PSICOEDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES NA

ADOLESCÊNCIA
ESTÁGIO
A I M BÁSICO
P O R T ÂIN C I A D O S E R V I Ç O D E P S I C O L O G I A N A P S I C O E D U C A Ç Ã O D A S E M O Ç Õ E S N A S
ESCOLAS PÚBLICAS

SALGADO, Kalianne, DHOM, Lucas, CAVALCANTE, Mariana, FILHO, Mario, JESUS, Silvia- UNIME- LAURO DE FREITAS- GRADUANDOS EM PSICOLOGIA

INTRODUÇÃO
Sabe-se que a adolescência é um período em que várias mudanças estão
ocorrendo. A identidade está em construção e intervenções voltadas à promoção
da psicoeducação das emoções no âmbito escolar se constitui importante
estratégia, capaz de favorecer a vivência saudável desta fase da vida. O cérebro
adolescente não está plenamente maduro, refletindo um julgamento menos
racional. Por esta razão as emoções ganham mais espaço do que a razão,
traduzindo-se em uma busca de emoções mais fortes, sem analisar o risco de seus
comportamentos (PAPALIA e FELDMAN, 2013). Como pré-requisito para a
formação em psicologia pela UNIME, foi proposto e realizado no segundo semestre
de 2022, o Estágio Básico I, cujo eixo temático foi Psicoeducação das emoções na
adolescência. O presente poster surgiu como resultado das intervenções
realizadas durante o estágio na Escola Municipal Solange Coelho, na Cidade de
Lauro de Freitas, Bahia, considerando as demandas levantadas a partir das
observações, das entrevistas e de reuniões realizadas com os membros da equipe
pedagógica (diretor, coordenadores, professores), alunos e responsáveis. Esta
unidade escolar oferece, no turno vespertino, vagas para o ensino fundamental do
quinto ao nono ano, sendo que a população atendida durante o estágio se
encontrava dentro da faixa etária dos 11 aos 17 anos. O trabalho realizado
contemplou intervenções voltadas, principalmente ao público feminino do turno
vespertino considerando as demandas relacionadas a ideação suicida, tentativa de
autoextermínio, bullying, automutilação, agressão verbal, conflitos familiares,
baixo rendimento escolar, baixa autoestima, conflitos quanto a identidade de
gênero e depressão.
OBJETIVOS
GERAL
Desenvolver a psicoeducação das emoções, oferecendo repertório de recursos
emocionais adaptativos e funcionais no âmbito intra e interpessoal na população
de adolescentes em questão.
ESPECÍFICOS
Promover a autorregulação emocional através de intervenções que visem
treinamento de habilidades sociais;
Despertar o entendimento quanto aos benefícios de se expressar por meio da
comunicação não agressiva com seus responsáveis, professores ou adultos em
geral;
Promover reflexão quanto aos benefícios de acompanhamento psicológico.
Após as abordagens demonstrou intenção de descontinuar esta prática e
buscar ajuda em caso de recaídas. Foi observado redução de
comportamento autodestrutivos dentro do próprio espaço escolar.
Bullying: caracterizado nesta população por eventos de insultos e/ou piadas
com conteúdo depreciativo das colegas. Após as intervenções foi possível
observar que algumas passaram a ser mais sociáveis e empáticas
expressando pensamentos e sentimentos positivos, com comportamentos
mais amigáveis. Foi observado formação de novos vínculos de amizade e
fenômeno de grupalização positivo.
Ideação suicida/tentativa de autoextermínio: as alunas relataram intenção de
atentarem contra a própria vida e também houve um caso em que a aluna
chegou a executar atos danosos à integridade física, como foi o caso da
aluna Maria (nome fictício) que relatou ter sido levada ao serviço de
emergência após ingestão de medicamentos em doses elevadas e sem
indicação de uso por ela.
Baixa autoestima/distúrbios de autoimagem: alunas relatavam dificuldade de
aceitação de autoimagem (altura, peso, presença de acne no rosto).
Sexualidade: várias meninas sinalizavam receio em assumir a sua
orientação sexual para os pais e ao final mostraram-se mais instruídas
quanto a buscar conhecer mais sobre sua sexualidade e a buscarem
dialogar com referências que as instrumentalizassem mais a respeito deste
empoderamento.
Rendimento escolar: a mãe da aluna Moana (nome fictício) havia solicitado
avaliação quanto ao baixo rendimento escolar apresentado pela filha. Após
avaliação e abordagens foram identificados fatores como necessidade de
uso dos óculos e uma necessidade de conversa mais transparente entre elas
sobre assuntos familiares e seus sentimentos.
Conflitos familiares: a aluna Carol (nome fictício) sinalizou vários episódios
de acusações feitas pelos familiares acusando-a de ser a causadora de
problemas na família. Após as dinâmicas de grupo e escuta da aluna está
mostrou-se mais consciente sobre o seu valor sendo capaz de perceber-se
inocente quanto as acusações e sabendo separar o que é seu do que é do
outro.
Foram recebidos devolutivas por parte da coordenação com feedback
positivo relacionado aos retornos dados pelos pais e alunas relatando
desejo de que seja dado continuidade no próximo ano ao trabalho iniciado.

