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Mariana da SilvaII
Rosa Cristina Ferreira de SouzaIII
I
Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul
de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga. 2020.
II
Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-
mail:silva.maariana@gmail.com
III
Doutora. Orientadora. Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
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compared to children who start seizures later. The relevance of expanding studies on the
subject is highlighted, as it is understood that new research can assist professionals in
identifying the disorder and those with a better affective-emotional, social, academic and
professional quality of life.
INTRODUÇÃO
pesquisa de campo sobre o tema abordado, ofertando conhecimentos que venham guiar a
identificação de publicações recentes e indicando rumos para novas pesquisas.
EPILEPSIA
Segundo Miziara (2003) a crise mais comum na infância é a epilepsia focal benigna da
infância com pontas centrotemporais, também chamada de epilepsia rolândica, representando
15 a 20% de todas as epilepsias antes dos 15 anos de idade. Essa epilepsia é constituída por
crises focais simples, orofaciais, geralmente relacionadas ao sono (LOISEAU; DUCHÉ;
LOISEAU, 1991).
Em contrapartida, Kotagal (1991) explica que a epilepsia do lóbulo temporal é a mais
frequente em adultos, sendo uma alteração elétrica focal, podendo apresentar crises simples
ou complexas. Rassi Neto et al. (2001) esclarecem que é considerada a epilepsia que mais se
beneficia com tratamento cirúrgico.
Diferente das epilepsias citadas, a epilepsia mioclônica juvenil é considerada por
Salas-Puig et al. (2001) epilepsia idiopática generalizada, sendo fundamental a identificação
das crises generalizadas para o diagnóstico de epilepsia mioclônica juvenil
(RENGANATHAN; DELANTY, 2003). Caracterizam-se por crises repetitivas, abruptas e
involuntárias, afetam principalmente os ombros e braços. São consideradas breves variando
entre movimentos bruscos e leves contrações (FAUGHT, 2003). As crises surgem entre nove
e 27 anos de idade (COSSET et al., 2002).
Não existe uma causa única e específica para a epilepsia, mas estima-se que lesões no
momento do nascimento, lesões cerebrais traumáticas, infecções cerebrais como meningite ou
encefalite, colaborem para o início da doença (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020).
Em contrapartida, se exclui como possibilidade de epilepsia as crises febris em crianças,
crises por abstinência de álcool, crises metabólicas, crises tóxicas, síncope convulsiva, crises
na primeira semana após trauma craniano, pois há baixo risco de crises na ausência do fator
precipitante.
Fisher (2017) classifica e divide as crises em focais e generalizadas. Nas crises de
início focal a pessoa está ciente de si e do meio ambiente durante a ocorrência da crise, sendo
essa limitada a uma área focal do cérebro, e são denominadas “parciais simples” ou
“complexas” (de acordo com a preservação ou alteração da consciência). Crises generalizadas
são divididas em crises motoras e não motoras e envolvem ambos hemisférios cerebrais: São
divididas em tônico-clônica, tônica, clônica, mioclônica, ausência e atônica.
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FUNÇÕES EXECUTIVAS
inibir fortes estímulos para fazer algo mais divertido; requer inibir a ação impulsiva como
pegar o brinquedo de outra criança ou até mesmo bater em alguém por vingança.
Memória de trabalho: importante para que se possa armazenar informações ao longo
do tempo, para acompanhar uma conversa ou relacionar uma ideia à outra. Também para que
instruções para executar uma ação sejam seguidas, para estabelecer relação de situações entre
início, meio e fim e ver as coisas de pontos de vista diferente.
Flexibilidade cognitiva presume capacidade de adaptação às mudanças. Essa categoria
é essencial para resolver problemas, ser criativo e encontrar alternativas frente a uma nova
situação.
Portanto, consideram-se funções executivas funções que envolvem aspectos de
organização, flexibilidade, autocontrole e planejamento (LEZAK; HOWIESON; LORING,
2004), sendo que seu principal objetivo é a adaptação a novas situações enfrentadas pelo
sujeito.
Malloy-Diniz et al. (2010) separam as funções executivas em duas partes, sendo elas
“frias”, planejamento, resolução de problemas, flexibilidade cognitiva, julgamento e atenção e
“quentes”, aspectos emocionais, alterações de personalidade e incapacidade de inibir
comportamentos impróprios.
Também Baddeley, Chincotta e Adlam (2001), explicam que as funções executivas
incluem organização, planejamento, planos de ações e flexibilidade para escolher novas
ações. Habilidades que envolvem fatores como: volição (usar as experiências para criar
metas), planejamento (capacidade de pensamento antes de tomar decisões, fazer escolhas e
criar caminhos para a mesma), iniciação da ação (capacidade de iniciar algo, manter, alterar e
encerrar de maneira ordenada), desempenho efetivo (monitorar, autodirigir e mudar e inibir
respostas frente as situações).
