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Mossoró
2023
RAILSON FERREIRA DA SILVA
Mossoró
2023
RAILSON FERREIRA DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
This work aims to show a little more than is usually shown about
Schopenhauer's philosophy. Since what usually appears in the media in general are
summaries, simplifications that can sometimes sound too simplistic in the face of the
greatness of the philosopher and his importance, including for those who followed
him. For that, I will use as main literature: The World as Will and Representation,
more specifically books I and II; still as an auxiliary I will use Sobre a Vontade na
Natureza, by the same author. In addition to complementing with other books. In this
way, I tried to show how, and in a very intuitive way he tries to demonstrate that even
the last reality, that with which Kant feels to be something unreachable for the human
being to reach the most fundamental thing of reality, from the philosopher he
manages to show that this mystery can now be revealed. Among the nuances of all
reality, he proposes to show with empirical bases what fosters the idea of Will. And
indeed, he manages to impose an almost scientific rigor to show that the idea of Will
is a product of a logical and well-founded reason. He walks between various aspects
of reality to substantiate his idea; and this he manages to reveal the manifestation of
the Will from man to the laws that govern nature. In the first chapter I try to work a
little on what precedes the central idea of the monograph, which would be the
Representation and the forms of the intellect. In another moment I tried to show how
the Will is revealed and from there how it is manifested in man, animals and plants,
which constitutes the organic world. And finally, I talk about its manifestation in the
laws that govern nature, and still adding some observation.
INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
...........
1. A
. .REPRESENTAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . . .E. .SUA
. . . .ESTRUTURA.........................................................12
..........
1. 1.
. .A
. .REPRESENTAÇÃO........................................................................................12
.................
1. 2.
. . ESPAÇO,
. . . . . . . . .TEMPO,
. . . . . . .CAUSALIDADE..................................................................15
.............
2. A
. .VONTADE
. . . . . . . . . MANIFESTA......................................................................................18
.........
2. 1.
. .A
. .DESCOBERTA
. . . . . . . . . . . . . DA
. . . VONTADE.......................................................................18
.........
2. 2.
. .A
. .VONTADE
. . . . . . . . . NO
. . . MUNDO
. . . . . . . .ORGÂNICO..............................................................22
..........
2. 3.
. .A
. .VONTADE
. . . . . . . . . NO
. . . MUNDO
. . . . . . . .INORGÂNICO..........................................................29
............
CONCLUSÃO.............................................................................................................30
..........
REFERÊNCIAS...........................................................................................................32
...........
9
INTRODUÇÃO
No presente trabalho que tem como tema "A Essência Evidenciada Segundo
Schopenhauer" pretendo trabalhar o conceito de vontade, assim como mostrar a
forma pela qual ela se manifesta na realidade. Vejo com certa importância esse
estudo pois ela se propõe, sobretudo, a mostrar na perspectiva do filósofo como
essa vontade é manifesta na realidade. Percebo que a tal conceito expresso por ele
na sua filosofia se constitui um marco filosófico, principalmente por tentar dar uma
resposta que seu antecessor, Kant, não deu 1, e com isso acabar chegando a uma
solução do problema deixado por Kant. Como tal conceito da Vontade é percebido
por mim como fato importante na obra do filósofo, penso que desenvolver, buscar
mais as razões que levaram Schopenhauer a gastar muitos anos de sua vida para
produzir toda uma filosofia é algo importante, e como tal me pus a trabalhar esse
conceito e sua razão de ser na realidade.
O que é a vontade e como ela se manifesta no mundo? Irei evidenciar como
essa Vontade concebida pelo filósofo se manifesta no mundo em suas mais variadas
formas e maneiras. Visto que esse conceito é muito trabalhado em outros filósofos
como Kant, Agostinho, em Schopenhauer tal conceito toma uma nova forma.
Portanto, essa pergunta acaba se tornando importante de ser respondida ao final do
trabalho.
