Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Presidente
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.832.139 - RS (2019/0242044-0)
RELATÓRIO
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.832.139 - RS (2019/0242044-0)
VOTO
Do excerto, observa-se que a recorrida foi presa em flagrante com duzentos gramas
de maconha; cinquenta e um gramas de cocaína; quarenta gramas de crack, uma
balança de precisão; um telefone celular; um revólver, calibre .38, marca Rossi, número
E180109; quinze munições calibre .38; uma motosserra receptada; e importância em
dinheiro, no valor de seis mil, cento e nove reais, sendo acusada da prática de tráfico de
drogas, associação para o tráfico, corrupção de menores, receptação e posse irregular de
arma de fogo e munições de uso permitido.
Ressaltou o recorrente que a ré exercia a traficância em sua residência, com o auxílio
de seus filhos, dois deles ainda adolescentes, com os quais se associou para a referida prática,
não sendo, portanto, cabível a concessão de prisão domiciliar, em razão, inclusive, de ter uma
filha de 5 anos de idade, tendo em vista o ambiente pernicioso por ela criado, onde estão
inseridos seus filhos.
Concluiu o Tribunal a quo que a alteração produzida no Código de Processo
Penal pela Lei n° 13.769/2018 que acresceu os artigos 318-A e 318-B1 àquele diploma
legal assegurou, indiscriminadamente, à mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou responsável por pessoas com deficiência, a substituição da prisão
preventiva por prisão domiciliar.
A despeito da concessão da ordem para substituir a prisão preventiva por domiciliar,
consignou o Tribunal de origem que, em casos como o presente, não está, contrariamente
ao que possa parecer, preservando os interesses da prole ou das pessoas portadoras de
deficiência que estão, em hipóteses como a vertente, em que se encontrava a recorrida a
praticar a narcotraficância na presença dos filhos que, por óbvio, são atingidos pela
atividade criminosa desenvolvida pela genitora no local onde todos moravam. Mais,
claro está que a colocação em prisão domiciliar em tais casos permitirá a continuidade
da atividade delituosa na presença das crianças que resultarão, em verdade, sem
proteção alguma.
Em recente julgado, a Terceira Seção do STJ adotou a orientação de que a
substituição do encarceramento preventivo pelo domiciliar não resguarda o interesse dos filhos
menores de 12 anos de idade quando o crime é praticado na própria residência da agente,
onde convive com o infante, confira-se a ementa do julgado:
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. PORTE ILEGAL DE
ARMAS. PRISÃO DOMICILIAR. MÃE DE MENOR DE 12 ANOS. DELITO
PRATICADO NA PRÓPRIA RESIDÊNCIA. ENVOLVIMENTO EM FACÇÃO
CRIMINOSA. SUBSTITUIÇÃO POR PRISÃO DOMICILIAR.
IMPOSSIBILIDADE. IMPROVIDO.
1. É possível o indeferimento da prisão domiciliar da mãe de primeira infância, desde que
fundamentada em reais peculiaridades que indiquem maior necessidade de
acautelamento da ordem pública ou melhor cumprimento da teleologia da norma, na
espécie, a integral proteção do menor.
2. É reconhecida a situação de risco por ser apontado que a recorrente utilizava a
própria residência para realização do tráfico de drogas, expondo sua filha à situação de
risco, porquanto há indicação da acusada como uma das principais responsáveis pelo
armazenamento dos entorpecentes da organização criminosa MPA – Mercado do Povo
Atitude.
3. A substituição do encarceramento preventivo pelo domiciliar não resguarda o
interesse dos filhos menores de 12 anos de idade quando o crime é praticado na própria
residência da agente, onde convive com os infantes, sobretudo quando os delitos estão
ligados à organização criminosa.
4. Recurso em habeas corpus improvido (RHC 113.897/BA, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/2019, DJe 13/12/2019).
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2019/0242044-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.832.139 / RS
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro NEFI CORDEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. CARLOS FREDERICO SANTOS
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
RECORRIDO : LEONARA FERREIRA DE MOURA
ADVOGADO : RÔMULO CARON - RS108076
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e
Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
AGRAVADO : LEONARA FERREIRA DE MOURA
ADVOGADO : RÔMULO CARON - RS108076
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, deu provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e
Rogerio Schietti Cruz votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1912333 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/02/2020 Página 8 de 4