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ABORDAGEM INTRODUTÓRIA À FILOSOFIA

A DIMENSÃO DISCURSIVA DO TRABALHO FILOSÓFICO


FICHA FORMATIVA

A dimensão discursiva do trabalho filosófico


A filosofia é discurso, discussão, debate, controvérsia, argumentação. As armas do filósofo são as ideias
e os argumentos e, com elas, o filósofo não pretende impor a sua visão das coisas, mas contribuir para
que cada um reflita de forma crítica sobre o que lhe é proposto, sobre as grandes questões que
inquietam os homens. O produto do trabalho dos filósofos são os discursos, os textos, eventualmente
os livros.
A filosofia ajuda-nos a pensar melhor. Para pensar usamos conceitos, juízos e raciocínios e para nos
expressarmos usamos termos, proposições e argumentos. A filosofia ajuda-nos a clarificar os conceitos,
a ajuizar devidamente e a raciocinar de forma correta. A filosofia é um livre exercício do pensamento e
um rigoroso trabalho de argumentação. Se bem que tudo seja pensável, nem tudo é justificável ou
sustentável. As teses e teorias têm de ser racionalmente fundamentadas. Fundamentar qualquer coisa
significa apoiá-la em razões, justificá-la com argumentos ponderados, alicerçá-la em bases seguras
ainda que discutíveis.
A filosofia é polémica pelos assuntos tratados, é radical na forma como aborda os problemas, é muitas
vezes irreverente nas conclusões que apresenta, mas, em nenhum dos casos, a filosofia pode ser
incoerente, inconsequente, atabalhoada, uma miscelânea de ideias mal concatenadas.
Deve-se esperar dos filósofos clareza nas ideias e rigor nos raciocínios. Se por vezes, devido à
complexidade do tema, não é possível construir um discurso simples, acessível, há que evitar
transformá-lo numa floresta de artifícios, num meandroso labirinto que, em vez de abrir caminhos, nos
encerra em herméticas conclusões.
Deve-se exigir dos filósofos discursos coerentes, bem construídos, razoáveis e, acima de tudo, discursos
motivadores para a nossa própria reflexão pessoal. Devemos recusar os discursos em circuito fechado,
ainda que bem estruturados, os discursos que apenas pedem aquiescência, aceitação passiva.
Enquanto discurso bem fundamentado e rigoroso, o discurso filosófico deve ser capaz de promover o
diálogo e a discussão e ser fulcro de criação de outros discursos válidos.
A filosofia é fundamentalmente diálogo, debate de ideias. Por isso não pode ficar fechada nos textos e
nos livros, por isso o discurso filosófico deve ser um discurso crítico e aberto, criativo e vivo, capaz de
fomentar pontos de discussão. Os discursos filosóficos têm que ser capazes de nos interpelar, de nos
obrigar a deixarmos de ser leitores ou auditores passivos para sermos intervenientes na reflexão e
discussão dos assuntos apresentados. Os discursos filosóficos não nos podem deixar indiferentes.
É com a força dos seus argumentos ponderados, sólidos, rigorosos, que o filósofo pode intervir e
contribuir para que os homens se libertem das suas prisões mentais e se assumam na sua liberdade e
na sua racionalidade, encontrando o seu sentido e a sua razão de existência.

Usando frases curtas, mas sintaticamente corretas e objetivas, realiza o exercício que segue.
Sempre com base nos conteúdos do texto, que deves sempre referir:
1. Objetiva a tarefa da filosofia.
2. Indica os instrumentos lógicos do pensamento e do discurso que são referidos no texto
3. Explicita o método da filosofia.
O texto refere com frequência conceitos como:
a. Criticar
b. Justificar
c. Discutir
4. Esclarece-os.
5. Que entendes por “rigor do raciocínio”?
6. Quais as características que o autor atribui à filosofia.
7. O autor refere que as questões da filosofia são “abertas”. Com os elementos que o autor indica
no texto, explica essa característica.
Explicar significa “tornar claro” Para ter sucesso nesse objetivo deves justificar essa
característica indicando as razões e as condições dessa marca própria do filosofar.
8. O autor atribui reflexão filosófica uma finalidade. Indica-a. É neste momento que a tua veia
filosófica se vai exercer ao apresentares a tua posição crítica sobre este tema.

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