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Aluno: Roberta Josefa de Oliveira

DISCIPLINA:

RELAÇÕES TRABALHISTAS
AULA 2

Prof. Professor Silvano Alves Alcântara


Email: roberta.joliveira@hotmail.com
Aluno: Roberta Josefa de Oliveira

CONVERSA INICIAL
Olá! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina “Relações Trabalhistas”. Antes
de começar, veja os conteúdos que serão trabalhados a partir de agora:

 Direito Coletivo do Trabalho: conceitos e funções;


 Organizações Sindicais;
 Princípios do Direito Coletivo do Trabalho;
 Negociações Coletivas;
 Greve.
Introdução

Não é de hoje que falamos e ouvimos falar que as instituições, as organizações,


as classes, enfim, todo e qualquer grupo, será mais forte quanto melhor
organizado for.

Nas relações trabalhistas não é diferente, pois além das organizações


empresariais propriamente ditas, vamos encontrar as categorias profissionais e
econômicas, que são representadas por suas entidades de classe, que são os
sindicatos, as federações e mesmo as confederações.

A normatização para o atuar dessas organizações representativas é ditada pelo


Direito Coletivo do Trabalho, que define como elas podem ser criadas, quais são
as competências e, principalmente, como devem agir nos conflitos que podem
surgir entre os grupos, especialmente nos casos de greve de negociações
coletivas. Percebeu a importância dessa aula para sua formação profissional?

Antes de começar, acesse o material on-line e confira o vídeo introdutório do


professor Silvano!

CONTEXTUALIZAÇÃO
Problematização

Roberto foi contratado por seu empregador e, logo no segundo mês de trabalho,
recebeu a visita de um representante de seu sindicato, que lhe passou a
informação de que deveria se filiar, pois somente assim teria assegurado todos
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os direitos que sua entidade de classe eventualmente conseguisse nas


negociações coletivas que estavam prestes a acontecer. O que Roberto deve
fazer?

Analise algumas possíveis soluções para situação e escolha a melhor atitude a


ser tomada pelo empregado:

1. Roberto deve se filiar imediatamente para não perder nenhum direito que
venha a ser conseguido pelo sindicato nas negociações coletivas.

2. Roberto não deve se filiar se filiar, pois independentemente de ser


associado, tudo o que for conseguido para a categoria nas negociações
coletivas será extensivo também a ele.

3. O empregado deve se filiar somente para garantir os direitos que


provavelmente serão conseguidos por seu sindicato, mas logo em seguida
poderá pedir sua desfiliação, direito garantido pela Constituição de 1988.

4. O empregado não tem vantagem alguma na filiação, pois mesmo que


tenha direito às conquistas do sindicato nas negociações coletivas se for
associado, colocando na balança as contribuições sindicais e as
mensalidades a serem pagas, os benefícios se equivaleram ao que ele
precisará pagar.

5. Roberto deve agradecer ao representante sindical e prometer estudar a


possibilidade. Isso porque, por mais que possa ver melhorada a sua
remuneração, podem acontecer represálias por parte do empregador, em
virtude de seu ingresso no sindicato.

E aí, qual opção você escolheu como a mais correta? Leia a seguir o comentário
que o professor Silvano desenvolveu sobre essa atividade e veja se você pensou
corretamente!

A filiação sindical não é obrigatória. Além disso, as conquistas obtidas através


das negociações coletivas se estendem a todos os trabalhadores da categoria,
independentemente de sua associação às entidades de classe. Assim, os
direitos do empregado estarão assegurados mesmo que não se filiar ao
sindicato.

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Mesmo que tivesse direito às conquistas da categoria conseguidas através das


negociações coletivas somente se associado fosse, o que não é o caso, os
benefícios diretos e indiretos com a filiação podem significar muito mais do que
os valores a serem pagos através das contribuições.

O temor de represálias por parte do empregador não tem razão de ser, pois a
liberdade de filiação às entidades de classe está garantida pela Constituição da
República de 1988.

Para você entender bem a questão da não obrigação à filiação sindical, o


professor gravou um vídeo também. Acesse o material on-line e confira!

TEMA 1 - DIREITO COLETIVO DO TRABALHO: CONCEITOS E FUNÇÕES


Conceito

O Direito Coletivo do Trabalho já foi denominado Direito Corporativo, Direito


Normativo e Direito Sindical. Conforme Mauricio Godinho Delgado (2013, p.
1218), deve ser registrada a ocorrência de certas denominações que hoje são
consideradas arcaicas, ou seja “trata-se de epítetos que designaram, em épocas
mais remotas, o Direito do Trabalho em geral, embora também se referindo ao
Direito Coletivo. São: Direito Industrial, Direito Operário e Direito Corporativo”.

Segundo o mesmo autor (2013, p. 1.219), atualmente, as expressões “Direito


Coletivo do Trabalho” e “Direito Sindical” são as mais utilizadas. Existe também
a ocorrência da utilização do termo “Direito Social”.

E do que trata essa área, especificamente?

É o segmento do Direito do Trabalho que trata da organização sindical, da


negociação coletiva, da forma de representação coletiva dos interesses da
classe profissional e econômica, dos contratos coletivos, dos conflitos coletivos
do trabalho e dos mecanismos de solução dos conflitos.