De início me atenho a dar as bases que antecedem a Vontade. Com isso no
primeiro capítulo, seção "1.1. A representação" vemos que no livro O mundo como
representação- Livro Primeiro nos é apresentado um sujeito que conhece; e nessa
relação do conhecer ela se dá com outra coisa, no caso: o objeto. Noutro momento
demonstro uma parte que constitui um passo importante na filosofia de
Schopenhauer, pois ele demonstra que há uma realidade primeira que aparece ao
indivíduo, mas ela mesma não é a realidade última. A filósofa Jacqueline Russ
mostra esse aspecto da realidade ilusória que o filósofo trata " O que tomamos por
realidade e designamos como "mundo" nada é além de uma representação
subjetiva, de uma ilusão" (RUSS, 2015, p. 294). Sigo mostrando que a partir do
filósofo a relação sujeito-objeto se dá de tal modo que ambos produzem aquilo que
se chama de representação: "O mundo considerado como representação [...]
compreende duas metades essenciais, necessárias e inseparáveis. A primeira é o
objeto [...] a segunda é o sujeito" (SCHOPENHAUER, 2001, p. 11). Em dado
momento diferencio diante da perspectiva do filósofo dois tipos de representações, a
saber, as intuitivas, e as abstratas. Já na seção "1.2. Espaço, Tempo, Causalidade"
desenvolvo os fundamentos da representação em Schopenhauer, que para Kant,
3 Sobre a Representação Roger, Alain define tal conceito como "... a representação é o mundo, tal
como ele aparece no ato perceptivo, e ela se define como a relação indissolúvel do sujeito percipiente
com o objeto percebido." (ROGER, 2013, p. 64)
4 Conceito de Representação
1
conhece, e dotado de razão, ele é o único na relação que conhece. Podemos dizer
que o sujeito é ponto de partida do conhecer. Schopenhauer elucida bem esse
ponto:
Aquele que conhece todo o resto, sem ser ele mesmo conhecido, é o sujeito.
Por conseguinte, o sujeito é o substratum do mundo, a condição invariável,
sempre subentendida de todo fenômeno, de todo objeto, visto que tudo o que
existe, existe apenas para o sujeito. (SCHOPENHAUER, 2001, p. 11)
O objeto, por sua vez, é o que é conhecido; nunca é o que conhece. Essa
dependência do objeto para com o sujeito é primeira condição. Ambos não têm
muito sentido sem a existência do outro.
O filósofo colocará essa constatação do fenômeno como uma verdade que se
pode afirmar a priori "Se existe uma verdade que se possa afirmar a priori é esta,
pois ela exprime o modo de toda experiência possível e inimaginável, conceito muito
mais geral que os de tempo, espaço e causalidade que o implicam."
(SCHOPENHAUER, 2001, p. 09)
O objeto representado por ocasião da experiência não é algo que o indivíduo
simplesmente tem o contato e a partir daí ele apreende, conhece e dá sentido e logo
após o eleva à condição de representação, muito pelo contrário, dentro nesse
processo ele vai pensar em dois tipos de representações: intuitivas (INTUITIVE
VORSTELLUNGEN) e abstratas (ABSTRAKTE VORSTELLUNGEN). A primeira diz
respeito à percepção pura do objeto, ao objeto tal como ele se apresenta
fisicamente, onde o objeto da experiência está condicionado à forma subjetiva do
homem. A segunda, por sua vez, diz respeito à abstração e conceituação dos
objetos; nesse momento a razão é uma característica importante dessa
representação.
Aqui ele entende que a categoria das representações intuitivas é comum ao
homem e ao animal, já a abstrata, exclusiva do homem. É importante esse momento
porque é aqui que ele começa a tecer a diferença do homem para o animal.
Poderíamos pensar simplesmente que, haja vista que o objeto é percebido por um
sujeito, logo os animais estariam nessa categoria de sujeito; afinal de contas eles
são dotados de algum grau de razão. No entanto ele deixa claro que a razão do
homem é superior à dos animais. Mesmo assim, Schopenhauer não exclui os outros
seres vivos dessa relação que se manifesta no contato com a realidade. Muito pelo
contrário, ele deixa claro as diferenças de relação sujeito-objeto e, digamos, animal-
objeto. Frederick Copleston no seu livro "Uma história da Filosofia- Do iluminismo
francês a Nietzsche. Vol. III " relata um pouco essa diferença:
1
Há um mundo fenomênico não somente para o homem, mas também para os
animais. Pois as condições de sua possibilidade estão presentes também
nestes, sendo essas condições as formas de sensibilidade a priori, a saber, o
espaço e o tempo, e a categoria do entendimento, a saber, a causalidade
(COPLESTON, 2022, p. 634)
Agora há outro aspecto nesse mundo do fenômeno que é essencial, que são
as ideias de Espaço, Tempo e Causalidade. Dentro desse panorama do mundo da
representação esses elementos são também de extrema importância. Na
epistemologia Kantiana5 havia a sensação e era ela que ao intuir os objetos os
colocavam e situavam eles no espaço e no tempo. Com Schopenhauer ele traz
consigo a ideia kantiana, no entanto, retira as categorias do intelecto de Kant e
coloca no lugar a Causalidade 6. Ele a partir da própria experiência entende que nós
percebemos as coisas via causalidade e situada dentro do espaço e tempo. Ele quer
dizer com isso que os objetos da experiência nos são apresentadas a partir da
estrutura de causa e efeito, e que esse comportamento da matéria é ao mesmo
tempo uma ação situada do espaço e tempo. Esta compreensão via experiência e
suas condições são da ordem da representação intuitiva pois nela é que são
percebidas a realidade e sua estrutura do espaço, tempo e causalidade.