METODOLOGIA

Previamente à atuação no espaço escolar foram realizados 4 encontros teóricos

nas dependências da UNIME com os estagiários, onde foram realizados diálogos,
sob a mediação da preceptora, visando a construção do conhecimento necessário
à atuação junto ao público-alvo da referida unidade escolar. Bolsoni-Silva, Ferreira
e Marturano,2008 e ainda Coelho e Murta, 2007, consideram as relações familiares
como fortes influenciadoras da saúde mental em adolescentes, tendo sido este um
dos temas discutidos nesta fase. Foram abordados ainda temas como entrevista e
observação em psicologia, rebeldia e potencial transgressivo na adolescência.
Após o período teórico introdutório foram realizados 08 encontros no campo de
estágio que teve início a partir do levantamento diagnóstico feito através de
observações, entrevistas individuais e coletivas com os alunos e responsáveis,
uma roda de conversa com os professores e discussões com o diretor, seguido de
planejamento e execução de intervenções, tais como: momentos de escuta
individual e em grupo; dinâmicas de grupo; discussão de casos e feedback à CONSIDERAÇÕES FINAIS
equipe de coordenação.
Foi possível observar que o programa de estágio desenvolvido na Escola
Os momentos de escuta individual ocorreram mediante encaminhamento das
Solange Coelho alcançou os objetivos ao iniciar a construção de repertório
alunas por parte da equipe pedagógica escolar, seguido de encaminhamento para
de recursos emocionais adaptativos e funcionais na população atendida,
participação das intervenções grupais. As dinâmicas coletivas ocorreram
bem como ao contribuir para a formação acadêmica dos alunos estagiários.
semanalmente, com grupo de cerca de 20 alunas, sendo realizados 4 encontros
O tempo disponibilizado para o estágio foi pequeno para a implementação
visando a prática de atividades que contemplavam a reflexão sobre respeito ao
de algumas estratégias defendidas pela equipe como eficazes, como foi o
próximo, autoestima... Foram utilizados materiais como: papel, caneta, lápis de
caso da arteterapia e de intervenções voltadas às práticas educativas
cor, espelho, caixa de papelão, música. Durante as atividades foi oportunizado às
parentais.
alunas momento de escuta seja por meio da fala, desenho e escrita e momento de
Há uma demanda grande para intervenções junto a esta população de
reflexão mediada pela preceptora de estágio.
adolescentes, sendo assim, sugere-se a continuidade dos atendimentos por
Os estagiários realizaram registros das suas observações em cada atendimento,
equipes futuras de estagiários e preceptores
sendo, ao final das atividades, realizadas discussões de caso.

RESULTADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Marilia Velasco e MURTA, Sheila Giardini Treinamento de pais
Ao longo da atuação no campo de estágio foi possível observar que a
em grupo: um relato de experiência. Estudos de Psicologia (Campinas)
população de alunas que frequenta a escola apresenta diversos
[online]. 2007, v. 24, n. 3
transtornos comportamentais entre eles: depressão e baixa
BOLSONI-SILVA, Alessandra Turini; SILVEIRA, Fabiane Ferraz;
autoestima.
MARTURANO, Edna Maria. Promovendo habilidades sociais educativas
Durante e após a atuação junto a esta população foi possível observar
parentais na prevenção de problemas de comportamento. Rev. bras. ter.
os seguintes resultados:
comport. cogn., São Paulo , v. 10, n. 2, p. 125-142, dez. 2008 .
Automutilação: antes das intervenções a aluna Joana (nome fictício),
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto
apresentava práticas de automutilação recorrente sem intenção de
alegre: AMGH, 2013
sinalizar aos pais ou à irmã sobre esta prática. UNIME 2022.2