Na visão de Alice Monteiro de Barros (2013, p. 1198), “Direito Coletivo pressupõe


uma relação coletiva de trabalho, em que os sujeitos se encontram em função
de uma coletividade profissional; logo, a relação jurídica daí advinda põe em jogo
interesses abstratos do jogo”.

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Função

O Direito Coletivo do Trabalho pode ser traduzido como o conjunto de normas,


compostas por princípios e regras que regulam e regulamentam as relações
coletivas de trabalho.

Para Maurício Godinho Delgado (2013. p. 1223.), as “funções do Direito Coletivo


do Trabalho podem ser divididas em dois grandes grupos: gerais e específicas”.
Tenha mais informações a seguir:

 Gerais: envolvem os objetivos inerentes a todo o Direito do Trabalho


(individual e coletivo), que buscam a melhoria das condições de
pactuação da força de trabalho na ordem socioeconômica. Resulta do
caráter progressista e moderno do Direito do Trabalho.
 Específicas: abrangem as situações juscoletivas de forma particularizada
como a geração de normas jurídicas; a pacificação de conflitos de
natureza sociocoletiva; a função sociopolítica e a função econômica.

Relações coletivas de trabalho

Nas relações coletivas, os sujeitos são os grupos de trabalhadores e de


empregadores, representados, em regra, pelos sindicatos profissionais e
patronais, apresentando-se como relações intersindicais.

Assim, para Jorge Neto e Cavalcante (2008, p. 1559) “pode-se dizer que as
relações jurídicas de trabalho, a individual e a coletiva, diferem essencialmente
quanto aos sujeitos e interesses, [...]. Nas relações coletivas de trabalho, os
sujeitos são os grupos, constituídos de pessoas abstratamente consideradas, e
não as pessoas individualmente determinadas”.

As garantias trabalhistas previstas no ordenamento jurídico nacional, seja na


Constituição da República de 1988 ou na legislação infraconstitucional,
alcançam também a esfera coletiva, que define a liberdade de associação tanto
para o empregado quanto para o empregador.

A Constituição de 1988 dispõe, mesmo antes de definir as garantias do Direito


Coletivo do Trabalho ainda na esfera do Direito Individual do Trabalho, no artigo

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7º, o direito de livre associação, que permite ao empregado ingressar em sua


entidade representativa de classe.

O caput do artigo 8º determina que é livre a associação profissional ou sindical,


deixando o entendimento de que se trata somente de associação relativa ao
empregado ou às categorias profissionais. Mas cremos que é somente uma
afirmação para que se tenha como reforço essa garantia, pois a liberdade de
associação é também dada à classe econômica, ou seja, dos empregadores,
como veremos a seguir.

Em relação aos sindicatos e à questão da livre associação, é importante


responder a alguns questionamentos. A seguir você tem acesso a cada um com
sua respectiva resposta:

Qual a interferência do Poder Público?

Primeiramente, no inciso I do artigo 8º, o ditame constitucional é no sentido de


assegurar a abertura de qualquer sindicato, sem que seja necessária
autorização do Estado. Obviamente, fala-se de autorização especial, pois o
sindicato deverá, como qualquer outra associação, ter o registro de seus atos,
incluindo os constitutivos, devidamente registrados no órgão competente, dando
publicidade daquilo que faz a toda sociedade.

O mesmo inciso ainda veda categoricamente a interferência e a intervenção do


Poder Público nas entidades sindicais. É importante esclarecer que, como em
qualquer outra situação, desde que estejam atuando dentro dos parâmetros
legais.

Fica evidenciado, dessa forma, que o Poder Público não poderá criar qualquer
obstáculo ou óbice para que seja constituída uma entidade que represente
determinada categoria profissional ou econômica, nem fazer qualquer tipo de
ingerência em sua gestão, desde que estejam atuando dentro da legalidade.

O empregado é obrigado a se filiar?

Logo na sequência, o inciso V determina que ninguém será obrigado a se filiar


ou a se manter filiado a qualquer sindicato.

Se o empregado não for associado, terá os mesmos direitos dos


associados?
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As negociações coletivas são efetuadas com o objetivo de determinar melhores


condições de trabalho para as categorias envolvidas. Em relação à classe de
trabalhadores, tudo o que nas negociações coletivas for decidido será
incorporado a todos os contratos individuais de trabalho, caso não houver
situação melhor. Estamos falando em categoria, portanto, em grupos de
trabalhadores, independentemente, por conseguinte, de associação à entidade
de classe.

O associado perderá seus direitos após sua saída?

Se houver desfiliação, o empregado perderá os direitos atinentes tão somente à


associação. Explicando melhor, os benefícios que o sindicato dará somente para
os seus associados, que pagaram certa mensalidade, além de outras
contribuições para assim consegui-los, como em qualquer associação que se
possa adentrar. Quanto aos demais direitos laborais que a entidade
representativa possa conseguir nas negociações coletivas, continuará a tê-los,
pois, como vimos, isso independe de associação.

Qualquer associado pode se candidatar a um cargo no sindicato?