Esse conhecimento a priori7 é a condição de toda experiência, e é nesses
termos que a experiência é dada ao indivíduo, e portanto, o sujeito consegue
conhecer e conceituar o objeto. Digamos que essas formas da experiência (Espaço,
tempo e Causalidade) é a estrutura da realidade que dá a condição necessária do
homem conhecer, ser um sujeito à conhecer 8. Schopenhauer vai perceber essa
estrutura como algo de mais básico na interação do sujeito com o objeto. A
causalidade, por exemplo, constitui a realidade básica da matéria, pois a realidade
dela se manifesta na sua atividade; tal causalidade se torna visível na atividade da
matéria, uma vez que a atuação de um objeto sobre o outro só é percebida quando
um exerce uma ação física. Neste momento vemos a causalidade e percebemos ela
na sua forma imediata e o objeto acaba por ser nesse sentido "Causa e Efeito". Ora,
não existe uma ação sem uma causa que a possa descrevê-la; por isso que esse
princípio é uma realidade básica da matéria e não apenas mais uma característica,
um atributo, mas algo que na intuição se constitui como um dos princípios do real.
Schopenhauer faz questão de ressaltar a qualidade essencial da matéria "Ser causa
e efeito, eis portanto a própria essência da matéria; o seu ser consiste unicamente
5 Sobre o processo epistemológico Kantiano "Existem duas formas puras da intuição sensível, o
espaço e o tempo, representações necessárias para fundamentar todas as nossas intuições, ao
organizarem a experiência antes de qualquer trabalho do entendimento." (RUSS, 2015, p.243)
6 Roger faz uma consideração importante sobre a causalidade em Schopenhauer "Também é
importante não reduzir a causalidade à causa (Ursache), que é apenas uma de suas modalidades na
esfera fenomênica. A causa rege o mundo inorgânico, a excitação (Reiz), o mundo vegetal e o motivo
(Motiv, Motivation)." (ROGER, 2013, P.14)
7 Tempo, Espaço e Causalidade.
8 Russ comentando sobre as formas a priori no processo de conhecimento: "O mundo apresenta-se,
em primeiro lugar, como sensações, modificações do sujeito corporal dotado de sensibilidade, às
quais nosso intelecto impõe as formas intuitivas a priori do tempo e do espaço. O mundo, que emerge
deste modo, é o conjunto dos fenômenos ligados entre si pela lei da causalidade..."(RUSS, 2015,
p.295)
1
9 "A matéria é a reunião do espaço e do tempo, nesse sentido, "sinônimo de atividade" (M, p. 36) e de
causalidade..."(RUSS,2013, p. 44)
1
1
2. A VONTADE MANIFESTA
2. 1. A DESCOBERTA DA VONTADE
Nessa busca fica claro para o filósofo que não é de fora que devemos partir
em busca da coisa-em-si, pois assim chegaríamos a enganos e nisso é que deixa
claro o erro dos filósofos.
