a assembleias, reunões ou
conselhos.

Exercícios
1. Redige uma acta da reunião que participar;
2. Elabore um relatório de actividades laborais da tua escola
Centro de Ensino à Distância 101

Unidade 20: Texto Expositivo-Argumentativo

Introdução
Nesta unidade ocuparemos a nossa atenção para falarmos da
argumentação. O discurso argumentativo é aquele que visa intervir
sobre as opiniões, atitudes ou comportamentos do interlocutor ou
de um auditório tornando credível ou aceitável um enunciado. No
geral, o texto argumentativo tem a intenção de argumentar para
alcançar o efeito de persuadir, de modificar opiniões ou crenças do
interlocutor.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Reconhecer a estrutura do texto expositivo argumentativo;


 Identificar as características linguísticas e discursivas
Objectivos
 Utilizar os principais conectores utilizados neste tipo de
texto
 Elaborar um texto expositivo argumentativo

1.1. Texto Argumentativo


Argumentar é expressar uma convicção e uma explicação para
persuadir o interlocutor a modificar o seu comportamento para
tomar o nosso ponto de vista. Daí que se pode afirmar que o
objectivo primordial é interferir ou transformar o ponto de vista
do leitor/interlocutor relativamente ao mundo que o rodeia.

O modo de organização argumentativa compreende várias


componentes: um tema (objecto do debate), um emissor -
argumentador e um receptor – destinatário, argumentos e
premissa.

É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia


no ar, depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa
que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e
Centro de Ensino à Distância 102

com exemplos claros. Deve também conter contra-argumentos, de


forma a não permitir a meio da leitura que o leitor os faça. Por
fim, deve ser concluído com um parágrafo que responda ao
primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chave da
opinião.

A linguagem normalmente é impessoal e objetiva.

Na perspectiva de Aristóteles, a argumentação é sempre


composta, na sua organização, pelas seguintes partes:
 Exórdio - parte em que o argumentador torna dócil, atento e
benevolente com o tema a apresentar. Predomina a função
fáctica da linguagem.
 Narração/Confirmação – exposição clara, breve, credível,
objectiva dos factos, segundo a necessidade de acusar ou
defender. É aqui onde se produzem as provas a favor da
posição a defender, seguida da refutação dos argumentos
adversos. Coisa importante nesta fase é a ordem dos
argumentos começando pelos mais fracos e terminar com os
mais fortes, ou o invés?
 Digressão – narração ou descrição de factos passados ou
antecedentes com intenção de apoiar a posição defendida.
 Peroração – conclusão do discurso que pode comportar: uma
amplificação para tornar mais relevante a matéria em
discussão indignando convincentemente o auditório.

1.2 Tipos de Discursos mais Comuns na Argumentação:


 Deliberativo, no qual se tenta aconselhar ou levar alguém a
decidir-se sobre um determinado comportamento.
 Judiciário, ataca ou defende em algo ou alguém.
 Epidíctico, em que se louva ou reprova, se elogia ou se
censura.
Centro de Ensino à Distância 103

Sumário
Um texto argumentativo tem como objectivo persuadir alguém das
nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar
qualquer tema ou assunto.

Os tipos de discursos mais comuns na argumentação sao: o


deliberativo, o judiciário e o epidíctico.

Exercícios
1. Tendo em conta os tipos de textos argumentativos, diz qual deles é
utilizado na esfera científica/académica? Justifica com ecxemplos
concretos.
2. Com base nos conhecimentos que apreendeste, elebore um texto
expositivo-argumentativo com uma temática ligada a necessidade de
massificação da educação para pessoas da terceira idade.
Centro de Ensino à Distância 104

Unidade 21: Texto Narrativo Oral e ou Escrito

Introdução
Narrar é contar um facto ou um acontecimento com habilidade, de
modo a manter a constante atenção do leitor. É indispensável que
exista uma acção, que esta caracterize as personagens e ajude a
descobrir as suas intenções.

Nesta unidade vamos procurar aprofundar algumas ideias em torno


da composição do texto narrativo e fundamentalmente a sua
realização comunicativa escritta e oral.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar um texto narrativo;

Objectivos
 Caracterizar um texto narrativo oral e escrito;
 Narrar uma história.

O texto narrativo é aquele através do qual um narrador conta uma


«história» em que entram personagens que se envolvem numa
acção, situada num determinado tempo e num determinado
espaço.