Sabemos que é livre a associação nas entidades de classe, sendo que o


participante de determinada categoria pode ingressar nos quadros de seu
sindicado, permanecendo durante o período que queira. Aquele que participa
diretamente de seu sindicato terá os privilégios em relação aos não participantes,
como em qualquer associação. Até mesmo o aposentado filiado terá o direito de
continuar associado, podendo votar e ser votado nas organizações sindicais.

Cada entidade de classe, em qualquer nível, deverá ser comandada por


integrantes daquela classe. Os dirigentes serão escolhidos em chapas
compostas por vários cargos, a partir do candidato a presidente até os suplentes,
em eleições especialmente convocadas para esse fim.

O empregado eleito como dirigente sindical perde o vínculo empregatício


com seu empregador?

O Decreto Lei n. 5.452/43 (CLT) determina em seu artigo 543 que o empregado
eleito para cargo de administração ou de representação profissional não poderá
ser impedido de exercer suas funções, muito menos ser transferido para local

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que impossibilite ou mesmo dificulte o seu desempenho. Obviamente que se a


transferência for solicitada por ele ou mesmo aceita, o mandato será perdido.

Quem paga seu salário?

O parágrafo 2º do artigo 543 define como licença não remunerada o tempo em


que o empregado com funções sindicais tiver que se ausentar do trabalho para
desempenhar suas funções. Trata-se de um caso típico de suspensão do
contrato de trabalho, onde há paralisação do trabalhão e o empregador não se
obriga a remunerar. Mas completa o inciso que, salvo assentimento da empresa
ou cláusula contratual que disponha de maneira distinta.

O que se tem notado a tempos é que, através das negociações coletivas, a


responsabilidade de remuneração tem ficado para o empregador,
transformando-se, pois, em licença remunerada, caso, então, de interrupção do
contrato de trabalho.

Ele continuará, portanto, com o vínculo empregatício junto ao seu empregador,


que terá a obrigação de remunerá-lo mesmo que não preste seus serviços
diretamente, pois estará a serviço da classe, continuando com os mesmos
direitos e devendo retornar posteriormente.

Existe, portanto, três possibilidades:

 O empregador remunera integralmente;


 O sindicato remunera integralmente;
 Ambos remuneram parte do salário do empregado com funções sindicais,
para que o mesmo não tenha prejuízo algum.
Ao dirigente sindical, mesmo se for suplente, é garantida a estabilidade, desde
o registro de sua candidatura até um ano após o mandato, se eleito for.

A seguir você tem mais informações sobre Direito Coletivo do Trabalho.


Você vai ter acesso a um documento muito completo, que traz os aspectos
históricos e os principais princípios. Não deixe de conferir!

http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10060&revista_ca
derno=25

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Dica de leitura: FREDIANI, Yone. Direito do trabalho. Barueri: Manole, 2011.


Capítulo 2.1 e 2.2.

TEMA 2 - PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO


Os princípios devem ser entendidos como as bases de qualquer ciência ou ramo
dessas. Ou seja, constituem o alicerce que informará todo o desenvolvimento do
conteúdo delas (ciências) ou deles (ramos). Aqui analisaremos em específico os
princípios norteadores do Direito Coletivo do Trabalho ou, como citado por
alguns autores, do Direito Sindical.

São 9 os princípios do Direito do Trabalho. A seguir você tem mais informações


sobre cada um deles:

Princípio da liberdade associativa e sindical

Esse princípio assegura a liberdade de reunião e associação pacífica de um


grupo de pessoas, agregadas por objetivos comuns, não necessariamente
ligadas por interesses econômicos ou profissionais. Os direitos de reunião
pacífica e de associação sem caráter paramilitar estão assegurados na Carta
Maior (art. 5., incisos XVI e XVII).

Além disso, consiste na faculdade que possuem os empregadores e os obreiros


de organizarem e constituírem livremente seus sindicatos, sem que sofram
qualquer interferência ou intervenção do Estado. O principal objetivo é garantir a
defesa dos interesses e direitos coletivos ou individuais da categoria, seja ela
econômica (patronal) ou profissional (dos trabalhadores), inclusive em questões
judiciais e administrativas. A liberdade sindical materializa-se em dois sentidos
de atuação, que são:

 Liberdade sindical individual: faculdade que o empregador e o


trabalhador, individual e livremente, possuem de se filiar, manter-se filiado
ou mesmo se desfiliar do sindicato representativo da categoria (CF/1988,
artigos 5., inciso XX, e 8., inciso V);
 Liberdade sindical coletiva: possibilidade que possuem os empresários
e trabalhadores agrupados, unidos por uma atividade comum, similar ou
conexa, de constituir, livremente, o sindicato representante de seus
interesses (CF/1988, artigos. 5., inciso XVIII, e 8., caput).

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Princípio da unicidade sindical

A Constituição da República de 1988 determina a livre associação profissional


ou sindical, informando que todos os trabalhadores têm a liberdade de associar-
se e de se retirar dessa associação a seu critério.

Além de outras determinações, proíbe a criação de mais de uma entidade, de


qualquer nível, que represente a mesma categoria de empregados ou de
empregadores em uma mesma base territorial, não podendo ser menor que a
área de um município.

