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JUSNATURALISMO

Teoria Geral do Direito


29/09/2022
JUSNATURALISMO

▪ Marca das ideias da filosofia


modernidade (a partir do Século XVI).

▪ Progressiva laicização da cultura


moderna

▪ Verdade da ciência confiada à


matemática e geometria.

▪ A razão é o guia das ações humanas.

▪ O Direito deixa de estar relacionado


com fundamentos m´tico-religiosos e vai
buscar seu fundamento último na razão.
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▪ Nicolau Maquiavel (1469-1527)


▪ O príncipe
▪ Considerado o “pai da modernidade” – primeiro filósofo político moderno
▪ O direito não transcende a natureza do homem. É uma mera técnica de governar e
as relações sociais são lutas pelo poder:

“existem dois modos de lutar: um com as leis, outro com a força. O primeiro é um método próprio do
homem, o segundo, dos animais (...) um príncipe deve saber como utilizar esses dois métodos, e ter
sempre em mente que um deles sem o outro não produz efeitos duradouros”.

▪ As leis são buscadas em seu próprios termos, e não por metodologias


subordinadas à religião.
▪ Simbolicamente, reduziu Deus à fortuna (acaso).
Jusnaturalismo

Direito Natural Direito Natural Direito Natural


na antiguidade na Idade na Idade
clássica Média D Moderna

Laicização da cultura
A lei natural decorre da moderna. O direito
Universal
lei divina. Universal natural existiria mesmo
que Deus não existisse.

A lei natural decorre da


razão que o homem
Aristóteles e Cícero possui por natureza.
Santo Agostinho e São
exploraram o conceito
Tomás de Aquino. Não depende de Deus,
de Direito Natural
de leis míticas ou
sobrenaturais.

A conduta humana e a A lei natural decorre da


lei natural deve estar em razão humana que, por A reta razão é único
harmonia com o cosmo, sua vez, decorre de guia das ações humanas
ou seja, com a harmonia Deus. Fundamento último e das leis.
da natureza. em Deus.
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▪ Principais representantes da Escola Clássica do Direito Natural:


✓ Hugo Grócio
✓ Samuel Pufendorf
✓ John Locke
✓ Thomas Hobbes
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▪ Hugo Grócio (1583-1645)

▪ Não é mais Deus ou a ordem divina o fundamento do Direito, mas a natureza humana.
“Não há nada de arbitrário no direito natural, como não há arbitrariedade na aritmética. Os ditames da reta
razão são o que a natureza humana e a natureza das coisas ordenam”.

▪ Contribuiu para o Direito Internacional. A lei natural regula a convivência das diversas
nações.

▪ As relações entre os diversos Estados baseiam-se na ideia de contrato. Os pactos ou


tratados são de cumprimento obrigatório, de onde vem um dos mais fundamentais
princípios de Direito Internacional: pacta sunt servanda (os pactos devem ser
observados).

▪ Art. 26 da Convenção de Viena sobre os tratados internacionais (promulgado no Brasil


pelo Decreto n. 7.030/2009): “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser
cumprido por elas de boa-fé”.
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▪ Samuel Pufendorf (1632-1694)

▪ Discípulo de Grócio – Prof. Universidade de Heildelberg.

▪ Consegue conciliar diversas teorias filosóficas.

▪ Uso de um método matemático para a descoberta de um princípio imutável:


“Após ter rejeitado esse método, penso que é melhor seguir o dos matemáticos, ou seja, que é preciso
estabelecer um princípio imutável, o qual a pessoa razoável não possa pôr em dúvida e da qual tudo o que é
de direito natural possa derivar.”

“As leis naturais são aquelas que estão de acordo com a natureza sociável do homem, que uma sociedade
honesta e pacífica não poderia se manter entre a humanidade sem elas, donde que isto pode ser buscado, e
seu conhecimento adquirido pela luz daquela razão, que nasce com todos os homens, e por uma
consideração da natureza humana em geral”.

▪ O direito natural é uma lei de garantia da sociabilidade.


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▪ John Locke (1632-1704)

▪ A força motriz do conhecimento é a experiência.

▪ As lei naturais não são inatas. Estão na natureza e podem ser conhecidas pela razão.

▪ O estado da natureza não seria de guerra (diferentemente de Hobbes), mas de paz.

▪ O surgimento do “contrato” que dá origem ao Estado é ligado à ideia de que é


imprescindível um terceiro para a decisão dos conflitos surgidos na sociedade:
“O maior inconveniente do estado de natureza é a falta de um juiz imparcial para julgar as controvérsias que
nascem – e não podem deixar de nascer – entre os indivíduos que participam de uma sociedade”.

▪ O Estado Civil convive com o Estado da Natureza. O civil existe para garantir e proteger
os direitos naturais que estariam desprotegidos no estado da natureza.
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▪ John Locke (1632-1704)

▪ A propriedade individual é algo que se possui desde o estado da natureza.

▪ A propriedade é mérito que se deve ao trabalho, à luta individual que cada um


empreendeu contra os fenômenos da natureza e as condições adversas.

▪ O direito de propriedade decorre da personalização da natureza pelo esforço


humano.

▪ O direito de propriedade é anterior à instituição do Estado.


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▪ Thomas Hobbes (1588-1679)


▪ O estado de natureza propicia o amplo uso da liberdade a ponto de uns lesarem,
invadirem, usurparem e prejudicarem aos outros.
▪ Não há controle racional do homem no estado de natureza – “o homem é o lobo
do homem” (homo homini lupus) – o homem é um animal egoísta.
▪ A igualdade, no estado da natureza, leva os homens a causarem danos uns aos
outros, daí a necessidade de intervenção do Estado.
▪ Existência do Estado para o aperfeiçoamento da natureza, e a superação do estado
de natureza.
▪ É um convenção, um acordo de vontades que cria o Estado para abolir a guerra e a
impunidade contra a violência.
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▪ Escola Histórica do Direito:

▪ Friedrich Carl Von Savigny (1779-1861) e Geord Friedrich Puchta (1798-1846)

▪ Normas universalmente válidas a partir do desenvolvimento da história humana.

▪ A história é movida por uma necessidade interna que a conduz para algum destino.
A direção da história constitui o critério para determinar o bom e o mau.
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▪ A concepção jusnaturalista pode ser caracterizada pela defesa conjunta das


seguintes teses:

1. Tese da filosofia ética, que afirma a existência de princípios morais e de justiça


universalmente válidos e acessíveis à razão humana.

2. Tese relativa à definição do conceito de direito, segundo o qual um sistema


normativo ou uma norma não podem ser classificados como jurídicos se estão
em desacordo com aqueles princípios morais ou de justiça.

3. A rigor, no jusnaturalismo, o direito e a moral estão interligados. O direito natural


diz respeito a regras morais e justas que são apreensíveis pela racionalidade
humana, independentemente de qualquer justificativa mítica ou divina.
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▪ TESES PARA DISCUSSÃO

1. As regras de todo o sistema jurídico refletem de fato os valores e aspirações


morais da comunidade em que vigoram?

2. As regras de um sistema jurídico devem se adequar a certos princípios morais e


de justiça válidos em termos universais, independentemente de serem aceitos ou
não pela sociedade em que tais regras se aplicam?

3. As regras de um sistema jurídico devem reconhecer e tornar efetivos os padrões


morais vigentes na sociedade?

4. Uma lei de um sistema jurídico tem força obrigatória, seja qual for sua origem e
conteúdo?
OBRIGADO!

osnildojr@hotmail.com

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