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Direito Penal I

1. O que é o Direito Penal? Noções básicas


O Direito Penal é um ramo do Direito, porquanto, um sistema aglutinado e
coerente de normas jurídicas destinado a regular os comportamentos humanos
qualificados como crimes, desencadeando determinadas consequências
jurídicas, as penas.
Este é um ramo do Direito público que conecta um comportamento humano a uma
sanção criminal (penas e medidas de segurança), portanto.
Assim:
Prevê a realização de um facto, uma conduta ou omissão, que seja qualificado como
crime e tipificado como tal, respeitando a junção de determinados elementos
(ex:culpa), que consideramos como crime. Nullum crimen sine lege !
Dispõe uma consequência jurídica distinta dos demais ramos do Direito, tornando o
DP um ramo especial, que é a pena. A sanção visa reparar os bens jurídicos
violados pelo crime.
Por introduzir uma sanção criminal, e distinta dos demais ramos, vulgarmente se
chama ao Direito Penal de Direito Criminal.

a) Pena e figuras afins


Coima = Direito Contraordenações;
Pena e Multa (pena pecuniária) = Direito Penal;

Todavia, a pena não é a única consequência jurídica emanada do Direito penal,


existindo também as medidas de segurança.
A pena é um castigo medido pela culpa, enquanto a medida de segurança é uma
medida de proteção da sociedade contra a perigosidade de um ato.
Culpa é um ato censurável.
Ex: Fizeste isto mas não devias ter feito.
Perigosidade já depende da natureza do indivíduo.
Ex: Adepto que é reincidente em invadir o relvado têm de se apresentar na
esquadra em todos os jogos da sua equipa.

b) Ilicitude Penal vs Ilicitude Jurídica


Não podemos nos esquecer da importância do binómio crime-pena que enforma
a natureza sui generis do Direito Penal. Não basta haver uma ilegalidade para haver
um crime, uma conduta antijurídica não tem necessariamente de ser relevante para
efeitos penais. Apenas as condutas que se qualifiquem como crimes (tipicidade +
legalidade = nullum crimen sine lege) é que podem ser ilícitos de DP.
Portanto, podemos dizer que nem todos os ilícitos jurídicos são ilícitos penais
(ex: sonegação de bens em contexto de herança é uma questão de direito civil
sucessório), mas todos os ilícitos penais são necessariamente ilícitos jurídicos, pois
afetam o Direito enquanto fenómeno global.
Princípio da unidade de ordem jurídica.

c) Direito Penal em sentido objetivo e Direito Penal em sentido


subjetivo
o Direito Penal em sentido objetivo: Trata do conjunto de normas que
respeitam a formalidade para que uma matéria seja matéria da esfera do
ius penale. Trata, destarte, do conjunto de crimes e penas associadas,
assim como os elementos a estes adjacente;

o Direito Penal em sentido subjetivo ou Ius Puniendi: Versa sobre o


poder instituído sobre o Estado, enquanto órgão dotado de ius imperii, de
definir os comportamentos que se qualificam como crime, e as punições
respetivas;

Ex: Assembleia da República legisla no sentido de considerar mutilação


genital feminina como crime, atribuindo-lhe a moldura penal x;

d) Distinção entre Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo


o Direito Penal Substantivo: É relativamente semelhante com o sentido
objetivo do DP, já que têm como essência a substância, a matéria
“sumarenta” da Lei Penal, dedicando-se do estudo dos comportamentos
compagináveis com crimes (no seu todo) e com o estudo exaustivo das
penas.
Não pode ser considerado, contudo, como a globalidade do Direito Penal,
já que se distingue da parte “processual” do mesmo, por exemplo.
É “mais” um DP em sentido material;

o Direito Penal Adjetivo: O Direito Penal não deve ser apenas


considerado na sua “matéria”, havendo um verdadeiro ordenamento
jurídico penal, disposto em diversas matérias, como o Direito Processual
Penal, onde se debruça sobre uma série de trâmites e realidades
conexionadas com o exercício da prática penal, ou o Direito Penal
Executivo, referente à regulamentação jurídica da execução das sanções
criminais;

Questão do Princípio da Fragmentariedade Penal:


O Direito Penal só atua, seja em termos materiais ou formais, perante uma
filtração daquilo que lhe é relevante para ele mesmo, o que é natural, já que sabemos
que é um direito “último” no tratamento das condutas jurídicas.
Só lhe releva as ofensas aos bens jurídicos que sejam suficientemente graves ao
ponto de se considerarem como crime e existir a estatuição de sanções para esse
comportamento. É por isso que aparece relacionado com a ideia de
Fragmentariedade. Há uma espécie de processo em escada para chegarmos a
matéria penal.
Ex: Ação ílicita – voluntária – culposa – crime;

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