Se pensarmos na proteção do trabalhador, podemos entender como um princípio


benéfico, pois agrupados em uma mesma base, a força de reivindicação
certamente será maior, Segundo Nascimento, “Em abono do sindicato único
afirma-se que promove melhor a unidade do grupo, a sua solidez e a união
indispensável para que as suas reinvindicações, maciçamente manifestadas,
tenham condições de influir” (NASCIMENTO, 2013, p. 1229)”.

Princípio da preponderância do interesse coletivo sobre o individual

O interesse coletivo prevalece sobre o interesse meramente individual, sendo


possível, em determinadas situações, em nome da manutenção da saúde da
empresa e dos empregos, a negociação coletiva para suprimir, flexibilizar ou
alterar direitos antes garantidos.

Princípio da paz social

Através da negociação coletiva bem-sucedida, ao solucionar o conflito, os


interessados restabelecem o equilíbrio e a paz social.

Princípio da adequação setorial negociada

A finalidade da negociação coletiva é a de adequar os direitos trabalhistas a cada


categoria, de acordo com a região, a época, a situação econômica, a empresa,
as condições de trabalho etc. Subdivide-se em:

 Normas de Indisponibilidade Absoluta (não podem ser reduzidas ou


excluídas);
 Normas de indisponibilidade relativa (podem ser alteradas desde que
mantenham a sua essência).

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Princípio da boa-fé ou da lealdade

Deve haver, entre os negociantes, mútua colaboração e transparência nas


tratativas. Torna-se necessária uma análise adequada das proposições do
adversário, que retrate com fidelidade a situação real da empresa e das
necessidades apontadas na pauta de reivindicações dos trabalhadores.

Princípio da intervenção obrigatória dos sindicatos

Para a validade da negociação coletiva, o ordenamento jurídico exige a


intervenção obrigatória dos sindicatos (artigo 8., incisos III e VI da CF/88 e artigo
611 da CLT).

Princípio da equivalência entre os negociantes

Os sindicatos da categoria econômica e profissional possuem, em princípio,


equivalência jurídica e econômica nas negociações coletivas, no sentido de
igualdade entre as partes, o que facilita as negociações.

Princípio da atuação de terceiros

Quando a negociação coletiva for frustrada, o impasse poderá ser resolvido por
um terceiro, seja o Estado no exercício do Poder Normativo, um mediador ou um
árbitro, livremente escolhido pelas partes (artigo 114, parágrafos 1º e 2º, da
CF/88).

Dica de leitura: FREDIANI, Yone. Direito do trabalho. Barueri: Manole, 2011.


Capítulo 2.2.

A seguir você confere um artigo que trata dos Princípios da Unicidade Sindical,
mais especificamente da concepção dos sindicatos no Brasil e o princípio da
unidade sindical. Confira!

http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-principio-da-unicidade-sindical-e-a-
questao-da-base-territorial-minima-uma-analise-a-luz-do-conceito-de-
cate,35427.html

Acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Silvano!

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TEMA 3 - ORGANIZAÇÕES SINDICAIS


Falamos a pouco que as garantias trabalhistas previstas na Constituição de 1988
alcançam também a esfera coletiva. Pois bem, então o que é um sindicato? Para
que é criado?

Defende-se aqui a posição sempre esclarecedora do mestre Amauri Mascaro


Nascimento (2013, p. 1254) que assim entende, “Sindicato é uma organização
social constituída para, segundo um princípio de autonomia privada coletiva,
defender interesses trabalhistas e econômicos nas relações coletivas entre os
grupos sociais”.

Trata-se de uma vitória conseguida pelos trabalhadores há muito tempo,


alargada também ao empregador. A voz ou o grito é melhor ouvido quando não
é solitário, você concorda?

Um trabalhador sozinho tem, quando muito, o poder de barganha sobre o seu


contrato individual de trabalho, mas ele faz parte de uma categoria, de uma
classe de trabalhadores. Agora imagine se fossem desunidos? Cada um, em
princípio, teria que defender os seus próprios interesses, ficando à mercê do
empregador. Aliás, foi assim durante um bom tempo.

A partir do momento em que os trabalhadores tiveram o direito de se associarem,


criando uma entidade composta por membros da mesma categoria, com
objetivos exatamente iguais e falando a mesma língua, conseguiram inumeradas
vitórias, compartilhada com todos os integrantes.

Vemos atualmente essas entidades de classe possuem funções variadas. A


Constituição de 1988 informa que é obrigação dos sindicatos a defesa dos
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, que pode acontecer
nas esferas judiciais ou administrativas. As demais funções podem ser
encontradas especialmente do Decreto-Lei n. 5.452/43 (CLT), quando define no
seu artigo 514 os deveres do sindicato.