Os factos que nos são dados a conhecer ou a saber, relativos ao


passado, principalmente na cultura africana, têm sido narrados,
quer oralmente (nas comunidades, num ritual tradicional de
geração em geração) quer pela escrita. Daí, a importância de se
estudar o texto narrativo pela natureza oral e escrita, tal como
ocorre. O texto narrativo pode ser real ou imaginário e, quando
imaginário tem sempre uma finalidade educativa (a moral do
texto), sobretudo nos contos e lendas.
Centro de Ensino à Distância 105

Categorias ou Elementos do texto Narrativo:


1. Acção – desenrolar dos acontecimentos que constituem a
«história». Estes acontecimentos são considerados principais ou
secundários, conforme o seu grau de importância.
1.1 Momentos da acção
 Situação inicial;
 Peripécias e ponto culminante;
 Desenlace.

2. Espaço – lugar onde decorre a Acção;

3.Tempo – momento em que ocorre a Acção;

4. Personagens – agentes ou intervenientes na Acção.


 Relevância:
 Principais ou protagonista – desempenha o papel de
maior importância,
 Secundária – desempenha papeis de menor relevo,
 Figurante – não desempenha qualquer papel
específico, embora a sua existência seja importante
para a compreensão da acção.
 Caracterização:
 Físicas ou psicológicas

5. Narrador - aquele que conta a história


 O narrador pode estar presente na acção como personagem
principal ou secundária – narrador participante. Neste
caso a narração é feita na 1ª pessoa.
 O narrador pode não desempenhar qualquer papel na
Acção – narrador ausente/não participante. Neste caso a
narração é feita na 3ª pessoa.
 O narrador pode ser parcial – narrador subjectivo.
 O narrador pode ser imparcial – narrador objectivo.
Centro de Ensino à Distância 106

Modos de Apresentação da Narrativa


 Narração – apresentação de acções ou acontecimentos
reais ou imaginários.
 Descrição - apresentação e caracterização das personagens,
dos objectos, dos ambientes, etc. Integra-se na narração.
 Diálogo – conversa entre personagens. Dá à história mais
vivacidade e autenticidade.

Sumário
Narrar é contar um facto ou um acontecimento com habilidade, de
modo a manter a constante atenção do leitor. A narração pode ser
real ou imaginária. A narração deve apresentar uma coerência de
acordo com o modo de apresentação da narrativa.

A descrição marca as características discursivas, sobretudo. É de


realçar, que a narrativa oral constitui a fonte de transmissão cultural
de geração em geração, no contexto da tradição africana.

Exercícios
1. O que entende por um texto narrativo?
2. De forma resumida, fale das características discursivas do
texto narrativo.
Centro de Ensino à Distância 107

Unidade 22: Texto Descritivo

Introdução
Nesta unidade didáctica vamos falar do texto descritivo, das suas
características linguísticas e discursivas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Identificar um texto descritivo;
 Interpretar um texto descritivo;

Objectivos  Elaborar um texto descritivo.

Texto Descritivo
A descrição caracteriza-se pela presença de determinados índices
e por determinadas construções linguísticas. Conectores: e, de
novo, em seguida, enfim, em suma. Que têm uma função coesiva
coordenando a temporalidade e o desenvolvimento dos vários
momentos do texto. O uso de conectores depende estritamente da
estratégia ilocutória do descritor (expor, explicar, argumentar)
subjacente ao seu texto.

Circunstantes: em casa, numa zona, na cidade, no pátio, que


localizam o objecto descrito.

Verbos de estado e verbos de acção: ser, estar, parecer, correr (As


águas corriam por entre a folhagem); Imperfeito do indicativo
(mas também o presente e o futuro).

O imperfeito, pelo seu valor secante, permite traduz a


simultaneidade.

Decomposição do objecto descrito em subtemas (A casa tem dois


quartos. Cada quarto tem duas janelas. A janela maior...).
Centro de Ensino à Distância 108

Figuras de estilo. Onde há descrição há, normalmente, o fluxo de


comparações, de metáforas, de sinédoques, de metonímias...
Predicados qualificativos (grandes salas, homens sabedores) e
predicados funcionais (representados pelo conjunto de verbos e
adjectivos não estáticos – correr depressa, saltar alto, virar
devagar...)

Qualificação por meio de verbo ser e do verbo ter: o verbo ser


predica a totalidade do objecto (“Joaninha era bela, talvez nem
galante... era o tipo de gentileza...”); o verbo ter predica uma parte
do objecto - ser (Joaninha porém tinha os olhos verdes...”).