A atenção é considerada indispensável para um bom desempenho cognitivo, o
problema de atenção tende a não ser percebido até que existam queixas de esquecimento,
dificuldade de encontrar palavras e pensamento alterado (MEADOR, 2002). Geralmente
crianças com as crises controladas não apresentam problemas na aprendizagem e
comportamento, porém o bom controle das crises não garante a ausência de desatenção, ou
problemas de linguagem e aprendizagem (MULAS et al., 2006).
A criança com o funcionamento do cérebro diferente do considerado normal
apresentará comportamentos, potencialidades cognitivas e habilidades diferentes daquela em
que o sistema nervoso não teve alterações (CONSENZA; GUERRA, 2001). Uma queixa
frequente entre pais e professores de crianças com epilepsia é a falta de atenção (LOPES,
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2007). Em algumas crianças a dificuldade de atenção pode surgir como primeiro sinal de
déficit cognitivo causado por convulsões, sendo que uma boa atenção é importante para o
desempenho de outras funções cognitivas como a percepção e funções executivas, cujo bom
desenvolvimento desempenha papel importante na vida da criança, pois auxilia na vida social
e acadêmica.
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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(continuação)
AUTOR / RESULTADOS
LOCAL TITULO MÉTODO OBJETIVOS
ANO
As crianças com EFCT, especificamente
as que apresentavam atividade
epileptiforme à esquerda e fazendo uso de
medicação tiveram seu desempenho
Cinquenta e oito estatisticamente inferior em relação ao
crianças com idade Identificar as grupo controle e às crianças com atividade
Estudo da função
entre 8 e 13 anos diferenças de à direita, bilateral e sem medicação.
executiva em crianças
Banaskiwitz participaram deste desempenho nos testes Na avaliação de funções executivas e
São Paulo – SP com epilepsia focal
(2012) estudo, sendo 30 neuropsicológicos de flexibilidade cognitiva, foi observado que
benigna da infância com
crianças diagnosticadas função executiva entre o grupo com descarga à esquerda e o
pontas centrotemporais
com EFTC e 28 crianças com EFCT e grupo sem medicação apresentaram piores
crianças hígidas. crianças sem epilepsia desempenhos no número de categorias e
na eficiência de categorização, enquanto
apenas no grupo sem medicação houve
maior quantidade de erros que o grupo
controle.
Os participantes foram Crianças com ER obtiveram pior
submetidos à aplicação desempenho na maioria dos testes.
Identificar e descrever
de testes de funções Crianças com início precoce apresentaram
possíveis alterações de
executivas. Foram pior desempenho em um dos instrumentos
Avaliação funções executivas em
Universidade incluídas crianças com utilizados quando comparadas com
neuropsicológica em crianças com epilepsia
estadual de diagnóstico clínico e crianças com início mais tardio da
NERI (2012) crianças com epilepsia benigna da infância
Campinas/UNICA eletroencefalográfico de epilepsia; em relação às demais variáveis
rolândica: funções com pontas
MP ER. Os resultados da epilepsia, não foi possível qualquer
executivas centrotemporais
obtidos foram tipo de análise; quanto às variáveis das
(EBIPCT) ou epilepsia
comparados com os de crises, não houve diferença nos resultados
rolândica
um grupo de crianças obtidos pelos pacientes divididos em
de um grupo-controle. grupos.
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(conclusão)
AUTOR / RESULTADOS
LOCAL TITULO MÉTODO OBJETIVOS
ANO
Aprofundar no Entre epilepsia generalizada e parcial não
conhecimento do houve diferenças. Os déficits encontrados
desenvolvimento das impactam sobre a área acadêmica. Os
Servicio de Epilepsia infanto-juvenil e funções de atenção e resultados do presente estudo mostraram
Clínicas comorbidade Estudo descritivo, executivas em crianças prejuízos nas funções intelectuais,
Zambarbieri Interdisciplinarias. neurocognitiva: impacto retrospectivo, e adolescentes com atenção, memória e linguística como
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(2014) Hospital de da atenção, memoria e transversal e epilepsia, para consequência do efeito deletério da
Pediatría Juan P. processos executivos da observacional esclarecer as mudanças epilepsia e
Garrahan linguagem (epilepsia funcionais que do envolvimento comórbido de distúrbios
generalizada – focal. impactam nos psiquiátricos
processos diminuindo que acompanhou esta amostra.
o rendimento
acadêmico.
Fonte: Elaborado pela autora a partir da revisão de literatura.
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Tradução realizada pela pesquisadora
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CONTROLE INIBITÓRIO
FLEXIBILIDADE COGNITIVA
MEMÓRIA DE TRABALHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BADDELEY, A.; CHINCOTTA, D.; ADLAM, A. Working memory and the control of
action: evidence from task switching. J. Exp. Psychol. Gen., v. 130, n. 4, p. 641-657, 2001
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/117
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MULAS, F. et al. Dificultades del aprendizaje en los niños epilépticos. Rev. Neurol., v. 42, n.
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PORTO, L. A. et al. O papel dos canais iônicos nas epilepsias e considerações sobre as drogas
antiepilépticas: uma breve revisão. J. Epilepsy Clin. Neurophysiol., Porto Alegre, v. 13, n. 4,
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Acesso em: 22 jun. 2020.
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