Podemos compreender, por conseguinte, que a função precípua do sindicato é


a defesa da classe. Atrelada a essa grande função, outras aparecem para
complementá-la:

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 Função negocial: é evidenciada claramente nas negociações coletivas,


momento em que a classe de trabalhadores e a classe econômica
conferem à sua entidade representativa o poder de ajustar as melhores
condições de trabalho ou de remuneração entre si. Tal ajuste é extensivo
à toda categoria, independentemente de associação. E, para relembrar, a
Lei Maior de 1988 reconhece as convenções e os acordos coletivos de
trabalho em seu artigo 7º, inciso XXVI.
 Função assistencial: obriga os sindicatos a prestar serviços dos mais
variados, relacionados com a educação, a saúde e a assistência social e
jurídica. Além disso, deve criar cooperativas, inclusive de crédito, de forma
direta ou através de convênios múltiplos, inclusive com o Poder Público.
 Função de arrecadação: dá o direito à entidade de cobrar da categoria
os valores necessários para que possa, acima de tudo, representá-los
mais dignamente e também para proporcionar-lhes uma assistência mais
eficaz.
Se a defesa dos interesses de toda a categoria é dever do sindicato, poderiam
ser criados tantos quantos os interessados quiserem?

Voltamos à abordagem que já fizemos acerca de que mais forte será e mais
poder de negociação terá aquele que, unido com seus pares, falar e reivindicar
os mesmos direitos. Se os trabalhadores se reunirem em associação legalmente
constituída para esse fim terão esse respaldo, pois, assim estarão fortalecidos.

Pensando ainda em união, não seria prejudicial que essas associações se


fragmentassem? Já que isso acarretaria divisão de forças tanto para categoria
profissional quanto para a econômica?

Com esse pensamento, a Constituição de 1988 determinou a vedação da criação


de mais de uma organização sindical, de qualquer grau, que represente a mesma
categoria, dentro da mesma base territorial, não podendo ser essa inferior à área
de um Município. É a aplicação do Princípio da Unicidade Sindical, ou do
sindicato único, como queiram alguns, já abordado em nosso estudo.

Integrantes da organização sindical

Quando a Constituição fala na proibição da criação de mais de uma organização


sindical em qualquer grau, o que isso quer dizer?

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A legislação subdivide as associações sindicais em sindicatos, federações e


confederações, criando um verdadeiro sistema, cada uma com suas tarefas
específicas, mas todas voltadas para o mesmo interesse comum: o melhor para
aquela(s) classe(s) que representam. Veja a definição de cada uma dessas
entidades:

 Sindicatos: são as associações sindicais de primeiro grau, tendo como


base territorial de atuação a área correspondente a um município ou
superior. Visam defender os interesses de uma categoria econômica ou
profissional.
 Federações: podem ser criadas a partir de um número mínimo de cinco
sindicatos que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades
ou profissões idênticas, similares ou conexas, sendo faculdade dos
sindicatos sua instituição. Em princípio, as federações devem ser criadas
no âmbito de cada estado-membro, podendo eventualmente englobar
mais de um estado ou até atender nacionalmente.
 Confederações: podem ser criadas quando três ou mais federações
assim decidirem, sendo que sua sede será obrigatoriamente na Capital
da República. Ressaltamos que as federações e confederações são
denominadas associação sindical em grau superior.
 Centrais sindicais: servem como órgão superior aos demais, com
conotação tipicamente política.
E como sobrevivem as entidades de classe?

Já falamos na função de arrecadação que as associações também possuem.


Aqui vamos procurar dirimir outra grande dúvida que paira em relação à
obrigatoriedade das contribuições dos membros da categoria aos seus
sindicatos.

Sabemos que várias contribuições são criadas pelos ou para sindicatos, entre
elas a sindical, a assistencial e a confederativa. E quem é obrigado a pagá-las?
Todos aqueles que fazem parte da categoria ou somente os associados? Para
responder a essas perguntas, comecemos com as previsões constitucionais.

O inciso IV do artigo 8º define que “a assembleia geral fixará a contribuição que,


em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio

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do sistema confederativo da representação sindical respectiva,


independentemente da contribuição prevista em lei”.

Na análise desse inciso, podemos entender que pelo menos duas contribuições
estão em debate. São elas:

Contribuição confederativa

A contribuição confederativa deverá ser criada através de assembleia geral,


justamente para custear todo o sistema.

É pacífico em toda a jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho, como


também no Tribunal Superior do Trabalho, que a contribuição confederativa,
desde que instituída através de Convenções Coletivas de Trabalho, é devida,
mas tão somente para aqueles que são regularmente associados às suas
entidades de classe, quanto a isso não existe discussões. Essa informação nos
dá a clara dedução de que automaticamente outras contribuições são indevidas
para os não associados.

O Precedente Normativo 119 do TST estabelece o seguinte:

A Constituição da República, em seus artigos 5º, XX e 8º, V, assegura


o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa
modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção
coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor
de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema
confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e
outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados.
Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se
passíveis de devolução os valores irregularmente descontados (TST,
2014).

Contribuição assistencial

A contribuição assistencial é também chamada de taxa assistencial ou de taxa


de reversão.

Assim como a contribuição confederativa, a assistencial deverá ser criada


através das negociações coletivas e tem como fato gerador o sindicato ter
participado das mesmas, para assim poder cobrir custos adicionais
eventualmente contraídos.