Ele vai em direção ao sujeito. Sujeito este que é ao mesmo tempo
representação e sujeito conhecedor. Partindo do sujeito ele percebe nas
manifestações e ações do corpo algo que para ele se chama Vontade. Aqui está o
achado que ele procurava. A essência íntima de toda realidade que Schopenhauer
destaca:
15 MORA define o númeno: "Númeno ' é um vocábulo técnico na filosofia de Kant. Não é fácil
distinguir em Kant o conceito de númeno do conceito de coisa [VER] 'Númenos' e 'coisas-em-si' [VER]
são expressões que designam o que se acha fora do marco da experiência possível, tal como traçado
na "Estética transcendental" e na "Analítica transcendental" da Crítica da razão pura." (MORA, 2001,
p.501-502)
16 Sobre a extensão da vontade ROGER comenta "...do ponto de vista metafísico, "o mundo é minha
vontade" (M, P.25), ou, mais exatamente, a vontade, pois esta se estende ao conjunto dos fenômenos
e adquire, assim, um estatuto cosmológico." (ROGER, 2013, p.72)
2
No homem ela se dá na ação, movimento do corpo como um todo, mas como
mostrarei a ação da vontade no homem se manifesta não somente no movimento
voluntário do braço, mas em todo o corpo por meio de ações voluntárias ou
involuntárias.
E outro ponto que ele considera é que a vontade não é semelhante a todos os
objetos da representação, visto que ela não é o objeto, mas o próprio conteúdo da
realidade, e essa se diferencia em muitos aspectos; um deles é a independência
dele do sujeito. Por exemplo, nos capítulos anteriores foi observado que o objeto
não é nada sem o sujeito que lhe dá contornos representacionais; e diferente do
objeto a vontade não é condicionada a existir a partir do sujeito. Ela existe
independentemente do sujeito. Além disso ela não é sujeita às leis que regem o
mundo fenomênico. O filósofo mesmo constata isso no seu livro Sobre a Vontade na
Natureza:
...por isso, essa vontade, longe de, como supunham todos os filósofos até
agora, ser inseparável da cognição e mesmo um mero resultado da mesma
– dela, que é totalmente secundária e tardia –, é fundamentalmente distinta e
plenamente independente desta, e que consequentemente essa vontade
pode também existir e se manifestar sem ela, o que é realmente o caso em
toda a natureza, dos animais para baixo. (SCHOPENHAUER, 2013, p. 27).
17 Comentário sobre motivo "O motivo pode ser definido como um estímulo externo, cuja ocasião
gera uma imagem no cérebro, sob cuja mediação a vontade realiza o efeito propriamente dito, a ação
corporal." (SCHOPENHAUER, 2013, p.40)
18 Erfahrungen über die Anwendung der Kälte in Krankheiten [Experiências sobre a aplicação do frio
em doenças], Berlim 1833
2
Isso ocorre até mesmo nos processos vitais mais elevados da inflamação:
algo de novo é formado e o prejudicial é expulso; mais do elemento formável
é levado até o local pelas artérias e mais sangue venoso escoa, até que o
processo de inflamação esteja completo e a vontade orgânica aplacada. Essa
vontade pode, porém, ficar também tão excitada que não é mais possível
aplacá-la. Essa causa excitante (estímulo) age ou imediatamente sobre o
órgão singular (veneno, contagium), ou afeta a vida como um todo, ao que
essa vida logo começa a fazer os maiores esforços para afastar o danoso ou
para alterar a disposição da vontade orgânica, incitando funções vitais críticas
em certas partes individuais – inflamações – ou também exaurindo a vontade
insatisfeita (SCHOPENHAUER, 2013, p. 33).
Ele vai concluir também que as ações dirigidas pelo sistema nervoso e seus
processos que mantêm o corpo em perfeito funcionamento também são ações
submetidas à vontade. Aqui vemos Schopenhauer adentrando cada vez mais na
estrutura fisiológica do corpo e como esta é nada menos que a vontade manifesta,
sobretudo em suas ações. Ele também não se atém somente aos atos movidos por
motivos; em dado momento ele começa a alargar ainda mais as possibilidades e
chega a explicar os atos movidos por estímulos:
viver em árvores longe dos predadores com os quais não teriam chance
alguma. O bicho-preguiça, por exemplo, não é muito capaz de andar, pois sua
condição corpórea lhe dá vantagem trepando nas árvores. Para isso, Schopenhauer
considera ser isso um feito da própria vontade:
isso tudo comprova que foi o modo de vida querido pelo animal para sua
manutenção que determinou a sua constituição – e não o contrário; isso
comprova também que a coisa tenha ocorrido justamente dessa forma, como
se um conhecimento do modo de vida e de suas condições externas tivesse
antecedido a sua constituição, como se cada animal tivesse escolhido, assim,
o seu equipamento, antes que se corporificasse. (SCHOPENHAUER, 2013,
p. 53).