A descrição aparece em forma de texto (geralmente curto) ou em


forma de sequência descritiva.
Do mar à lata
Texto
Do mar à lata
Longa é a vida da sardinha desde que sai do mar e cai no prato do
consumidor.
O processo de fabrico começa prela preparação do peixe, ao qual é
cortada a cabeça e a cauda, e retirada as vísceras.
Depois de lavada, a sardinha é submergida numa solução de sal com a
finalidade de lhe dar consistência e sabor. A operação de enlatar vem a
seguir, feita à mão em virtude da fragilidade do animal.
Na fase seguinte, procede-se à eliminação do ar da lata antes de esta ser
fechada.

O vácuo evita o aparecimento de tampas abauladas, a oxidação da lata e


a deterioração do alimento.
Uma vez fechada hermeticamente (cravação), a embalagem é submetida
a um tratamento térmico para assegurar a inactivação das bactérias
eventualmente presentes.
O arrefecimento com água, operação seguinte, destina-se a evitar um
sobreaquecimento que poderia alterar as características gustativas e
nutritivas do peixe.
Centro de Ensino à Distância 109

Seguem-se três a seis meses de maturação do produto para apurar o


respectivo sabor. A sardinha está pronta a comer.
Neste texto descritivo, as orações são sequências de actos
rigorosamente ordenados. Não se passa ao segundo ponto sem
antes se ter passado pelo primeiro. A cronologia nestes textos
(como na receita de cozinha) é essencial.

Há uma espécie de narrativização da descrição devido à presença


de conectores como “depois de”, “a seguir”, “uma vez”, “operação
seguinte”.

Sumário
O texto descritivo caracteriza-se pela presença de determinados
índices e por determinadas construções linguísticas.

A descrição comporta uma certa narrativização devido a presenças


de conectores. Existe uma certa sensação que se flui, visto haver
recursos estilísticos, precisamente para dar estética a descrição.

Exercícios
1. Diz o que entende por um texto descritivo.
2. Que elementos figuram numa descrição?
3. Elabore um texto com um título a sua escolha.
Centro de Ensino à Distância 110

Unidade 23: Texto Poético (Noção de Versificação, Estrofe e Linguagem)

Introdução
Os textos apresentam diversas tipologias, identificadas pela sua
natureza (estrutura, tipo de linguagem). No presente capítulo
pretendemos abordar alguns aspectos do texto poético.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Dar o conceito de versificação;
 Identificar uma estrofe;

Objectivos  Destinguir tipos de estrofes;


 Interpretar, correctamente, a linguagem literária.

Texto Poético
O texto poético é literário, daí que a sua intenção não é de
informar, mas sim de deleitar a partir de recurso a uma
linguagem fortemente conotativa, a apresentação de densidade e
subjectividade no conteúdo e na linguagem e uma produtividade
literária, expressa em realizações individuais de linguagem, em
desvios que irão tornar-se uso.

A versificação, referente ao verso. O verso tem como elemento


essencial o ritmo. O ritmo consiste na sucessão de sílabas fortes
(tónicas) e fracas (átonas) dispostas em intervalos regulares:

Amor, se uma mudança imaginada


É com tanto rigor minha homicida,
Que fará, se passa de ser temida,
A ser, como temida, averiguada?
Anónimo, séc.XVII

A estrofe corresponde ao agrupamento de dois ou mais versos,


que, na maior parte dos casos, se combinam pela rima.
Centro de Ensino à Distância 111

Nota-se:
1. As estrofes têm nome diferente consoante o número de versos
que abrangem-se.As estrofes classificam-se de acordo com o
número de versos:
 Um verso (monóstico);
 Dois versos (dístico ou parelha)
 Três versos (terceto);
 Quatro versos (quadra);
 Cinco versos (quintilha);
 Seis versos (sextilha);
 Sete versos (septilha);
 Oito versos (oitava);
 Nove versos (nona);
 Dez versos (décima) e
 Onze a mais versos, designam-se irregulares.

2. Se uma mesma estrofe se repete ao longo do poema, essa


estrofe chama-se refrão.

A linguagem usada num texto poético é subjectiva,


plurissignificativa, conotativa de modo a suscitar um deleite ou
prazer na leitura ou audição (se for o caso)

Sumário
O texto literário é caracterizado por uma linguagem poética,
precimamente para suscitar um prazer de leitura. A versificação
confere ao texto uma mancha gráfica própria.