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Nesse caso, por mais que o sindicato tenha participado de negociações que
serão aproveitadas por toda a classe, pois a Constituição de 1988 determina que
é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho, também através da interpretação do mesmo precedente normativo, é
entendida como não obrigatória para os não associados.

Essas contribuições cabem tanto para categoria profissional quanto para a


econômica.

Trazemos agora o estudo do final do inciso IV, o qual determina


“independentemente da contribuição prevista em lei”.

Quando a previsão constitucional chama a atenção para a contribuição prevista


em lei, está se referindo à contribuição sindical propriamente dita, também
denominada “imposto sindical”, a única compulsória e que todos os que
pertencem à categoria são obrigados a recolher, independentemente de
associação. Veja a seguir o que o Decreto-Lei n. 5.452/43 (CLT) determina em
seu artigo 579:

A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de


uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma
profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma
categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do
disposto no art. 591.

Essa contribuição deverá ser paga uma vez por ano. Confira a seguir qual o valor
a ser pago:

A Consolidação das Leis do Trabalho, quando trata da contribuição sindical,


denomina-a em seu artigo 578, de “imposto sindical”.

Salientamos que a contribuição sindical é a única obrigatória e que todos devem


pagá-la, mesmo que não sejam associados às suas entidades de classe.

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Culturalmente, ainda estamos de certa forma engatinhando no sindicalismo, por


mais que ele esteja reconhecido e consolidado a várias décadas e que já
tenhamos bons exemplos de que é a base forte e robusta para o atendimento
das pretensões das categorias.

Você sabia que, em alguns países, onde as organizações sindicais são


encaradas com maior apreço e valor, determina-se e autoriza-se cláusulas,
chamadas closed shop, dando a liberdade e às vezes obrigando o empregador
a não admitir trabalhador que não seja sindicalizado? É comum também as
cláusulas, chamadas union shop, que permitem a demissão do funcionário caso
ele saia de seu sindicato.

Percebeu como a questão dos sindicatos varia? Você concorda com as cláusulas
vistas acima? Reflita sobre isso!

Clique no botão a seguir e acesse o livro “Legislação Trabalhista e Rotinas


Trabalhistas” (Curitiba: Intersaberes, 2014) do professor Silvano Alves
Alcântara. O capítulo 3.2 traz mais informações sobre o conteúdo que vimos
nesse tema.

http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/640.html

Acesse a seguir um artigo que trata do assunto tendo como marco a Constituição
de 1988, abordando quais foram os movimentos sindicais antes e depois desse
importante documento para organização política e social brasileira.

http://jus.com.br/artigos/3829/organizacao-sindical-brasileira

Acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Silvano!

TEMA 4 - NEGOCIAÇÕES COLETIVAS


As negociações coletivas são genericamente conhecidas como tudo aquilo que
é feito entre as entidades representativas dos empregados e empregadores, com
o intuito de determinar as condições de trabalho pertinentes às categorias
envolvidas e que, uma vez ajustadas, vincula todos os participantes. De acordo
com Barros (2013, p. 1.325):

na negociação coletiva, nenhum interesse de classe deverá prevalecer


sobre o interesse público, não podendo, entretanto, ser transacionados

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preceitos que resguardam a saúde do obreiro, como os relativos à


higiene e segurança do trabalho, e também os que se referem à
integridade moral, situando-se aqui o direito à honra, à intimidade, à
boa fama, à privacidade.

As determinações acordadas nas negociações coletivas têm o poder de


normatizar toda a relação entre os grupos e incidem diretamente em todos os
contratos individuais de trabalho, salvo se algum já não possuir melhores
condições.

Delgado (2013, p. 1.277) enaltece a negociação coletiva, afirmando:

A importância da negociação coletiva trabalhista transcende o próprio Direito do


Trabalho. A experiência histórica dos principais países ocidentais demonstrou,
desde o século XIX, que uma diversificada e atuante dinâmica de negociação
coletiva no cenário das relações laborativas sempre influenciou, positivamente,
a estruturação mais democrática do conjunto social.

Os grupos de empregados e empregadores podem chegar a um consenso em


suas divergências, ajustando as arestas de modo autônomo, quando assim for
acontecerá uma autocomposição, chamada genericamente de negociação
coletiva trabalhista, a qual poderá acontecer através de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho, estabelecidas pela CLT, no artigo 611.

 Convenção coletiva de trabalho


O Decreto-Lei n. 5.452/1943 (CLT) define a convenção coletiva de trabalho, no
caput de seu artigo 611, como sendo: “o acordo de caráter normativo, pelo qual
dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais
estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas
representações, às relações individuais de trabalho”.

No entender de Carrion (2012, p. 543), a convenção coletiva prevê direitos e


obrigações para os contratos individuais em vigor ou que venham a ser
celebrados. Como se diz, é mais uma lei do que um contrato.

Vemos, pois, uma das particularidades da CCT, na qual, após uma negociação
coletiva entre as entidades representativas de ambas as categorias (a
profissional e a econômica), define-se por meio da convenção coletiva tudo
aquilo que deverá integrar todos os contratos individuais de trabalho relativos à

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classe que representam, que estejam em vigor até aquele momento, bem como
aqueles que vierem a ser celebrados.