Essa constatação dele deixa claro que há ali a vontade de viver querendo se
2
Com isso ele reforça a ideia de que a constituição física do animal pressupõe
o agir da vontade de viver em seu estado mais puro; pois há animais voltados à
caça, tendo, portanto, mandíbulas, garras, há também os animais que tem por
excelência se proteger. Nesse ponto fica claro que todo desejo da vontade de se
afirmar na natureza está posta. Sua organização física deve estar disposta de tal
modo à uma finalidade que nada pode ser encontrado como algo inútil ou contrário,
de modo a dar dificuldades.
Um ponto importante que Schopenhauer mostra é que o homem e o animal
tem suas potencialidades e suas carências, o filósofo traz esse ponto para mostrar a
diferença de ambos. No homem há a razão e o entendimento que são superiores à
dos animais justamente pelo homem conter carências quanto a seus aspectos
físicos em diferença com a de outros animais. Há certas características físicas que
enquanto um tem de sobre, noutro tem em falta. O homem, por exemplo, não tem a
mesma força que um gorila; do mesmo modo, o leão não tem a mesma capacidade
de inteligência que um homem. Portanto, a faculdade da razão nasce no homem
como forma de suprir sua carência diante das outras espécies; não que nas outras
espécies não haja um grau de razão, mas cada qual em um dado grau e estando
apenas lá para suprir a carência de cada espécie.
Schopenhauer irá perceber que a vontade se manifesta também onde
aparentemente não há vida. E assim, as plantas vão aparecer nos estudos de do
2
filósofo de forma muito interessante e tornando seu conceito de vontade ainda mais
abrangente.
De início ele considera a partir da leitura do Dicionário de ciências naturais a
vontade de viver na forma como as plantas se comportam:
Uma evidência clara da manifestação da vontade nas plantas nos é dada nas
trepadeiras, as quais, quando não têm por perto nenhum apoio para se
agarrar, orientam, na busca por ele, seu crescimento sempre ao local mais
sombreado, até mesmo em direção a um papel de cor escura, onde quer que
seja colocado: por outro lado, fogem do vidro, por reluzir (SCHOPENHAUER,
2013, p. 67)
.
Há um artigo que ele também comenta com relação à mobilidade das plantas:
homens que nas plantas; sendo estas últimas receptivas aos estímulos "O serviço
prestado aos animais e homens pela cognição como meio dos motivos é prestado às
plantas pela receptividade a estímulos..." (SCHOPENHAUER, 2013, p. 71).
2
Resta agora, para finalizar, entrar no campo das leis físicas, da ação de
corpos sobre outrem. No mundo inorgânico o desenvolvimento se dá observando o
grau mais baixo da objetivação da vontade; ela, manifesta em toda a matéria e leis,
como, por exemplo: A Gravidade.
Schopenhauer entende que há forças que são estudadas por determinadas
áreas da ciência que só conseguem explicar a circunstância em que a força se
manifesta e suas leis que regem, mas de fato, não conseguem explicá-la na sua
essência, mesmo tal ciência conheça bem as condições em que tal força se dá:
...Um poderoso imã pode agora agir sobre o ferro dos pesos e vencer a
gravidade: imediatamente o movimento da máquina para, e a matéria torna-
se de imediato o palco de uma outra força natural bastante diferente, o
magnetismo; a explicação etiológica mais uma vez não nos ensina nada além
das condições em que esta força se manifesta." (SCHOPENHAUER, 2001, p.
144).
Outro ponto interessante que o filósofo aborda é quanto à ação de forças que
acabam se resistindo umas às outras. Ele dá exemplos de tais eventos e colocando-
as como objetidade da vontade:
...o mundo reduzido a não mais do que uma esfera, exposto a uma luta entre
a força de atração e a força de repulsão, a primeira agindo como gravidade,
que se esforça de todos os lados em direção ao centro, a segunda agindo
como impenetrabilidade, que resiste à outra, seja como solidez ou
elasticidade... (SCHOPENHAUER, 2001, p. 158).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MORA, J.Ferrater. Dicionário de Filosofia: Tomo III (K-P). São Paulo-SP: Edições
Loyola, 2001.