Exercícios
1. Apresente um texto literário, caractereze-o de cordo com a sua
mancha gráfica e o tipo de linguagem.
2. O que é necessário para se interpretar um texto literário, tendo
em conta a função de linguagem poética.
Centro de Ensino à Distância 112

Unidade 24: Recursos Estilísticos (Níveis fónico, semântico, sintáctico e


linguagem literária)

Introdução
Os recursos estilísticos, também designados de figuras de estilo
consistem em manifestar um significado por uma outra expressão
que não o termo “próprio” que lhe está habitualmente ligado. No
contexto literário, os recursos estilísticos é que tornam o texto
literário, embora se enquadrem a outra tipologia textual, caso dos
textos publicitários.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Destinguir os recursos estilísticos aos seus diversos níveis:


nível fónico, semântico, sintáctico,
Objectivos
 Caracteriszar a linguagem literária.

Recursos Estilísticos
Os recursos estilísticos ou figuras de estilo é que corporizam o
texto literário.

O texto literário distingue-se do não literário pela recriação que faz


do real; evoca e sugere através do recurso a desvio literários,
utilizando outras maneiras de dizer que não são propriamente as da
norma da língua. Entre essesdesvios à norma encontram-se as
figuras de estilo ou figuras de estilo ou figuras de retórica,
apresentando-se desta feit

Nível fónico – dentro do nível fónico podemos considerar recursos


estelísticos que não são, em rigor, figuras de estilo, como é o caso
da rima e da onomatopeia.
Centro de Ensino à Distância 113

Ex: Bramindo, o negro mar de longe brada,


Como se desse em vão nalgum rochedo.
Luís de Camões, Os Lusíadas, V, 38

Existe neste verso d’Os Lusíadas a insistência em determinadas


consoantes que, associadas a vogais nasais – i(n) e o(n) em sílaba
tónica, evocam de maneira onomatopaica, o barulho do mar. Trata-
se de aliteração.

Nível semântico – relativo ao sentido, este nível apresenta recursos


estilístico que retratam uma relação de semelhança entre o
significado e o significante.
Ex.: Cada fruto destas árvores é um pingo de oiro.
Raul Brandão, Os Pescadores

Ex.: Os teus olhos são dois lagos encantados onde o céu se mira
como num espelho!
Érico Veríssimo, Clarissa

Dos exemplos apresentados, temos uma relação de semelhança a


partir de verbo ser (metáfora) para o primeiro caso, sendo que o
segundo exemplo, consiste no recurso a aspectos dos sentidos
humanos, a fim de provocar uma forte evocação afectiva e os seus
consequentes efeitos sugestivos e emocionais (imagem).

Nível sintáctico relativo a sintaxe, no contexto literário ela prende-


se, essencialmente co as funções lógicas das palavras. Daí que este
nível tem a ver com a competência gramatical do leitor/destinatário.
Ex.: O menino de frente viu o cão, interrompeu o passo, fez-lhe
uma festa, convidou-o para a dança.

A supressão dos elementos de ligação entre palavras ou frases


sucessivas, designa-se de assíndeto.
Centro de Ensino à Distância 114

Epífora ou epístrofe – consiste na repetição de uma mesma palavra,


ou palavras, no fim de frases ou versos sucessivos:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa (Àlvaro de Campos), Poesias

Caracteristicas da Linguagem Literária

Sumário
O texto literário distingue-se do não literário pela recriação que faz
do real; evoca e sugere através do recurso a desvio literários,
utilizando outras maneiras de dizer que não são propriamente as da
norma da língua.

Exercícios
1. Faça uma pesquisa em gramáticas e apresente todas as figuras de
estilos existentes, agrupando-as de acordo com os níveis
existentes. Não te esqueça de apresentar os seus respectivos
exemplos.
2. Porque que é que no texto literário não predomina a linguagem
popular?
Centro de Ensino à Distância 115

Referência ibliografia

BETTENCOURT, Mª. Assunção & TEIXEIRA, Mª. Ascensão,


Língua Portuguesa - 8º Ano, 3ª ed., Lisboa: Texto
Editora, 1995.
CUNHA, Celso, CINTRA, Lindley, Nova Gramática do Português
Contemporâneo, 15ª ed., Lisboa: Edições Sá da Costa,
1999.
ECO, Umberto, Como se Faz uma Tese, 12ª ed., Lisboa: Editorial
Presença, 1980.
FIGUEIREDO, Eunice Barbieri de, FIGUEIREDO, Olívia Maria,
Itinerário Gramatical: a Gramática na Língua e a
Língua no Discurso, Porto: Porto Editora, 1998.
FIGUEIREDO, Olívia Maria e BIZARRO, Rosa Porfíria, Da
Palavra ao Texto, 6ª ed., Porto: Edições ASA, 2004.
REI, J. Esteves, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora, 2000.

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