 Acordo coletivo de trabalho


A CLT, no parágrafo 1º do artigo 611, faculta às entidades da classe
representativa dos empregados a possibilidade de firmarem acordos coletivos
com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, para que
possam estipular condições de trabalho que digam respeito somente a essa
empresa (ou essas empresas) e seus empregados.

Esclarecemos que não existe hierarquia entre ambos, sendo normas distintas.
Confira a seguir um quadro comparativo:

Acesse na Biblioteca Virtual o livro “Legislação Trabalhista e Rotinas


Trabalhistas” (Curitiba: Intersaberes, 2014) do professor Silvano Alves
Alcântara. O capítulo 3.3 traz mais informações sobre o conteúdo que vimos
nesse tema.

http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/640.html

Clique no botão a seguir e entenda como acontece na prática a negociação


coletiva de trabalho. Você vai ter acesso a um vídeo que explica esse assunto
de forma didática e contextualizada. Não deixe de conferir!

https://www.youtube.com/watch?v=7JPyiNcDRCg

Acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Silvano!

TEMA 5 - GREVE
Em toda e qualquer relação, conflitos podem acontecer.

Dentro de um contrato individual de trabalho, algumas situações conflituosas


podem aparecer, fazendo com que o empregado e o empregador tenham que
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encontrar a melhor solução. Na esfera da relação coletiva do trabalho não é


diferente.

Vários tipos de conflitos podem ocorrer, colocando os grupos em polvorosa. Eles


normalmente acontecem quando não se conseguiu chegar a um denominador
comum, ou seja, quando uma classe reivindica alguma condição e a outra não
admite.

Tida como o maior conflito existente entre os grupos, a greve já passou


historicamente por vários patamares, como você pode ver a seguir:

A greve é garantida aos trabalhadores pela Constituição de 1988 e está


devidamente regulamentada pela Lei n. 7.783/1989. Mas qualquer trabalhador
pode exercer esse direito? Será que alguns empregados de uma determinada
empresa podem, sozinhos, “entrar” em greve?

Para que esse direito seja exercido, são necessários alguns requisitos, que você
confere nas próximas páginas:

Inicialmente, lembramos que estamos estudando a relação coletiva, então


tudo aqui se refere exclusivamente ao direito dos grupos e das classes.

Quando certa categoria de trabalhadores está descontente com alguma situação


relacionada ao ambiente de trabalho, sejam as condições ruins ou os salários
baixos, o caminho é a tentativa de negociação que, normalmente, acontece de
forma direta. Tudo que for decidido se transforma em acordo ou convenção
coletiva de trabalho.

E quando a negociação não culmina na resolução do problema. O que


fazer?

Resta aos trabalhadores entrar em greve. A Lei Regulamentadora define, em


seu artigo 2º, que greve é “a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou
parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador”.

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Porém, a doutrina prefere melhorar essa conceituação, para que não exista
dúvida. É o caso de Delgado (2013, p. 1.341), que conceitua a greve como
sendo:

a paralisação coletiva provisória, parcial ou total, das atividades dos


trabalhadores em face de seus empregadores ou tomadores de
serviços, com o objetivo de exercer-lhes pressão, visando a defesa ou
conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais mais
amplos.

Trata-se, enfim, de uma paralisação temporária dos serviços, devidamente


autorizada pela lei, a qual determina sua formalização e que tem como objetivo
a busca dos interesses dos trabalhadores.

Para que seja considerada legal, a greve deve seguir algumas etapas, as quais
você confere a seguir:

 Fase preliminar: o primeiro requisito para que a greve possa acontecer


é chamado por alguns autores de fase preliminar. É a tentativa de
conciliação. Trata-se do momento primeiro e obrigatório para que os
grupos possam adequar seus anseios. Não chegando a um consenso,
passa-se para uma nova fase.
 Convocação de assembleia: uma assembleia geral dos trabalhadores
deve ser convocada pelo sindicato com a finalidade específica de se
decidir ou não pela greve. Tudo o que ali for decidido deve ter
embasamento legal, para que a classe não sofra outras consequências.
 Constituição da comissão: decidindo-se pela greve, uma comissão
deverá ser constituída para tratar especificamente desses interesses,
mesmo que extrapole a esfera administrativa, chegando até o Poder
Judiciário.
 Comunicação ao empregador: o empregador também não poderá ser
pego de surpresa. Ele tem o direito de saber com antecedência da
paralisação que ocorrerá. Essa comunicação deve ser dada com uma
antecedência mínima de 48 horas para os serviços entendidos como
normais e de pelo menos 72 horas para os serviços considerados
essenciais.
Nas atividades essenciais, todos os envolvidos (empregadores,
empregados e seus sindicatos) ficam obrigados, por meio de mútuo

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acordo, a garantir no período de greve a prestação dos serviços


indispensáveis e inadiáveis à população de maneira geral. Não sendo
possível, o próprio Poder Público assim deverá fazê-lo.
Essas atividades são aquelas que não podem parar, pois sua paralisação
pode colocar em perigo a vida, a saúde ou a segurança das pessoas.
Trazemos algumas delas como exemplo: o serviço médico e hospitalar, o
abastecimento de água, a produção e a distribuição de energia elétrica,
gás e combustíveis, entre outras, que o próprio bom senso nos
recomenda.

Aos grevistas são dadas certas garantias, atreladas a determinadas


proibições:

 Podem tentar convencer os trabalhadores a aderir ao movimento, desde


que, para isso, sejam empregados meios pacíficos, sem pressão alguma,
pois nenhum trabalhador pode se sentir obrigado a participar. Não podem,
em qualquer hipótese, proibir o acesso ao trabalho daqueles que não
quiserem aderir ao movimento.
 A greve pode se estender por vários dias e, mesmo que o sindicato tenha
certa reserva para sustentar o movimento grevista, poderá arrecadar
fundos para que os grevistas possam suportar mais tranquilamente os
dias de reivindicações.
 A empresa é proibida de forçar, por qualquer meio, o empregado a
comparecer ao trabalho, bem como de rescindir o contrato de emprego
no período da greve, desde que esta seja sem abusos.
 Se o empregador não pode demitir, não pode também contratar
substitutos.
Em relação aos salários e às demais obrigações que o empregado deixou de
cumprir, a legislação determina que essas questões devem ser decididas por
meio de acordo com o empregador.

Recomenda-se o bom senso, para que um meio termo seja encontrado, a fim de
que nenhuma das partes tenha maiores prejuízos do que os que já tenha
suportado.

Acesse na Biblioteca Virtual o livro “Legislação Trabalhista e Rotinas


Trabalhistas” (Curitiba: Intersaberes, 2014) do professor Silvano Alves

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Alcântara. O capítulo 3.4 traz mais informações sobre o conteúdo que vimos
nesse tema.

http://ava.grupouninter.com.br/tead/hyperibook/IBPEX/640.html

Leia a Cartilha “Negociações Coletivas – informações gerais” elaborado pelo


Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG). Nela você
vai encontrar os principais conceitos que estão presentes na negociação
coletiva, inclusive a questão da greve. Trata-se de um texto muito objetivo e
esclarecedor, não deixe de conferir!

http://www.sengemg.com.br/downloads/cartilha_negociacoes_coletivas_2012.pdf

Acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Silvano!

NA PRÁTICA
Roberval Taylor, empregado da empresa Chico City Empreendimentos, aderiu à
greve organizada pelo sindicato de sua categoria dentro dos parâmetros legais.
A empresa, é claro, não gostando da atitude de seu empregado, demitiu
Roberval por justa causa, considerando que o fato de ter aderido à greve foi falta
grave. Analisando tal situação hipotética, clique no botão a seguir e reflita sobre
qual opção é a correta:

a. A simples adesão à greve não pode ser considerada falta grave.

b. A adesão à greve justifica a aplicação da justa causa.

c. A atitude de aderir à greve e de não comparecer ao trabalho é compatível


com o abandono de emprego.

d. O funcionário praticou ato de insubordinação ao aderir à greve, mas a


justificativa para demissão deveria ser a incontinência de conduta.

e. O funcionário deveria ter pedido uma autorização ao seu empregador


antes de aderir à greve.

E aí, qual opção você escolheu? Veja o comentário elaborado pelo professor
Silvano:

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A alternativa “a” está correta, já que a greve é um direito do trabalhador,


garantido constitucionalmente. As demais respostas são falsas, pois sendo um
direito do trabalhador (desde que respaldada nos parâmetros legais), não é
permitido ao empregador dispensar o empregado grevista. Dessa forma, a
atitude do empregado não configura qualquer figura de justa causa, muito menos
necessita de autorização do empregador.

SÍNTESE
Nessa aula, estudamos a história o Direito Coletivo do Trabalho, as organizações
sindicais e os conflitos que podem acontecer entre os grupos de empregados e
empregadores, mais particularmente a greve. Entendendo esses pontos,
podemos concluir que a legislação coletiva do trabalho é aquela que
regulamenta, através de suas normas, a relação existente entre o grupo de
trabalhadores (categoria profissional) e o grupo de empregadores (categoria
econômica).

Pudemos observar que o interesse para essa área particular da legislação do


Direito do Trabalho são os interesses comuns de cada grupo, representados por
suas entidades de classes, denominadas organizações sindicais, que zelam e
defendem cada categoria por elas representadas.

Percebeu a importância dos conteúdos dessa aula? Mas temos muito mais para
falar sobre as relações trabalhistas. Nos encontramos na próxima aula, até lá!

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REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo:
LTr, 2013.

BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5


out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso
em: 21 set. 2015.

_______. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. CLT. Diário Oficial da


União, Brasília, DF, 9 ago.1943. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 21
set. 2015.

_______. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 119, de 19 de março de


1981. Diário da Justiça, Brasília, 19 nov. 2003. Disponível em:
<http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_101_
150.html#SUM-119>. Acesso em: Acesso em: 21 set. 2015.

CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. São


Paulo: Saraiva, 2012.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12. ed. São


Paulo: LTr, 2013.

JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros


Pessoa. Direito do Trabalho. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 28. ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.

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